sexta-feira, 28 de novembro de 2014

HAMILTON BICAMPEÃO


Lewis Hamilton venceu 11 vezes no ano e coroou seu bicampeonato com mais uma vitória em Abu Dhabi. Aqui ele abre caminho sobre Fernando Alonso no chuvoso GP do Japão, em Suzuka.

            Na decisão do título da Fórmula 1, deu Lewis Hamilton, que chegou ao seu tão esperado bicampeonato. Um título que, à semelhança do primeiro, precisou ser conquistado na raça. Se em 2008 o adversário foi um Felipe Massa como poucas vezes se viu em sua carreira na categoria, neste ano a grande pedra na sapatilha do inglês foi Nico Rosberg, seu companheiro de equipe, que se revelou um oponente mais duro de roer do que se imaginava. Infelizmente, o piloto alemão deu azar na corrida de Abu Dhabi, ao enfrentar problemas no sistema do Ers de seu carro, o que lhe roubou quaisquer hipóteses de tentar arrebatar o título contra seu parceiro de time.
            Mas Nico não perdeu o campeonato por causa disso. Mesmo que vencesse, bastaria um segundo lugar a Hamilton para sacramentar seu bicampeonato, mas Lewis resolveu não correr para chegar, mas para ganhar. Ele perdeu a pole para Rosberg, mas no arranque da largada, tomou a ponta para comandar a corrida, o que vinha fazendo com extrema competência, mantendo o colega de time a uma distância pequena, mas estável, apenas se preocupando em rechaçar qualquer aproximação, de modo que Nico não tivesse a opção de usar o DRS para tentar uma ultrapassagem. A Rosberg só restava esperar por um milagre, como também por problemas no carro do companheiro. Só que os problemas atingiram ele, não Hamilton.
            Nico ainda demonstrou esportividade, ao ir cumprimentar Lewis antes da cerimônia do pódio, colocando um ar de civilidade na disputa que acirrou os ânimos entre ambos a partir da etapa de Mônaco, com sua crise maior na Bélgica, onde o alemão tocou no carro do parceiro, provocando um furo de pneu no carro do inglês que arruinou sua corrida em Spa. Foi talvez o ponto mais nervoso do campeonato, onde a Mercedes precisou agir para esfriar a cabeça de sua dupla de pilotos, cuja disputa estava prestes a virar guerra declarada.
            Hamilton mereceu a conquista. Foi o piloto com mais vitórias no ano, 11, contra apenas 5 do companheiro de equipe. Deixou de pontuar apenas em 3 corridas, e marcou 7 pole-positions. Seus piores resultados foram seus 3°s lugares nas etapas da Alemanha e da Hungria. Nico foi o rei das poles em 2014, com 11, e seu pior resultado pontuável foi o 4° lugar na Hungria. O filho de Keke Rosberg perdeu a disputa e sua primeira grande chance de ser campeão, e já vão 9 anos desde sua estréia na F-1. Mas apenas este ano ele disputou realmente o título, sendo que até o ano passado nunca teve chances reais de vencer, e só há dois anos conquistou sua primeira vitória na categoria.
            Mesmo assim, todos imaginavam que Rosberg seria presa fácil para Hamilton. Nico havia suplantado Michael Schumacher em 2010, 2011, e 2012, mas era nítido que o heptacampeão não exibia a mesma forma de antes de se aposentar pela primeira vez em 2006. O confronto com Hamilton, considerado o piloto mais rápido da categoria atualmente, seria um parâmetro de comparação bem mais revelador, e foi, especialmente neste ano. A ponto de Nico conseguir suplantar Lewis justo no seu principal adjetivo: a velocidade. Ele conseguiu mais poles que Hamilton, mas o inglês, para surpresa de todos, revidou com um ritmo de corrida mais forte e estável, características que não eram sua especialidade. E sem perder seu habitual arrojo e agressividade, ele conseguiu manter Rosberg sob controle, mas a parada foi dura, especialmente entre as provas de Mônaco e Bélgica, onde o alemão chegou a abrir 29 pontos de diferença e parecia rumar firme para o título, invertendo o favoritismo visto até a etapa da Espanha.
            Hamilton mostrou ter evoluído como piloto, ficando mais completo, e ainda tem o que melhorar. Em Mônaco, o inglês perdeu um pouco as estribeiras, ao acusar Rosberg de rodar de propósito no treino de classificação para impedi-lo de conquistar a pole. Verdade ou não, Rosberg largou na frente no Principado, e venceu a corrida, iniciando uma reação que chegou a abalar um pouco o equilíbrio de Hamilton, que cometeu alguns erros nas etapas seguintes, mas nada exatamente drástico. Mas com ambos desfrutando do mesmo equipamento, e com diferenças nos décimos de segundo, qualquer deslize podia ser fatal. O abandono na Austrália levou 4 corridas para ser compensado, e os percalços do Canadá e Bélgica acabaram compensados pelos problemas de Nico na Inglaterra e em Cingapura. Hamilton ainda precisou dar um show de arrojo e velocidade na Alemanha e na Hungria, onde teve problemas na classificação e precisou largar lá de trás enquanto via seu companheiro de equipe largar na pole. Lutando sempre sem desistir jamais, Hamilton conseguiu minimizar os prejuízos, e quando foi a vez de Rosberg ter azar, não deixou escapar as chances.
            Hamilton mostrava nos últimos anos que era um piloto que podia perder o controle sobre pressão. Em 2007, tinha tudo para ser campeão logo em sua primeira temporada na F-1, estreando pela McLaren, onde chegou a desestabilizar ninguém menos do que Fernando Alonso, então já bicampeão da categoria, mas cometeu erros nas etapas finais, e permitiu que a Ferrari levasse o título, com Kimi Raikkonem. No ano seguinte, o título por pouco não escapou, em Interlagos, em uma corrida sob chuva onde Hamilton novamente tinha as melhores chances de faturar o campeonato. Correndo apenas para chegar, piloto e equipe ficaram abaixo do esperado, e só na última volta o inglês conseguiu a posição mínima que lhe daria o título. No ano seguinte, a temporada rendeu-se à surpresa da Brawn GP, e a McLaren foi apenas coadjuvante. Na sua primeira temporada sem disputar o título, Hamilton começou a amadurecer, embora seu estado de espírito variasse muito dependendo das circunstâncias. Nas temporadas seguintes, dividindo a escuderia com Jenson Button, mostrou sempre rapidez, mas também continuou errando em etapas cruciais, e com isso perdendo as chances de se manter na luta pelo título. O ano de 2011 que o diga, quando Jenson Button ficou com o vice-campeonato, e Lewis amargou vários resultados ruins, vários deles por culpa própria, chegando até a levar broncas de Ron Dennis, que o patrocinou desde o kart até a chegada à F-1. Chegou até a falar besteiras, como o fato de ser negro podia prejudicá-lo, fazendo insinuação de que seria vítima de racismo. O piloto precisou botar a cabeça no lugar para não perder o foco do trabalho. Aos poucos, foi conseguindo recuperar sua concentração e manter-se distante de confusões e outras estripulias que volta e meia cometia em disputas na pista.
            Em 2012, apesar do bom campeonato, onde ficou em 4° lugar, resolveu que era hora de procurar novos ares, e surpreendeu ao assinar com a Mercedes para as temporadas seguintes. O ambiente na McLaren já não lhe era mais propício, e a escuderia também parecia não ter mais onde evoluir. Coincidência ou não, o time inglês decaiu de lá para cá, enquanto o inglês pegou uma Mercedes que finalmente começava a despontar como time vencedor na F-1. Não foram só a qualidade dos carros que influenciaram, mas a presença e ausência de Hamilton se fizeram sentir nas duas escuderias. E a aposta de Lewis mostrou-se mais do que acertada, e agora, ele comemora com justiça o seu bicampeonato. Não por acaso, Ron Dennis, seu ex-patrão, foi um dos que não demonstrou entusiasmo pela conquista do ex-contratado, mostrando ainda possuir ressentimento com a decisão de Lewis de trocar seu time pela Mercedes há dois anos. Azar o dele. Praticamente quase todo mundo no paddock de Abu Dhabi exaltou o título de Hamilton. Até mesmo Alonso, desafeto dele pela temporada explosiva que tiveram em 2007 dividindo a McLaren, parabenizou o ex-colega pela conquista. E olhe que o humor do espanhol este ano não foi nem um pouco dos melhores.
            De quebra, Hamilton ainda tornou-se o piloto britânico com mai vitórias na F-1, 33, tendo superado o recorde que era de Nigel Mansell, com 32 triunfos. Ele iguala a marca de Graham Hill, também bicampeão da categoria. E agora resta superar o tricampeão Jackie Stewart, tricampeão da F-1, o britânico com mais títulos na história. Hamilton também passa a ser o segundo piloto mais vitorioso em atividade, perdendo apenas para Sebastian Vettel, com 39 vitórias, e passando à frente de Fernando Alonso, com 32, e que passou o ano inteiro sem conseguir vencer, o que tinha acontecido pela última vez em 2009, quando defendia a Renault. E, pelo ritmo do time alemão, Hamilton tem tudo para se tornar o líder de vitórias em 2015.
            A Mercedes reinou suprema em 2014, e só perdeu 3 corridas por percalços na confiabilidade dos carros (Canadá), estratégias de corrida bagunçadas pela chuva (Hungria), e desaire entre seus pilotos (Bélgica). Nas demais corridas, deixou a concorrência a ver navios. Não apenas a marca de Sttugart concebeu o melhor motor turbo e um sistema de ERS confiável, como apresentou um excelente carro, o modelo W05, evolução lógica do W04 de 2013, com todas as mudanças de regulamento técnico exigidas, e ainda conseguindo sanar as principais deficiências do carro do ano passado, que era extremamente veloz, mas consumia os pneus vorazmente, perdendo performance muito rápido frente aos rivais, que conseguiam economizar melhor os pneus e tinham uma performance mais estável e constante. A tarefa da Mercedes acabou facilitada pelo fato de os rivais não terem conseguido apresentar carros tão bons ou projetar seus novos motores turbo com a mesma competência.
            O que salvou o campeonato foi justamente a Mercedes ter deixado seus pilotos disputarem livremente a competição, e o fez com grande competência, ainda que tenham tido algumas dores de cabeça para gerenciar o ego de seus pilotos durante a temporada. Um exemplo especialmente para quem ama o esporte e a competição, e um tapa na cara de times como a Ferrari, com sua política tacanha de privilegiar um de seus pilotos em detrimento do outro. A F-1, que já tem tantos problemas, merecia uma disputa aberta e limpa assim entre pilotos de uma mesma escuderia. E ganhou também o piloto mais popular da escuderia, sem que isso tenha significado preferência ou favorecimento dentro do time.
            Hamilton agora vai tratar da renovação de seu contrato, e tudo indica que deverá continuar na Mercedes por um bom tempo. O time está feliz com ele, e sua dupla de pilotos, apesar dos sustos que passaram durante o ano. E podem apostar que para 2015, sua meta é mais óbvia do que nunca: ser tricampeão. Mas isso fica para a próxima temporada. Agora, Lewis vai comemorar como nunca, como é seu direito, e merece todos os cumprimentos e parabéns pela conquista obtida.


A Stock Car disputa neste final de semana sua etapa final, no autódromo de Curitiba. Rubens Barrichello é o líder do campeonato, com 14,5 pontos de vantagem na classificação para o segundo colocado, Átila Abreu. Mas a parada será bem mais complicada do que parece à primeira vista: a corrida de encerramento do campeonato terá pontuação dobrada, e isso faz com que nada menos do que 7 pilotos tenham chance de conquistar o título da competição. Além de Barrichello e Abreu, Julio Campos, Antonio Pizzonia, Sergio Jimenez, Cacá Bueno e Allam Khodair podem faturar o campeonato, dependendo da combinação de resultados. Recordista de GPs da F-1, Barrichello precisará manter-se na frente de todos estes adversários se quiser ser campeão, e pelo padrão das corridas no ano, a tarefa promete ser dura, pois vários pilotos tem condições de andar na frente, embaralhando as cartas na mesa. Rubens não poderá dar moleza em momento algum. A disputa promete grandes emoções.


E Interlagos recebe neste final de semana a etapa de encerramento do Mundial de Endurance. A Toyota já faturou o título de pilotos, mas ainda falta garantir o campeonato de construtores. A equipe japonesa tem 259 pontos no campeonato, contra 219 da Audi, que venceu os dois campeonatos anteriores. Mas, a julgar pela performance dos carros das quatro argolas, a Toyota não deverá ter problemas para ser campeã, a menos que surjam problemas graves na sua participação. Nas últimas corridas, os Audi perderam feio as disputas para os carros japoneses, sendo superados até pelos carros da Porshe, que voltou a competir nas provas de longa duração neste ano.Os treinos para as 6 HORAS DE SÃO PAULO começam hoje, com duas sessões, uma às 13 horas, e outra às 17:30 Hrs. Amanhã, haverá outro treino livre às 10 horas da manhã, e o treino de classificação a partir das 14:45 hrs. A corrida, no domingo, tem a largada programada para as 13 Horas. Na pista, o grande destaque, claro, é a presença de Lucas Di Grassi defendendo um dos carros da Audi, mas a sensação da corrida será o retorno oficial de Émerson Fittipaldi a uma competição automobilística desde sua participação na finada GP Masters há alguns anos atrás. Nosso bicampeão de F-1 e campeão da F-Indy irá participar da categoria GTE-Am, pilotando uma Ferrari 458 Italia da equipe AF Course. Émerson terá como companheiros na prova o italiano Alessandro Pierguidi e o americano Jeff Segal, que dividirão com o brasileiro o carro N° 61 da competição. A etapa brasileira marcará mais uma despedida na equipe Audi. Se no ano passado foi Allan McNish que anunciou sua retirada das competições, este ano quem está dando adeus é ninguém menos do que Tom Kristensen, 9 vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans, que defende a Audi há 15 anos, e agora, aos 47 anos de idade, disse que é sua hora de pendurar o capacete.

Nenhum comentário: