Já
estamos encerrando o mês de novembro. Falta pouco para chegarmos a 2015. E como
acontece todo fim de mês, eis aqui a nova edição da Cotação Automobilística,
com uma pequena avaliação dos destaques, positivos e negativos, de alguns dos
acontecimentos destas últimas semanas no mundo da alta velocidade. Lembrando do
velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA
(caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa
leitura para todos, e até a edição da cotação automobilística do mês de
dezembro...
EM ALTA:
Marc
Márquez: A "Formiga Atômica" encerrou o campeonato do Mundial de MotoGP
com mais uma vitória. Com 13 triunfos na temporada, o mais jovem bicampeão da
categoria superou o recorde de vitórias no mesmo ano, que pertencia a Michael
Dohan, e mostrou que sua sede de vitórias segue intacta e firme para tentar o
tricampeonato em 2015, para desespero dos concorrentes, que só podem torcer
para que o novo modelo de moto da equipe oficial da Honda não seja tão bom
quanto foi nos últimos anos, pois do contrário, é bom irem se acostumando com o
massacre que o jovem espanhol vem impondo a todos...
Valentino
Rossi: O grande nome da MotoGP da década passada passou em branco pela equipe
Ducatti recentemente, e voltou ao time da Yamaha para lutar novamente por
vitórias e pelo título. No ano passado, entretanto, Rossi virou um coadjuvante
de luxo, vendo Marc Márquez e Dani Pedrosa, da Honda, e seu companheiro de
time, Jorge Lorenzo, disputarem a taça, restando a ele apenas uma solitária vitória
em Assen, na Holanda. Pois Valentino tratou de se reinventar em 2014, trocando
inclusive de preparador físico. E deu certo: o "Doutor" encerrou o
ano com o vice-campeonato, da categoria rainha do motociclismo, que era o
máximo que se podia aspirar diante da supremacia de Márquez. Ainda conseguiu 2
vitórias no ano e mostrou que pode render muito ainda, além de continuar sendo
o campeão da categoria quando o assunto é carisma. Quem não gostou muito da
forma revigorada de Rossi foi Jorge Lorenzo, que perdeu a disputa interna na
Yamaha para o companheiro. E se a nova moto da Yamaha para 2015 for boa, podem
apostar que Valentino vai infernizar o novo bicampeão como nunca...
Lewis
Hamilton: Campeão de 2008, Lewis enfim chegou ao bicampeonato, agora como piloto
da Mercedes, tornando-se o segundo campeão do time alemão, que em 1955 e 1956,
quando teve time próprio, levou as taças daqueles anos com o argentino Juan
Manuel Fangio. Hamilton foi o piloto que mais venceu no ano, com 11 triunfos,
tornou-se o britânico com mais vitórias na história da F-1, e ainda superou nas
estatísticas Fernando Alonso, seu velho desafeto dos tempos de McLaren. Lewis
foi impecável na corrida decisiva em Abu Dhabi: perdeu a pole, mas arrancou bem
para assumir a liderança e controlar a situação como desejava. Os problemas de
Nico Rosberg apenas tornaram a tarefa mais fácil, mas o inglês teve um ano
esplêndido, e nas últimas corridas, aproveitou para abrir abrir e administrar a
vantagem que poderia lhe dar o campeonato apenas com um 2° lugar na etapa dos
Emirados Árabes Unidos. E com a Mercedes mantendo sua forma, certamente será o
piloto a ser batido em 2015, quando tentará o tricampeonato.
Nico
Rosberg: O filho de Keke continua na fila em seu sonho de repetir o feito do
pai, de conquistar o título da F-1. Mas o piloto alemão não tem do que se
envergonhar da excelente campanha realizada neste ano, onde todos imaginavam
que iria levar um banho de Lewis Hamilton. Seu duelo com Lewis, reconhecido
como o piloto mais rápido da categoria, onde foi um páreo duro especialmente a
meio da temporada, quando chegou a abalar os nervos do companheiro de equipe,
mostraram claramente o seu crescimento como piloto, passando a ser visto
efetivamente como um dos astros da categoria, algo que até o ano passado ainda
suscitava muitas dúvidas. O único ponto que Nico pode se arrepender do ano é do
toque que deu no companheiro de time em Spa-Francorchamps, onde furou o pneu do
parceiro e acabou levando uma boa bronca do time, por querer se impôr se
maneira errada dentro do time. Apesar de aparentemente conseguir se manter bem
mais sob controle do que Lewis, a chamada de atenção do time claramente o
afetou, a ponto de em seguida assistir a 5 vitórias consecutivas de Hamilton. Além
das 5 vitórias, acumulou 11 poles na temporada, mostrando toda a sua velocidade
em volta lançada. E promete ser um páreo mais duro do que nunca em 2015, quando
terá a missão de impedir o possível tricampeonado do parceiro de time...
Felipe
Massa: O piloto brasileiro iniciou o ano com certa empolgação pelos bons
resultados obtidos pela Williams nos testes da pré-temporada, mas essa boa
forma do time só foi encontrada bem mais à frente na competição, e quando isso
aconteceu, foi Valtteri Bottas a exibir os melhores resultados, enquanto Felipe
voltava a padecer de azares e fracos resultados, como nos tempos da Ferrari.
Mas Massa conseguiu melhorar na segunda metade da temporada, e nas últimas 3
corridas, chegou sempre na frente do companheiro de equipe ao fim das corridas,
conseguindo dois pódios consecutivos em Interlagos e Abu Dhabi, sendo que nesta
chegou próximo até de vencer a corrida, ainda que com poucas chances. Felipe só
não terminou o ano melhor devido a ter ficado sem pontuar em 8 provas, mas
parece ter reencontrado sua melhor forma, além de recuperar auto estima e
aproveitar o ambiente menos estressante da equipe Williams. O brasileiro
promete manter a ascenção em 2015, e voltar a lutar efetivamente por vitórias,
e quem sabe, o título. A conferir no próximo ano...
NA MESMA:
Fernando
Alonso: O bicampeão encerrou sua participação na equipe Ferrari sem um anúncio
oficial de por onde competirá em 2015, embora todos estejam cientes de que a
McLaren é sua única opção, e que o contrato muito provavelmente já estaria
assinado, restando apenas acertar detalhes da operação, bem como salário. O
espanhol conseguiu se sobressair imensamente sobre Kimi Raikkonem, e a falta de
competitividade do modelo deste ano minou completamente a expectativa de um
duelo renhido entre o espanhol e o finlandês. E ainda levou uma alfinetada do
novo diretor Marco Mattiacci de que estaria "desmotivado" para
atender às pretensões da escuderia.
Red
Bull: O time das bebidas energéticas ficou com o vice-campeonato, e não fosse a
falta de potência das unidades turbo da Renault, com certeza teria dado mais
trabalho. De mérito, o grande trabalho de desenvolvimento do chassi RB11, e ter
sido o único time a vencer além da Mercedes no ano. Mas apresentou uma
performance irregular em várias corridas, e não conseguiu deixar o
comportamento do carro mais ao estilo de Vettel, que não se encontrou
totalmente com o carro nesta temporada. A escuderia manteve sua capacidade e
contou com a grande surpresa da temporada, Daniel Ricciardo, 3° colocado no ano
com todos os méritos. Resta saber se conseguirá voltar firme à disputa pelo
título em 2015.
Corrida
de Abu Dhabi: Não fosse a pontuação dobrada e a decisão do título, a corrida de
encerramento do campeonato nos Emirados Árabes Unidos teria sido mais do mesmo:
um visual espetacular, com uma pista que até hoje, desde que estreou na
competição, nunca forneceu uma boa corrida, e neste ano, não foi diferente. A
etapa, que tem como maior atrativo começar com a luz do sol e terminar à noite,
apresentou outra corrida com poucos momentos de destaque, e se a luta entre
Rosberg e Hamilton foi abreviada pelos problemas no carro do alemão, restou a
Felipe Massa dar uma esperança de emoção na disputa pela vitória nas voltas
finais na perseguição ao piloto inglês. Mas o duelo de posições não chegou
propriamente a se concretizar, e apesar de algumas boas disputas no pelotão
intermediário, a corrida esteve longe de ser uma das melhores do ano,
novamente. Pelo menos para 2015 deve acabar esse negócio de pontos em dobro...
Felipe
Nasr: O brasileiro firmou contrato para ser piloto titular da Sauber na próxima
temporada, e o time não se fez de rogado ao admitir que contratou sua próxima
dupla de pilotos mais pelo dinheiro que trazem do que propriamente pelo
talento. No encerramento da GP2, Felipe acabou caindo para a 3ª colocação, com
o vice-campeonato ficando para o belga Stoffel Vandoorne por uma diferença de 3
pontos. Visto como nova esperança do Brasil nas pistas, Nasr terá um ano
potencialmente complicado em 2015, visto que a Sauber vai precisar tirar muita
diferença da péssima performance exibida neste ano. É bom que a torcida não
fique de marcação em cima, e muito menos a Rede Globo, ou Nasr poderá ser mais
um a ser fritado pelas exigências de se descobrir um novo "Ayrton
Senna" para "salvar" a audiência da F-1 no Brasil...
Como
está fica: Force India e Lotus, apesar dos percalços financeiros, manterão suas
duplas de pilotos na próxima temporada. Nico Hulkenberg e Sérgio Pérez até que
fizeram campanhas razoáveis este ano, e terão chance de mostrar mais serviço
para Vijay Mallya em 2015. A
Lotus, que comeu o pão que o diabo amassou este ano, manteve Pastor Maldonado -
e seus petrodólares, principalmente, bem como Romain Grossjean, que sem
melhores perspectivas, acabou ficando no time de Enstone. Resta agora esperar
que ambas as escuderias melhores seus carros, uma vez que motor é o que não
faltará a ambas no próximo ano, quando competirão com as unidades de força da
Mercedes, as mais potentes e eficientes do grid.
EM BAIXA:
Crise
financeira na F-1: A categoria máxima do automobilismo termina o ano com a
crise econômica levando as duas menores escuderias à falência - Marussia e
Caterham, e com o perigo de arrastar mais times na próxima temporada. E sem
consenso entre times e cartolagem para tentarem resolver a situação. Bernie
Ecclestone só ajudou a complicar a situação com sua tradicional maneira de
gestão de negócios, ao afirmar que se não tem dinheiro, que não se venha
competir na F-1. E os times grandes também não ajudam, uma vez que se recusam a
ter restrições na sua administração para cortar gastos. E o perigo não é para
ser subestimado: este ano, até mesmo a McLaren, com todo o seu currículo e
reputação, não conseguiu patrocinadores principais para o time, que correu com
o carro quase limpo a temporada toda.
Rolo
nos autódromos brasileiros: O autódromo de Brasília teve sua licitação de obras
para reformas visando receber a IRL em 2014 suspensa por irregularidades, e
agora será preciso refazer o processo, o que vai demandar tempo e com isso, comprometer
possivelmente a realização da etapa brasileira da categoria, marcada para o
início de março do ano que vem. Praticamente ao mesmo tempo, o governo federal
também abandonou as atividades para desenvolver o projeto do novo autódromo da
cidade do Rio de Janeiro, na região de Deodoro, por pendengas judiciais que
ainda estão longe de serem resolvidas. Realmente, quando se trata do poder
público nacional precisar exibir celeridade para resolver algumas coisas, o
Brasil é mesmo uma piada, e de mau gosto. Mas desde quando isso é novidade por
aqui? Basta lembrar que a MotoGP já pulou fora de voltar a estas paragens
recentemente, justamente pelas confusões de se tentar reformar o circuito da
capital do país, e resolveu nem perder tempo procurando outro lugar...
Equipe
Sauber: O time suíço teve este ano sua pior temporada desde que estreou na F-1,
e passou o ano sem conseguir marcar um ponto sequer. Com isso, a escuderia
precisou apelas aos dólares trazidos pelo sueco Marcus Ericson e do brasileiro
Felipe Nasr, para se manter na temporada de 2015. O problema é que a falta de
grana deste ano pode muito bem comprometer o desenvolvimento e projeto do carro
do próximo campeonato. O time fundado por Peter Sauber quase não conseguiu
patrocínios na temporada, tendo de se virar com as verbas da Telmex garantidas
por Esteban Gutierrez, que ficou a pé para o próximo ano, em virtude da falta
de resultados. Nem Adrian Sutil escapou da degola. A escuderia foi uma das mais
afetadas pela crise econômica que ronda a categoria.
Ferrari:
Confirmou-se o que todo mundo já esperava: o time rosso passou seu primeiro
campeonato desde 1993 sem conseguir vencer nenhuma corrida. Se a escuderia
conseguiu contratar Sebastian Vettel para substituir Fernando Alonso, a mudança
de administração imposta pela Fiat, controladora da Ferrari, promete causar
alguns terremotos internos na escuderia, em virtude da falta de cultura de
automobilismo, aliada às já tradicionais cobranças desmedidas e impacientes de
resultados imediatos. Espera-se que o ano de 2015 seja melhor para a escuderia
de Maranello, mas dependendo de como os rivais evoluírem, os ganhos poderão não
ser tão significativos como se esperam. Alonso certamente não sentirá saudades
deste ano de despedida dos carros vermelhos...
Sebastian
Vettel: O tetracampeão terminou o ano sem vencer, e pior, perdeu a disputa
interna com seu novo companheiro de equipe Daniel Ricciardo, que ainda por cima
conseguiu vencer 3 provas no ano, ainda que mais à custa dos problemas da
Mercedes do que pela performance da escuderia. Mesmo mantendo o bom humor, o
alemão mostrou que isso o afetou bastante, a ponto de resolver se bandear para
Maranello, onde ganhará o maior salário da F-1 pelas próximas 3 temporadas.
Resta saber se no time italiano ele terá a paciência para aguardar pela chegada
de bons resultados, que pela reorganização e mudança de mentalidade
administrativa pela qual o time rosso está passando, podem significar um bom
atraso na resolução dos problemas. Isso para não falar do tradicional ambiente
carregado de Maranello, além das cobranas irascíveis da torcida italiana, que
muitas vezes quer tudo para anteontem. Vettel pode estar entrando em uma grande
fria...
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