Will Power reassumiu a liderança do campeonato da IRL: será que agora conquista o título? |
O campeonato 2014 da
Indy Racing League aproxima-se de seu final. Após o GP de Mid-Ohio, disputado
domingo passado, faltam apenas 3 provas para o encerramento da competição,
marcado para o dia 30 deste mês, na pista de Fontana, na Califórnia. Até lá, no
próximo dia 17, teremos a prova de Milwaukee, e dia 24, a corrida de Sonoma,
também na Califórnia. Na liderança do campeonato está o australiano Will Power,
da equipe Penske, que com o 6° lugar obtido na última corrida, reassumiu o
primeiro lugar na classificação. A vantagem de Power, contudo, é mínima, pois
logo atrás dele está o brasileiro Hélio Castro Neves, também do time de Roger
Penske. Power tem 548 pontos contra 544 de Helinho, e pode-se dizer que os dois
são os grandes favoritos para a conquista do título da temporada. Só que é
totalmente prematuro descartar os concorrentes da briga ainda.
Das provas que faltam,
duas são em pistas ovais, restando Sonoma como última etapa em circuito misto
do calendário. E a prova de encerramento, no California Speedway, em Fontana,
tem um diferencial: é uma prova de 500 milhas, o que por si só já apresenta um
desafio diferente dos demais circuitos ovais, onde não apenas a velocidade
conta, mas também a constância e fiabilidade, além de muita sorte,
especialmente para não se envolver em confusões durante a prova. Mas a corrida
de encerramento do campeonato, por ser uma prova de 500 milhas, terá
pontuação dobrada, como a direção da Indycar fez nas outras corridas de longa
duração da competição neste ano, visando torná-las mais atrativas. E isso
significa que o campeão só será definido mesmo na última corrida, pois se
somarmos todas as probabilidades matemáticas, até Marco Andretti, 10° colocado
na classificação, teria chances de alcançar o título, mesmo sendo extremamente
difícil.
Uma visão mais
realista, porém, aponta que o campeão deve sair dos 4 primeiros colocados da
classificação, podendo classificar de zebra se o título ficar de fora desta
quadra de pilotos. Na relação, temos dois pilotos da Penske, Will Power e Hélio
Castro Neves; um da Andretti, Ryan Hunter-Reay; e um da Schmidt, Simon
Pagenaud. Curiosamente, o 5° colocado no certame é o colombiano Juan Pablo
Montoya, também da Penske, e que até poderia entrar na briga, se tivesse
mantido o ritmo ascendente visto até a corrida de Pocono, onde Montoya
conquistou sua primeira vitória desde que retornou à competição de monopostos.
Com 447 pontos, Juan Pablo certamente ainda está no páreo para lutar pelo
campeonato, mas o colombiano ainda deve um pouco de performance para seus
outros companheiros na Penske, e nas últimas corridas, perdeu parte do embalo
visto até Pocono, voltando a ter resultados inferiores aos de Power e Helinho,
o que dificulta as perspectivas de uma reação por parte do colombiano, que pode
muito bem entrar na briga, mas não a ponto de superar seus parceiros de time na
classificação.
A Penske, aliás, tem a
melhor chance de finalmente conquistar o título, depois de bater na trave em
praticamente todas as últimas temporadas, quando foi vice com seus pilotos.
Will Power acabou sucumbindo na reta final em 2010, 2011, e 2012. No ano
passado, foi Hélio Castro Neves quem acabou amargando mais um vice. Agora,
faltando 3 corridas, dois de seus 3 pilotos ocupam as duas primeiras colocações
no campeonato, e isso não pode ser desprezado. A Penske é o time mais forte da
categoria, mas curiosamente, apesar de ser a favorita, não vem demonstrando
tanta força como alguns imaginam. É a escuderia que mais venceu: 4 vezes, sendo
2 delas com Power, e 1 com Helinho e outra com Montoya. Seus pilotos se
destacam pela constância e regularidade, e tentam marcar sempre o maior número
de pontos possível. Mas o perigo ronda perto dos pilotos de Roger Penske: Ryan
Hunter-Reay, campeão de 2012, é quem mais venceu no ano, com 3 vitórias, e
ocupa a 3ª colocação no campeonato, com 485 pontos. Qualquer vacilo por parte
tanto de Power quanto de Hélio pode dar ao americano a chance de comemorar o
bicampeonato. Em termos de estrutura e capacidade, o time de Michael Andretti
não pode ser subestimado, e embora a desvantagem de pontos seja significativa,
com 3 corridas em jogo, sendo uma com pontuação dobrada, tudo ainda é possível,
e não se pode ignorar a chance de Reay fazer uma arrancada fulminante nas
etapas finais. O equilíbrio da categoria está forte, e muita gente pode se
intrometer na luta.
Helinho ainda está firme na luta pelo título, mas tanto ele quanto Power precisam tomar cuidado com Ryan Hunter-Reay (atrás) e Simon Pagenaud. |
O 4° e último nome na
minha relação de favoritos é o francês Simon Pagenaud, da equipe de Sam
Schmidt. Pagenaud foi a sensação do ano passado, tendo terminado a competição
em 3° lugar, obtendo 2 vitórias, e ficando atrás apenas do campeão Scott Dixon
e de Hélio Castro Neves. Mesmo sendo um time médio, a escuderia conseguiu uma
preparação excelente para seu carro em várias provas, panorama que conseguiu manter
nesta temporada, e Simon tem guiado com arrojo, raça e inteligência de um
veterano da competição, já tendo conquistado 2 vitórias nesta temporada, e está
apenas 1 ponto atrás de Ryan Hunter-Reay, sendo considerado por muitos o piloto
com mais possibilidades de surpreender os demais ponteiros na classificação na
luta pelo título. Mesmo assim, tal como Hunter-Reay, Pagenaud precisaria de uma
arrancada fortíssima nas etapas finais, e pelo porte de sua escuderia, isso é
difícil, embora não impossível. Tanto para o piloto de Michael Andretti quanto
o de Sam Schmidt, seria preciso que a dupla da Penske tivesse péssimos
resultados nas próximas corridas para terem realmente chances de conquistar o
campeonato. Pelo mesmo raciocínio aplicado a Ryan, Simon deve ir à caça de
Power e Helinho, não baixando a luta até o encerramento efetivo do campeonato.
Ainda assim, a poucas
provas do fim da competição, o time de Roger Penske, mesmo não podendo
descuidar um momento sequer da ameaça potencial dos adversários, tem um trunfo
com o qual não ostentava em anos anteriores: seus pilotos ocupam as duas
primeiras posições na classificação, enquanto em anos anteriores, quem estava
em 2° lugar era sempre um piloto de outro time, e que fatalmente acabou sendo
campeão, roubando da Penske um título que a escuderia não conquista desde 2006,
quando Sam Horsnish venceu o campeonato, e resolveu ir tentar a sorte na
Nascar. Já são 7 anos de espera, uma longa espera, ainda mais se levarmos em
conta o poderio do time de Roger, o mais bem estruturado e rico da categoria.
Uma espera que pode muito bem estar chegando ao fim. Basta Power e Helinho
fazerem sua parte e não darem chance de reação aos rivais na pista, e as
chances disso acontecer são boas.
Para Hélio e Power, o
campeonato tem tido bons momentos, mas também teve alguns percalços. O
australiano cometeu vários erros em diversas etapas, como excesso de velocidade
nos boxes, manobras de defesa de posição irregulares na pista, além de estar em
alguns momentos no lugar errado na hora errada. Ainda assim, é o piloto mais
constante do ano, embora não esteja mais exercendo um domínio tão forte nas
pistas mistas como ocorria entre 2010 e 2012, quando cultivou uma aura de quase
invencibilidade nestes circuitos. As provas em ovais, seu ponto fraco até
então, passaram a apresentar melhores resultados, ainda que não mostre neles as
excelentes características já exibidas nos outros tipos de pista. Para Hélio
Castro Neves, que nas temporadas de 2010 a 2012 virou coadjuvante na própria
Penske, o ano de 2013 marcou o retorno do brasileiro à disputa efetiva do
título, reequilibrando o desempenho contra seu parceiro australiano na
escuderia. Nesta temporada, Hélio tem sido mais incisivo em algumas corridas, e
poderia ter tido pelo menos mais duas vitórias, não fosse uma bandeira amarela
no momento errado, em uma das provas de Detroit, e a disputa carro a carro com
Hunter-Reay na Indy500, perdendo a vitória por meio carro para o americano. E,
a exemplo de 2013, quando Hélio vivenciou um pesadelo em termos de resultados
em Houston, domingo passado teve sensação parecida, quando seu carro apresentou
problemas no acelerador e literalmente jogou-se no lixo as chances de um bom
resultado na pista de Mid-Ohio. Depois de sanado o problema, Hélio retornou à
corrida virando excelentes tempos, mas não tinha como reverter a desvantagem de
4 voltas perdidas no box, e com o baixo número de abandonos, viu sua vantagem
para Power não apenas desaparecer como ainda ficar atrás do companheiro. Para
sua sorte, foram apenas 4 pontos, resultado muito mais favorável do que o
ocorrido em Houston em 2013, quando ficou com uma boa desvantagem para Scott
Dixon, que a usou muito bem na corrida final, em Fontana, conquistando o
tricampeonato.
Na luta entre os dois
pilotos da Penske, o panorama teórico aponta para vantagem de Hélio nas provas
finais. Duas delas são em ovais, onde o brasileiro costuma andar melhor do que
o australiano. De fato, nas etapas em circuitos ovais na temporada, apenas no
Texas Power terminou à frente de Hélio. Mas isso é retrospectiva, e na prática,
nada garante que Power vá perder terreno para seu parceiro de equipe. Mas se
Helinho reverter a desvantagem nas provas de Milwaukee e Sonoma, ele poderá
correr marcando o parceiro de time em Fontana, se não andar até na frente a fim
de fechar o duelo com chave de ouro. Pelo seu lado, a pista de Infineon é um
palco onde Power pode muito bem abrir vantagem sobre Hélio: desde 2010, o
australiano sempre termina a prova com boa vantagem sobre o parceiro de equipe,
tendo inclusive vencido lá em 2013. Por este prisma, a etapa do misto
californiano é o ponto fraco que o brasileiro precisará trabalhar com mais
afinco, de modo a evitar que Power dispare na pontuação, a ponto de nem mesmo a
pontuação dobrada de Fontana pode reverter a desvantagem facilmente.
Tony Kanaan e Marco Andretti não terão boas lembranças da prova de Mid-Ohio deste ano. |
Os demais pilotos,
mesmo sem chances efetivas de título, também poderão complicar a situação, e
neste ponto, o atual campeonato está sendo bem recheado de pilotos vencedores:
tivemos 10 vencedores diferentes em 15 corridas. No domingo passado, contra
todas as expectativas, a Ganassi finalmente desencantou na temporada, com Scott
Dixon a vencer novamente em Mid-Ohio, e encerrando o jejum de triunfos do time
de Chip Ganassi, que nas últimas corridas já vinha muito perto de vencer
novamente, mas esbarrava nas estratégias de corrida, que acabavam derrubando
seus pilotos na parte final das provas. Com mais de 100 pontos de desvantagem,
é preciso admitir que a Ganassi está fora do páreo, mesmo que vença as 3
corridas finais. Tony Kanaan, em sua primeira temporada na escuderia, vem tendo
um ano abaixo do esperado por ele mesmo, ainda que nem tudo tenha sido culpa
própria. O brasileiro tem feito boas provas nas últimas etapas, mas problemas
de estratégia e azares diversos tem feito com que fique ainda sem subir ao
degrau mais alto do pódio. Em Mid-Ohio, por exemplo, largando na 3ª posição,
acabou sofrendo um acidente logo na largada, ao rodar num toque com Josef
Newgarden, e acabar sendo atingido por Marco Andretti, que não conseguiu desviar.
Tony quer pelo menos desencalhar até o fim do campeonato, e se tiver o carro
bem ajustado, irá para cima, para pelo menos terminar o ano de cabeça erguida.
Título, só em 2015. Da mesma maneira, embora estejam fazendo bons campeonatos
este ano, não podemos esperar que Sebastien Bourdais e Carlos Muñoz se
intrometam na briga pelo título, uma vez que lhes falta carro e capacidade para
tanto no momento.
A competição promete
ser boa, e apesar de apontar que a dupla da Penske é favorita única para a
disputa do título, não dá para descartar as chances de Ryan Hunter-Reay e Simon
Pagenaud embolarem a briga e todos partirem para o tudo ou nada em Fontana. Seja
como for, a temporada 2014 da Indy Racing League promete um final para fã
nenhum de corrida botar defeito, e a luta na pista promete ser das boas e bem
ampla, com os demais competidores a tentarem tirar sua lasquinha de brilho
nesta reta final do campeonato, e que os favoritos mostrem na pista porque são
realmente favoritos, onde é cada um por si, e que vença o melhor.
Barrichello conquistou em Goiânia sua primeira vitória na Stock Car, e logo na Corrida do Milhão. |
Rubens Barrichello conquistou
domingo passado sua primeira vitória na Stock Car nacional, ao vencer a Corrida
do Milhão, disputada no circuito de Goiânia. O piloto recordista de
participações na F-1 já tinha começado bem, ao arrebatar a pole-position no
sábado. Na corrida, Rubinho precisou dar duro para manter a liderança, e teve
uma disputa duríssima com Thiago Camilo, com direito a trocas de posição nas
voltas finais entre ambos, erguendo o público nas arquibancadas do autódromo da
capital de Goiás. Acabou prevalecendo a experiência e habilidade de
Barrichello, que chegou à sua 1ª vitória na categoria, no segundo ano em que
disputa o certame em tempo integral, após deixar a F-1 e a IRL, onde havia
corrido nos 20 anos anteriores. E de cara, o piloto venceu logo a corrida mais
prestigiada do campeonato, faturando R$ 1 milhão. Rubens foi aplaudido
efusivamente pela torcida e boa parte do pessoal nos boxes, em especial por seu
filho, que acompanhava a tudo. Foi um momento mais do que especial para o
piloto, poder comemorar sua primeira vitória na presença da família no
autódromo, algo que não tinha podido fazer quando conquistou as suas últimas
vitórias na F-1, em 2009. E, aos 42 anos, mostrando uma alegria contagiante
pela competição, Rubens mostra à sua grande legião de críticos que nem só de
campeonatos se faz uma boa carreira. Que ele continue mostrando sua garra de
pilotagem e alegria na Stock, e onde acabe competindo, pois está fazendo o que
mais ama e curte, e isso, diz respeito apenas a ele. Parabéns pela primeira
vitória na Stock, e que possam vir outras...
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