Interlagos sedia novamente a Corrida do Milhão, fechando o ano da Stock Car. |
Fim
de ano chegando, e o ano automobilístico praticamente encerrado, é hora de
escrever a última coluna de 2013, e partir para o merecido descanso de fim de
ano, pois este foi um ano realmente corrido em vários aspectos, e alguns campeonatos
infelizmente não empolgaram como deveriam, o que transformou a tarefa de
acompanhá-los em um teste de paciência, por vezes nem sempre fácil de lidar.
Então vamos dar alguns comentários sobre os últimos acontecimentos do mundo do
automobilismo ocorridos nos últimos dias, fechar o PC e descansar para retornar
com tudo em 2014...
Neste
final de semana temos o encerramento da Stock Car nacional, com a famosa
Corrida do Milhão, em
Interlagos. Além da disputa pelo título de 2013, restrita a
Thiago Camilo, o líder, com 185 pontos, Daniel Serra, o vice-líder, com 181,
Ricardo Maurício, com 178 pontos, e Cacá Bueno, com 160 pontos, a prova terá a
participação especial de Bruno Senna, que competirá como piloto convidado, a
exemplo do que ocorreu em edições anteriores da Corrida do Milhão, que teve nos
últimos anos a presença de Rubens Barrichello, e do canadense Jacques
Villeneuve. Bruno competirá pela GT Competições, mas ainda não definiu seu
futuro em 2014. Opções são continuar na Endurance, onde obteve 3 vitórias este
ano, e até mesmo o campeonato da Indy Racing League, onde disputaria apenas as
provas em pistas mistas, não participando das corridas em ovais.
Dentro
da pista, os candidatos à luta pelo título prometem uma boa briga. A pontuação
dobrada da etapa incita os pilotos: Daniel Serra venceu 3 corridas este ano, e
quer fechar o campeonato com mais um triunfo e o título, logicamente; Thiago
Camilo, por sua vez, não tem margem de pontos que lhe permita correr apenas por
resultados: precisa da vitória acima de tudo. Para ambos, é tudo ou nada. Um
pouco mais atrás, Ricardo Maurício também só pode pensar na vitória, e ainda
precisa que seus rivais à frente na pontuação não fiquem imediatamente atrás de
sua posição final, pois mesmo em caso de empate nos pontos, por ter apenas 1
vitória, já fica em desvantagem no desempate. E não se pode esquecer de Cacá
Bueno, que certamente vai querer terminar o ano na frente. Com 160 pontos e 2
vitórias no ano, o piloto da Red Bull/Mattheis estaria fora matematicamente da
briga pelo título, não fosse a pontuação dobrada da etapa final, mas nem por
isso vai pensar menos em
vencer. Resta saber que estratégia o time usará na prova, uma
vez que Daniel Serra está melhor no páreo. Mas certamente dentro da pista vai
ser cada um por si...
E
a parceria de Andrea Mattheis e a Red Bull vai durar um bom tempo, tendo sido
anunciado esta semana sua renovação até o fim de 2016, o que inclui os
contratos de seus dois pilotos. Assim, tanto Cacá Bueno quanto Daniel Serra
também estão garantidos no time por mais 3 temporadas. Desde o início da
parceria, a Red Bull/Mattheis já conquistou 3 títulos com Cacá Bueno, e ainda
pode levar o troféu de 2013 com Daniel Serra. Nada mal...
E
a Stock aproveitou também para divulgar seu calendário de 2014, que terá
novamente 12 etapas, com um intervalo de dois meses no meio, para não bater de
frente com a Copa do Mundo. A primeira corrida será dia 23 de março, em
Interlagos, passando no dia 13 de abril em Santa Cruz do Sul, e
depois no dia 27 de abril em
Goiânia. Em 1° de junho, corre em Ribeirão Preto, e
então temos a pausa provocada pelo futebol. O retorno é apenas no dia 3 de
agosto, com a Corrida do Milhão, em local ainda a ser definido. Seguir-se-ão as
etapas de Cascavel (17.08), Curitiba (31.08), Velopark (14.09), Salvador
(28.09), Curitiba (12.10), Tarumã (02.11), e o encerramento em Brasília no dia
16 de novembro. O esquema de transmissão continuará sendo o mesmo deste ano,
com o campeonato passando de forma integral no SporTV, com apenas as provas de
abertura, do Milhão, e do encerramento sendo exibidas pela TV Globo.
Na
Fórmula 1, as equipes Lotus e Force Índia fecharam seus pilotos para 2014. Como
todos já imaginavam, o dinheiro do grupo Quantum revelou-se uma miragem do
deserto, e o time de Enstone confirmou o venezuelano Pastor Maldonado como
companheiro de Romain Grossjean na próxima temporada. Mas segundo os
comentários, o buraco negro (literalmente) de dívidas do time estaria tão
grande que possivelmente nem mesmo o polpudo patrocínio da PDVSA trazido por
Maldonado poderá evitar um colapso financeiro na escuderia. A situação é tão
grave que até o presente momento nem mesmo motor eles têm garantido para o
próximo ano. E ainda tem uma bela conta pendurada dos salários não pagos de
Kimi Raikkonem desta temporada, que podem apostar, o finlandês vai cobrar para
receber, nem que seja na justiça. Tudo indica que o futuro da escuderia pode
ser totalmente incerto em 2014, e olha que ainda nem cheguei a comentar os
desfalques na área técnica que trocaram para outros times...
Se
a Lotus virou um ponto de interrogação, por outro lado a Force Índia já definiu
sua dupla do próximo campeonato. Nico Hulkenberg retorna ao time de Vijay
Mallya, e terá a seu lado o mexicano Sérgio Perez. Se Nico tinha esperanças maiores
na Lotus, as agruras financeiras de Enstone podem ter lhe poupado de um
possível calvário em 2014. Não que a Force Índia seja um time sem alguns
percalços financeiros, mas perto do que anda acontecendo em Enstone, a
escuderia indiana sediada ao lado do circuito de Silverstone neste momento
parece um porto muito mais seguro e sólido para deitar âncora, teoricamente
pelo próximo campeonato. Desde que estreou como dono de equipe, Vijay Mallya
pelo menos deixou a escuderia firme no bloco intermediário, e isso não é pouca
coisa. Este ano, não fosse a mudança dos pneus Pirelli para o retorno à banda
de revestimento usada em 2012,
a Force Índia poderia ter terminado o ano em posição
muito melhor, tendo sido o principal time a perder rendimento com os novos "velhos"
pneus. E Sérgio Perez tem agora um passo atrás na carreira: depois de perder a
vaga na McLaren, que mesmo tendo um ano ruim, ainda era uma equipe de ponta, o
mexicano agora tem a oportunidade de reconstruir sua reputação, momentaneamente
abalada pela dispensa do time de Woking. Verdade que a McLaren deu uma forcinha
para Perez encontrar seu lugar, mas como Martin Whitmarsh disse, cabe a Sérgio
provar que o time errou ao dispensá-lo. Se Perez manter o foco, deve conseguir
fazer isso sem maiores problemas, só precisa tomar cuidado para não bater rodas
com Hulkenberg na pista: se isso já é meio chato em time de ponta, em equipe
média, que precisa de todo resultado que puder conseguir, ver seus dois pilotos
e disputa potencialmente fraticida na pista é uma atitude suicida...
E
a Sauber confirmou a contratação de Adrian Sutil para capitanear o time em
2014. Sobre a outra vaga, nada está definido. Esteban Gutiérrez é o favorito
para permanecer, graças ao patrocínio de Carlos Slim, uma vez que o negócio com
as empresas russas está tão firme e certo quanto o da Quantum com a Lotus. Ainda
pode pintar grana na parada, mas o jovem russo Sergei Sirotkin, que deveria ser
um dos titulares, deve ficar mesmo apenas como piloto reserva, e aproveitar
para andar nos treinos livres, a fim de pegar o jeito da coisa. Mas se comenta
que a Marussia poderia unir-se à Sauber, pois o pequeno time, que já foi a
Virgin quando estreou em 2010, e atualmente tem "raízes" russas, pode
não ter recursos para disputar o campeonato do ano que vem.
Agora,
ridículo mesmo foi a decisão da FIA de dobrar a pontuação da prova de Abu Dhabi
em 2014, e tentar fazer da corrida um megaencerramento de temporada. Dizem que
rolou grana preta nos bastidores, para que a corrida em Yas Marina voltasse a
encerrar o campeonato. Até aí, dá para engolir. Agora, dobrar a pontuação, já
foi forçar a barra. Certo, tem categorias que já adotam isso, inclusive nossa
Stock Car, que terá na sua Corrida do Milhão de domingo o lance da pontuação em dobro. Mas a corrida já
tem uma promoção diferenciada, com uma premiação singular, e todo um marketing,
que tenta vender esta etapa como algo "a mais", que na minha opinião
ainda precisa muito ser melhorado. Na F-1, por outro lado, não vejo como a
prova no Oriente Médio ter um diferencial para justificar tal ato. Será que
isso vai ser permanente, ou uma experiência? Se a intenção é tentar prolongar a
disputa do título até o fechamento do campeonato, é um cheque totalmente sem
fundos: neste ano, não mudaria nada na luta pelo título.
Todas
as corridas para mim têm de ser vistas com pesos iguais no regulamento. Nunca
engoli esse lance de pontuação dobrada, e uma das coisas mais ridículas que
vejo é lance do "chase" da Nascar, que nas provas finais, dá uma
pontuação extra apenas aos pilotos mais bem colocados na classificação, como
forma de dar mais emoção ao campeonato. Na minha opinião, isso desequilibra as
etapas, que deveriam oferecer oportunidades iguais para todos tanto quanto possível.
Por natureza, o automobilismo já é um esporte desigual, onde sempre haverá
times bons e/ou grandes, e times pequenos e/ou ruins. Um título é um trabalho
em conjunto, que deve ser construído desde a primeira corrida do ano, e sendo
desenvolvido durante toda a competição. Não ligo de no marketing, certas
corridas, por tradição ou popularidade, terem um tratamento diferenciado na sua
promoção, desde que dentro da pista isso não seja motivo para dois pesos e duas
medidas. No certame da Indy Racing League, ninguém duvida que as 500 Milhas de Indianápolis
é a corrida do ano, a mais famosa e popular disparada, contando com uma premiação
singular. Só que na pista, a pontuação é a mesma de todas as outras etapas, sem
nenhum privilégio a mais. Só o número de pilotos que largam é diferenciado: 33,
contra geralmente 24 ou 26 nas demais provas.
Na
F-1, se tem provas que pela popularidade devem ser relevadas, mas apenas fora
da pista, estas provas certamente são Mônaco, Itália, e Inglaterra, estas duas últimas
disputadas em circuitos míticos do esporte a motor, Monza e Silverstone, que
merecem toda reverência, da mesma maneira como Monte Carlo tem seu charme único
no calendário da F-1. Mas, na pista, tudo é igual às outras corridas, como deve
ser sempre. Mesmo que a corrida final fosse aqui em Interlagos, uma pista muito
mais carismática e desafiadora, eu não gostaria desse lance de pontuação em dobro. E Yas Marina merece
muito menos. O circuito é lindo, do lado de fora, claro, e mesmo no papel, o
desenho da pista é interessante. Mas todas as provas disputadas até hoje lá
raramente empolgaram equipes e pilotos. O único ponto interessante é a corrida
começar ao fim do dia e terminar à noite, caso único na F-1. Mas é só. Na ânsia
de tentar arrumar novidades, a cartolagem do automobilismo sempre tem o hábito
de meter os pés pelas mãos. Geralmente, é Bernie Ecclestone quem surge com
alguma idéia boba, como foi o lance de "medalhas" para definir o
campeão, proposto há alguns anos. Mas desta vez, quem teve a infeliz idéia sem
noção foi mesmo a FIA. Depois dessa, fico já com receios do que esperar de
2014, que estava dando tanta expectativa boa...
Sebastian
Vettel foi um dos que acharam a idéia estúpida, assim como os promotores de
diversos outros GPs, por se sentirem obviamente preteridos e temendo que suas
provas sejam desprestigiadas com tal mudança nas regras. Claro, tem gente a
favor, mas até o presente momento, a turma do contra é bem mais numerosa do que
os a favor de tal mudança. Enfim...
Bem,
2013 já vai indo embora, e só posso desejar que 2014 não dê motivos para sentir
saudades deste ano. Até o ano que vem, para mais uma temporada de emoção e
velocidade. Boas Festas para todos!
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