Voltando
a trazer minhas colunas antigas na seção Arquivo, trago hoje a coluna lançada
em 21 de março de 1997. O assunto era a volta da McLaren ao topo do pódio, após
3 longos anos de jejum da escuderia, que tinha vencido pela última vez na
despedida de Ayrton Senna do time, ao fim de 1993. A McLaren estreava
também o seu novo visual prateado, em substituição à pintura vermelha e branca
da Marlboro que era usada desde os tempos de Émerson Fittipaldi, em 1974. Foi
um recomeço para o time, que no ano seguinte voltaria efetivamente a disputar o
titulo, resgatando todo o protagonismo que havia tido nos anos 1980 e início da
década de 1990. Fiquem agora com o texto, e boa leitura. Logo, logo, trago mais
textos antigos...
MCLAREN, O REGRESSO
Demorou,
mas depois de 3 anos sem vitórias, a McLaren enfim retornou ao degrau mais alto
do pódio na Fórmula 1. Curiosamente, o retorno da McLaren ao círculo dos
vencedores se deu no mesmo GP onde a escuderia conquistou, em 1993, sua última
vitória na categoria até então. No Grande Prêmio da Austrália daquele ano,
disputado na época em Adelaide, Ayrton Senna conquistou a 104ª e até o início
do campeonato deste ano última vitória da McLaren na F-1. Coincidentemente, foi
também a última vitória de Ayrton Senna, a sua 41ª. E semana retrasada, também
no Grande Prêmio da Austrália, vimos novamente a McLaren vencer de novo uma
corrida da categoria, agora no circuito de Melbourne, e pelas mãos do piloto
escocês David Couthard.
Durante
este longo período afastada das vitórias, temeu-se pela possibilidade de a
McLaren sofrer um decadência parecida com a sofrida pela Lótus, que começou a
entrar em crise a partir da temporada de 1988, e terminou com o encerramento de
suas atividades em fins de 1994, pondo fim a uma das mais carismáticas e
vitoriosas escuderias que já participaram da F-1.
Ron
Dennis, diretor da McLaren, sempre mostrou um exemplar gerenciamento da
escuderia. Foi ele quem, no início da década de 1980, transformou totalmente a
velha McLaren, até então de propriedade de Teddy Meyer, na nova McLaren
International. Junto com John Barnard, Ron Dennis conduziu a escuderia para o
seu primeiro período de supremacia nos anos 1980, tendo como pilotos Niki Lauda
e Alain Prost, conquistando 3 títulos de pilotos consecutivos. Tal supremacia
só foi abalada momentaneamente pela Williams, que em meados de 1986 e durante
toda a temporada de 1987. Mas a partir de 1988, a McLaren voltou a impor total
domínio na F-1 até 1991, quando novamente a Williams iniciou seu retorno ao
topo com força total.
A
partir de 1992, a McLaren começou a decair, deu uma nova retomada de fôlego em
1993, mas seu maior trunfo até então, Ayrton Senna, deixou a escuderia em fins
de 1993 para ingressar na Williams em 1994. Além disso tudo, a McLaren perdeu
também a Honda, sua grande força motriz no campo dos motores, o qual sem dúvida
foi tão sentido quanto a perda de Ayrton Senna. A temporada 93 foi feita como
equipe cliente da Ford, e mesmo obtendo resultados até melhores do que a
Benetton, equipe oficial da fábrica, a McLaren não conseguiu melhor tratamento
para 94. Foi então que a escuderia conseguiu um acordo com a Peugeot, que
estava fazendo sua estréia na F-1.
A
temporada de 94 até que foi muito boa, considerando-se o fato dos motores
Peugeot serem estreantes na categoria. A McLaren terminou o campeonato de
construtores na 4ª posição, com 42 pontos, e vários pódios de seus dois
pilotos, Mika Hakkinen e Martin Brundle, mas nenhuma vitória ou pole-position.
Apesar do bom desempenho da Peugeot em sua temporada de estréia, Ron Dennis
resolveu rescindir o contrato, e acertou com a Mercedes-Benz, que estava se
desvinculando da equipe Sauber, para ser o novo time de fábrica da marca alemã
em 1995.
Só
que a temporada de 95 foi pior que a de 94. Se em 94 o chassi MP4/9 tinha dado
mostras de ser competitivo mesmo com o motor francês estreante, em 95 o chassi
MP4/10 revelou um péssimo monoposto, sem boas qualidades, sendo que até Nigel
Mansell declarou que o carro era totalmente instável. Os problemas que surgiram
com o modelo 95 foram vários. Nigel Mansell precisou de um cockpit remodelado,
pois não conseguia caber direito no carro. Com muito trabalho, a escuderia
lançou o MP4/10B a meio da temporada, mas os problemas persistiram. Foi lançada
até uma terceira versão, o MP4/10C, ao fim da temporada européia, mas os ganhos
foram insignificantes em comparação com o volume de trabalho realizado. A
equipe só conseguiu 30 pontos, mostrando nítida regressão em relação aos anos
anteriores, apesar de ainda ter conseguido alguns pódios.
Entrando
na temporada de 1996, tudo indicava que a McLaren teria, enfim, condições de
evoluir, pois pela primeira vez em várias temporadas, teria uma base firme e
contínua para trabalhar. Tendo como pilotos Mika Hakkinen e David Couthard, a
McLaren teve um inicio de ano meio problemático, dando a impressão de que os
problemas de 1995 continuavam sem solução, mas com o decorrer da fase européia
do campeonato, a McLaren começou a dar mostras de reação, conseguindo até
liderar, ainda que esporadicamente, algumas corridas. Tanto Hakkinen quanto
Couthard demonstraram muita garra em diversas provas, à medida que o novo
MP4/11 progredia em conjunto com o motor Mercedes V-10. O único inconveniente
foi uma certa instabilidade nas performances: em algumas pistas a McLaren
parecia estar ao nível das melhores equipes, enquanto em outras, tinha um
desempenho bem mais modesto, disputando colocações no meio do grid.
Mas
o balanço geral do ano foi positivo. Novamente 4ª colocada no campeonato de
construtores, a escuderia acumulou 49 pontos contra os míseros 30 de 1995. A
equipe, porém, sofreu um novo golpe: perdeu o patrocínio milionário da
Marlboro, que desistiu de investir na escuderia inglesa e preferiu centrar seus
esforços na Ferrari. Ron Dennis, porém, conseguiu arrumar um substituto à
altura e assinou um novo contrato de patrocínio com a West.
Chegamos
então à temporada de 1997. A McLaren, apesar dos últimos anos terem sido de
vacas magras para a escuderia, ainda apresenta a melhor estrutura entre todos
os times de ponta da F-1. E o poderio técnico de Woking já se fez notar no
programa de testes da pré-temporada, onde a escuderia realizou treinos em todas
as pistas possíveis para dar o melhor nível de desenvolvimento ao novíssimo
MP4/12. Os resultados foram muito bons e a prova pode ser conferida em Melbourne. Todavia,
é certo afirmar que a McLaren ainda está um pouco abaixo da Williams, mas já
consegue fazer frente à Benetton e à Ferrari. A expectativa agora é que, com o
desenrolar do campeonato, o time inglês continue crescendo para que se torne
novamente aquela superequipe do início da década, com força para disputar o
campeonato tanto com a Williams quanto com a Benetton e a Ferrari, e até
superá-las com certa folga, como costumava fazer...
A equipe Newmann-Hass vai encontrar muitas dificuldades na tentativa de
repetir em Surfer’s Paradise o seu extraordinário desempenho de Homestead, na
etapa inaugural do campeonato 97 da F-CART. Nos testes do circuito de Firebird,
no Arizona, semana passada, o câmbio do chassi Swift apresentou inúmeras
quebras, assim como os motores Ford. A fábrica ainda está testando novos
desenhos do câmbio para tentar conseguir maior fiabilidade da peça. Novos
testes no circuito misto de Sebring, na Flórida, estão programados antes do
embarque para a Austrália.
A Lola parece ter detectado o seu principal problema do chassi T9700
para o campeonato da F-CART: a falta de rigidez da peça que segura o motor ao
chassi. Segundo os testes realizados, a força do motor está provocando torção
nos suportes dos propulsores, e com isso, tirando toda a estabilidade dos
carros em curva. A
fábrica está reforçando as peças para tentar recuperar a competitividade de
seus times no campeonato da F-CART.
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