quarta-feira, 13 de agosto de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - FEVEREIRO DE 1997 - 14.02.1997



            Voltando a trazer uma de minhas antigas colunas, esta é de 14 de fevereiro de 1997, e o tema discutido é um pequeno balanço de quem ia dar briga à Williams no campeonato daquele ano. O time de Frank ainda era a força dominante na categoria, o time a ser batido, e mantinha o canadense Jacques Villeneuve, agora como primeiro piloto, depois de dispensarem Damon Hill como "prêmio" pela sua conquista do título em 1996. De fato, a Williams confirmou ser mesmo o time a ser vencido. A surpresa foi a Ferrari finalmente entrando nos eixos, e quase chegando lá com Michael Schumacher no fim do ano. Fiquem agora com o texto, e em breve tem mais...


QUEM VAI DAR AS CARTAS?

            Estamos praticamente às vésperas da estréia do campeonato 97 da Fórmula 1. A próxima semana será a última oportunidade para as equipes testarem seus carros, antes de seu embarque para a Austrália, onde se dará a primeira etapa do campeonato deste ano. Desde o fim do campeonato do ano passado, todas as expectativas conduziam a um certame que, tecnicamente, deveria ser o mais equilibrado em muitos anos. E agora? Com vários testes realizados, quem será que realmente vai dar as cartas no campeonato?
            Pelo desempenho dos testes, ninguém duvida que McLaren e Benetton estarão no páreo. A equipe de Ron Dennis tem no novo MP4/12, aliado à versão 97 do motor Mercedes V-10, o seu melhor carro desde o MP4/8 conduzido por Ayrton Senna, e espera voltar às vitórias. E a Benetton, recuperada do vexame sofrido em 1996, também espera dar o troco na concorrência. Pelos resultados aferidos até o momento, ambas as escuderias têm chumbo grosso para usar nessa briga, e não devem poupá-lo.
            A Ferrari, primeira escudeira de ponta a apresentar seu carro 97, parece estar novamente em crise antes mesmo de o campeonato começar. Se em 96 o tardio lançamento do chassi F310 não permitiu explorar toda a potencialidade da equipe, o que lançou dúvidas sobre como seria a sua performance naquele mundial, desta vez o problema parece ser ainda pior. A escuderia italiana já rodou inúmeros quilômetros de testes e a impressão até o momento é de falta de velocidade. Tanto no Estoril quanto em Jerez, Michael Schumacher ficou bem atrás de carros como Benetton e McLaren. Dotado de linhas aerodinâmicas arrojadas, mas convencionais em sua essência, o novo chassi F310B tentou ser confiável tanto quanto possível. A escuderia, cansada de fracassos, ordenou a John Barnard a criação de um modelo sem malabarismos técnicos, para não comprometer a fiabilidade. Até o momento, parece que, mais uma vez, não conseguiram atingir os objetivos pretendidos.
            Barnard já começou a ser criticado, mas o projetista se defende: “Não há como o carro ser rápido se um componente externo compromete a performance!”, declarou o projetista. O “componente externo” a que Barnard se refere é o novo motor V-10 da Ferrari, que já teve cerca de meia dúzia de unidades quebradas desde o início dos testes. E até a versão de 96, teoricamente mais fiável, também apresentou problemas nos testes. Com todos estes percalços, a escuderia italiana não parece estar em condições de lutar pelo título. Mas durante o desenrolar do certame, as coisas podem mudar, e essa é a esperança dos milhares de torcedores da escuderia de Maranello.
            E a Williams? Última equipe de ponta a apresentar o seu carro de 97, muitos torciam para que esse atraso pudesse comprometer parte da esperada performance do time de Frank Williams. Se isso era esperado, o tiro pode ter saído pela culatra: em Barcelona, Jacques Villeneuve conseguiu o excepcional tempo de 1min18s84, quase 2s mais veloz que a última pole no circuito, de Damon Hill (1min20s65), obtida também com a Williams. Heinz-Harald Frentzen também andou muito bem, embora não tenha igualado os tempos do canadense, mas o desempenho do novo FW19 já provoca arrepios na concorrência, que julgava estar mais preparada para enfrentar o poderio da Williams este ano, em condições mais favoráveis. Ao que tudo indica, a Williams terá todas as condições de se manter no topo da categoria, e repetir o domínio exibido em 1996. A dúvida é qual dos pilotos será o principal nome da escuderia: Villeneuve é o candidato mais favorável, por ser o mais experiente na escuderia, e atual vice-campeão mundial; já Frentzen não parece repetir o extraordinário nível que o caracterizou na Sport-Prototipos, quando era consistentemente mais veloz do que Michael Schumacher, seu companheiro de equipe. É preciso esperar para ver se Frentzen não vai recuperar o ritmo já demonstrado na Sauber.
            E as demais escuderias? Apenas irão lutar e ver o que conseguem arrancar das grandes nesse duelo. Mas podem ocorrer surpresas. E, para o bem do esporte, tomara que isso aconteça, e com bastante freqüência...


Com o fim de seu contrato com a Ferrari em junho próximo, o projetista John Barnard já teria iniciado longas conversas com Alain Prost para assumir a direção técnica da nova Prost Racing, nova denominação da atual Ligier a partir de 98. Já a Ferrari, no atual estágio em que se encontra, não irá dar mostras de sentir muito tal perda...


E Roberto Moreno já garantiu seu lugar na F-CART em 97. Com um patrocínio de cerca de US$ 7 milhões garantido pela Data Control e mais algumas empresas brasileiras, Roberto assinou novamente com a equipe Payton Coyne para disputar todo o campeonato da F-CART em 1997. Com a verba reforçada, Moreno terá à sua disposição o excelente conjunto Reynard-Ford-Firestone, e a certeza de que terá carro para brigar pelas primeiras posições.


Na Jordan, a sensação Ralf Schumacher já começou a ser ofuscada pelo novo talento italiano, o jovem Giancarlo Fisichella. Tem muita gente apostando que Fisichella irá roubar todo o cartaz do irmão caçula de Michael Schumacher. Pelo que tem mostrado até agora nos testes, isso tem mais jeito de certeza que de aposta...


A McLaren apresenta hoje o seu novo visual publicitário para o campeonato. A partir de hoje, a cor dos carros da escuderia, que por mais de 20 anos ostentaram a inconfundível marca da Marlboro, passa a ter a cor branca e prata, com o logotipo dos cigarros West, novo patrocinador da equipe a partir desta temporada.
 

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