Saudações
a todos os leitores. Eis aqui mais um antigo texto, dando continuidade à seção
Arquivo do site, com um texto lançado em 23 de agosto de 1996, tendo como tema
nada menos do que a melhor pista, já naquela época, e que felizmente ainda é
nos dias de hoje, o circuito de Spa-Francorchamps, com algumas curiosidades
sobre o circuito. Então, vamos direto para o texto, e boa leitura para todos...
SPA, E A BÉLGICA
A
Fórmula 1 mais uma vez desembarca na Bélgica. Depois do travado circuito de
Hungaroring, os carros mais velozes do mundo entram hoje naquela que pode ser
considerada a melhor pista do calendário da categoria: SPA-Francorchamps.
Com
cerca de 6.974 metros de extensão, Spa é o mais longo circuito em uso pela F-1
atual. O GP é disputado em apenas 44 voltas, totalizando 306,856 Km de percurso
total. Muitas curiosidades e peculiaridades cercam esta pista, a preferida por
9 entre 10 pilotos da F-1, opinião que também vale para a imprensa
especializada.
O
GP da Bélgica foi um dos que inauguraram o Mundial de Fórmula 1, em 1950, e o
seu primeiro vencedor foi ninguém menos do que Juan Manuel Fangio, o maior
piloto da história da categoria. De 1950 até hoje, o GP da Bélgica só não
esteve presente nas temporadas de 1957, 1959, 1969, e 1971. Seu palco mais
célebre, o belo e desafiador circuito de Spa-Francorchamps, tinha originalmente
mais que o dobro de sua extensão (cerca de 14 Km), sendo, junto com o velho
Nurburgring, uma das mais extensas pistas da categoria. A última vez que a
prova foi disputada em sua extensão original foi em 1970. Spa só retornaria ao
calendário da F-1 em 1983, agora já reformado e diminuído para a atual extensão
que a F-1 usa atualmente. Nesse longo intervalo, a Bélgica sediou seu GP nas
pistas de Zolder e Nivelles. Zolder ainda sediou o GP de 1984, mas a partir de
1985, a corrida passou a ser realizada em definitivo em Spa-Francorchamps.
Ao
contrário dos demais circuitos mistos, Spa foi formado utilizando-se rodovias
públicas da região das Ardenhas, nas colinas da Bélgica. O próprio nome do
circuito é a junção das duas cidades presentes nesta região, Spa e
Francorchamps. Há cerca de dois anos, com a inauguração de novas rodovias, Spa
passaria a ser um autódromo permanente, para a alegria de todos aqueles que
reconhecem neste circuito uma obra-prima da categoria.
Assim
como a maioria dos pilotos, este é meu circuito favorito na F-1. Tudo é
espetacular nesta pista. Suas curvas são inúmeras, com destaque para a famosa
Eau Rouge (curva da Água Vermelha), onde pode-se notar o talento dos pilotos
quando fazem seu contorno. Mas as outras curvas também têm seu charme, embora
menor: a La Source,
palco de inúmeras disputas de freada; a Stavelot; a Raidillon; a Le Combes;
entre outras mais. Pontos de ultrapassagem não faltam, sejam favoráveis ou
difíceis. É um circuito onde os grandes pilotos se sobressaem, assim como os
carros mais bem acertados para a pista. Não é de se admirar que o maior
vencedor deste GP seja Ayrton Senna, que aqui averbou 5 vitórias ao longo de
sua carreira: 1985, 1988, 1989, 1990, e 1991. O recordista anterior de vitórias
era ninguém menos do que Jim Clark, ao vencer a prova 4 vezes consecutivas
nesta pista: 1962, 1963, 1964, e 1965; ou seja, enquanto correu na F-1, Clark
era o senhor absoluto de Spa. Outro piloto de peso a vencer o GP da Bélgica foi
Juan Manuel Fangio, que além de vencer a primeira corrida, em 1950, venceu
também em 1954 e 1955. Além de Senna, apenas outro brasileiro, Émerson
Fittipaldi, venceu o GP belga, em 1973 e 1974, mas não disputado em Spa, e sim
em Zolder e Nivelles.
Fora
o desafio da pista, há outro fator que anima e muito as disputas, garantindo
emoções extras e imprevisíveis: o clima. Esta área das Ardenhas é sujeita a
instabilidades climáticas, o que sujeita a corrida a mudanças de tempo sem
aviso prévio. Em outras palavras, a chuva é uma presença quase constante,
podendo vir a qualquer momento e também parar sem aviso prévio. E, graças à
extensão da pista, o clima pode ser diferente em várias partes do circuito.
Pode, por exemplo, chover na reta dos boxes e estar seco na curva Stavelot...
Uma prova da variabilidade dos fatores climáticos foi a classificação da
corrida de 1995. Gerhard Berger abocanhou a pole, enquanto Michael Schumacher,
que entrou no momento errado na pista (começara a chover) acabou apenas em 16º
no grid. Na corrida, Schumacher ganhou a prova, marcada por inúmeras mudanças do
tempo, o que obrigou as equipes a inúmeras paradas imprevistas, que
literalmente jogaram por terra algumas estratégias de corrida.
Algumas
curiosidades aqui deste circuito: a primeira e única pole de Rubens Barrichello
e da equipe Jordan na F-1 foram conseguidas aqui em 1994. A causa: as variações
climáticas, que enganaram muita gente. Em 1991, a mesma equipe Jordan, então
estreante na F-1, por pouco não venceu a corrida: Andrea de Cesaris, então
piloto da escuderia, estava pressionando Ayrton Senna na luta pela liderança da
corrida quando seu motor Ford quebrou. Também em 1991, Nélson Piquet conseguiu
aqui o seu último pódio na F-1, tendo sido o 3º colocado, atrás de Ayrton Senna
e Gerhard Berger, ambos da McLaren. Era o sei 199º Grande Prêmio na F-1 (completaria
a histórica marca de 200 corridas na etapa seguinte, em Monza, na Itália). Foi
também aqui neste circuito que Michael Schumacher estreou na F-1, em sua única
corrida pela equipe Jordan: foi 7º na largada, mas não passou da primeira volta
(o carro quebrou). Em 1990, o GP teve nada menos do que 3 largadas: na
primeira, a apertada curva La
Source fez algumas vítimas; na segunda, alguns pilotos se
estranharam na Raidillon e na terceira largada tudo foi bem.
Isto
é Spa-Francorchamps. Para a F-1, um circuito inigulável, seja no traçado, ou na
emoção que nos proporciona. Para os pilotos em especial, o desafio da pilotagem
em sua mais pura essência, tão rara nos dias de hoje em diversos circuitos da
categoria...
Michael Schumacher saiu muito satisfeito com o novo câmbio de 7 marchas
testado e aprovado pela Ferrari nos testes realizados no circuito de Barcelona
semana passada. O piloto alemão marcou o melhor tempo dos testes, 1min22s098,
contra 1min22s481 de Damon Hill (Williams/Renault). Os pilotos brasileiros
foram bem em seus testes: Rubens Barrichello marcou 1min22s726; e Ricardo
Rosset fechou em 1min24s063. As mudanças da Ferrari já são válidas para a
corrida deste domingo em Spa.
Ricardo Rosset entra na fase do tudo ou nada: após conseguir excelentes
resultados nos testes de Barcelona, a Arrows decidiu inclui-lo nos testes dos
pneus da Bridgestone. Se o brasileiro for bem, pode haver boa repercussão para
um lugar melhor em outro time em 1997.
A F-Indy teve em
Elkhart Lake, domingo passado, uma de suas etapas mais
agitadas. Nada menos do que cerca de 10 carros abandonaram a corrida em virtude
de quebras e/ou batidas. Houve até 2 capotagens, felizmente só grandes sustos,
com Davy Jones e Parker Johnstone. Para os brasileiros, foi um inferno: Gil de Ferran
foi empurrado para fora da pista logo na largada, por Alessandro Zanardi, e
acabou ali sua prova e suas chances de chegar ao título; Roberto Moreno mais
uma vez encarou os problemas de correr por uma equipe sem recursos e ficou pelo
caminho; Raul Boesel completou seu 150º GP na categoria do jeito de sempre este
ano: abandonando a corrida, e à altura disso acontecer, seu carro estava tão
ruim que já havia sido ultrapassado até pelo Eagle/Toyota de Juan Manuel Fangio
II; Maurício Gugelmim acabou se enrolando com André Ribeiro e seu companheiro
de equipe, Mark Blundell, numa repetição similar ao que ocorreu com a equipe
PacWest em 1995 (quando Gugelmim e seu colega de equipe, Danny Sullivan,
colidiram após este rodar na pista); Christian Fittipaldi levou a pior,
abandonando a corrida a poucas voltas do final quando era o 2º colocado. Só
para dizer que eles não foram os únicos azarados: Al Unser Jr. estava com a
vitória à vista quando o seu motor Mercedes estourou espetacularmente a meia
volta do final; Gregg Moore bateu de novo (sem levar ninguém junto desta vez),
e Paul Tracy saiu várias vezes da pista por excessos de pilotagem. O resto,
então, nem se fala...
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