Trazendo
alguns textos antigos para fechar o ano, eis esta coluna publicada em 11 de
outubro de 1996, trazendo como tema a decisão do campeonato de Fórmula 1
daquele ano, em uma das melhores pistas do calendário, que felizmente continua
presente até hoje: Suzuka, no Japão. Uma boa leitura, e em breve tem mais
textos antigos...
RETA
FINAL: SUZUKA
Enfim,
a Fórmula 1 está em sua derradeira etapa do mundial de 1996. E o palco não
poderia ser melhor: Suzuka, onde é realizado o Grande Prêmio do Japão. Na minha
escala dos circuitos que compõem o calendário da categoria, Suzuka só fica
atrás de Spa-Francorchamps e Monza. Aquele por ser o mais desafiador circuito
do calendário, este por sua atmosfera única. Suzuka é da mesma estirpe que Spa,
embora em um plano um pouco inferior. Há curvas para todos os gostos,
entremeados por boas retas e excelente traçado, onde a pista chega a passar por
cima dela mesma.
Tecnicamente,
o circuito exige um bom equilíbrio dos carros pela grande variedade de curvas,
enquanto em outros trechos a força do motor tem grande importância. Dependendo
do tipo de situação, até ultrapassar torna-se difícil aqui nesta pista. Muitas
vezes, o braço do piloto faz a diferença. Outro detalhe que geralmente acaba
complicando a corrida é o clima. Vez por outra, a chuva vem sem aviso, enquanto
em outras ocasiões ela sempre ameaça mas não cai, confundindo equipes e
pilotos.
O
Grande Prêmio do Japão é um dos GPs mais recentes do calendário. Até agora,
foram disputadas 11 provas em terras japonesas, fora os dois GPs do Pacífico
realizados no circuito de Ainda, também no Japão. O primeiro GP foi disputado
em 1976, no circuito de Monte Fuji. A prova, que encerrou o mundial daquele
ano, foi vencida por Mario Andretti, da Lótus, em meio a uma chuva torrencial,
e decidiu, pela primeira vez em terras do Sol Nascente, o título da F-1, em
favor de James Hunt, que chegou em 3º lugar e superou Niki Lauda por 1 ponto no
campeonato. Em 1977, a prova foi vencida por James Hunt.
Seguiu-se
uma longa ausência, e o GP do Japão só retornou em 1987, agora no moderno
autódromo de Suzuka, não por coincidência de propriedade da Honda, então
fornecedora do melhor motor motor da categoria, equipando os times Williams e
Lótus. E, como em 1976, a prova japonesa novamente decidiu o campeão da
temporada, Nélson Piquet. Com o violento acidente de Nigel Mansell nos treinos,
impossibilitando-o de disputar a prova, Piquet conquistou o tricampeonato, e
deu à Honda o seu primeiro título de pilotos na F-1.
O
GP do Japão, aliás, é privilegiado no que tange à decisão de títulos da F-1.
Nunca um GP foi palco de tantas decisões em tão pouco número de provas
realizadas, à exceção, é claro, do GP do Pacífico, que também viu uma decisão
de título em uma de suas duas realizações. Contando com a corrida deste ano,
que também definirá o campeão da temporada, já que é a última etapa do
campeonato, serão 12 corridas e 7 delas com decisão de título, um índice de
decisões de aproximadamente 58,34 % dos GPs realizados. Para os japoneses, foi
um delírio só. A F-1 conquistou os japoneses a partir de 1987 e os novos fãs
nipônicos do automobilismo tiveram como grandes ídolos especialmente os
campeões brasileiros Nélson Piquet e Ayrton Senna. Piquet deu o primeiro título
de pilotos `fábrica da Honda, e Senna continuou a saga de vitórias da Honda. Em
1988, também em Suzuka, Ayrton conquistou seu primeiro mundial, e o 2º título
de pilotos consecutivo para a Honda, em uma corrida sensacional que até hoje
cada fã japonês deve se lembrar nos mínimos detalhes.
Em
1989 e 1990, ambos os títulos também se decidiram em Suzuka, mas de forma
lamentável: Alain Prost e Ayrton Senna bateram em si mesmos durante a corrida.
Em 89, Prost fechou Senna quando o brasileiro tentava ultrapassá-lo na chicane
antes da reta dos boxes. Senna ainda retornou à corrida e a venceria, mas foi
desclassificado por cortar caminho na chicane, e Prost ficou então com o
título. Em 90, foi a vez de Senna dar o troco no francês, que se encontrava em
situação inversa à de 89. E a batida acabou dando o bicampeonato a Senna. Em
1991, último ano em que
Suzuka decidiu um título até a etapa deste ano, tivemos uma
luta limpa entre Senna e Nigel Mansell, e o brasileiro levou a melhor, quando
Mansell acabou saindo da pista.
De lá para cá,
houve algumas boas corridas, mas não uma nova decisão de campeonato, o que
volta a acontecer somente agora. Mas Suzuka continua com seu charme. É verdade
que o ânimo dos japoneses diminuiu um pouco com a morte de Senna, mas este
ainda é o único GP do mundo onde os ingressos são sorteados entre os
compradores: mais de 1 milhão se credencia para o sorteio dos ingressos, já que
a lotação do autódromo fica em 200 mil pessoas. O preço é salgado, como
qualquer coisa no Japão, mas nem por isso os japoneses se desanimam. Muito pelo
contrário, a Honda, que saiu da F-1 em 1992, já até prepara o seu retorno à
categoria em breve. A
concorrência que se prepare...
Ayrton Senna e Gerhard Berger são os maiores vencedores do GP do Japão,
com 2 vitórias cada um. Senna venceu em 1988 e 1993; Berger em 1987 e 1991. Os
demais só venceram 1 vez: Mario Andretti (1976), James Hunt (1977), Alessandro
Nanini (1989), Nélson Piquet (1990), Riccardo Patrese (1992), Damon Hill (1994)
e Michael Schumacher (1995). Por equipes, a McLaren é a maior vencedora da
prova, com 4 triunfos (em 1977, 1988, 1991 e 1993); a Benetton obteve 3
triunfos (1989, 1990 e 1995). A Williams contabiliza 2 vitórias (1992 e 1994),
e as demais escuderias apenas 1 vitória: Ferrari (1987) e Lótus (1976).
Ralf Schumacher já começou a testar a Jordan. Foi no Estoril, semana
passada. Depois de muitas voltas, seu melhor tempo foi 0s3 mais lento que o
tempo de Rubens Barrichello no grid de largada do GP de Portugal. Ralf criticou
os pilotos do time, dizendo que o carro não é tão ruim como eles dizem. Mais:
enalteceu Martin Brundle e criticou Barrichello, dizendo abertamente que
prefere ter o inglês como colega de equipe. Com certeza, Michael Schumacher já
deve ter avisado o irmão caçula de que o brasileiro é jogo duro, ao contrário
de Brundle, que só oferece muita resistência em dias inspirados, o que não é
muito freqüente.
Comentário no meio da F-1 sobre a decisão em Suzuka: Damon Hill, que
tem 9 pontos de vantagem sobre Jacques Villeneuve e só precisa de um 6º lugar
para conquistar o título, está com a faca e o queijo nas mãos. Resta saber se
ele não vai acabar se cortando com a faca ou ficar engasgado com o queijo...
Definido o primeiro dos pilotos da equipe Stewart de F-1: Jan Magnussen
vai pilotar um dos carros de Jackie Stewart em 97. O colega de equipe do
dinamarquês deverá ser Rubens Barrichello, que já está mantendo contatos fortes
com Jackie Stewart neste sentido. Rubinho, entretanto, ainda é muito cotado
para ficar na Jordan. E continua a dança dos pilotos para 97: Pedro Paulo Diniz
está cotado para ser o companheiro de Damon Hill na TWR-Arrows em 97. Diniz
levaria o vultoso patrocínio da Parmalat para a escuderia. A hipótese de ficar
na Ligier perde força com a nova direção da equipe, que prefere ter dois
pilotos franceses. Olivier Panis já renovou para 97.
O piloto português Pedro Lamy teve um susto tremendo no Estoril: bateu
forte com sua Minardi numa das curvas fechadas do circuito e por pouco não teve
conseqüências mais sérias. Felizmente, os danos foram só materiais: não sobrou
muita coisa que pudesse se aproveitar de sua Minardi após a batida, contudo.
Lamy, já recuperado, corre em Suzuka.
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