Devido
à agenda corrida dos últimos fins de semana, apenas hoje deu para trazer a nova
edição da Cotação Automobilística, já atualizada com as últimas corridas disputadas
domingo. Então, vamos às avaliações, lembrando sempre que o esquema é EM ALTA
(caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor
vermelho-claro). Boa leitura a todos...
EM ALTA:
Equipe
Mercedes: O time de Stuttgart confirmou o que se esperava na pré-temporada: é o
carro a ser batido no mundial de F-1. Em duas corridas, duas poles e vitórias
praticamente de ponta a ponta, sem ter sido ameaçada efetivamente na luta pela
vitória tanto na Austrália quanto na Malásia. E ainda pode ter potencial para
andar ainda mais rápido, se houver necessidade, pois com o triunfo assegurado,
não foi preciso acelerar mais do que o necessário tanto em Melbourne quanto em
Sepang, e poupar o carro ainda é uma necessidade, em virtude das novas regras
técnicas, que ainda estão sendo dominadas por todos. O que pode complicar o
time é a briga interna de seus pilotos. Nico Rosberg se saiu bem na Austrália,
mas não teve a concorrência de Lewis Hamilton na prova; já na Malásia, o inglês
não seu chance ao parceiro de equipe. Uma hora os dois vão se estranhar, podem
apostar...
Equipe
Penske: O time de Roger Penske iniciou o campeonato 2014 da Indy Racing League
na frente, com uma vitória de Will Power em São Petesburgo, e fazendo a maioria
no pódio, com o 3º lugar de Hélio Castro Neves. O australiano parece ter se
recuperado completamente do mau campeonato realizado em 2013, e o brasileiro
continua andando forte, em que pese ter feito bobagem na última relargada da
corrida, quando perdeu o 2º lugar para Ryan Hunter-Reay, permitindo que o
americano o superasse. O ponto destoante foi Juan Pablo Montoya, que fez uma
estréia abaixo da expectativa, mas compensada pelo desempenho da dupla
Power/Castro Neves. Na briga contra a Ganassi, a Penske sai na frente, mas é
bom ficar atento à concorrência, que pode surpreender, como foi a pole de
Takuma Sato, e o próprio 2º lugar de Hunter-Reay, da Andretti Autosport.
Marc
Márquez: O atual campeão da MotoGP deu um show na etapa de abertura do
campeonato, no Catar, ao superar os reveses da perna quebrada em um acidente no
mês passado, para marcar a pole-position e vencer a corrida após um duelo
eletrizante com Valentino Rossi, que saiu do meio do pelotão para discutir a
vitória com o jovem espanhol. Para quem esperava aproveitar o momento de
aparente indisposição física do campeão, Márquez já deu o aviso: vai em busca
do bicampeonato, e segurem-no se puderem. Na primeira corrida, os rivais
fracassaram. Resta saber como irão se sair nas próximas etapas.
Novas
regras técnicas da F-1: Novos carros com novos motores e novos sistemas de
recuperação de energia. Todos diziam que a quebradeira de carros seria enorme,
e que teríamos panes secas nas provas. Com duas corridas disputadas, ainda há
algumas arestas para serem polidas, mas a alta qualidade técnica dos
engenheiros e projetistas da categoria máxima do automobilismo mostrou
novamente do que é capaz, e os bólidos 2014, se estão mais lentos do que em relação
aos de 2013, não é nenhuma diferença gritante, ainda mais se considerarmos que
os novos motores consomem 1/3 a menos de combustível em relação aos antigos
V-8, proporcionando ainda aos carros maiores velocidades em reta, e lembrando
que os carros deste ano são cerca de 50 Kg mais pesados do que os antigos. Como os
times ainda estão conhecendo seus novos equipamentos em ritmo de corrida, a
escalada de performance e solução de problemas com as novas tecnologias devem
aumentar com a progressão do campeonato. O saldo inicial é extremamente
positivo para a imagem da F-1 como desenvolvedora de tecnologia.
Novatos
da F-1 em 2014: As caras novas no grid da F-1 em 2014 já mostraram a que vieram
logo de cara: Kevin Magnussen estreou na McLaren subindo ao pódio, superando
seu companheiro de equipe Jenson Button, e mostrando consistência de um
veterano na pista. O dinamarquês só não repetiu a mesma exibição na Malásia em
virtude de um toque acidental com Kimmi Raikkonem, mas mostrou categoria e
velocidade. Já na Toro Rosso, Daniil Kvyat pontuou nas duas corridas,
alcançando os resultados que eram possíveis para o seu carro, e mostrando que
Jean-Éric Vergne vai ter um ano difícil como companheiro do jovem russo. Marcus
Ericsson infelizmente não conta muito, em parte maior pelo fato da Caterham
continuar sendo uma carroça, em parte por ter Kamui Kobayashi como companheiro
de equipe, um piloto que sempre anda muito, e já começa a impressionar mesmo
com o carro de Tony Fernandes, que pode vir a ser uma boa inspiração para o
sueco.
NA MESMA:
Felipe
Massa: Sem lugar na Ferrari, quando foi anunciada sua contratação pela
Williams, e depois dos bons resultados dos testes da pré-temporada, surgiu a
oportunidade de o brasileiro encontrar finalmente a redenção na F-1, expurgando
alguns fantasmas surgidos em seus últimos anos como piloto do time italiano.
Mas o ano começou com os mesmos velhos fantasmas querendo continuar a assombrar
Felipe: na Austrália, o seu tradicional histórico de azar em Melbourne o fez
ficar de fora da corrida logo na largada; e na Malásia, acabou ouvindo uma
reprise do pior momento de sua carreira, quando precisou ceder posição a
Fernando Alonso no GP da Alemanha de 2010. Só que desta vez Massa resolveu
endurecer e não cedeu, mas já vai ter algumas dores de cabeça que esperava ter
deixado para trás quando saiu da Ferrari. Para complicar a situação, a posição
de melhor carro depois da Mercedes já caiu por terra, e Felipe terá de
trabalhar duro para ter um ano melhor do que as projeções iniciais apontavam, para
não dizer que seu companheiro de equipe certamente vai ser o primeiro a
torpedeá-lo na primeira oportunidade que surgir. Depois dos anos escaldados na
Ferrari, Felipe precisa abrir o olho para que sua nova fase de carreira não
tome um rumo negativo novamente.
Equipe
McLaren: O time de Woking iniciou 2014 disposto a apagar a má impressão deixada
em 2013, quando ficou de fora do pódio e das vitórias pela primeira vez em
muitos anos. Ron Dennis reassumiu as rédeas da escuderia, tirou Martin
Whithmarsh do comando do time e colocou Eric Bouiller no lugar. Ainda que este
ano seja visto como de transição, esperando pela nova parceria com a Honda em
2015, o time inglês certamente teve uma boa estréia na Austrália, onde teve
seus dois pilotos classificados em 2º e 3º lugares, mas na Malásia tanto Jenson
Button quanto Kevin Magnussen estiveram longe da briga pelo pódio, sendo
superados até pela Red Bull, Ferrari e Force India, o que indica que o time
ainda precisa melhorar para voltar a vencer. Outro ponto que denota que a
situação da McLaren não é tão boa é a praticamente ausência de patrocinadores
no carro, reflexo um pouco da crise financeira mundial que espantou
patrocinadores potenciais, ora da postura arrogante de Ron Dennis, que teria
feito exigências descabidas para patrocinadores que na sua opinião não estariam
à altura de atenderem aos requisitos de excelência do grupo McLaren.
Equipe
Ferrari: Tudo indica que este pode ser mais um ano em que o time de Maranello
vai ficar na fila esperando ter uma chance de disputar o título. Além de não
conseguir andar no ritmo da Mercedes, a Red Bull, mesmo com seus problemas de
confiabilidade, já mostrou ter mais carro que o time italiano, que no momento,
só pôde contar mesmo com os resultados de Fernando Alonso, que vai fazendo o
que consegue. E Kimmi Raikkonem, pelo seu lado, vem tendo alguns azares que o
impediram de alcançar melhores colocações. Luca de Montezemolo pode ir
começando a ter seus chiliques de insatisfação e rebeldia mais uma vez...
Transmissão
da IRL na Bandeirantes: Depois de ser interpelada pela direção da Indycar por
quebra de contrato em relação ao cancelamento da etapa brasileira da categoria,
o Grupo Bandeirantes conseguiu se safar do pior costurando um acordo para
trazer de volta a etapa brasileira ao calendário, que agora será em Brasília, a
partir do ano que vem. De bônus, a empresa continuará transmitindo a categoria,
e pelo menos dando a oportunidade dos fãs brasileiros de automobilismo de
continuar acompanhando as corridas do certame. Resta saber se o fã terá
oportunidade de ver isso direito na TV aberta, uma vez que na transmissão da
etapa de abertura do campeonato, em São Petesburgo, apenas quem tinha o canal
pago Bandsports viu a prova na íntegra, enquanto a Bandeirantes mostrou apenas
parte da corrida em seu canal aberto. Vejamos o que acontece no restante do
campeonato...
Recuperação
da Indy Racing League: Depois que a F-Indy acabou em 2008 e sobrou apenas a
IRL, ainda não parece ser este o ano da recuperação da categoria. Apesar de
conseguir um novo patrocinador principal, e alguns times ostentarem novos
patrocínios, o certame perdeu duas escuderias neste campeonato, o que resultou
em pelo menos 3 carros no grid. Sem a Dragon, que preferiu ir para a nova
Fórmula E, e a Panther, que sem o patrocínio da Guarda Nacional praticamente
não iniciou o campeonato, apenas 22 pilotos alinharam no grid de São
Petesburgo. Ainda é cedo para dizer que a categoria está estagnada, pois
anunciou novas regras de pontuação para as provas de 500 milhas do calendário,
e um novo modo de classificação para a Indy500. Vejamos como repercutirá o GP
de Indianápolis, a ser disputado na pista mista do famoso circuito oval.
Infelizmente, a categoria continuará sem maiores novidades em termos de
equipamento: apenas Honda e Chevrolet fornecem motores, enquanto todos
continuam usando o chassi Dallara DW12 e os pneus da Firestone. Pelo menos
espera-se que o campeonato seja bem disputado, e que com isso possa atrair mais
parceiros, sejam tecnológicos, sejam financeiros, e com a entrada de novas
etapas de algumas pistas que deixaram saudades na antiga F-Indy, como Elkhart
Lake e Surfer's Paradise...
EM BAIXA:
Equipe
Williams: O time de Frank Williams encheu os olhos da torcida na pré-temporada,
com desempenhos constantes e estáveis. Ainda mostrou uma boa jogada
administrativa conquistando o respeitável patrocínio da Martini, e assegurando
patrocínios menores para formar um bom orçamento para a temporada, como os
acordos com a Petrobrás, e com a contratação de Felipe Nasr, trazendo o nome do
Banco do Brasil para o time. Mas se na Austrália o novo FW36 mostrou potencial
até para fazer o time voltar a pensar em disputar pelo menos pódios, na Malásia
a Williams andou para trás, incapaz de acompanhar o ritmo tanto de Mercedes quando
da Red Bull, que deu mostras de reação, e até mesmo de uma Ferrari e uma Force
India. Para piorar, o time ainda arrumou um imbróglio entre seus pilotos, com a
indicação de facilitação de ultrapassagem de Felipe Massa para Valtteri Bottas,
que vinha mais rápido, no que foi ignorado pelo brasileiro. Apesar de veloz, o
carro precisa de maior downforce, para permitir maiores ajustes de estabilidade
e flexibilidade frente às variáveis condições de pista, revelando-se vulnerável
às pistas molhadas. O ano que se esperava de volta às primeiras colocações pode
não ser tão animador como se esperava.
Equipe
Red Bull: O time das bebidas energéticas iniciou o pior campeonato desde que
passou a vencer corridas, em 2009, mais pelo que tem feito no aspecto esportivo
do que propriamente no aspecto técnico. Depois de enfrentar um sem-número de
problemas na pré-temporada, onde mal conseguia dar várias voltas em sequência,
o time tetracampeão mundial mostrou tanto na Austrália quanto na Malásia já ter
dado passos largos para voltar a disputar as primeiras posições, com Daniel
Ricciardo a ser um 2º lugar convincente em Melbourne, e Sebastian Vettel a ser
o melhor do “resto” em Sepang. Mas a escuderia pecou pela soberba no caso do
fluxômetro de combustível, mesmo após ser advertida pela FIA sobre o problema,
e acabou vendo Ricciardo desclassificado na Austrália. E na Malásia, o time
ainda cometeu falha no pit stop do australiano, que acabou por arruinar a
corrida do piloto, que ganhou punição no grid para a etapa seguinte, no Bahrein.
Para piorar, Dietrich Mateschitz criticou as novas regras técnicas adotadas,
dando a entender que poderia até deixar a F-1. O sucesso talvez tenha feito mal
à Red Bull, que parece ter sentido a pressão de não ser mais o time a ser
batido, e começou a chorar de barriga cheia, pois não está tão ruim quanto
todos imaginavam.
Equipe
Panther: O time da Indy Racing League praticamente ficou de fora do início do
campeonato, mostrando que a perda do patrocínio da Guarda Nacional americana
foi um baque mais forte do que poderia imaginar. Além de ter ficado de birra
com a Rahal/Letterman/Lannigan, que abocanhou o patrocínio, prometendo ir à
justiça reclamar perdas e danos, o time falhou feio na sua organização
financeira, pois depender apenas de um único patrocinador é um claro sinal de
mau planejamento e falta de visão, por não evitar que a perda do patrocinador
principal inviabilizasse sua participação no campeonato. Com isso, a IRL perde
mais um time para o certame de 2014,e que era o mais antigo de seu campeonato,
criado e presente desde que o certame teve início, em 1996.
Equipe
Lotus: Time que ajudou a dar uma sacudida no campeonato de F-1 nos últimos dois
anos, a Lotus iniciou 2014 praticamente quebrada em termos financeiros, tendo
de pagar as dívidas acumuladas das últimas temporadas. Mesmo o patrocínio da
PDVSA não teria sido suficiente para recolocar o time no azul, razão pela qual
a escuderia faltou à primeira sessão de testes da pré-temporada, e ainda se viu
às voltas com um grande número de problemas, em decorrência das falhas das
unidades de potência da Renault, bem como do novo modelo E22. E com duas
corridas disputadas em 2014, ver a escuderia que no ano passado disputava
pódios com frequência, agora tocando rodas com times como a Caterham e a Marussia,
é de dar dó. Pior para Romain Grossjean, que esperava dar um salto em sua
carreira sem ter a companhia de Kimmi Raikkonen no time, e também para Pastor
Maldonado, que brigou para sair da Williams achando que o time não iria a lugar
nenhum, e acabou caindo em Enstone num momento em que o time está andando para
trás, sem conseguir nem performance e nem fiabilidade. A única salvação reside
no boato de que a Renault pode recomprar o time de volta, o que solucionaria os
problemas financeiros, mas até isso se confirmar, as perspectivas não são boas
para as próxims corridas.
Punições
na F-1: O novo sistema de "pontuação" das punições aos pilotos da
F-1, e as penalidades previstas nas novas regras já começam a dar nos nervos de
quem curte corridas. Pelos toques que andaram dando na corrida malaia, Kevin
Magnussem e Jules Bianchi ganharam dois pontos na "carteira". E vale
frisar que os toques foram apenas incidentais, coisa de corrida mesmo. E o que
dizer de Daniel Ricciardo, que por ter sido soldo com uma das rodas frouxas,
além de tomar um stop & go em Sepang, ainda vai perder 10 posições na
largada do GP do Bahrein. Segurança é importante, mas as frescuras envolvendo
atos aparentemente normais nas corridas está ganhando contornos doentios onde
dali a pouco até espirar dentro do capacete pode dar uma punição, sob alegação
de prejudicar a vista quando se espirra. Desse jeito, a F-1 vai virar um
colégio de freiras...
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