quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - OUTUBRO DE 1996 - 25.10.1996



            Bem, cá estou novamente com mais uma antiga coluna na seção Arquivo. Nesta, datada de 25 de outubro de 1996, o assunto era o anúncio oficial da estréia da nova equipe de Jackie Stewart na F-1, para a temporada de 1997, com os pilotos Jan Magnussen e Rubens Barrichello. O time teve vida breve na F-1, durando apenas 3 temporadas, antes de ser comprado pela Ford, e transformado na equipe Jaguar. Alguns anos depois, sem conseguir resultados à altura dos investimentos, o time foi vendido para a Red Bull, que hoje se tornou o time a ser batido na F-1. Durante essas 3 temporadas, apenas na última o time começou a despontar como força a ser considerada, tendo passado os dois primeiros anos mais quebrando do que terminando as provas. Com os bons resultados colhidos em 1999, Barrichello acabou contratado pela Ferrari para a temporada seguinte, mas isso já é outra história. De quebra, alguns tópicos rápidos sobre outros acontecimentos daquela semana no mundo da velocidade. Uma boa leitura, e em breve tem mais...


NOVOS ARES

            Nesta semana, em São Paulo, o tricampeão Jackie Stewart fez o anúncio oficial de sua dupla de pilotos para a temporada de estréia de sua equipe na F-1 em 1997. Como já se esperava, os pilotos serão Jan Magnussen e Rubens Barrichello. O tricampeão escocês nunca escondeu sua admiração pelo talento dos pilotos brasileiros e tem plena confiança no trabalho de Rubinho, que ultimamente parecia sofrer de descrédito geral no seio da F-1. Uma frase de Stewart, tentando explicar o talento de nossos pilotos, ficou famosa: “Deve ser a água que eles bebem.” Dizem que o melhor motivo para Stewart admirar nossos pilotos foi o fato de ter sido derrotado em 1972 por Émerson Fittipaldi. Aquela foi uma temporada cheia de disputas entre o escocês e o brasileiro na F-1.
            E a nova Stewart Racing, que teoricamente pode parecer um passo atrás na carreira de Barrichello, na verdade é um passo à frente. O ambiente na Jordan já estava bastante desgastado. Não apenas a confiança do time em Rubinho já não era a mesma, mas a própria equipe Jordan dava nítidos sinais de fadiga de material. Pelo segundo ano consecutivo, a escuderia mostrou potencial para subir para o time das equipes de ponta da F-1, e pelo segundo ano seguido, os resultados ficaram muito aquém do esperado. Este ano, a Jordan até que começou muito bem, com um excelente desempenho de Barrichello em Interlagos, seguido de boas atuações na Argentina , Alemanha (Nurburgring) e San Marino. Mas acabou ficando nisso. As outras escuderias desenvolveram seus carros, enquanto a Jordan foi ficando para trás. Pior, a mudança na área de engenharia da equipe a meio da temporada, com vistas a dar mais agilidade à área técnica, deixou o time ainda mais para trás em termos de performance. Ligier e Sauber, que se encontravam abaixo da Jordan, passaram a competir com os carros de Martin Brundle e Rubens Barrichello, não apenas em classificação, mas também na corrida, e superando-os.
            Para Rubinho, a nova equipe trará ares novos, muito necessários ao piloto brasileiro. No ambiente desgastado da Jordan não se poderia esperar muito mais. E um ambiente novo é tudo o que Rubinho precisa para fazer o seu talento brotar novamente. Só para exemplificar, Nélson Piquet também passou por dois anos desgastantes na Brabham, 1984 e 1985, onde a equipe estava numa descendente, sem conseguir bons resultados, e outros dois anos ainda piores, 1988 e 1989, na Lótus.
            E Jackie Stewart também não está na F-1 para brincar. E o escocês começou muito bem: tem o apoio oficial da Ford, da qual será a equipe oficial, por 5 anos, com direito a usar todas as melhores e mais novas versões dos motores desenvolvidos pela Cosworth. Tem bons patrocinadores que garantirão um orçamento de renome e um corpo técnico que reúne excelentes profissionais do ramo automobilístico. Sem falar no excelente trânsito de Stewart entre todos no meio da F-1, e seu carisma de campeão e empreendedor incansável. E tudo isso são ingredientes muito importantes hoje em dia na F-1.
            Eddie Jordan também já teve ares melhores, especialmente quando estreou na F-1. Mas, de lá para cá, o entusiasmo vibrante de Jordan parece ter decaído junto com sua escuderia. A Jordan quer ser grande, quando ainda é pequena. Já a Stewart quer se firmar na F-1 antes de tentar vôos mais ousados. A temporada de 97 ainda é uma incógnita, e o potencial do time só poderá ser avaliado assim que começarem os testes do carro, que deverá ser apresentado em dezembro, em Londres. No quesito piloto, Magnussen e Barrichello são nomes fortes. Têm talento de sobra para mostrar. Só precisam de um lugar decente para isso. E é o que Jackie Stewart pretende lhes dar. Pra não mencionar que ambos poderão aprender muito com o que o velho tricampeão tem a ensinar.
            Em todo o caso, a estréia da nova Stewart Racing é algo comemorado no meio da F-1. Assim como a Jordan, em 91, trouxe novos ares à categoria, espera-se que a nova equipe do velho Jackie repita o feito conseguido por Eddie Jordan, em 97. Boa sorte, velho campeão!


Comentário à solta no paddock de Suzuka, após a corrida do GP do Japão de F-1: Jacques Villeneuve perdeu sua melhor chance de ser campeão; em 1997, a parada vai ser muito mais dura, não só por parte da concorrência, como por parte da própria Williams, que contratou Heinz-Harald Frentzen, que é considerado muito melhor piloto do que o inglês Damon Hill...


Definido o calendário 97 da F-Indy. O certame terá 17 etapas no próximo ano, assim distribuídas:

DATA
PROVA
DATA
PROVA
02/03
Miami
13/07
Cleveland
06/04
Austrália
20/07
Toronto
13/04
Long Beach
27/07
Michigan
27/04
Nazareth
10/08
Mid-Ohio
11/05
Brasil
17/08
Road America
24/05
Madison
31/08
Vancouver
01/06
Milwaukee
07/09
Laguna Seca
08/06
Detroit
28/09
Fontana
22/06
Portland




A Lola anuncia sua volta à F-1 já em 97. Depois de sua última e frustrada tentativa de competir na categoria, em 1993, a Lola resolveu investir alto no projeto de F-1. Os planos da fábrica, que atua também na F-Indy, são de competir com o motor Ford V-8 EC, atualização do velho ED desta temporada, que está sendo desenvolvido pela Cosworth, e correr com um motor V-10 de concepção própria em 98. Os projetos já se encontram em desenvolvimento e a fábrica procura pilotos para a nova escuderia. Um dos mais cotados é o brasileiro Ricardo Rosset.


Rosset, aliás, está negociando com a Minardi, Tyrrel e Sauber. As melhores chances são na Tyrrel, mas a concorrência está forte. Tarso Marques é outro brasileiro na parada tentando achar uma vaga para 97...


Fim de temporada no mundial de Motovelocidade. Após o GP da Austrália, que encerrou o campeonato, domingo passado, Alexandre Barros ficou em 4º lugar no campeonato das 500cc, sua melhor performance desde que começou a competir na categoria. Barros ficou atrás apenas de Michael Doohan, Alex Crivillé e Lucca Cadalora...


Enrique Bernoldi encerrou o campeonato internacional de F-Renault com chave de ouro: vitória na última etapa, em Magny-Cours. Foi sua 7ª vitória no ano, onde já era campeão por antecipação. Já Mário Haberfeld acabou tendo vários azares na reta final e terminou o campeonato em 5º lugar.


Jorg Müller, campeão da F-3000 Internacional, já definiu seu futuro em 1997: irá para a F-Indy. A decisão pegou muita gente de surpresa. O piloto alemão também declarou não ter planos de ir para a F-1...


E, voltando a falar da F-Indy, a CART resolveu mudar as corridas em ovais curtos para 97. As provas de Nazareth e Milwaukee, que tinham 200 milhas de percurso, passarão a ter 240 milhas. O objetivo é dar mais tempo de corrida aos expectadores...


Ainda sobre a Indy: Maurício Gugelmim começou esta semana os testes com os pneus Firestone, que serão usados pela PacWest no próximo ano. O brasileiro ficou impressionado com o desempenho dos compostos, que mostraram performance muito superior aos Goodyear, além de muito mais durabilidade. Bons indícios do potencial a ser utilizado na próxima temporada...
 

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