Voltando
a trazer textos antigos na seção Arquivo, trago a penúltima coluna escrita por
mim em 1996, falando um pouco do retorno de Nélson Piquet às competições
automobilísticas, além de um pouco de suas atividades como empresário no
automobilismo. Fora isso, notas rápidas sobre alguns acontecimentos no mundo do
esporte a motor. Curtam o texto, e em breve trago mais colunas antigas...
O RETORNO DE PIQUET
No
último fim de semana o torcedor brasileiro sentiu um gosto que já não saboreava
há muito tempo. Na primeira etapa da categoria Gran Turismo disputada em nosso
país, no Autódromo Internacional de Curitiba, pudemos ver Nélson Piquet brindar
novamente o público com o seu talento, pilotagem e velha classe, para delírio
de seus fãs, que há tempos não tinham uma oportunidade como esta.
Depois
do seu violento acidente em Indianápolis, em 1992, que chegou a colocar em
risco a sua vida, Nélson Piquet deu a volta por cima. Como pessoa e como
piloto. Superou os traumas do acidente, recuperou-se, e em 1993, lá estava ele
novamente no grid de largada da mais famosa prova do mundo do automobilismo. Uma
prova de coragem e de talento.
A
carreira de piloto profissional acabou, infelizmente. Piquet agora só corre
para se divertir. E como se diverte! Foi o que fez no último domingo. Correndo
em parceria com Johnny Ceccoto, Piquet pegou o carro com uma boa vantagem e
apenas a manteve, é verdade, mas a sua pilotagem, se não foi tão rápida quanto
nos velhos tempos, pelo menos mostrou a classe que fez dele um tricampeão
mundial de F-1 e um dos melhores pilotos de toda a história da categoria. E não
deu outra: venceu a corrida, e pela primeira vez desde o GP do Canadá de 1991,
na F-1, subiu ao degrau mais alto do pódio em uma corrida.
Mais
do que uma vitória do piloto Piquet, foi também uma vitória do empresário
Piquet. Desde que largou a vida profissional de piloto, Nélson tem se empenhado
em promover o automobilismo brasileiro. Uma de suas realizações foi a Copa
Schincariol de Kart, realizada com patrocínio da cervejaria ituana e com custos
bem mais acessíveis do que os demais campeonatos de kart nacionais. E a idéia
deu tão certo que outros campeonatos similares foram criados. E com custos
menores, permitindo um maior acesso de potenciais pilotos, incentivando a
competição e criando novas feras para o futuro.
Agora,
Nélson Piquet atacou de novo, e conseguiu trazer para nosso país duas etapas
extra-campeonato da classe Gran Turismo Endurance, uma categoria de prestígio
na Europa. Piquet investiu cerca de US$ 1,5 milhão para realizar as duas
etapas. A primeira, em Curitiba, foi um sucesso, e a segunda será no autódromo
de Brasília, onde se espera um sucesso ainda maior. E com Piquet na pista
acelerando também.
Além
da organização das duas etapas, Piquet assumiu a administração de ambos os
autódromos citados, e já está trabalhando na organização das próximas 1000 Milhas
Brasileiras, a ser realizada no Distrito Federal em 1997. Piquet tem a intenção
de resgatar o prestígio e a tradição daquela que já foi a maior prova do
automobilismo nacional. E, por tudo que pudemos ver até agora, ele deverá
conseguir. Então se preparem, pois Nélson Piquet vem com tudo por aí...
Na última terça-feira, em Londres, Jackie Stewart fez a apresentação do
seu carro de F-1, o SF-01, com o qual irá competir em 1997. Estiveram presentes
os dois pilotos da escuderia, Jan Magnussen e Rubens Barrichello. O novo carro
traz as cores da Texaco, que volta à F-1 depois de uma longa ausência, como
fornecedores de combustíveis e lubrificantes, e dos patrocinadores do sudeste
asiático. O carro é praticamente branco, decorado com listras idênticas às do
capacete usado pelo velho tricampeão em atividade nas décadas de 1960 e 1970.
E, antes de estrear, a Stewart já “ganhou” uma corrida: foi a primeira
escuderia a mostrar pronto o seu modelo 97...
Nova mudança no calendário da F-1 para 1997: o Grande Prêmio da Europa,
a ser disputado em Nurburgring, passa a se chamar Grande Prêmio de Luxemburgo,
um pequeno principado situado entre a Bélgica e a Alemanha. Não é a primeira
vez que a categoria usa este tipo de artifício: só para exemplificar, o Grande
Prêmio de San Marino (um pequeno principado encravado em meio ao território da
Itália) é disputado na verdade no circuito de Ímola, que fica em solo italiano,
próximo à sede da Ferrari...
Mudanças técnicas nos carros da F-1 a partir da temporada de 1998: os
monopostos terão sua largura reduzida de 200 cm para 180 cm. E os pneus lisos
estarão proibidos: todos deverão ter ranhuras, o que teoricamente irá aumentar
as áreas de frenagem, permitindo maiores chances de ultrapassagem, e diminuir a
velocidade dos carros...
A Ferrari enfrenta sua sucessão de atrasos: o carro de 1997, que a
escuderia prometia apresentar na próxima segunda-feira, não deverá ficar pronto
antes de 16 de janeiro, para fúria da torcida ferrarista, e de Michael
Schumacher, que queria começar os testes com o novo carro o quanto antes...
Mais uma mudança: a Lola, que iria disputar o mundial de 97 da F-1 com
os motores Ford EC V-8, conseguiu mudar para os Ford Zetec-R V-8, evolução do
motor que levou Michael Schumacher ao título de 1994...
E Ingo Hoffman estabeleceu um novo recorde na Stock Car: conquistou na
etapa final, em Interlagos, o seu 9º título na categoria. Parabéns, Ingo!
E, para lembrar: Émerson Fittipaldi ainda não disse se vai abandonar as
pistas como piloto, ou se continua a correr. Enquanto isso, o suspense
continua, deixando fãs e a imprensa arrepiados com as especulações a
respeito...
Semana passada, a equipe PacWest convidou vários jornalistas
brasileiros para dar algumas voltas com o carro Reynard/Ford utilizado por
Maurício Gugelmim nesta temporada, repetindo a dose da brincadeira feita em
1995. Desta vez os repórteres foram mais comportados com o monoposto, sem dar
nenhuma rodada. É claro que o pessoal ficou empolgado, mas os tempos deixaram
todo mundo meio frustrados. “Bem, pelo menos vocês deixaram o carro inteiro
desta vez.”, brincou Gugelmim após uma “entrevista coletiva” com todos os
“pilotos”. O teste foi feito em Sebring, na Flórida...
Com o abandono da Elf, a Williams arrumou outro fornecedor de
combustíveis para a temporada de 97, a Castrol. A Benetton, outra equipe
abastecida pela estatal francesa do petróleo, já acertou contrato com a Agip
para a próxima temporada...
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