Voltando
com mais um antigo texto, trago hoje esta coluna, do dia 21 de fevereiro de
1997, dissertando sobre o início do julgamento sobre o acidente que vitimou
Ayrton Senna no trágico GP de San Marino de 1994. Nada a adicionar sobre o
texto, ele fala por si. Uma boa leitura a todos...
O CASO SENNA
Começou
ontem em Ímola, na Itália, o processo criminal do caso Ayrton Senna. O processo
é presidido pelo juiz Antonio Constanzo; Maurizio Passarini ataca na
promotoria. Alguns dos réus em julgamento: Frank Williams, Patrick Head, Adrian
Newey, da equipe Williams. Roland Bruynseraede também está na lista. O processo
visa apurar os responsáveis pela morte do piloto Ayrton Senna, ocorrida durante
a realização do Grande Prêmio de San Marino de 1994.
Esta
semana, com a aproximação do início do processo, boa parte da imprensa
internacional, especializada ou não, tratou de colocar o assunto novamente em evidência. Alguns,
como o Sunday Times, chegaram até a colocar novas hipóteses em discussão,
algumas até no limite do ridículo, como a possibilidade de Ayrton ter desmaiado
dentro do carro pouco antes de entrar na curva Tamburello. Já a hipótese do
pedaço de carenagem que teria feito seu carro perder o controle é até mais
coerente, mas não chega a convencer, pois Senna não foi o único piloto a passar
por cima dos pedaços da peça na reta dos boxes.
Longe
de defender alguém, afirmo que é impossível apontar culpados para o que
ocorreu. Mesmo na época do acidente, eu já afirmava que era mais uma fatalidade
do automobilismo. Por uma coincidência incomum de fatores, Ayrton morreu em um
acidente até certo ponto comum a tantos outros já ocorridos. Um processo
criminal para apurar os fatos é realmente necessário, mas pra dizer a verdade,
estão fazendo muito teatro em cima disso. E não acredito que qualquer um dos
“réus” acabe sendo condenado.
As
justificativas são várias. Desde que começou, o automobilismo é um esporte de
alto risco por sua própria natureza. É impossível impedir que acidentes
ocorram. O máximo que se pode fazer é evitar as circunstâncias que os
favorecem, mas nem isso é possível em sua totalidade. A segurança hoje em dia
no automobilismo é incomparável se olharmos para trás. Basta ver o que
aconteceu em corridas nas décadas de 1960 e 1970. O número de acidentes era tal
que praticamente não havia temporada sem que vários pilotos se machucassem
seriamente, ou até morressem na pista. Nos últimos anos, a segurança, tanto dos
circuitos como dos carros, melhorou muito. Talvez o fato que mais tenha marcado
o ocorrido em Ímola em 1994 foi o choque causado pelos acontecimentos. Desde
1982 que não ocorriam acidentes com vítimas fatais em um fim de semana de
Grande Prêmio de Fórmula 1. Desde então, a segurança melhorou muito, e os
acidentes que ocorreram desde aquele GP até 1994 tinham sido até espetaculares
em alguns casos, mas felizmente sem conseqüências sérias, fora o grande susto.
O episódio de San Marino serviu para lembrar que nada pode ser totalmente
previsível neste esporte, nem mesmo os acidentes. Uma forte lição, que serviu
para se trabalhar em áreas mais específicas para melhorar a segurança passiva
dos carros, bem como de diversas pistas. Foram feitos progressos, mas isso não
quer dizer que um novo acidente poderá ter menos conseqüências, dependendo de
como ele ocorrer.
E,
para afirmar isso, cito o acidente que matou o piloto Jeff Krosnoff durante o
GP de Toronto da F-CART em julho do ano passado. Um acidente espetacular que
resultou não só na morte do piloto como de um fiscal de pista, e por pouco não
teve também maiores vítimas, pois pedaços de seu carro voaram para todos os
lados, por pouco não atingindo os carros de outros pilotos.
Mas,
respostas são exigidas. E o processo pretende satisfazer esta necessidade. Como
se trata de algo que aconteceu a um dos maiores ídolos esportivos do mundo, há
todo esse agito. Curioso é que, em todos os noticiários que li a respeito do
assunto, praticamente não vejo menção sequer sobre a morte de Roland
Ratzemberger, que estreava na F-1 pela pequena equipe Simtek, e que morreu no
sábado anterior à corrida, em um acidente visualmente até mais brutal do que o
de Ayrton Senna. Será que sua morte também não deveria ser investigada, ou pelo
menos lembrada? Façam seus próprios julgamentos a respeito desta questão...
O Mundial de F-1 aproxima-se de seu início, por isso, relaciono aqui os
motores utilizados pelas escuderias nesta temporada:
ESCUDERIA
|
MOTOR
|
ESCUDERIA
|
MOTOR
|
Williams
|
Renault RS9 V-10
|
Benetton
|
Renault RS9 V-10
|
Ferrari
|
Ferrari V-10
|
McLaren
|
Mercedes-Benz V-10
|
TWR-Arrows
|
Yamaha V-10
|
Stewart
|
Ford Zetec-S V-10
|
Tyrrel
|
Ford EC V-8
|
Ligier
|
Mugen-Honda V-10
|
Jordan
|
Peugeot V-10
|
Minardi
|
Hart 830 V-8
|
Sauber
|
Petronas V-10 (Ferrari V-10 96)
|
Lola
|
Ford Zetec-R V-8
|
Williams e Benetton tiveram uma semana cheia no autódromo do Estoril.
Cada uma das escuderias disputou os melhores tempos em todos os dias. O
resultado aponta para uma equiparação de forças entre ambos os times, o que
indica bons níveis de competição para o Mundial. Outra equipe a também andar
bem foi a Jordan, mas depois do que aconteceu com o time nos últimos dois anos
depois dos resultados da pré-temporada, fica a dúvida se a história não vai se
repetir...
O piloto brasileiro Cristiano da Matta fez bonito nos testes coletivos
da Indy Lights realizados semana passada no circuito de Homestead. Da Matta
acabou com o segundo melhor tempo dos testes. Mais uma fera brasileira para
deixar os americanos arrepiados...
Já os testes coletivos da F-CART no circuito de Laguna Seca, na
Califórnia, foram dominados amplamente pelo italiano Alessandro Zanardi, da equipe
Chip Ganassi. Nem mesmo Jimmy Vasser, seu companheiro de equipe e atual campeão
da categoria, conseguiu acompanhar seu ritmo. Mas ele bem que resolveu tentar,
o que resultou em algumas saídas de pista e uma forte batida com o carro, sem
conseqüências para o piloto, felizmente...
Do time de brasileiros da F-CART, quem anda com a cotação em alta e
entusiasmo idem é Maurício Gugelmim. Tanto em Homestead quanto em Laguna Seca, o piloto
da equipe PacWest foi uma sombra permanente nos pilotos da Ganassi. Tentando
conter a euforia, Gugelmim diz que não vê a hora do campeonato começar e poder
medir forças a nível real com os adversários.
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