quarta-feira, 7 de maio de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - DEZEMBRO DE 1996 - 13.12.1996



            Voltando a trazer textos antigos na seção Arquivo, trago a penúltima coluna escrita por mim em 1996, falando um pouco do retorno de Nélson Piquet às competições automobilísticas, além de um pouco de suas atividades como empresário no automobilismo. Fora isso, notas rápidas sobre alguns acontecimentos no mundo do esporte a motor. Curtam o texto, e em breve trago mais colunas antigas...


O RETORNO DE PIQUET

            No último fim de semana o torcedor brasileiro sentiu um gosto que já não saboreava há muito tempo. Na primeira etapa da categoria Gran Turismo disputada em nosso país, no Autódromo Internacional de Curitiba, pudemos ver Nélson Piquet brindar novamente o público com o seu talento, pilotagem e velha classe, para delírio de seus fãs, que há tempos não tinham uma oportunidade como esta.
            Depois do seu violento acidente em Indianápolis, em 1992, que chegou a colocar em risco a sua vida, Nélson Piquet deu a volta por cima. Como pessoa e como piloto. Superou os traumas do acidente, recuperou-se, e em 1993, lá estava ele novamente no grid de largada da mais famosa prova do mundo do automobilismo. Uma prova de coragem e de talento.
            A carreira de piloto profissional acabou, infelizmente. Piquet agora só corre para se divertir. E como se diverte! Foi o que fez no último domingo. Correndo em parceria com Johnny Ceccoto, Piquet pegou o carro com uma boa vantagem e apenas a manteve, é verdade, mas a sua pilotagem, se não foi tão rápida quanto nos velhos tempos, pelo menos mostrou a classe que fez dele um tricampeão mundial de F-1 e um dos melhores pilotos de toda a história da categoria. E não deu outra: venceu a corrida, e pela primeira vez desde o GP do Canadá de 1991, na F-1, subiu ao degrau mais alto do pódio em uma corrida.
            Mais do que uma vitória do piloto Piquet, foi também uma vitória do empresário Piquet. Desde que largou a vida profissional de piloto, Nélson tem se empenhado em promover o automobilismo brasileiro. Uma de suas realizações foi a Copa Schincariol de Kart, realizada com patrocínio da cervejaria ituana e com custos bem mais acessíveis do que os demais campeonatos de kart nacionais. E a idéia deu tão certo que outros campeonatos similares foram criados. E com custos menores, permitindo um maior acesso de potenciais pilotos, incentivando a competição e criando novas feras para o futuro.
            Agora, Nélson Piquet atacou de novo, e conseguiu trazer para nosso país duas etapas extra-campeonato da classe Gran Turismo Endurance, uma categoria de prestígio na Europa. Piquet investiu cerca de US$ 1,5 milhão para realizar as duas etapas. A primeira, em Curitiba, foi um sucesso, e a segunda será no autódromo de Brasília, onde se espera um sucesso ainda maior. E com Piquet na pista acelerando também.
            Além da organização das duas etapas, Piquet assumiu a administração de ambos os autódromos citados, e já está trabalhando na organização das próximas 1000 Milhas Brasileiras, a ser realizada no Distrito Federal em 1997. Piquet tem a intenção de resgatar o prestígio e a tradição daquela que já foi a maior prova do automobilismo nacional. E, por tudo que pudemos ver até agora, ele deverá conseguir. Então se preparem, pois Nélson Piquet vem com tudo por aí...


Na última terça-feira, em Londres, Jackie Stewart fez a apresentação do seu carro de F-1, o SF-01, com o qual irá competir em 1997. Estiveram presentes os dois pilotos da escuderia, Jan Magnussen e Rubens Barrichello. O novo carro traz as cores da Texaco, que volta à F-1 depois de uma longa ausência, como fornecedores de combustíveis e lubrificantes, e dos patrocinadores do sudeste asiático. O carro é praticamente branco, decorado com listras idênticas às do capacete usado pelo velho tricampeão em atividade nas décadas de 1960 e 1970. E, antes de estrear, a Stewart já “ganhou” uma corrida: foi a primeira escuderia a mostrar pronto o seu modelo 97...


Nova mudança no calendário da F-1 para 1997: o Grande Prêmio da Europa, a ser disputado em Nurburgring, passa a se chamar Grande Prêmio de Luxemburgo, um pequeno principado situado entre a Bélgica e a Alemanha. Não é a primeira vez que a categoria usa este tipo de artifício: só para exemplificar, o Grande Prêmio de San Marino (um pequeno principado encravado em meio ao território da Itália) é disputado na verdade no circuito de Ímola, que fica em solo italiano, próximo à sede da Ferrari...


Mudanças técnicas nos carros da F-1 a partir da temporada de 1998: os monopostos terão sua largura reduzida de 200 cm para 180 cm. E os pneus lisos estarão proibidos: todos deverão ter ranhuras, o que teoricamente irá aumentar as áreas de frenagem, permitindo maiores chances de ultrapassagem, e diminuir a velocidade dos carros...


A Ferrari enfrenta sua sucessão de atrasos: o carro de 1997, que a escuderia prometia apresentar na próxima segunda-feira, não deverá ficar pronto antes de 16 de janeiro, para fúria da torcida ferrarista, e de Michael Schumacher, que queria começar os testes com o novo carro o quanto antes...


Mais uma mudança: a Lola, que iria disputar o mundial de 97 da F-1 com os motores Ford EC V-8, conseguiu mudar para os Ford Zetec-R V-8, evolução do motor que levou Michael Schumacher ao título de 1994...


E Ingo Hoffman estabeleceu um novo recorde na Stock Car: conquistou na etapa final, em Interlagos, o seu 9º título na categoria. Parabéns, Ingo!


E, para lembrar: Émerson Fittipaldi ainda não disse se vai abandonar as pistas como piloto, ou se continua a correr. Enquanto isso, o suspense continua, deixando fãs e a imprensa arrepiados com as especulações a respeito...


Semana passada, a equipe PacWest convidou vários jornalistas brasileiros para dar algumas voltas com o carro Reynard/Ford utilizado por Maurício Gugelmim nesta temporada, repetindo a dose da brincadeira feita em 1995. Desta vez os repórteres foram mais comportados com o monoposto, sem dar nenhuma rodada. É claro que o pessoal ficou empolgado, mas os tempos deixaram todo mundo meio frustrados. “Bem, pelo menos vocês deixaram o carro inteiro desta vez.”, brincou Gugelmim após uma “entrevista coletiva” com todos os “pilotos”. O teste foi feito em Sebring, na Flórida...


Com o abandono da Elf, a Williams arrumou outro fornecedor de combustíveis para a temporada de 97, a Castrol. A Benetton, outra equipe abastecida pela estatal francesa do petróleo, já acertou contrato com a Agip para a próxima temporada...


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