Trazendo
mais um antigo texto na seção Arquivo, esta é a última coluna que escrevi em
1996. Estávamos às vésperas do Natal e era hora de dar um tempo nos textos para
descansar a cabeça e iniciar 1997 com energias renovadas. Na pauta do texto, os
motivos para a queda de rendimento da escuderia Benetton, que não se resumiam
só ao fato de terem perdido Michael Schumacher para a Ferrari naquela
temporada. Uma boa leitura a todos, e em breve começo a trazer as colunas
escritas em 1997...
BENETTON EM QUEDA LIVRE
A
Benetton, quem diria, não tem boas perspectivas para o mundial de 1997. E os
motivos para isso são vários. A começar pelo mais importante de todos numa
escuderia de Fórmula 1: dinheiro. Este ano a Benetton não conseguiu nem metade
do número de pontos atingidos em 1995, quando foi campeã mundial de pilotos e
de construtores. Isso se refletiu no patrocínio da Mild Seven, que baixará pela
metade no próximo ano, o que complicará as coisas para o time multicolorido.
Outro
golpe sofrido pela escuderia foi a perda de seus principais nomes da área
técnica, Rory Byrne e Ross Brawn, para a Ferrari. O time italiano, por
coincidência, o fez a pedido de Michael Schumacher, ex-piloto da Benetton. Com
isso, a escuderia sofre um sério revés para o próximo campeonato.
O
que aconteceu para a escuderia mais eficiente dos dois últimos anos cair tão
rápido assim? A resposta é simples e já me era conhecida desde 1994, sendo que
já cheguei a levantar o tema em discussão nesta coluna: a dependência extrema
de Michael Schumacher.
Explicando
melhor, tudo começou em 1993, quando a Benetton resolveu otimizar o desempenho
de seu carro, o B193, construindo especificamente para o estilo de pilotagem de
Michael Schumacher. Visto com um campeão em potencial na época, nada mais óbvio
para a escuderia do que apostar todas as suas fichas no piloto alemão. O
resultado foi bom, e os carros de 1994 e de 1995 seguiram a mesma tendência:
estilo “Schumacher” de pilotagem, cada vez mais extremo. Com um carro
configurado especialmente para si, Schumacher deu verdadeiros shows de
pilotagem, levando o carro a limites extremos, o que resultou no bicampeonato
do alemão, mesmo guiando um monoposto tecnicamente inferior ao da Williams.
Só
que esse sucesso todo tinha o seu outro lado: o carro dificilmente permitia a
qualquer outro piloto que não Schumacher um resultado decente. Vários pilotos
de talento comprovado tentaram em vão pilotar o carro no limite extremo, e
nenhum deles conseguia o mesmo desempenho de Michael. Jos Verstappen, Riccardo
Patrese, Johnny Herbert, e Jirky Jarvi Letho ficaram relegados a performances
secundárias com os Benetton, que em suas mãos ainda pareciam carros de times
médios. Mas como Schumacher dava e sobrava, Flavio Briatore praticamente
ignorava seus segundos pilotos, dando atenção somente para o piloto alemão.
Johnny Herbert foi quem mais chiou com o tratamento recebido e com o modo de
desenvolvimento do carro, sempre afinado unicamente para o estilo particular de
pilotagem de Schumacher. Briatore, por sua vez, não deixou por menos, e deu
acaloradas declarações públicas atacando Herbert por seus mais resultados e
pondo o talento do inglês em
dúvida. Em uma das discussões dentro do time, Briatore teria
dito a Herbert que ele estava ali para pilotar, e não para dar palpites no
desenvolvimento dos carros.
Mas
essa dependência de Schumacher iria colocar em xeque a escuderia um dia. E esse
dia chegou, quando o piloto alemão partiu para a Ferrari, deixando a Benetton
com parâmetros de desenvolvimento de um carro que não teriam utilidade alguma
para os novos pilotos do time.
Gerhard
Berger e Jean Alesi, os novos pilotos da escuderia, não conseguiram obter bons
desempenhos do bólido, comprovando minha teoria, e o resultado só podia ser
esse: ter de recomeçar do zero novamente a desenvolver um carro que pudesse ser
utilizado por qualquer piloto, como era até 1992, quando Michael Schumacher e
Martin Brundle, então pilotos da equipe, conseguiram bons resultados tanto para
um quanto para o outro, sendo que em várias corridas Brundle andou à frente do
alemão e até conseguiu subir ao pódio em alguns GPs.
Com
essa nova partida do zero, praticamente todo o trabalho de desenvolvimento
realizado entre 1993 e 1995 teve de ser jogado fora. Isso resultou numa queda
de performance considerável. Até a fiabilidade mecânica dos carros, exemplar em
1995, teve acentuada queda neste ano, deixando tanto Alesi quanto Berger a pé
em várias corridas, quando lutavam por lugares pontuáveis e até mesmo por vitórias.
Chegou-se
a cogitar na demissão da atual dupla de pilotos do time, que segundo Briatore,
custava muito e não produzia nada, mas por fim, tanto Alesi quanto Berger foram
confirmados como titulares da escuderia para 1997. Mas para 1998 já é certo que
eles terão de procurar um novo time para competir...
Para
o bem da competição, espero que a Benetton não caia mais do que se viu este
ano, mas pelo jeito como as coisas andam, Flavio Briatore já deve ter sentido
na pele o drama que a dependência criada no time em relação a Michael
Schumacher criou. Como um drogado, o time agora tenta lutar pela sua
recuperação depois de ter abandonado o vício...Será que vai conseguir?
Para fechar o ano, aqui vai a classificação final do Mundial de F-1 de
1996:
PILOTOS
|
CONSTRUTORES
|
1) Damon Hill..............97
|
1) Williams/Renault.........175
|
2) Jacques Villeneuve......78
|
2) Ferrari...................70
|
3) Michael Schumacher......59
|
3) Benetton/Renault..........68
|
4) Jean Alesi..............47
|
4) McLaren/Mercedes..........49
|
5) Mika Hakkinen...........31
|
5) Jordan/Peugeot............22
|
6) Gerhard
Berger………………..…21
|
6)
Ligier/Mugen-Honda........15
|
7) David
Couthard………………..…18
|
7)
Sauber/Ford...............11
|
8) Rubens
Barrichello...…..14
|
8) Tyrrel/Yamaha..............5
|
9) Olivier
Panis…………...…….13
|
9)
Arrows/Hart................1
|
10) Eddie
Irvinne..........11
|
|
11) Martin Brundle..........8
|
|
12) Heinz-Harald Frentzen...7
|
|
13) Mika Salo..............5
|
|
14) Johnny Herbert..........4
|
|
15) Pedro Paulo Diniz.......2
|
|
16) Jos Verstappen..........1
|
|
Nélson Piquet atacou de novo! Na segunda e última etapa da categoria
Gran Turismo disputada em nosso país, nosso primeiro tricampeão de F-1 deu um
show de pilotagem, junto com seu parceiro de carro, Johnny Ceccoto. Piquet
pilotou como nos velhos tempos dando duro na pista para manter a liderança da
corrida. Outro destaque na prova foi o desempenho da dupla Antonio Hermann e
Massimo Angelelli, que largaram em último e terminaram em 3º lugar. Já o 2º
lugar também teve brasileiro na parada: Maurizio Sala, em dupla com Fabien
Giroix, que não conseguiram ter braço suficiente para encararem a dupla
Piquet/Ceccoto. Parabéns, Piquet! E também a todos os demais que participaram
das etapas, pelo bom show mostrado na competição.
Semana passada, nosso grande campeão Émerson Fittipaldi comemorou 50
anos de vida, com direito a uma festa de arromba no restaurante Planet
Hollywood de Miami. Estiveram presentes toda a família Fittipaldi, o piloto
Roberto Moreno, Teddy Mayer (que era o chefe da equipe McLaren quando Émerson
foi bicampeão em 1974), além do ex-Beattle George Harrison. Parabéns, Émerson,
pelo seus 50 anos, e uma das mais respeitáveis carreiras de todo o
automobilismo mundial!
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