sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A F-1 EM 2013 JÁ ERA...


A placa parece dizer tudo: "Cingapura é sua".  Foi a 3ª vitória consecutiva de Sebastian Vettel no circuito de Marina Bay...

            Findo o Grande Prêmio de Cingapura, que foi uma das provas mais monótonas da temporada até aqui, a sensação que fica é que não dá para esperar muito mais deste campeonato. O domínio imposto por Sebastian Vettel foi tão retumbante que até a concorrência já jogou a toalha na disputa pelo campeonato. O atual tricampeão abriu 60 pontos de vantagem para o vice-líder, Fernando Alonso, e mesmo que resolvesse não disputar as próximas 2 corridas, e o espanhol vencesse ambas, ainda estaria na liderança da competição, e com 10 pontos de vantagem, e nem isso seria suficiente para animar a disputa.
            Esperava-se que o circuito de Cingapura, por ser de rua, com os muros muito próximos, e sempre onde pode surgir a intervenção do Safety Car, pudesse dar um alento, ainda que tímido, de esperança de mais competição no campeonato, mas o resultado foi exatamente o oposto. O único momento de real perigo para o piloto da Red Bull foi na largada, onde por pouco Nico Rosberg não assumiu a ponta. Na frente, Vettel, no melhor estilo consagrado por Ayrton Senna, pisou fundo para conseguir vantagem logo de cara e fugir de todos. E lá foi ficando, enquanto seus perseguidores tentavam diferentes estratégias visando subir na corrida, mas sem nenhuma hipótese de ameaçar o piloto da Red Bull, que mostrou que, se preciso fosse, poderia aumentar ainda mais seu ritmo e fazer os demais comerem mais poeira do que já estavam comendo.
            Nem mesmo a tão aguardada intervenção do Safety Car, causada por - vejam só, Daniel Ricciardo, futuro piloto da Red Bull na próxima temporada, que errou na curva que passa debaixo de uma das arquibancadas, conseguiu mudar o panorama de vitória da prova. Já de sobreaviso para não ser surpreendido como na largada do início da corrida, Sebastian não deu mole e desapareceu na frente com uma facilidade assustadora, chegando a andar quase 3s mais rápido que os demais. Não havia mais nada que os demais pudessem fazer. A disputa seria apenas para ver quem seria o melhor do "resto". Deu Fernando Alonso, pela 3ª corrida consecutiva, apostando numa tática arriscada de parar uma vez a menos para alcançar o pódio, numa prova onde a Ferrari não tinha o melhor dos ritmos. Mais um feito para o piloto espanhol, que conseguiu dosar o desgaste de seus pneus na medida certa para não ser ameaçado por quem vinha atrás, que apesar de terem pneus mais novos, teriam de ser muito mais velozes na pista para descontar o tempo do pit stop.
            Quem também mereceu aplausos foi Kimmi Raikkonem, que largando de meio do grid, e com dores nas costas, superou todas as adversidades para chegar a um espetacular 3° lugar. E se não tivesse perdido tanto tempo atrás de Jenson Button, que tentou a mesma tática de Alonso de não parar novamente para trocar os pneus, talvez até pudesse ter discutido o 2° lugar com o espanhol. Um sinal de que a Ferrari terá definitivamente a dupla de pilotos mais forte de todo o grid em 2014, só precisando mesmo é dar um carro decente para eles mostrarem do que são capazes.
            Não que seus carros atuais sejam ruins, mas perto do que rende o modelo RB09 da Red Bull nas mãos de Vettel, eles precisarão de carros muito melhores para fazer frente à escuderia dos energéticos, se eles continuarem dispondo do melhor carro da categoria. Porque de sua parte, Vettel está se garantindo na pista. Do contrário, como explicar que Mark Webber, com o mesmo carro, não está assustando ninguém? E quem precisa ter carros mais decentes também é a Mercedes, que possui uma dupla competente, mas que está na mesma posição de Lotus e Ferrari: se seus pilotos não tiverem máquinas mais fortes, eles pouco poderão fazer além de comboiarem Vettel na luta pelas vitórias.
            As táticas diferentes de pneus deram uma pequena agitada na prova noturna na parte final da competição, quando nada menos do que 6 pilotos entraram em luta direta pelas posições pontuáveis restantes. Foi pouco para compensar a monotonia da corrida até então. Vettel dominou de tal forma que durante parte da corrida até foi "esquecido" pela emissora de TV, que preferiu se concentrar onde tinha alguma ação em curso. No final, Vettel chegou com mais de 30s de vantagem. Se resolvesse parar de novo para trocar pneus, ainda voltaria na frente e poderia aumentar sem maiores problemas sua vantagem, pois teria, além do bom carro, pneus novinhos em folha, enquanto seus adversários lutavam entre si e com os pneus, sem conseguirem sobrepujar o binômio Sebastian-RB08.
            Outro ponto negativo da prova de Cingapura foram as vaias que Vettel levou na cerimônia do pódio, totalmente injustas. Certo, ele pode estar guiando o melhor carro da categoria, superior a todos os demais, mas e daí? Ele está fazendo o dever dele, que é extrair todo o potencial da máquina e vencer corridas, algo que Webber não conseguiu fazer ainda este ano, exceto em uma ocasião onde o time ficou com cara de tacho ao mandar o australiano reduzir o ritmo enquanto Vettel ignorou a ordem e venceu a única corrida onde o australiano merecia ter ganho pelo que fez durante a maior parte da prova. Se Sebastian não conseguisse vencer com esta bela máquina que tem em mãos, aí sim as vaias seriam justificáveis. Mas está fazendo seu serviço com tanta competência que praticamente está arrasando a competição, e isso ele não tem a menor culpa, muito pelo contrário. Vai ser tetracampeão com todos os méritos.
            Mas as maiores vaias quem deve levar é a própria F-1, que ao longo dos anos mais do que aceitou e incentivou os times a terem apenas um "galo" em seus dois poleiros, de forma que se fosse possível que Vettel tivesse um companheiro mais à altura, talvez não estivesse dominando com a facilidade que se apresenta. Raramente, contudo, os próprios campeões aceitam dividir espaço e provar a fundo o seu talento, de forma incontestável. A última vez que vimos um duelo pelo título de grandes nomes da velocidade sem ter um clima de guerra declarada dentro do próprio time foi em 1988, na McLaren, quando tiveram como pilotos Ayrton Senna e Alain Prost. De lá para cá, o mais perto disso foi a disputa de Damon Hill e Jacques Villeneuve dentro da Williams em 1996, mas nenhum dos dois poderia ser considerado do naipe dos gigantes da velocidade. Mas isso é outra história. Se Vettel está fazendo sua lição de casa, ele é o menor culpado nesta história toda, o que não se pode falar de Helmut Marko, homem de confiança do dono da escuderia, que prefere que seu protegido não tenha concorrência efetiva dentro do time, a fim de "resguardá-lo" de estresses "desneessários". Pelo que vem mostrando, Sebastian já dá mostras de que pode encarar qualquer um, e até com o mesmo carro, não precisando ser "protegido" de nada, mas isso também é outro assunto.
            O que se conclui nesse momento é que infelizmente não há mais nada o que esperar do campeonato de 2013, a não ser ver quem leva o vice-campeonato. Mas até isso parece meio óbvio: se continuar pilotando como vem fazendo nas últimas corridas, o vice-campeonato é de Alonso e de mais ninguém, embora não seja a posição mais desejada pelo espanhol neste momento. O problema é que ele pouco pode fazer para superar o desnível técnico entre sua Ferrari e a Red Bull, quando esta conta com alguém quase tão talentoso quanto ele, se não já no mesmo nível. E o resto da concorrência, se alternando em altos e baixos, só ajuda mesmo na disputa para ver quem leva o 3° lugar no campeonato, numa briga que deve ficar entre Raikkonem e os pilotos da Mercedes. O resto é apenas o resto, infelizmente, incluído aí Felipe Massa, que passando a correr "livre" em suas últimas provas na Ferrari, não teve um bom começo, levando mais um baile de seu companheiro de equipe espanhol na escuderia italiana.
            Com praticamente todos os times agora concentrados no desenvolvimento de seus projetos para 2014, certos de que nada mais há para conquistar de relevante este ano, o panorama das provas restantes do campeonato de 2013 não permite muitas esperanças. Certo, nada ainda está decidido matematicamente, mas depois do que vimos nas últimas 3 corridas, não dá mesmo para esperar grandes mudanças até a prova final aqui no Brasil. Mesmo que não apresente mais nenhuma evolução, a Red Bull e Vettel continuarão sobrando em relação a todo o resto do pelotão. A menos que chova em todas as corridas restantes, e as provas virem loterias completamente inesperadas, a F-1 em 2013 já era mesmo...
            Que venha 2014 o quanto antes...

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