quarta-feira, 2 de abril de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - MARÇO DE 2014



            Devido à agenda corrida dos últimos fins de semana, apenas hoje deu para trazer a nova edição da Cotação Automobilística, já atualizada com as últimas corridas disputadas domingo. Então, vamos às avaliações, lembrando sempre que o esquema é EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Boa leitura a todos...

 


EM ALTA:

Equipe Mercedes: O time de Stuttgart confirmou o que se esperava na pré-temporada: é o carro a ser batido no mundial de F-1. Em duas corridas, duas poles e vitórias praticamente de ponta a ponta, sem ter sido ameaçada efetivamente na luta pela vitória tanto na Austrália quanto na Malásia. E ainda pode ter potencial para andar ainda mais rápido, se houver necessidade, pois com o triunfo assegurado, não foi preciso acelerar mais do que o necessário tanto em Melbourne quanto em Sepang, e poupar o carro ainda é uma necessidade, em virtude das novas regras técnicas, que ainda estão sendo dominadas por todos. O que pode complicar o time é a briga interna de seus pilotos. Nico Rosberg se saiu bem na Austrália, mas não teve a concorrência de Lewis Hamilton na prova; já na Malásia, o inglês não seu chance ao parceiro de equipe. Uma hora os dois vão se estranhar, podem apostar...

Equipe Penske: O time de Roger Penske iniciou o campeonato 2014 da Indy Racing League na frente, com uma vitória de Will Power em São Petesburgo, e fazendo a maioria no pódio, com o 3º lugar de Hélio Castro Neves. O australiano parece ter se recuperado completamente do mau campeonato realizado em 2013, e o brasileiro continua andando forte, em que pese ter feito bobagem na última relargada da corrida, quando perdeu o 2º lugar para Ryan Hunter-Reay, permitindo que o americano o superasse. O ponto destoante foi Juan Pablo Montoya, que fez uma estréia abaixo da expectativa, mas compensada pelo desempenho da dupla Power/Castro Neves. Na briga contra a Ganassi, a Penske sai na frente, mas é bom ficar atento à concorrência, que pode surpreender, como foi a pole de Takuma Sato, e o próprio 2º lugar de Hunter-Reay, da Andretti Autosport.

Marc Márquez: O atual campeão da MotoGP deu um show na etapa de abertura do campeonato, no Catar, ao superar os reveses da perna quebrada em um acidente no mês passado, para marcar a pole-position e vencer a corrida após um duelo eletrizante com Valentino Rossi, que saiu do meio do pelotão para discutir a vitória com o jovem espanhol. Para quem esperava aproveitar o momento de aparente indisposição física do campeão, Márquez já deu o aviso: vai em busca do bicampeonato, e segurem-no se puderem. Na primeira corrida, os rivais fracassaram. Resta saber como irão se sair nas próximas etapas.

Novas regras técnicas da F-1: Novos carros com novos motores e novos sistemas de recuperação de energia. Todos diziam que a quebradeira de carros seria enorme, e que teríamos panes secas nas provas. Com duas corridas disputadas, ainda há algumas arestas para serem polidas, mas a alta qualidade técnica dos engenheiros e projetistas da categoria máxima do automobilismo mostrou novamente do que é capaz, e os bólidos 2014, se estão mais lentos do que em relação aos de 2013, não é nenhuma diferença gritante, ainda mais se considerarmos que os novos motores consomem 1/3 a menos de combustível em relação aos antigos V-8, proporcionando ainda aos carros maiores velocidades em reta, e lembrando que os carros deste ano são cerca de 50 Kg mais pesados do que os antigos. Como os times ainda estão conhecendo seus novos equipamentos em ritmo de corrida, a escalada de performance e solução de problemas com as novas tecnologias devem aumentar com a progressão do campeonato. O saldo inicial é extremamente positivo para a imagem da F-1 como desenvolvedora de tecnologia.

Novatos da F-1 em 2014: As caras novas no grid da F-1 em 2014 já mostraram a que vieram logo de cara: Kevin Magnussen estreou na McLaren subindo ao pódio, superando seu companheiro de equipe Jenson Button, e mostrando consistência de um veterano na pista. O dinamarquês só não repetiu a mesma exibição na Malásia em virtude de um toque acidental com Kimmi Raikkonem, mas mostrou categoria e velocidade. Já na Toro Rosso, Daniil Kvyat pontuou nas duas corridas, alcançando os resultados que eram possíveis para o seu carro, e mostrando que Jean-Éric Vergne vai ter um ano difícil como companheiro do jovem russo. Marcus Ericsson infelizmente não conta muito, em parte maior pelo fato da Caterham continuar sendo uma carroça, em parte por ter Kamui Kobayashi como companheiro de equipe, um piloto que sempre anda muito, e já começa a impressionar mesmo com o carro de Tony Fernandes, que pode vir a ser uma boa inspiração para o sueco.



NA MESMA:

Felipe Massa: Sem lugar na Ferrari, quando foi anunciada sua contratação pela Williams, e depois dos bons resultados dos testes da pré-temporada, surgiu a oportunidade de o brasileiro encontrar finalmente a redenção na F-1, expurgando alguns fantasmas surgidos em seus últimos anos como piloto do time italiano. Mas o ano começou com os mesmos velhos fantasmas querendo continuar a assombrar Felipe: na Austrália, o seu tradicional histórico de azar em Melbourne o fez ficar de fora da corrida logo na largada; e na Malásia, acabou ouvindo uma reprise do pior momento de sua carreira, quando precisou ceder posição a Fernando Alonso no GP da Alemanha de 2010. Só que desta vez Massa resolveu endurecer e não cedeu, mas já vai ter algumas dores de cabeça que esperava ter deixado para trás quando saiu da Ferrari. Para complicar a situação, a posição de melhor carro depois da Mercedes já caiu por terra, e Felipe terá de trabalhar duro para ter um ano melhor do que as projeções iniciais apontavam, para não dizer que seu companheiro de equipe certamente vai ser o primeiro a torpedeá-lo na primeira oportunidade que surgir. Depois dos anos escaldados na Ferrari, Felipe precisa abrir o olho para que sua nova fase de carreira não tome um rumo negativo novamente.

Equipe McLaren: O time de Woking iniciou 2014 disposto a apagar a má impressão deixada em 2013, quando ficou de fora do pódio e das vitórias pela primeira vez em muitos anos. Ron Dennis reassumiu as rédeas da escuderia, tirou Martin Whithmarsh do comando do time e colocou Eric Bouiller no lugar. Ainda que este ano seja visto como de transição, esperando pela nova parceria com a Honda em 2015, o time inglês certamente teve uma boa estréia na Austrália, onde teve seus dois pilotos classificados em 2º e 3º lugares, mas na Malásia tanto Jenson Button quanto Kevin Magnussen estiveram longe da briga pelo pódio, sendo superados até pela Red Bull, Ferrari e Force India, o que indica que o time ainda precisa melhorar para voltar a vencer. Outro ponto que denota que a situação da McLaren não é tão boa é a praticamente ausência de patrocinadores no carro, reflexo um pouco da crise financeira mundial que espantou patrocinadores potenciais, ora da postura arrogante de Ron Dennis, que teria feito exigências descabidas para patrocinadores que na sua opinião não estariam à altura de atenderem aos requisitos de excelência do grupo McLaren.

Equipe Ferrari: Tudo indica que este pode ser mais um ano em que o time de Maranello vai ficar na fila esperando ter uma chance de disputar o título. Além de não conseguir andar no ritmo da Mercedes, a Red Bull, mesmo com seus problemas de confiabilidade, já mostrou ter mais carro que o time italiano, que no momento, só pôde contar mesmo com os resultados de Fernando Alonso, que vai fazendo o que consegue. E Kimmi Raikkonem, pelo seu lado, vem tendo alguns azares que o impediram de alcançar melhores colocações. Luca de Montezemolo pode ir começando a ter seus chiliques de insatisfação e rebeldia mais uma vez...

Transmissão da IRL na Bandeirantes: Depois de ser interpelada pela direção da Indycar por quebra de contrato em relação ao cancelamento da etapa brasileira da categoria, o Grupo Bandeirantes conseguiu se safar do pior costurando um acordo para trazer de volta a etapa brasileira ao calendário, que agora será em Brasília, a partir do ano que vem. De bônus, a empresa continuará transmitindo a categoria, e pelo menos dando a oportunidade dos fãs brasileiros de automobilismo de continuar acompanhando as corridas do certame. Resta saber se o fã terá oportunidade de ver isso direito na TV aberta, uma vez que na transmissão da etapa de abertura do campeonato, em São Petesburgo, apenas quem tinha o canal pago Bandsports viu a prova na íntegra, enquanto a Bandeirantes mostrou apenas parte da corrida em seu canal aberto. Vejamos o que acontece no restante do campeonato...

Recuperação da Indy Racing League: Depois que a F-Indy acabou em 2008 e sobrou apenas a IRL, ainda não parece ser este o ano da recuperação da categoria. Apesar de conseguir um novo patrocinador principal, e alguns times ostentarem novos patrocínios, o certame perdeu duas escuderias neste campeonato, o que resultou em pelo menos 3 carros no grid. Sem a Dragon, que preferiu ir para a nova Fórmula E, e a Panther, que sem o patrocínio da Guarda Nacional praticamente não iniciou o campeonato, apenas 22 pilotos alinharam no grid de São Petesburgo. Ainda é cedo para dizer que a categoria está estagnada, pois anunciou novas regras de pontuação para as provas de 500 milhas do calendário, e um novo modo de classificação para a Indy500. Vejamos como repercutirá o GP de Indianápolis, a ser disputado na pista mista do famoso circuito oval. Infelizmente, a categoria continuará sem maiores novidades em termos de equipamento: apenas Honda e Chevrolet fornecem motores, enquanto todos continuam usando o chassi Dallara DW12 e os pneus da Firestone. Pelo menos espera-se que o campeonato seja bem disputado, e que com isso possa atrair mais parceiros, sejam tecnológicos, sejam financeiros, e com a entrada de novas etapas de algumas pistas que deixaram saudades na antiga F-Indy, como Elkhart Lake e Surfer's Paradise...



EM BAIXA:

Equipe Williams: O time de Frank Williams encheu os olhos da torcida na pré-temporada, com desempenhos constantes e estáveis. Ainda mostrou uma boa jogada administrativa conquistando o respeitável patrocínio da Martini, e assegurando patrocínios menores para formar um bom orçamento para a temporada, como os acordos com a Petrobrás, e com a contratação de Felipe Nasr, trazendo o nome do Banco do Brasil para o time. Mas se na Austrália o novo FW36 mostrou potencial até para fazer o time voltar a pensar em disputar pelo menos pódios, na Malásia a Williams andou para trás, incapaz de acompanhar o ritmo tanto de Mercedes quando da Red Bull, que deu mostras de reação, e até mesmo de uma Ferrari e uma Force India. Para piorar, o time ainda arrumou um imbróglio entre seus pilotos, com a indicação de facilitação de ultrapassagem de Felipe Massa para Valtteri Bottas, que vinha mais rápido, no que foi ignorado pelo brasileiro. Apesar de veloz, o carro precisa de maior downforce, para permitir maiores ajustes de estabilidade e flexibilidade frente às variáveis condições de pista, revelando-se vulnerável às pistas molhadas. O ano que se esperava de volta às primeiras colocações pode não ser tão animador como se esperava.

Equipe Red Bull: O time das bebidas energéticas iniciou o pior campeonato desde que passou a vencer corridas, em 2009, mais pelo que tem feito no aspecto esportivo do que propriamente no aspecto técnico. Depois de enfrentar um sem-número de problemas na pré-temporada, onde mal conseguia dar várias voltas em sequência, o time tetracampeão mundial mostrou tanto na Austrália quanto na Malásia já ter dado passos largos para voltar a disputar as primeiras posições, com Daniel Ricciardo a ser um 2º lugar convincente em Melbourne, e Sebastian Vettel a ser o melhor do “resto” em Sepang. Mas a escuderia pecou pela soberba no caso do fluxômetro de combustível, mesmo após ser advertida pela FIA sobre o problema, e acabou vendo Ricciardo desclassificado na Austrália. E na Malásia, o time ainda cometeu falha no pit stop do australiano, que acabou por arruinar a corrida do piloto, que ganhou punição no grid para a etapa seguinte, no Bahrein. Para piorar, Dietrich Mateschitz criticou as novas regras técnicas adotadas, dando a entender que poderia até deixar a F-1. O sucesso talvez tenha feito mal à Red Bull, que parece ter sentido a pressão de não ser mais o time a ser batido, e começou a chorar de barriga cheia, pois não está tão ruim quanto todos imaginavam.

Equipe Panther: O time da Indy Racing League praticamente ficou de fora do início do campeonato, mostrando que a perda do patrocínio da Guarda Nacional americana foi um baque mais forte do que poderia imaginar. Além de ter ficado de birra com a Rahal/Letterman/Lannigan, que abocanhou o patrocínio, prometendo ir à justiça reclamar perdas e danos, o time falhou feio na sua organização financeira, pois depender apenas de um único patrocinador é um claro sinal de mau planejamento e falta de visão, por não evitar que a perda do patrocinador principal inviabilizasse sua participação no campeonato. Com isso, a IRL perde mais um time para o certame de 2014,e que era o mais antigo de seu campeonato, criado e presente desde que o certame teve início, em 1996.

Equipe Lotus: Time que ajudou a dar uma sacudida no campeonato de F-1 nos últimos dois anos, a Lotus iniciou 2014 praticamente quebrada em termos financeiros, tendo de pagar as dívidas acumuladas das últimas temporadas. Mesmo o patrocínio da PDVSA não teria sido suficiente para recolocar o time no azul, razão pela qual a escuderia faltou à primeira sessão de testes da pré-temporada, e ainda se viu às voltas com um grande número de problemas, em decorrência das falhas das unidades de potência da Renault, bem como do novo modelo E22. E com duas corridas disputadas em 2014, ver a escuderia que no ano passado disputava pódios com frequência, agora tocando rodas com times como a Caterham e a Marussia, é de dar dó. Pior para Romain Grossjean, que esperava dar um salto em sua carreira sem ter a companhia de Kimmi Raikkonen no time, e também para Pastor Maldonado, que brigou para sair da Williams achando que o time não iria a lugar nenhum, e acabou caindo em Enstone num momento em que o time está andando para trás, sem conseguir nem performance e nem fiabilidade. A única salvação reside no boato de que a Renault pode recomprar o time de volta, o que solucionaria os problemas financeiros, mas até isso se confirmar, as perspectivas não são boas para as próxims corridas.

Punições na F-1: O novo sistema de "pontuação" das punições aos pilotos da F-1, e as penalidades previstas nas novas regras já começam a dar nos nervos de quem curte corridas. Pelos toques que andaram dando na corrida malaia, Kevin Magnussem e Jules Bianchi ganharam dois pontos na "carteira". E vale frisar que os toques foram apenas incidentais, coisa de corrida mesmo. E o que dizer de Daniel Ricciardo, que por ter sido soldo com uma das rodas frouxas, além de tomar um stop & go em Sepang, ainda vai perder 10 posições na largada do GP do Bahrein. Segurança é importante, mas as frescuras envolvendo atos aparentemente normais nas corridas está ganhando contornos doentios onde dali a pouco até espirar dentro do capacete pode dar uma punição, sob alegação de prejudicar a vista quando se espirra. Desse jeito, a F-1 vai virar um colégio de freiras...

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