Mais
uma postagem da seção Arquivo hoje para aqueles que gostam de ler meus antigos
textos. Este é do dia 18 de outubro de 1996, comentando sobre a conquista do
título daquele ano por Damon Hill, que soube usar sua melhor oportunidade para
ser campeão, e o fez com grande estilo, conquistando 8 vitórias no ano. Como já
era de praxe na Williams, o time o dispensou para o ano seguinte, como já tinha
perdido seus campeões anteriores, Nélson Piquet e Nigel Mansell. Sua
substituição por Heinz-Harald Frentzen fazia todo o sentido, pelas análises
sobre o talento de Frentzen frente a Hill, tido por muitos como apenas um
piloto "normal" que guiava um grande carro. O destino, entretanto,
foi de certa parte decepcionante. Para Hill, seria o início de sua despedida na
F-1, pois raramente dali em diante ele voltaria a ser protagonista de uma
corrida. De quebra, vários tópicos rápidos sobre outros acontecimentos na
semana. Uma boa leitura para todos...
E HILL CHEGOU LÁ...
Damon
Hill conseguiu! Depois de fracassar nos dois anos anteriores, desta vez o
inglês não deixou escapar a chance. E o fez em grande estilo: com vitória de
ponta a ponta no Grande Prêmio do Japão, em Suzuka. Jacques
Villeneuve, que vinha crescendo no campeonato, acabou
sucumbindo no momento decisivo da luta pelo título. O canadense reagiu tarde
demais, e ao chegar a Suzuka, a vantagem de 9 pontos de Damon Hill já
estabelecia que o título estava praticamente nas mãos do inglês. Só um desastre
inverteria as chances a favor de Villeneuve.
O
canadense, contudo, foi à luta, dominando a sessão de classificação para o grid
de largada. Hill parecia incapaz de reagir ao aparente domínio de Jacques nos
treinos, mas conseguiu se recompor o suficiente para largar na primeira fila:
era o indício de que Villeneuve havia ganho uma batalha, mas perderia a guerra.
Na largada, Damon Hill assumiu a dianteira, que não largaria mais até o fim da
corrida, enquanto seu companheiro de equipe fazia um péssimo arranque e perdia
5 posições, tendo de iniciar uma prova de recuperação.
Hill,
entretanto, estava decidido a vencer, e rechaçou o ataque de Gerhard Berger na
chicane antes da reta dos boxes, fechando a porta para o piloto austríaco da
Benetton, que perdeu o bico do carro na freada, tendo de ir ao Box para
reparos. Hill ditava o comando da corrida, mantendo uma boa margem de segurança
para os demais, inclusive nos pit stops.
Para
Jacques Villeneuve, à medida que a corrida prosseguia, suas chances de título
diminuíam na mesma proporção: além de não conseguir ultrapassar Mika Hakkinem
na luta pela 3ª posição, não mostrava fôlego para alcançar Hill. Tudo acabou na
36ª volta, quando uma das rodas traseiras do Williams do canadense
desprendeu-se do carro, ocasionando o abandono do filho de Gilles Villeneuve.
Acabou ali a luta pelo título mundial.
Na
frente, Hill não se deu conta disso, e seguiu firme e seguro para a vitória na
prova, a sua 8ª no ano, e fechando com chave de ouro a sua conquista do título.
No pódio, o filho de Graham Hill era o mais contente de todos, por motivos
óbvios. E, na entrevista coletiva, ganhou elogios até de Michael Schumacher,
parabenizando-o pelo campeonato de 1996. Um reconhecimento que, sem dúvida
alguma, é de grande importância.
O
GP do Japão foi uma das melhores corridas do ano. Apesar da falta de
ultrapassagens entre os líderes, os 4 primeiros colocados andaram bem juntos
durante quase toda a prova. Damon Hill cruzou a linha de chegada com menos de
2s de vantagem sobre Schumacher, que por sua vez, trazia Hakkinem bem próximo.
Até abandonar, Villeneuve vinha na mesma balada, acompanhando os líderes, ainda
que um pouco mais longe. E Berger teve um dia inspirado: não fosse a fechada de
Hill, poderia muito bem ter vencido a corrida. E o público japonês mais uma vez
delirou com a F-1: mais uma vez, a pista de Suzuka decidiu o campeonato da
categoria. O autódromo estava lotado como nunca durante todo o fim de semana.
Terminada
a corrida e as formalidades correntes, foi a vez de todo mundo partir para a
comemoração. Depois de uma temporada difícil e cansativa, era hora de descansar
e festejar um pouco. Depois de muitos anos fazendo isso em Adelaide, na
Austrália, o pessoal teve de procurar outros lugares para se divertir. Foi um
trabalho a mais mas, estando no Japão, não foi difícil achar lugares adequados
para a comemoração de todo mundo.
Damon
Hill despede-se da Williams com vitória e com o título. Agora, o piloto inglês,
primeiro filho de campeão da F-1 a repetir o feito do pai, terá uma nova fase
em sua carreira, na nova TWR-Arrows. Sem dúvida, disputar um título não deverá
mais ser uma possibilidade, pelo menos no curto prazo, mas Hill não está
preocupado com isso, pelo menos por enquanto...
Bem,
o que importa é que Damon conseguiu chegar ao título, depois de dois
vice-campeonatos. Parabéns, Hill!
Rubens Barrichello não teve sua melhor corrida em Suzuka: problemas de
calibragem nos pneus impediram-no de obter algo melhor do que a 9ª colocação.
Martin Brundle, que não teve este problema, chegou em 5º. A Jordan terminou o
campeonato em 5º lugar, com 22 pontos.
A Jordan perde Rubens Barrichello, que vai defender a nova Stewart
Racing em 97. Sem um primeiro piloto confiável, Eddie Jordan tentou convencer
Alessandro Zanardi a ser seu piloto no próximo ano. Zanardi, que foi a
revelação do ano na F-Indy e por pouco também não conseguiu disputar o título
da categoria, continuará em terras americanas em 97...
A Sauber já confirmou que correrá com a nova versão ED dos motores Ford
V-8 em 97. A fábrica americana promete bem mais potência neste motor que o
apresentado este ano. E, para 98, a Sauber pretende utilizar um motor de
fabricação própria. Para isso, já contratou Osamu Goto, engenheiro japonês que
já foi chefe da divisão da Honda para a F-1.
Surge uma nova queda de braço entre os GPs de automobilismo
brasileiros: o Rio de Janeiro está disposto a reconquistar o Grande Prêmio do
Brasil de F-1, enquanto a prova de F-Indy corre o risco de ser transferida para
São Paulo, em um autódromo que ainda será construído. Quem será que ganha?
Pedro Paulo Diniz já fez em Suzuka o seu anúncio oficial de piloto da
nova equipe TWR-Arrows para 97. E a escuderia deverá fazer um anúncio oficial
aqui no Brasil ainda este mês, ou possivelmente, em novembro, com direito à
presença de seus dois pilotos...
Um sinal de que a nova equipe TWR-Arrows vai entrar fundo na
competição: o carro deste ano já foi totalmente aposentado, e não será
utilizado nem para testar novos componentes. Sem competitividade, o modelo 96
será totalmente esquecido. Em seu lugar, entram os projetos do novo chassi 97,
que será totalmente diferente. O motor a ser utilizado será mesmo o Yamaha.
Os comissários da prova do GP do Japão este ano foram particularmente
rigorosos com os retardatários na corrida: quem não desse passagem rapidinho
aos líderes era punido com um “stop and go” por obstrução de corrida. Um dos
punidos severamente foi o brasileiro Ricardo Rosset.
Duas escuderias saíram de Suzuka com alguns prejuízos materiais:
Benetton, pela violenta batida de Jean Alesi logo à 1ª volta da corrida; e a
Sauber, pela forte batida de Johnny Herbert durante o treino classificatório no
sábado. A Sauber, entretanto, amargou um prejuízo menor do que a equipe
multicolorida...
Alesi, aliás, periga ficar de fora da equipe Benetton em 97. O motivo:
muitas batidas e a nova recuperação de Gerhard Berger em corrida. E um provável
substituto para o francês pode ser Giancarlo Fisichella, que fez um excelente
teste com a Benetton há poucas semanas no autódromo do Estoril.
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