Enquanto o pessoal da
Fórmula 1 curte suas férias de meio de ano, a turma da MotoGP continua em ação,
e depois do GP de Indianápolis, disputado domingo passado, hoje todo mundo já
está de novo a pista. O palco é o circuito de Brno, para a etapa da República
Tcheca. A pista tem uma extensão de 5,403 Km, com cerca de 14 curvas, sendo 6 à
esquerda e 8 à direita. A corrida será disputada em 22 voltas, em um total de 118,9 Km. E a pergunta que
todos fazem é: quem pode parar Marc Márquez? O piloto espanhol, atual campeão
da categoria, venceu novamente domingo passado, no traçado misto de
Indianápolis, averbando nada menos do que sua 10ª vitória consecutiva no
campeonato deste ano. Mais do que igualar o recorde histórico do italiano
Giácomo Agostini, que em 1970 também conseguiu a proeza de vencer 10 provas em
sequência, Márquez até agora foi o único a vencer na temporada, tendo um score
impecável: 10 vitórias em 10 corridas, com nada menos do que 8 pole-positions,
tendo falhado em largar na primeira fila apenas nas corridas de Barcelona (onde
Dani Pedrosa largou na frente) e Assen (pole de Aleix Espargaro). A
"Formiga Atômica" também marcou 8 melhores voltas no campeonato,
deixando de assinalar a volta mais rápida apenas nas provas do Catar (Álvaro
Bautista fez a melhor volta da corrida) e Buenos Aires (melhor volta de Dani
Pedrosa). A concorrência, de fato, não tem muito o que mostrar em 2014.
Não que não tenha
tentado. Domingo passado, por exemplo, apesar de largar mais uma vez na pole,
Márquez saiu mal, enquanto Valentino Rossi fez um arranque relâmpago, saindo da
5ª posição para fazer a primeira curva já na liderança da prova. E, por algumas
voltas, o "Doutor" chegou até a abrir alguma vantagem, trazendo com
ele o italiano Andrea Dovizioso, que fazia um excelente início de corrida com a
Ducati, prometendo infernizar os ponteiros. Mas Marc foi ao ataque, e em poucas
voltas, Rossi, Dovizioso, Jorge Lorenzo e Dani Pedrosa já circulavam próximos.
E todo mundo já imaginava o que iria acontecer a seguir. Verdade que Lorenzo e
Rossi deram trabalho para o jovem espanhol prodígio do motociclismo, mas tão
logo se firmou na liderança, Márquez passou a abrir vantagem. Nem mesmo os
maiores esforços de Lorenzo, que parece enfim voltar a seus melhores dias, foi
suficiente para impedir mais um triunfo do jovem campeão. Rossi, depois de
travar pegas com Dovizioso, Lorenzo e Márquez, acabou perdendo um pouco de
ritmo nas voltas finais, finalizando o pódio, logo atrás do companheiro de
equipe na Yamaha. Dani Pedrosa, para variar, "sobrou", terminando em
4°, e vendo o parceiro faturar mais uma vitória e seguir invicto no ano.
É consenso geral de
que o modelo RC213V do time oficial da Honda é o melhor equipamento da
categoria, e isso é demonstrado pelo fato de Dani Pedrosa, que para muitos faz
uma temporada sem brilho, ser o vice-líder do campeonato, com 161 pontos.
Enquanto Márquez venceu todas as corridas do ano, Pedrosa tem como melhores
resultados apenas 2 segundos lugares, nas etapas de Austin e Sachsenring, além
da pole em Barcelona e uma melhor volta, na Argentina. Para complicar ainda
mais, o piloto espanhol encontra-se em uma renhida disputa com Valentino Rossi,
alternando-se com o italiano na segunda posição do campeonato ao longo da
competição até aqui. Mesmo com um equipamento inferior ao da Honda, Rossi tem
conseguido resultados mais consistentes, terminando nada menos do que 4
segundos lugares e 2 terceiros. E, em algumas corridas, como foi visto em
Indianápolis, deu uma canseira para ser superado na pista, o que mostra que,
apesar do melhor equipamento da competição, é Márquez que vem fazendo a
diferença de performance, extraindo tudo o que a moto japonesa pode dar, e às
vezes, até mais um pouco. A única prova em que Márquez terminou com relativa
folga foi na Holanda, quando chegou com 6s7 de vantagem para Andrea Dovizioso,
2° colocado na etapa. Em compensação, nada menos do que 3 corridas terminaram
com Marc vencendo por diferença mínima: em Mugello, o campeão venceu por míseros
0s121 de diferença para seu conterrâneo Jorge Lorenzo, da Yamaha. Nas outras
duas provas, no Catar e em Barcelona, foi Valentino Rossi que esteve nos
calcanhares de Márquez até a bandeirada de chegada, não permitindo que Marc
pudesse se descuidar um só momento.
Se no ano passado os
concorrentes contavam com o noviciado de Márquez para tentar levar vantagem na
competição, e mesmo assim acabaram vendo o novato ser campeão logo em seu
primeiro ano na categoria rainha do motociclismo, este ano a tarefa está
particularmente complicada, pois com mais experiência e maturidade, Márquez tem
reduzido praticamente a zero seus erros nas corridas, não dando chances para o
azar. E mesmo quando acaba largando mal e perdendo algumas posições nas
largadas, Marc vai à luta e não demora a estar novamente na frente, mostrando
que seu arrojo continua em ponto de bala como sempre. Pior para os adversários,
que ainda não sabem o que é subir ao degrau mais alto do pódio.
Enganam-se,
entretanto, quem acha que o campeonato da MotoGP deste ano está sendo monótono.
Em que pese o domínio de Márc Márquez nas vitórias, quase todas as corridas
terminaram com os ocupantes do pódio separados por margens de diferença
relativamente pequenas, mostrando que as disputas na pista estão bem acirradas.
Na etapa inaugural, no Catar, Dani Pedrosa, 3° colocado, ficou apenas 3s37
atrás do parceiro vencedor, panorama similar ao resultado da Argentina, onde o
3° colocado, desta vez Jorge Lorenzo, também ficou apenas 3s201 atrás na
bandeirada. Em Le Mans, foi Álvaro Bautista a chegar em 3°, com 3s144 de
desvantagem. Em Jerez de La Fronteira, a disputa foi acirrada até a bandeirada:
Dani Pedrosa fechou o pódio com apenas 1s529 de distância para o seu colega de
equipe. Outra corrida apertada foi em Barcelona, com Pedrosa novamente em 3°,
apenas 1s834 atrás. Na prova de Mugello, na Itália, foi Rossi quem fechou o
pódio com um atraso de apenas 2s688. As etapas que destoaram deste panorama
foram Austin, com Andrea Dovizioso a fechar o pódio praticamente 21s atrás de
Márquez; Assen, com o 3° colocado Pedrosa atrás 10s791; e Sachsenring, com
Lorenzo completando o top-3 com menos 10s317.
Se a disputa na pista
sugere que as corridas têm tido bons pegas entre os competidores, contudo, a
fria realidade dos números mostra um panorama diferente: a Honda lidera de
forma gritante o campeonato de construtores, com 250 pontos, contra apenas 174
da Yamaha, e 114 da Ducati. Na classificação por equipes, a escuderia oficial
da Honda dispara na dianteira com 411 pontos, bem distante da arqui-rival
Yamaha, cujo time de fábrica tem 274 pontos. A Ducati, com apenas 144 pontos,
então, nem se fala. Na classificação, Marc Márquez acumula 89 pontos de
vantagem sobre o próprio companheiro de equipe, Dani Pedrosa, que não consegue
se livrar de Valentino Rossi, neste momento apenas 4 pontos atrás, com 157.
Bicampeão da categoria, Jorge Lorenzo tem tido um ano difícil de digerir, e com
alguns altos e baixos, está em 4° lugar, com apenas 117 pontos, trazendo em sua
cola Andrea Dovizioso, com 108 pontos, que anda querendo mostrar serviço nas
últimas provas, embora seus resultados finais nem sempre correspondam a seus
esforços na pista.
Com 8 corridas para
fechar o calendário 2014, todos começam a fazer as contas de quando Márquez
deve encerrar matematicamente a conquista do título. E os cálculos mais
prováveis apontam para a etapa de Aragón, na Espanha. Se vencer todas as
corridas até lá, em Brno, Silverstone e Misano, e apostando que Pedrosa seja
sempre o 2° colocado, ele entraria na pista de Aragón com 104 pontos de
vantagem, precisando apenas de um 2° lugar, desde que Pedrosa não vença, para
faturar o bicampeonato. Na hipótese de Valentino Rossi ser sempre o 2°,
bastaria um 3° lugar na mesma corrida, desde que o italiano não vencesse, para
levar o caneco. E, se formos considerar as chances de Jorge Lorenzo, Márquez já
teria ganho a parada, praticamente, em Misano, ainda mais cedo.
Com as chances de
título diminuindo a cada etapa, a concorrência passa a ter como maior objetivo
pelo menos fechar 2014 com uma vitória, para não passar o ano em branco. As
vitórias apertadas de Márquez vistas até agora na competição mostram que o
jovem espanhol pode ser vencido. Conseguir isso, contudo, é outra história, e
até o presente momento, tudo indica que, salvo surpresas inesperadas, Marc tem
condições de vencer praticamente todas as corridas do campeonato, o que seria
um feito espetacular. Quem mais chegou perto disso foi justamente Giácomo
Agostini, que em 1970, quando venceu as 10 primeiras corridas do campeonato, só
deixou escapar mesmo a vitória da etapa final, em Montjuic, na Espanha, uma vez
que o certame daquele ano era composto de 11 provas. Um aproveitamento de 90,9%
de vitórias no ano. Com 18 corridas compondo o calendário deste ano, os
concorrentes ainda tem mais algumas chances de tentar limpar sua reputação
frente à "Formiga Atômica", que vem massacrando a concorrência sem dó
nem piedade, pelo menos no quesito vitórias.
Eles podem tentar, com
o mais novo round a ser disputado a partir de hoje nos treinos oficiais para a
corrida de Brno. Mas falta combinar com Marc Márquez, e podem apostar que ele
tem outras idéias na cabeça...
Enquanto tentam deter o monólogo
de Marc Márquez na pista, os pilotos do time oficial da Yamaha já se garantiram
para as próximas temporadas. Tanto Valentino Rossi quanto Jorge Lorenzo
renovaram contrato com o time nipônico pelas temporadas de 2015 e 2016, quando
tentarão novamente dar o título à sua escuderia, esperam, desde que tenham um
equipamento mais competitivo, porque do jeito como está atualmente, só contando
com os azares para tirar o espanhol da rival Honda da competição. Rossi
finalizou seu acordo de renovação no mês passado, enquanto o acordo com Lorenzo
foi um pouco mais complicado, mas acabou sendo selado na semana passada. Também
mantendo tudo na mesma, a Honda continuará com Márquez e Dani Pedrosa em 2015.
Com isso, é se preparar para continuarmos a assistir aos duelos das duas
gigantes nipônicas no mundial de motovelocidade, que ganhará no próximo ano mais
uma rival também japonesa, a Suzuki, que retorna à competição. Um é pouco, dois
é bom, e três tem tudo para ser melhor ainda...
Mark Milles, principal diretor da
Indycar, entidade que comanda o campeonato da Indy Racing League, disse que
está otimista em poder retornar ao Brasil no próximo ano, para disputar a etapa
nacional do campeonato, com previsão de realização para o primeiro fim de
semana de março de 2015, em Brasília. Do lado de cá, as condições do autódromo
não são as melhores, e as reformas necessárias para deixar a pista em condições
decentes para se realizar uma competição de nível, já avisaram, só ficarão
prontas mesmo em 2016, sendo que a licitação para as obras só será feita no mês
que vem. Convenhamos, depois do que vimos na construção e reformas dos estádios
nacionais para sediar a Copa do Mundo, isso não deveria ser nenhuma surpresa.
Veremos se o chefão da Indycar vai gostar da brincadeira quando ver o estado
das coisas no ano que vem. Pelo sim, pelo não, o calendário da IRL 2015 ainda não
está fechado, então nada está garantido. Vale lembrar que teríamos uma etapa da
MotoGP a ser disputada em Brasília este ano, mas a FIM, vendo a situação do
autódromo, e sem as obras de adequação necessária, não pensou duas vezes antes
de rifar a corrida do calendário...
A Indy Racing League volta à
pista neste fim de semana. É a vez da corrida de Milawukee, a ser disputada no
circuito de West Allis, em Wisconsin. Segundo no campeonato, o brasileiro Hélio
Castro Neves precisa aproveitar o fraco retrospecto de seu companheiro Will
Power nesta pista para retomar a liderança da competição: nas últimas 3
temporadas, o brasileiro chegou 2 vezes à frente do colega no pequeno circuito
oval, vantagem pequena, é verdade, mas que pode significar a diferença entre
finalmente chegar ao título ou ficar mais um ano na fila. Falando em filas,
tanto Power quanto Hélio querem parar de bater na trave, e desencantar de vez
com a conquista do tão sonhado título da categoria. Mas a dupla da Penske
precisa ficar atenta aos concorrentes: nos últimos dois anos, a vitória nessa
pista ficou com Ryan Hunter-Reay, e o piloto da Andretti Autosport ainda não
está fora do páreo no campeonato. É preciso ficar de olho aberto. Na história
do pequeno circuito oval de 1
milha, o maior vencedor é Rodger Ward, com 7 vitórias,
seguido de Michael Andretti, com 5 triunfos, vindo depois Bobby Unser, seu
irmão Al Unser, e Johnny Rutherford, todos com 4 vitórias, de quando o circuito
fazia parte do calendário da Fórmula Indy original. Dos pilotos atuais, Ryan
Hunter-Reay tem 3 vitórias, contra 2 de Tony Kanaan, 1 de Scott Dixon,
Sebastién Bourdais, e Ryan Briscoe.
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