No ano passado, a Mercedes já monopolizou a primeira fila na Espanha. Alguém é capaz de impedir o time alemão este ano? Façam suas apostas... |
Depois de 3 semanas de
intervalo, entramos finalmente na melhor fase do campeonato da Fórmula 1.
Estamos na Europa, berço natural da categoria, que possui um charme todo
particular, diferente do visto das etapas disputadas do outro lado do mundo. Se
dá para ficar encantado com a maneira como os australianos promovem sua
corrida, não dá para ter a mesma empatia com as etapas da China e do Bahrein. A
Malásia já consegue me cativar um pouco, mas ainda precisa caprichar muito.
Não, voltar à Europa, e ver o paddock recheado com os motorhomes de todos os
times é um colírio para os olhos. E para as escuderias, mais ainda.
É aqui na Europa onde
estão suas bases. E todas as equipes chegaram a Barcelona cheias de novidades.
A ordem é revidar o massacre sofrido pelas hostes alemãs de Sttutgart, que até
agora contabilizam 3 triunfos de Lewis Hamilton e 1 de Nico Rosberg. Quem vai
conseguir dar o primeiro golpe no revide? Essa é a pergunta. Pela expectativa,
a Red Bull é a maior favorita, mas podem haver surpresas...
Nas primeiras etapas,
os rubrotaurinos surpreenderam por conseguirem andar mais do que todos
esperavam, ainda mais depois de vermos o time dos energéticos batendo cabeça e
ficando pelo caminho em todos os dias de testes da pré-temporada. Resolvidos os
problemas de superaquecimento das unidades de potência, o problema agora é a
Renault acertar seus programas de gerenciamento e fazer aquilo gerar mais força
motriz. No quesito chassi, o modelo RB10 já mostrou suas qualidades, que devem
ficar ainda mais evidentes neste circuito. Desde que estreou na categoria em 1991, a pista da Catalunha
tem o mérito de colocar à prova as qualidades de qualquer máquina, e também os
seus defeitos. O refinamento aerodinâmico do carro de Sebastian Vettel e Daniel
Ricciardo deve proporcionar um bom desempenho dos carros nesta pista. O
problema vai ser na reta dos boxes, uma das maiores da temporada, e ponto
preferencial de ultrapassagens. Se a Renault continuar claudicante em termos de
potência bruta, vai ser complicado subir posições na corrida, e nem mesmo o
sistema DRS costuma ajudar muito por estas bandas. Com um chassi novo, Vettel
quer voltar a ser o astro principal, pelo menos dentro da Red Bull, onde anda
visivelmente incomodado com o novo e abusado companheiro de equipe. Depois com
a Mercedes na pista ele que se entenda...
Mas há outros
candidatos a querer revanche pelas derrotas sofridas até agora. A Ferrari
trouxe também várias mudanças no F14T, e motivada pelo pódio de Fernando Alonso
em Shangai, quer recuperar o rumo e se postar como a principal desafiadora da
Mercedes. O que se espera é que Kimmi Raikkonen consiga se entender com o carro
a tempo integral. Como estamos na Espanha, podem contar com Alonso dando tudo
de si e um pouco mais. O asturiano chegou ao circuito sem muita empolgação, e
até com certo pessimismo em acreditar que poderá de fato desafiar os favoritos
Hamilton e Rosberg, mas também é uma tática de não criar expectativa, e tentar
possivelmente surpreender os adversários. Mas Alonso afirma que lutar pelo
pódio não está dentro das expectativas do time italiano, pelo menos nesta
pista. A se confirmar o mau prognóstico, poderemos ver que o carro do time
deste ano realmente vai dar muito trabalho e poucas esperanças. Possibilidade
de se esquecer 2014 e mirar 2015? Não é impossível...
A Williams tinha boas
expectativas de voltar a andar entre os primeiros, depois dos bons resultados
da pré-temporada, mas até agora não confirmou isso de fato, o que não significa
que não tenham um bom carro. Mas eles precisam melhorar para não ficar
dependendo de todos os detalhes se encaixarem como se deve. E o desenvolvimento
a contento do FW36 é vital para que o time não fique para trás, visto que Red
Bull e Force India aparentemente já se encontram à frente da armada de Grove em
termos de performance, e a Ferrari pode também deixá-los para trás. E não
podemos esquecer da McLaren, que vai tentar dar uma reviravolta na descendente
que tomou o rumo da escuderia depois da boa prova de estréia na Austrália.
É esperado um
incremento geral na performance dos carros a partir desta corrida. Com mais
dados, e mais certos dos limites dos sistemas de potência, além do
aperfeiçoamento de detalhes em todos os carros, a diferença de performance para
os tempos do ano passado devem se reduzir bastante, ajudando a calar aqueles
que ficam apregoando que a F-1 anda mais lenta do que os outros carros. A
proximidade com as sedes também ajuda os times a serem um pouco mais ousados no
desenvolvimento, uma vez que o suporte das bases é mais rápido, pra não falar
dos seus caminhões-oficina, que sempre podem dar uma ajuda em caso de
necessidade.
Mas o que todo mundo
quer ver é quem vai conseguir peitar a Mercedes. Como todo sujeito que leva uma
surra e quer revanche, cada time procurou se preparar como pôde para efetuar um
contra-ataque. Mas, como quem ganha quer continuar na frente, a preocupação
geral de todos é também com o desenvolvimento que a Mercedes pode ter
conseguido da China para cá. A tendência mais aceita é que a vantagem dos
carros alemães se mantenha. Os mais otimistas esperam que ela se reduza. Já os
pessimistas nem é bom falar...
O problema é que, a
grosso modo, até agora não vimos o potencial do modelo W05 exigido a fundo, com
exceção da corrida do Bahrein, onde Hamilton e Rosberg duelaram a fundo pela
vitória, e onde exigiram mais de seus carros, enquanto nas demais provas isso
não pôde ser visto na mesma intensidade. Nas provas de Melbourne, Sepang e
Shangai, depois de certo momento da corrida, o que se via era manter a vantagem
alcançada, de modo a não forçar o carro e resguardar o equipamento, prevenindo
a possibilidade de uma quebra. De fato, no Albert Park, Nico Rosberg não
precisou forçar além de certo ponto, até mesmo porque Lewis Hamilton abandonou
logo no início. Mas na Malásia e na China, quem se acomodou na liderança foi
Hamilton, com Nico aparentemente incapaz de andar todo o tempo no mesmo ritmo.
Nestas corridas, a diferença do vencedor para o 2° colocado foi de 26s
(Austrália), 17s (Malásia), e 18s (China). No duelo renhido do Bahrein, a
diferença foi de 1s, mas se contabilizarmos o 3° colocado, a vantagem foi de
24s, e isso foi obtido em cerca de 10 voltas, o que dá uma idéia mais exata de
quão rápido o carro da Mercedes pode ser. Se fizermos uma estimativa radical,
com o bólido germânico podendo ser até 2s mais veloz do que a concorrência, dá
para assustar mesmo, e reduzir bastante as chances de se eliminar tal
desvantagem.
É bom ver todo mundo
com ambições renovadas de querer pelo menos desafiar a hegemonia da Mercedes,
mas todo mundo deve ficar preparado para continuar assistindo o domínio dos
carros prateados por mais algum tempo. Não vejo ninguém capaz no momento de
andar na frente deles, pelo menos não nesta pista. Daqui a duas semanas, em
Mônaco, aí já será outra história, mas falo disso daqui a duas semanas, depois
de conferir o desempenho de todos neste GP da Espanha.
Pelo menos hoje os brasileiros
têm mais um motivo para se animar: Felipe Nasr participa do primeiro treino
livre com a Williams. Se contrato prevê a participação em 5 treinos de sexta
durante a temporada. Este já vai ser o 3°, e até agora, os mecânicos e
engenheiros têm elogiado a performance e o felling da nova esperança
brasileira. E isso vai contar na hora de conseguir um lugar como piloto
titular.
Começaram ontem os treinos para o
GP de Indianápolis, novidade no calendário da Indy Racing League para esta
temporada. Será uma prova disputada no circuito misto criado para receber a F-1
no ano 2000, e usado até 2007 pela categoria máxima do automobilismo. Nos
últimos anos, o traçado misto do famoso circuito oval recebeu a MotoGP. Vejamos
como se saem os carros da IRL. Uma notícia muito legal foi a Penske reviver o
layout da Pennzoil que foi muito utilizado por Rick Mears nos seus tempos como
piloto da escuderia nos anos 1980 na antiga Fórmula Indy, no carro que Hélio
Castro Neves usará na Indy500 deste ano. Gil de Ferran também usou este visual
quando correu no time de Jim Hall, durante as temporadas de 1995 e 1996 da
Fórmula Indy.
No alto, o Penske de Rick Mears, quando corria na Fórmula Indy nos anos 1980; abaixo, o visual do carro do brasileiro Hélio Castro Neves para as 500 Milhas de Indianápolis deste ano. |
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