sexta-feira, 23 de maio de 2014

A CHANCE DA RED BULL?


Mônaco: chance maior de desafiar a Mercedes, ou mais um passeio dos carros alemães?

            A Fórmula 1 chegou ao Principado de Mônaco para a corrida mais charmosa do calendário, e também para aquela que é vista por muitos como a única oportunidade, no atual momento de domínio da equipe Mercedes na categoria, de assistirmos a uma vitória de um time que não o dos carros prateados alemães.
            As características únicas da pista de Mônaco, extremamente travada, e de baixa velocidade, oferecem o panorama mais propício a um time obter um bom resultado quando não possui um bom motor, mas possui um chassi muito bom, e/ou conta com um piloto extremamente talentoso, e que saiba explorar a complexidade das curvas monegascas com desenvoltura. Nos últimos anos, com o congelamento dos motores, e com suas performances ficando mais próximas uns dos outros, essa tendência acabou ficando de lado, mas volta a tona este ano, especialmente diante do principal ponto fraco do time campeão das últimas temporadas, a Red Bull, que tem nas unidades de potência da Renault seu calcanhar de Aquiles na luta contra o poderio do time da Mercedes.
            O modelo RB10, tal qual a maioria dos modelos desenvolvidos por Adrian Newey, possui uma aerodinâmica extremamente refinada, e nas últimas provas, mostrou grande desenvolvimento, podendo ser considerado o melhor carro depois do modelo W05 da Mercedes. O problema é que o carro alemão vem sobrando na temporada, de modo que mesmo já estando na posição de segundo melhor carro, uma disputa aberta tem se tornado praticamente impossível, e depois de tomar praticamente 50s do vencedor Lewis Hamilton na pista de Barcelona, semana passada, durante o GP da Espanha, só circunstâncias anormais pode oferecer uma chance de equilibrar o duelo.
            E é o que a Red Bull vai tentar aqui em Mônaco. O excelente equilíbrio do modelo RB10 pode mostrar toda a sua eficiência aqui, especialmente pelo fato de ser um circuito de baixa velocidade, onde a falta de potência da unidade de força da Renault não deverá pesar tanto quanto nas demais corridas. E, se Sebastian Vettel dar conta de sua parte, as chances de conseguir uma posição de largada à frente das imbatíveis Mercedes torna-se mais real. E largar na frente sempre é considerado meio caminho para a vitória nesta pista. Mas a tarefa vai ser complicada.
            Supondo que Vettel, ou seu companheiro, Daniel Ricciardo, consigam largar à frente de Lewis Hamilton e Nico Rosberg, eles terão de dar tudo por tudo para abrir vantagem logo de cara, a fim de evitar perder a liderança na primeira parada de troca de pneus. É uma estratégia de tudo ou nada: se não largarem na frente, o panorama mais evidente da estratégia dos pilotos da Mercedes será comboiar o líder de perto, sem forçar, e assim que tiverem pista livre pela frente, quando o rival fizer sua parada, poderão partir para voltas demolidoras a fim de saírem à frente quando fizerem seus pit stops.
            Será que Vettel, Ricciardo, e o modelo RB10 conseguirão abrir a dianteira necessária para impedir isso de ocorrer? Só ficaremos sabendo mesmo na corrida. Em todas as pistas visitadas este ano, os carros prateados do time alemão demonstraram performance superior em todas elas. Mesmo que porventura não largassem na frente, era praticamente impossível mantê-las atrás de si, como demonstrou Nico Rosberg quando teve de se livrar de concorrentes na prova da China, quando perdeu posições na largada e teve de fazer uma prova de recuperação.
            O circuito de Mônaco, contudo, tem particularidades que tornam muito mais complicado uma recuperação de posições durante a corrida. É uma pista estreita, sem ponto de ultrapassagem idéias, e onde quem vai à frente só perde a posição mesmo se bobear e cometer um erro. E isso pode ser fatal em se tratando de estratégias de corrida, pois se acabar ficando “trancado” atrás de um carro mais lento, pode-se perder muito tempo, e talvez até mesmo a corrida.
            Há anos atrás, David Couthard teve parte de sua corrida estragada nesta pista por ter perdido muitas voltas “preso” atrás de Enrique Bernoldi. O piloto brasileiro estava guiando sem cometer um único erro, e assim, ele, mesmo pilotando uma modesta Arrows, conseguiu segurar atrás de si o piloto escocês, que pilotava uma McLaren, carro muito superior ao de Bernoldi. Por fim, quando conseguiu superar Bernoldi, Couthard já tinha ficado com sua estratégia de corrida totalmente comprometida. Curioso foi ver Ron Dennis perder a calma e ir tirar satisfações com o brasileiro após a corrida, como se Enrique não tivesse direito de defender sua posição.
            E, antes disso, Mônaco sempre era a etapa do calendário mais aguardada pelos times que não possuíam um motor potente, como única chance de tentar obter um resultado de monta que pudesse garantir a sobrevivência da escuderia pelo resto do ano. Assim como a dificuldade da pista era sempre um belo teste para evidenciar a habilidade dos pilotos. Foi aqui, por exemplo, que Roberto Moreno conseguiu a única classificação da equipe Andrea Moda em sua curta vida na F-1. O carro era uma porcaria, e a estrutura técnica do time não conseguia proporcionar melhoria ao carro. Mesmo assim, Moreno conseguiu a última posição no grid, e largou, durante apenas 14 voltas na corrida, mas mostrando como uma pista como Mônaco exaltava o talento dos pilotos, não importando qual carro estivessem pilotando.
            E não é por acaso que foi nesta pista que Ayrton Senna sempre se sobressaiu, desde que estreou na F-1. Em 1984, debaixo de chuva, o brasileiro deu aqui o seu primeiro show de pilotagem, obtendo seu primeiro pódio. Em 1987, ele venceria a corrida pela primeira vez, feito que repetiria em 1988, 1990, 1991, 1992, e 1993, batendo o recorde anterior que era de Graham Hill, com 5 triunfos.
            Mas se as chances aumentam na teoria, a realidade pode muito bem jogar contra. Nada a discutir sobre a qualidade do chassi da Red Bull, ou do talento de Sebastian Vettel, mas o time da Mercedes não está apresentando pontos fracos a serem explorados apenas em virtude das características da pista monegasca. O modelo W05 já mostrou é praticamente tão bom quanto o do time das bebidas energéticas, e em termos de pilotos, Lewis Hamilton é tido como o mais veloz da F-1 atual, capaz de arrancar do carro mais velocidade do que ele pode oferecer, da mesma maneira como Senna costumava fazer. E Nico Rosberg também não está para brincadeira: no ano passado, ele foi pole e venceu aqui, quando o carro da Mercedes exibia velocidade, mas maltratava os pneus como nenhum outro carro da temporada. Com o modelo atual tendo corrigido todos os defeitos do carro de 2013, e agregando ainda mais performance, vai ser complicado tentar desbancar o favoritismo das flechas de prata alemãs. Claro que as chances de uma surpresa existem, mas as chances de tudo ficar do mesmo jeito também. Resta saber se vamos assistir a mais um passeio do time alemão, ou se poderemos ver um pouco de esperança de algum outro time quebrar, ainda que apenas nesta prova, a hegemonia do time de Hamilton e Rosberg.
            Pelo desempenho atual dos carros, a Red Bull parece a única com alguma chance de conseguir tal feito. Mas não se pode descuidar de potenciais rivais que também podem utilizar dessa estratégia, como Fernando Alonso, se o carro da Ferrari permitir ao espanhol descontar pelo menos parte da imensa diferença que o separa para os carros alemães. A se julgar pelo resultado do primeiro treino livre de ontem, feito com pista seca, vai ser difícil tentar superar os carros da Mercedes. Já com chuva, como aconteceu no segundo treino livre, a parada promete ser mais viável, mas ainda assim, sem garantias de sucesso, uma vez que Hamilton costuma andar muito bem na chuva, ponto que não poderá ser explorado pelos rivais.
            Aguardemos os resultados dos treinos deste sábado para ver se teremos uma corrida, ou mais uma procissão. Infelizmente, pelo histórico das corridas monegascas, a possibilidade da segunda opção é bem mais real...


Neste domingo teremos a edição 2014 de uma das mais famosas corridas do mundo inteiro: as 500 Milhas de Indianápolis. Depois de brilhar nos treinos livres, o americano Ed Carpenter confirmou a boa forma exibida e conquistou a pole-position para a corrida, faturando só com isso mais de US$ 100 mil. Os brasileiros tiveram desempenhos diferentes: enquanto Hélio Castro Neves larga na 4ª posição, abrindo a segunda fila, Tony Kanaan alinha apenas em 16º lugar, mas numa prova tão longa como a Indy500, e cheia de surpresas durante o seu desenrolar, as posições de largada pouco influem para o resultado final, e não se pode descartar a dupla brasileira entre os candidatos à vitória. Hélio busca seu 4º triunfo na prova, enquanto Tony venceu a corrida no ano passado, e está decidido a aumentar o seu número de vitórias na Brickyard Line. Vamos ver quem consegue chegar na frente depois dos mais de 800 Km de percurso...

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