E
mais um mês está terminando, e seguindo a tradição, é hora de mais uma nova
edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, fazendo a tradicional avaliação de alguns
dos acontecimentos que andaram agitando neste mês de agosto o mundo do esporte
a motor. E não esquecendo do velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA
(caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor
vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e no mês que vem, tem mais
cotação...
EM ALTA:
Daniel
Ricciardo: O piloto australiano da Red Bull continua com a corda toda, e se já
estava com a cotação em alta pela vitória conquistada no GP da Hungria de F-1, agora
começa a ameaçar - imaginem só, a vice-liderança de Lewis Hamilton na
classificação, depois de vencer de maneira brilhante a corrida da Bélgica.
Verdade que o imbróglio causado por Nico Rosberg logo no começo da corrida
entre ele e seu companheiro de equipe Hamilton ajudou o time alemão a perder a
prova, mas mesmo assim, Ricciardo andou forte o tempo todo, dando um baile em
seu companheiro de equipe Sebastian Vettel, que saiu de Spa-Francorchamps
certamente bem contrariado por ter ficado apenas em 5° lugar, a mais de 50s de
desvantagem para seu parceiro de time. Tudo bem, Ricciardo ainda está 35 pontos
atrás de Hamilton, mas desde o início do campeonato, ninguém imaginava ser
possível alcançar os carros prateados. Mais algumas confusões como a da
Bélgica, e novos shows de pilotagem de Daniel, e podemos contar com algumas
surpresas no fim do campeonato...
Will
Power: O piloto australiano da equipe Penske está bem próximo de enfim
conquistar o seu primeiro título na Indy Racing League. Power venceu de maneira
contundente a etapa de Milawukee, e em Sonoma, apesar do resultado não ter sido
tão bom quanto esperava, ainda saiu do Infineon Raceway com 51 pontos de
vantagem para Hélio Castro Neves, que parece destinado a ficar novamente na
fila, amargando mais um vice-campeonato, sensação que Power viveu por 3 temporadas
consecutivas, de 2010 a
2012. Mas, assim mesmo, pelo histórico de derrotas na última etapa, Power vai
para a etapa final, em Fontana, com precaução. Não fosse a etapa no California
Speedway ter pontuação dobrada, por ser uma prova de 500 milhas, e só largar
já daria o título ao australiano. Será que agora Will desencanta? Está muito
perto disso, mas só vai comemorar mesmo depois da bandeirada de chegada...
Equipe
Penske: Roger Penske só conquistou até hoje um título na Indy Racing League, em
2006, com Sam Hornish Jr. De lá para cá, vem batendo na trave em todos os
últimos campeonatos, perdendo os títulos na última corrida para pilotos de
equipes rivais como a Ganassi ou a Andretti. Este ano, contudo, o risco é bem
menor, uma vez que Roger tem dois pilotos ocupando as duas primeiras posições
no campeonato. Na hipótese remota de Will Power perder o campeonato, as chances
de Hélio Castro Neves faturar o caneco devem garantir o título de 2014 para a
Penske. Os rivais de outras equipes encontram-se este ano mais distantes, e
praticamente fora de combate: Simon Pagenaud e Ryan Hunter-Reay estão mais de
80 pontos atrás de Will Power, e não tem como descontar a diferença. E, com um
pouco de sorte, pode fazer 1-2-3 no campeonato, uma vez que Juan Pablo Montoya tem
chances de terminar a competição em 3° lugar.
Scott
Dixon: O atual campeão da IRL vem tendo um ano complicado, longe da disputa
pelo título. Mesmo assim, já conseguiu marcar presença este ano com duas
vitórias conquistadas na base da estratégia e inteligência, nas pistas de
Mid-Ohio e Sonoma. Conseguindo manter um ritmo forte sem comprometer o consumo
de combustível, Dixon conseguiu a proeza de largar em último em Lexington e
vencer a prova. Em Infineon, o neo-zelandês não teve uma corrida dão dramática,
mas novamente fez um planejamento meticuloso para averbar seu segundo triunfo
na temporada, estando em 5° no campeonato e com chances de subir mais algumas
posições, mostrando que seu tricampeonato não é para ser subestimado.
Equipe
Red Bull: Mesmo com um motor que ainda está mais de 50 HPs abaixo da potência
dos Mercedes, o time comandado por Christian Horner e que tem Adrian Newey nas
pranchetas não pode ser subestimado, e a prova disso foi que eles conseguiram
vencer a corrida da Bélgica, mesmo em uma pista onde a potência do propulsor é
fundamental para se ter desempenho nos trechos de subida. Aperfeiçoando o
equilíbrio do modelo RB10, a escuderia conseguiu contrabalançar a falta de
potência com uma asa traseira menor, o que fez dos carros do time os mais
velozes nos trechos de reta, sem comprometer demasiadamente nos trechos de
curva. Basta ver que Ricciardo conseguiu vencer a corrida com quase 30s de
vantagem para Valtteri Bottas, e certamente daria trabalho para as Mercedes, se
estas não tivessem se enrolado consigo mesmas. O time segue para a Itália, em
Monza, com a moral em alta, exceto pelo desempenho de Sebastian Vettel na
Bélgica...
NA MESMA:
Mundial
de MotoGP: OK, a invencibilidade de Marc Márquez na temporada 2014 finalmente
foi quebrada, com a vitória na etapa da República Tcheca indo parar nas mãos de
Dani Pedrosa, que até então vinha fazendo um campeonato apagado em comparação
com a exuberância do parceiro. Mas vai ser difícil tirar o bicampeonato de
Márquez: ele ainda tem 81 pontos de vantagem para Pedrosa, que mesmo que
vencesse as próximas 3 provas e Marc abandonasse todas, nem assim perderia a
liderança da competição. Para os rivais, nada muda, pois a Honda continua
vencendo tudo na temporada 2014. Valentino Rossi e Jorge Lorenzo estão
apertando o ritmo, mas ainda não conseguiram destronar o time rival do degrau
mais alto do pódio. E Pedrosa, mesmo com a vitória, não consegue tirar Rossi de
seus calcanhares. O jeito é torcer para a prova de Brno significar uma mudança
de rumo no campeonato, a exemplo do que está ocorrendo na F-1, onde o passeio
da equipe Mercedes começa a ficar mais árduo do que muitos imaginavam...
Hélio
Castro Neves: O piloto brasileiro certamente vai amargar mais um
vice-campeonato na IRL em 2014. As últimas corridas foram de resultados ruins,
alguns por problemas alheios a seu controle, é verdade, mas infelizmente é
preciso saber fazer a sorte trabalhar a seu favor, e não vem conseguindo nestas
etapas finais do campeonato. Nem tudo está perdido, mas depois do resultado de
Sonoma, Helinho vai precisar de toda a sorte dos últimos anos para levantar o
caneco de campeão em Fontana. Melhor ir se preparando para se divertir na festa
da conquista do título pelo parceiro Will Power. Na pior das hipóteses, o
brasileiro pode até despencar no campeonato, se os concorrentes derem sorte na
etapa final, já que sua pontuação dobrada pode mudar as posições de vários
pilotos na tabela.
Mundial
de Rali: A equipe da Volkswagen finalmente teve sua invencibilidade quebrada na
temporada 2014, ao ver seus dois pilotos, Sebastien Ogier e Jari-Matti Latvala,
abandonarem o Rali da Alemanha, cuja vitória acabou ficando com o belga Thierry
Neuville. Mas o panorama da competição continua praticamente inalterado, com
Ogier ainda disparado na liderança, enquanto Latvala tenta diminuir a diferença
para seu companheiro de equipe. Mesmo com a vitória na etapa alemã, Neuville
está mais de 100 pontos atrás de Ogier. E, na classificação de construtores, a
Volkswagen tem mais do que o dobro da Citroen, que vem na 2ª colocação. Com o
triunfo na Alemanha, a Hyundai assumiu a 3° posição. Mas tanto a marca francesa
quanto a coreana precisariam de um milagre para alcançarem os alemães.
Fila
furada da Red Bull: No ano passado, todo mundo ficou surpreso quando Helmut
Marko "furou" a fila de pretendentes a ser piloto da Toro Rosso,
promovendo o jovem russo Dannil Kvyat para ser companheiro de Jean-Éric Vergne
nesta temporada. Com o sucesso do piloto russo, Marko resolveu novamente
promover uma furada na "fila" do programa de pilotos da empresa, e
agora é outra jovem promessa, Max Verstappen, que irá ter a chance de estrear
na F-1, em 2015, ainda com apenas 17 anos. Com isso, não dá para ficar
esperando pelo cumprimento de promessas que porventura tenham sido feitas a
Carlos Sainz Jr. e Antônio Félix da Costa, que eram tidos como próximos nomes a
serem promovidos pela empresa no seu programa de jovens pilotos, especialmente
em relação ao português, que pelo segundo ano consecutivo se vê preterido por
Marko na escolha dos pilotos da Toro Rosso.
Equipe
Lotus: O calvário da escuderia de Enstone em 2014 continua. Na Bélgica, para
variar, Pastor Maldonado bateu de novo nos treinos, e novamente largou lá atrás,
enquanto Romain Grosjean remou, remou, e acabou abandonando quando viu que não
ia a lugar nenhum na prova. Para complicar, os problemas de competitividade do
carro parecem insolúveis, não se limitando apenas à falta de potência da
unidade turbo da Renault e aos sistemas do ERS. Parece que o jeito vai ser
cumprir tabela este ano e tentar voltar melhor em 2015. Maldonado está
confirmado para o próximo ano, mas não se sabe o que será de Grosjean. Ah, e
pensar que Maldonado deve ter sentido de novo a pulga atrás da orelha, ao ver
seu ex-time subir novamente ao pódio, com Valtteri Bottas. Se arrependimento
matasse...
EM BAIXA:
Nico
Rosberg: Por mais que Lewis Hamilton tenha fama de chorão e de ficar meio
desestabilizado quando a situação fica ruim, quem saiu da etapa da Bélgica com
rótulo de culpado foi mesmo o líder do campeonato de F-1. Hamilton liderava a
prova belga, e na freada da Les Combes, defendeu-se de forma limpa do parceiro
de equipe, que intencionalmente ou não, poderia ter evitado o toque que azedou
por completo o clima na escuderia Mercedes. O piloto alemão dá mostras de que
vai endurecer o jogo daqui para a frente, e com contrato renovado por mais 3
anos, parece disposto a marcar sua posição no time, de preferência batendo de
frente com Hamilton, na luta pelo título da F-1 em 2014. Ele deu sorte de o toque
não lhe render maus bocados na pista, e mesmo não tendo vencido a prova de Spa,
abriu quase 30 pontos de vantagem na classificação. Se isso valeu as vaias que
recebeu no pódio, frente aos torcedores, é outra história...
Equipe
Mercedes: Seus carros ainda são os modelos a serem batidos na pista no
campeonato deste ano da F-1, mas não no sentido literal da palavra. O toque de
Nico Rosberg em Lewis Hamilton arruinou a corrida do inglês, e certamente
contribuiu para a perda da vitória na prova belga, que ficou com a Red Bull. A
direção da escuderia, se vinha ganhando méritos até aqui por deixar a disputa
entre seus pilotos aberta, como manda a boa tradição do esporte, por outro
lado, vai ter problemas na administração dos egos de seus pilotos, uma vez que
Nico Rosberg está demonstrando poder ser uma fonte de problemas tão grande
quando Lewis Hamilton. Depois do inglês ter tido seus chiliques nas
classificações das últimas duas corridas, ele vinha fazendo as coisas sem
alarde em Spa: assumiu a liderança da corrida e certamente seria um páreo duro
pela vitória, até ter o pneu furado e dar adeus às suas chances na prova. Foi a
primeira briga entre seus pilotos que acabou dando a vitória à concorrência, e
se eles não tomarem providências, o que muitos imaginavam impossível pode
acabar acontecendo: perder o campeonato de pilotos. O triunfo de Daniel
Ricciardo acendeu a luz amarela, mostrando que a concorrência pode sim aprontar
para cima dos carros alemães, se estes fizerem besteira na pista. Na primeira
oportunidade, já conseguiram mais um triunfo. Ainda temos 7 corridas até o fim
do campeonato, e cada etapa é um risco potencial daqui para a frente. A
escuderia agora terá de intervir na briga, e o pior é a categoria perder o
renhido duelo pelo título que estávamos vendo e curtindo, sendo substituído por
uma preferência do time sobre quem vai ganhar de fato...
Equipe
Marussia: O pequeno time de F-1 protagonizou um caso que certamente não ajuda
na imagem da categoria: anunciou Alexander Rossi para disputar o GP da Bélgica
no lugar de Max Chilton, por razões financeiras (o que até aí pelo menos fazia
sentido, uma vez que Chilton é o piloto de menos resultados no time), e depois
do primeiro treino, acabou trazendo Max de volta, aparentemente com as
pendências financeiras sanadas, e Rossi voltando ao ostracismo. E sem dar
explicações coerentes para o episódio. Tivessem dito que o americano iria
disputar apenas o primeiro treino livre, e tudo bem. Começaram bem com as
explicações, mas depois já não falavam exatamente coisa com coisa. O time
estava indo tão melhor do que a Caterham este ano. Agora, podem mostrar que
também sabem fazer bagunça fora da pista, como o ex-time verde de Tony
Fernandes vem demonstrando...
Felipe
Massa: O piloto brasileiro teve outro fim de semana para esquecer. Felipe até
andou forte nos treinos, mostrando que o carro da Williams tinha potencial para
lutar pelo menos pelas primeiras posições abaixo do pódio, mas na corrida, teve
o azar de colher restos do pneu furado de Lewis Hamilton que tiraram o equilíbrio
de seu carro enroscando-se no assoalho. Pior de tudo é que, quando finalmente
removeram os detritos, Massa passou a andar no mesmo ritmo dos líderes, mas já
era tarde para reverter o prejuízo, e ficou fora dos pontos, e ainda por cima
vendo o parceiro Valtteri Bottas subir ao pódio na 3ª colocação. É preciso
acabar com a má fase, mas parece que vai ser meio complicado tirar a uruca de
cima do piloto tupiniquim...
Equipe
Force India: O time comandado por Vijay Mallya sempre teve uma performance regular
nos últimos campeonatos, mas este ano, depois de um bom início, vem perdendo
força no pelotão intermediário, e nem mesmo na Bélgica, uma pista onde o carro
da escuderia costumava render bem e fez até pole em 2009, o time conseguiu um
bom resultado, tendo de suar para chegar na zona de pontuação. A situação só
não fica pior porque a Sauber está tendo um ano horrível, e a Toro Rosso, a
exemplo do que costuma fazer, promete muito e rende pouco, e a Lotus virou uma
bagaça este ano, sem perspectivas de melhora. Assim, deve pelo menos manter a
6ª posição na classificação de construtores, mas já virou a última equipe na
classificação abastecida pela Mercedes, o que não é nem um pouco agradável.
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