Voltando
a trazer uma de minhas antigas colunas, esta é de 14 de fevereiro de 1997, e o
tema discutido é um pequeno balanço de quem ia dar briga à Williams no
campeonato daquele ano. O time de Frank ainda era a força dominante na
categoria, o time a ser batido, e mantinha o canadense Jacques Villeneuve,
agora como primeiro piloto, depois de dispensarem Damon Hill como
"prêmio" pela sua conquista do título em 1996. De fato, a Williams
confirmou ser mesmo o time a ser vencido. A surpresa foi a Ferrari finalmente
entrando nos eixos, e quase chegando lá com Michael Schumacher no fim do ano.
Fiquem agora com o texto, e em breve tem mais...
QUEM VAI DAR AS CARTAS?
Estamos
praticamente às vésperas da estréia do campeonato 97 da Fórmula 1. A próxima
semana será a última oportunidade para as equipes testarem seus carros, antes
de seu embarque para a Austrália, onde se dará a primeira etapa do campeonato
deste ano. Desde o fim do campeonato do ano passado, todas as expectativas
conduziam a um certame que, tecnicamente, deveria ser o mais equilibrado em
muitos anos. E agora? Com vários testes realizados, quem será que realmente vai
dar as cartas no campeonato?
Pelo
desempenho dos testes, ninguém duvida que McLaren e Benetton estarão no páreo.
A equipe de Ron Dennis tem no novo MP4/12, aliado à versão 97 do motor Mercedes
V-10, o seu melhor carro desde o MP4/8 conduzido por Ayrton Senna, e espera
voltar às vitórias. E a Benetton, recuperada do vexame sofrido em 1996, também
espera dar o troco na concorrência. Pelos resultados aferidos até o momento,
ambas as escuderias têm chumbo grosso para usar nessa briga, e não devem
poupá-lo.
A
Ferrari, primeira escudeira de ponta a apresentar seu carro 97, parece estar
novamente em crise antes mesmo de o campeonato começar. Se em 96 o tardio
lançamento do chassi F310 não permitiu explorar toda a potencialidade da
equipe, o que lançou dúvidas sobre como seria a sua performance naquele
mundial, desta vez o problema parece ser ainda pior. A escuderia italiana já
rodou inúmeros quilômetros de testes e a impressão até o momento é de falta de
velocidade. Tanto no Estoril quanto em Jerez, Michael Schumacher ficou bem
atrás de carros como Benetton e McLaren. Dotado de linhas aerodinâmicas
arrojadas, mas convencionais em sua essência, o novo chassi F310B tentou ser
confiável tanto quanto possível. A escuderia, cansada de fracassos, ordenou a
John Barnard a criação de um modelo sem malabarismos técnicos, para não
comprometer a fiabilidade. Até o momento, parece que, mais uma vez, não
conseguiram atingir os objetivos pretendidos.
Barnard
já começou a ser criticado, mas o projetista se defende: “Não há como o carro
ser rápido se um componente externo compromete a performance!”, declarou o
projetista. O “componente externo” a que Barnard se refere é o novo motor V-10
da Ferrari, que já teve cerca de meia dúzia de unidades quebradas desde o
início dos testes. E até a versão de 96, teoricamente mais fiável, também
apresentou problemas nos testes. Com todos estes percalços, a escuderia
italiana não parece estar em condições de lutar pelo título. Mas durante o
desenrolar do certame, as coisas podem mudar, e essa é a esperança dos milhares
de torcedores da escuderia de Maranello.
E
a Williams? Última equipe de ponta a apresentar o seu carro de 97, muitos
torciam para que esse atraso pudesse comprometer parte da esperada performance
do time de Frank Williams. Se isso era esperado, o tiro pode ter saído pela
culatra: em Barcelona, Jacques Villeneuve conseguiu o excepcional tempo de
1min18s84, quase 2s mais veloz que a última pole no circuito, de Damon Hill
(1min20s65), obtida também com a Williams. Heinz-Harald Frentzen também andou
muito bem, embora não tenha igualado os tempos do canadense, mas o desempenho
do novo FW19 já provoca arrepios na concorrência, que julgava estar mais
preparada para enfrentar o poderio da Williams este ano, em condições mais
favoráveis. Ao que tudo indica, a Williams terá todas as condições de se manter
no topo da categoria, e repetir o domínio exibido em 1996. A dúvida é qual dos
pilotos será o principal nome da escuderia: Villeneuve é o candidato mais
favorável, por ser o mais experiente na escuderia, e atual vice-campeão
mundial; já Frentzen não parece repetir o extraordinário nível que o
caracterizou na Sport-Prototipos, quando era consistentemente mais veloz do que
Michael Schumacher, seu companheiro de equipe. É preciso esperar para ver se
Frentzen não vai recuperar o ritmo já demonstrado na Sauber.
E
as demais escuderias? Apenas irão lutar e ver o que conseguem arrancar das
grandes nesse duelo. Mas podem ocorrer surpresas. E, para o bem do esporte,
tomara que isso aconteça, e com bastante freqüência...
Com o fim de seu contrato com a Ferrari em junho próximo, o projetista
John Barnard já teria iniciado longas conversas com Alain Prost para assumir a
direção técnica da nova Prost Racing, nova denominação da atual Ligier a partir
de 98. Já a Ferrari, no atual estágio em que se encontra, não irá dar mostras
de sentir muito tal perda...
E Roberto Moreno já garantiu seu lugar na F-CART em 97. Com um
patrocínio de cerca de US$ 7 milhões garantido pela Data Control e mais algumas
empresas brasileiras, Roberto assinou novamente com a equipe Payton Coyne para disputar
todo o campeonato da F-CART em 1997. Com a verba reforçada, Moreno terá à sua
disposição o excelente conjunto Reynard-Ford-Firestone, e a certeza de que terá
carro para brigar pelas primeiras posições.
Na Jordan, a sensação Ralf Schumacher já começou a ser ofuscada pelo
novo talento italiano, o jovem Giancarlo Fisichella. Tem muita gente apostando
que Fisichella irá roubar todo o cartaz do irmão caçula de Michael Schumacher.
Pelo que tem mostrado até agora nos testes, isso tem mais jeito de certeza que
de aposta...
A McLaren apresenta hoje o seu novo visual publicitário para o
campeonato. A partir de hoje, a cor dos carros da escuderia, que por mais de 20
anos ostentaram a inconfundível marca da Marlboro, passa a ter a cor branca e
prata, com o logotipo dos cigarros West, novo patrocinador da equipe a partir
desta temporada.
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