Em
mais um texto antigo da seção Arquivo, trago hoje uma coluna datada de 30 de
agosto de 1996, quando saiu o comunicado do fim de um dos mais longevos
relacionamentos comerciais da história da Fórmula 1: o fim do patrocínio da
Marlboro à equipe McLaren, que já durava desde 1974. Os carros de Woking,
apresentando o inconfundível design branco e vermelho, ficaria na saudade, com
os carros passando a ostentar o visual prateado, que permanece até hoje, quase
20 anos depois. Uma boa leitura a todos, e até a próxima seção Arquivo...
O FIM DE UMA ERA
Enfim,
saiu o comunicado oficial. Já vinha sendo esperado mas, como tudo o que
acontece na Fórmula 1, ainda torcia-se para que isso fosse apenas mais um
boato. Mas agora acabou-se todas as expectativas: McLaren e Marlboro não
estarão mais juntos em 1997.
Para
todos na F-1, vai ser estranho olhar para os carros daquela que é considerada a
segunda equipe mais vitoriosa da F-1, vindo logo abaixo da Ferrari, sem o seu
visual tradicional a que já estamos acostumados. Sempre associamos a Marlboro à
equipe McLaren. Uma geração inteira se acostumou a ver o logotipo da principal
marca da Philip Morris nesta equipe de F-1. Um visual que já se tornou marcante
na categoria.
Com
certeza, com o fim do patrocínio da Marlboro à McLaren em 1997, encerra-se
aquele que é considerado o mais longo vínculo de um patrocinador e uma equipe
de F-1. A McLaren correu pela primeira vez com o logotipo da Marlboro em 1974,
tendo ninguém menos do que Émerson Fittipaldi como piloto e sendo logo campeões
no mesmo ano. Em 1975, a McLaren seria vice-campeã com Émerson; conquistaria o
título de 1976 com James Hunt, sempre apoiados pela Marlboro. Seguiu-se um
período de vacas magras da McLaren, sempre ostentando a marca Marlboro em suas
carenagens.
Chega
a década de 1980. Ron Dennis assume a direção da McLaren, até então de Teddy
Mayer. A equipe é reestruturada e surge a nova McLaren International. Com o
mesmo visual há anos, a escuderia inglesa preparava-se para ser o time mais vitorioso
da década. Niki Lauda e Alain Prost faturam os títulos de 1984, 1985 e 1986 no
campeonato de pilotos, e o de construtores em 1984 e 1985. Apesar de algum
declínio em 1987, a escuderia ressurge com tudo em 1988, conquistando o
campeonato de forma esmagadora, vencendo nada menos do que 15 das 16 corridas
do Mundial. Novas conquistas vem em 1989, 1990 e 1991, sempre com a escuderia
no topo. A partir de 1992, a McLaren decaiu na competição, mas sempre
mantendo-se entre as vencedoras. Em 1993, a McLaren venceria pela última vez,
quando Ayrton Senna ganhou o Grande Prêmio da Austrália, disputado em Adelaide,
encerrando-se a temporada daquele ano. De lá para cá, a equipe luta para voltar
às vitórias que sempre foram sua marca característica.
Mais
do que o perfil vencedor, a McLaren sempre se notabilizou pelo fiel patrocínio
da Marlboro. Nunca uma equipe teve um laço tão longo e duradouro. De 1974 até o
fim de 1996, serão 23 anos de apoio ininterrupto. As cores da Marlboro
praticamente são a identidade da equipe para muita gente. Um visual que já se
tornou clássico na F-1.
Apenas
outro visual se tornou tão carismático na categoria: a lendária Lótus negra com
as cores da marca John Player Special. A Lótus ostentou este visual por quase
15 anos. E assim como este visual deixou saudades, o visual tradicional da
McLaren de todos estes anos também irá deixar saudades para muitos.
E
por que o fim do patrocínio? Falta de resultados é uma das respostas. Mesmo
tentando se reerguer, a Philip Morris decidiu diminuir o valor de seu
patrocínio à McLaren, calculado em cerca de US$ 40 milhões, para a metade. Ron
Dennis, que não é bobo, não aceitou a parada. Daí o rompimento entre ambos. E o
mesmo Ron Dennis já arrumou um bom substituto: a West, outra marca de cigarros,
que firmou um acordo de patrocínio à McLaren por cerca de 5 anos. A West já
patrocinou a extinta equipe Zackspeed, que participou pela última vez da F-1 em
1989. Aproveitando a excelente popularidade de Michael Schumacher na Alemanha e
da F-1, a West resolveu entrar novamente na jogada. E o novo visual dos carros
da McLaren já foi definido: por influência da Mercedes, que fornece os motores
da escuderia inglesa, os carros passarão a ser prateados em 1997. Para aqueles
que acompanharam a F-1 nos anos 1950, sabe que quando a Mercedes competiu,
ficou conhecida como “flecha prateada”. Espera-se, agora, com uma recuperação
da McLaren, reviver este adjetivo.
Acaba-se
uma era, outra parece ressurgir... Só sei que, até encerrar a temporada, vou
aproveitar para admirar os McLaren em suas últimas corridas com o visual a que
me acostumei...
A F-Indy volta às pistas neste fim de semana. É a vez do Grande Prêmio
de Vancouver, penúltima etapa do campeonato. Depois dos azares enfrentados pela
concorrência na última etapa, ninguém mais duvida que a equipe Ganassi
conquiste o título com Jimmy Vasser. Mas a esperança é a última que morre. Só
que para os pilotos brasileiros, o sonho do título já acabou mesmo...
Mais um abandono da F-1 ao fim da temporada: a Elf, que sempre forneceu
lubrificantes e combustíveis para os motores Renault na categoria. Motivos: as
constantes restrições impostas pela FIA na manipulação química dos
combustíveis, argumentando que isso estaria tolhindo o desenvolvimento dos
produtos...
Flavio Briatore, diretor de uma das equipes abastecidas pela Elf, a
Benetton, foi rápido no gatilho e já arrumou um novo fornecedor para 1997: a
Agip. A Williams, também abastecida pela Elf, ainda não se pronunciou a
respeito...
O visual da Ferrari vai mudar novamente em 1997. Com o fim do
patrocínio da Marlboro à McLaren, a Philip Morris vai investir mais na
escuderia italiana. Com isso, o visual Marlboro nos carros vermelhos deve ser
ampliado. A partir de 97, além do vermelho, haverá uma faixa branca na
carenagem da Ferrari, similar à usada na década de 1970, e vista pela última
vez na temporada de 1993.
Eis aí alguns pilotos em situação delicada na F-1: Mika Hakkinem está
pedindo cerca de US$ 8 milhões para renovar com a McLaren, e Ron Dennis diz que
só paga a metade; o finlandês pode acabar parando na Jordan. Rubens
Barrichello, sem opções no time de Eddie Jordan, pode acabar ir parando na
Arrows. No caso de ambos, um retrocesso em suas carreiras.
A Bridgestone pretende mesmo adentrar a F-1 na próxima temporada. Até
agora, nos testes, os pneus japoneses têm mostrado desempenho superior aos
Goodyear, mas a durabilidade ainda não é lá essas coisas. Mas ainda tem um bom
tempo até estrear a temporada 97...
A equipe PacWest já tem definido seus planos para temporada 97 da
F-Indy: continuar com os chassis Reynard, e trocar os motores Ford pelos
Mercedes, além de mudar para os pneus Firestone. O único empecilho é que a
Mercedes já declarou que só vai fornecer seus motores para 8 carros em 97.
Descontada a equipe Penske e sua filial Hogan-Penske, sobram apenas 5 carros
para disputarem os motores alemães...
Ainda sobre os motores da Indy: a Honda já avisou também que só vai
abastecer 6 carros. A equipe Ganassi, assim como a Tasman, estão garantidas.
Gil de Ferran também, o que deixa apenas 1 carro sobrando para disputar o motor
japonês. O restante vai ter de se virar com os Ford e Toyota, que sinceramente
não foram bem este ano...
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