Em
mais um texto da seção Arquivo, trago hoje a coluna lançada no dia 16 de agosto
de 1996. Com o resultado obtido no Grande Prêmio da Hungria daquele ano, a
Williams já tinha praticamente garantido o campeonato de construtores, e apenas
seus pilotos, Damon e Jacques Villeneuve, podiam disputar o título, com os
demais concorrentes já matematicamente fora de combate. O texto também trazia
notas rápidas sobre mais alguns acontecimentos. Uma boa leitura e em breve tem
mais textos antigos...
WILLIAMS
CAMPEÃ! HILL OU VILLENEUVE?
Com
a dobradinha no último Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1, disputado domingo
passado, a Williams conquistou por antecipação o campeonato mundial de
construtores de 1996 e também o campeonato mundial de pilotos. Agora só Damon
Hill e Jacques Villeneuve podem disputar o título. Jean Alesi e Michael
Schumacher, que ainda estavam matematicamente na disputa, ficaram a ver navios.
A
única pergunta que resta é: quem será o campeão? Hill ou Villeneuve? Se, a
princípio, a resposta pende para o lado de Hill, numa análise mais acurada,
pode ser difícil responder, mas nem tanto. Jacques Villeneuve conquistou em
Budapeste a primeira vitória convincente na F-1, já que as duas anteriores se
deram mais em virtude dos problemas de Hill. Na Hungria, na parte final da
corrida, ambos duelaram abertamente, mas ainda assim, sobrou uma pequena
dúvida: Hill fez uma prova espetacular e chegou a andar várias vezes 1s mais
rápido que o canadense; se não tivesse perdido tanto tempo atrás de Alesi, o
resultado poderia ser diferente. Ainda assim, recuperou cerca de 30s de
desvantagem e só não venceu a corrida porque, conscientemente, não precisava
dela.
Em
um circuito onde ultrapassar era um desafio, Damon Hill acabou correndo com a
cabeça, não se dispondo a correr riscos desnecessários. Se ele não se arriscou
a forçar uma ultrapassagem sobre Alesi, não deixou a chance escapar quando o
francês da Benetton abriu demais na curva após a reta dos boxes. O confronto
com Michael Schumacher seria prometedor, mas o alemão acabou indo para os boxes
para um pit stop. Schumacher, por sua vez, também sentiu o que é ficar trancado
atrás de alguém, quando voltou atrás de Gerhard Berger; sorte do alemão que o
austríaco também logo foi ao Box para um pit stop. No fim, não valeu nada para
o alemão, que acabou abandonando a corrida e a luta pelo título.
Pelo
que já fez este ano, Damon Hill merece o título. No confronto com Villeneuve, o
inglês mostrou-se muito mais rápido. Isso até “queimou” um pouco o talento de
Jacques. O canadense é um novato na F-1, é verdade, mas todos os testes que fez
antes de começar o campeonato indicavam que o páreo seria duríssimo para Hill.
Todos esperavam que fosse como na Austrália, onde Villeneuve deu luta até o
fim, perdendo apenas para defeitos em seu carro.
Mas
isso não significa que o canadense esteja fora de combate. Apenas quer dizer
que a luta ainda deverá durar mais algumas corridas. Na melhor das hipóteses,
Hill poderá faturar o campeonato em Monza, na Itália, caso vença na Bélgica e
Villeneuve não marque pontos. Então, um mero 4º lugar liquida a disputa. Para
os italianos, que viam em Schumacher a chance de voltar a disputar o título,
seria um dia negro...
Hill
não precisa nem vencer mais. Se ficar em segundo em todas as provas que restam,
mesmo que Villeneuve vença todas, ainda assim será campeão. E irá se tornar, em
grande estilo, o primeiro filho de piloto campeão a repetir o feito na F-1.
Graham Hill, seu ilustre pai, foi bicampeão da categoria nos saudosos anos
1960. Em memória de seu pai, Damon tem o dever de ser campeão este ano.
Rubens Barrichello pontuou novamente numa etapa da F-1, mas não ficou
satisfeito com o desempenho da Jordan no último fim de semana. A performance da
equipe parece declinar, e o ânimo do piloto brasileiro não anda muito melhor.
Para piorar a situação, no mercado de pilotos, as eventuais vagas em times de
ponta estão se fechando, e tudo indica, Barrichello terá de se resignar a
continuar na Jordan, que promete, novamente para 97, decolar como equipe de
ponta. Como prometeu para este ano, e no ano passado...
Depois de disputar domingo passado as 200 Milhas de Mid-Ohio, a F-Indy
volta a se reunir neste fim de semana para mais uma corrida, as 200 Milhas de
Road America, que será disputada no mais bonito circuito misto do campeonato, o
de Elkhart Lake, em
Wisconsin. O circuito tem cerca de 6,430 Km de extensão e a
prova é disputada em 50 voltas. Em 95, Jacques Villeneuve foi o pole-position e
o vencedor da corrida. André Ribeiro foi o brasileiro melhor colocado, em 4º.
Com grandes retas, o circuito favorece os carros com motor Honda, em especial
os com pneus Firestone, ainda levemente superiores aos Goodyear.
O canadense Greg Moore parece destinado a arrumar encrencas com os
pilotos brasileiros. Depois de mandar Émerson Fittipaldi para o muro em
Michigan, em Mid-Ohio foi a vez de André Ribeiro sentir uma pancada do
canadense: André ultrapassou Moore nas voltas finais, e na última volta o
canadense tentou recuperar a posição na marra em uma curva, colidindo com o
brasileiro e tirando ambos da corrida. Como era a última volta da prova,
classificaram-se na zona de pontuação, com André ficando em 8º e Moore em 9º.
Antes da corrida, o piloto canadense já tinha levado uma advertência verbal da
CART para que dirigisse “com mais responsabilidade”. Sem comentários...
A Sauber mostrou novo fôlego no GP da Hungria de F-1, com uma boa
qualificação no grid de largada. O motivo: nova versão do motor Ford V-10. Na
corrida, entretanto, os resultados não apareceram...
Mais uma vez, dizem que este foi o último GP de F-1 realizado em terras
húngaras. A prova, em 97, deverá ser substituída pelo GP da Áustria, que
pretende retornar ao calendário da categoria. Tal como disseram, em outros
termos, em 95, 94...
Gerhard Berger mais uma vez teve um fim de semana para esquecer:
andando muito mais do que Jean Alesi na corrida, viu seu provável pódio virar
fumaça junto com o seu motor na parte final da corrida húngara...
A Forti Corse não participa mais da F-1 este ano. Guido Forti, um dos
fundadores da escuderia, tenta reaver o controle da equipe depois de uma
complicada e ainda tumultuada venda para um grupo financeiro da Irlanda, que
deixou de quitar as dívidas do time. A Forti não participou das últimas
corridas por não ter pago os seus motores. Os planos de Forti é reestruturar a
equipe e retornar em melhor posição em 97.
A Ferrari ficou novamente pelo caminho na Hungria, e as expectativas da
equipe viraram fumaça, depois de brilhar na classificação do grid. Pior na
tabela de construtores, onde a Benetton se distanciou na 2ª posição enquanto a
McLaren encostou no time italiano. Eis aqui o novo apelido para Michael
Schumacher e sua Ferrari: “Barão Vermelho”...
A Indy Lights está virando categoria de brasileiros. Na última etapa,
disputada no Canadá, há 2 semanas, a vitória foi de Hélio Castro Neves,
assegurando assim a 5ª vitória consecutiva de pilotos tupiniquins na categoria.
Americanos e canadenses estão começando a ficar na saudade...
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