sexta-feira, 30 de agosto de 2013

VETTEL TETRA?



Quem pode segurar Vettel rumo ao tetra? A cara feia de Alonso responde...

            A Fórmula 1 retornou das férias de agosto e, depois de um treino de classificação pra lá de disputado, graças à intermitente chuva que fazia sua característica visita à região das Ardenhas, na Bélgica, infelizmente no domingo se constatou que, a menos que haja algo fora do normal, Sebastian Vettel já pode ir se preparando para ser o mais novo tetracampeão da história da categoria.
            Fernando Alonso foi quem fez a melhor exibição na corrida, saindo da 9ª posição para terminar em 2°, sempre no ataque, superando quem via pela frente e sem perder tempo. Mas, mesmo que tivesse largado mais à frente, o resultado possivelmente seria o mesmo. Em alguns momentos, deu a impressão de que Vettel guiou o suficiente para desestimular qualquer possibilidade de ataque dos concorrentes. Mesmo assim, da vantagem de sua última parada para Alonso, de cerca de 7s, aumentou para quase 17s à bandeirada. Quem esperava uma perseguição implacável do piloto espanhol ao alemão ficou a ver navios.
            Na Mercedes, mostrou que de fato tem um bom carro, e aos poucos, está conseguindo se impôr como força na categoria, recuperando o respeito que a marca de Stuttgart já desfrutou na F-1. Só não fez maioria no pódio porque Alonso pilotou demais, e ainda contou com a apatia de Mark Webber, que não anda fazendo suas melhores corridas de despedida da categoria. A Lotus, infelizmente, decepcionou na pista belga, onde vimos o primeiro abandono de Kimmi Raikkonem desde seu retorno à F-1 no ano passado, e Romain Grossjean mostrando que não rende tanto quanto seu companheiro de equipe finlandês.
            Faltando ainda 8 corridas no campeonato, Vettel pode se dar ao luxo de administrar seus resultados. Acumula uma vantagem de 46 pontos para seu mais direto perseguidor no momento - Alonso, e embora não se possa subestimar o piloto espanhol, a grande sorte do atual tricampeão é que os concorrentes não conseguem ter constância em seus resultados. Houve corridas em que a Lotus mostrou grande desempenho; em outras corridas, foi a Ferrari que mostrava força; e, mais recentemente, é a Mercedes quem desperta esperança de vermos disputas por vitórias no campeonato. Mas tanto Lotus quanto Ferrari e Mercedes não conseguem ser constantes em todas as corridas, enquanto Vettel, além de dispor de um excelente carro, ainda está sabendo muito bem administrar as corridas em 2013.
            O jovem tricampeão vence quando pode, e quando não pode, trata de chegar sempre ou no pódio, ou perto dele. E, para azar dos rivais, em apenas uma corrida seu carro apresentou problemas, na Inglaterra. Mesmo que não vencesse mais nenhuma corrida este ano, limitando-se a chegar apenas no pódio, as chances dos rivais continuarem se alternando são grandes, e com isso anulando-se uns aos outros na luta pelo título. Mas, quem disse que Sebastian vai maneirar? A Red Bull voltou das férias exibindo um carro muito bem equilibrado, e mesmo com os rivais tendo também melhorado sua performance, o fato do modelo RB09 já estar em um nível ligeiramente acima dos concorrentes ajudou a anular qualquer vantagem que estes pudessem ter conseguido durante as férias. E, com o melhor carro nas mãos, basta Vettel dar vazão ao seu enorme talento para também anular a concorrência.
            Isso pôde ser visto em Spa. Alonso foi o melhor piloto da prova? Foi, mas se Vettel não andou tanto quanto o espanhol, ao mesmo tempo, também não apenas desfrutou do melhor carro na corrida. Basta ver o resultado pífio de Mark Webber com o mesmo modelo, tendo chegado apenas em 5° lugar, e em nenhum momento dando a entender que disputaria o pódio. O australiano terminou a corrida mais de 30s atrás do companheiro de equipe. Vettel repetiu o que Ayrton Senna costumava fazer: largando bem e assumindo a ponta, disparava logo de início para assegurar uma vantagem que lhe permitisse comandar a corrida. Sebastian assumiu a liderança na reta Kemmel, e foi-se embora, fechando a primeira volta com quase 1s5 de vantagem para Lewis Hamilton e aumentando de forma gradativa, não apenas para não dar ao rival a chance de usar o DRS, mas também para comandar a prova, não perdendo o controle da situação em nenhum momento.
            Estamos vendo o que promete ser o repeteco de 2012: com o carro mais competitivo do momento, e com uma concorrência que não consegue manter o mesmo ritmo, Vettel deve disparar no campeonato, como fez no ano passado. E com um agravante: em 2012, ele não liderava quando saiu da Bélgica. Alonso tinha conseguido uma boa vantagem, mas o abandono em Spa, vítima do strike promovido por Grossjean na largada do ano passado, queimou boa parte da gordura acumulada pelo espanhol, que ainda assim resistiu o quanto pôde à ascensão de Sebastian. Agora, é Vettel quem acumula uma vantagem já considerável, e os rivais não têm boas perspectivas de eliminar ou sequer reduzir esta vantagem.
            O bom equilíbrio do modelo RB09 o credencia a vencer em qualquer das pistas restantes do campeonato, enquanto a concorrência, pelo que mostrou na Bélgica, não tem como fazer muito melhor. Claro que, dependendo de como os carros se adaptarem a alguma pista, e às melhorias que lhes forem introduzidas, pode haver surpresas, mas nada impede que Adrian Newey, que sempre parece ter um coelho na cartola quando desenvolve os upgrades para seus carros, consiga anular ou até mesmo aumentar a vantagem técnica dos Red Bulls para os demais carros.
            Como parece improvável que Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Kimmi Raikkonem consigam engatar uma série de vitórias exclusiva para cada um, Vettel parece ter meio caminho andado rumo ao título, mas seria precipitado dizer que já pode contar com o tetracampeonato. O problema é que Sebastian vem fazendo muito bem sua lição de casa, e não vai baixar a guarda em nenhum momento. Como Alonso já mencionou, apenas algo inesperado pode mudar o rumo do mundial, e longe de querer desejar mal para um concorrente, ele tem razão, pois se nada de anormal acontecer, a disputa pelo título de 2013 pode acabar antes do que todos imaginavam.
            Resta saber onde isso vai se dar. E já começaram as apostas de qual GP deve definir o campeão. Pela tradição, muita gente gostaria de ver isso novamente em Suzuka. Seria o máximo se fosse em Interlagos, mas este ano infelizmente está frustrando as expectativas de muita gente...


Na última quarta-feira, os carros participantes das 6 Horas de São Paulo percorreram a Avenida Paulista, numa bela promoção da corrida.

O Mundial de Endurance terá sua etapa brasileira neste final de semana, com a segunda edição das 6 Horas de São Paulo, no circuito de Interlagos. Novamente, o duelo entre Audi e Toyota é o grande chamariz da prova, que viu a primeira vitória dos nipônicos no ano passado. Infelizmente os alemães da Audi prometem mais uma vez deixar os japoneses comendo poeira. Infelizmente, Lucas Di Grassi não estará presente no grid este ano, pois não foi escalado pela Audi para pilotar um dos dois carros que estarão presentes na etapa. As esperanças dos brasileiros ficarão mais centradas em Bruno Senna, que corre pela equipe oficial da Aston Martin na categoria GTE Pro, e tem boas chances de vencer em sua categoria. Fernando Ress, da equipe Larbre é outro brasileiro garantido na etapa, correndo pela categoria GTE Am. Hoje começam os treinos livres, e a amanhã serão realizados os treinos de classificação. A corrida terá início às 12 horas de domingo, finalizando às 18 horas, e contará com 28 carros na disputa. No ano passado, o público da corrida foi de cerca de 25 mil pessoas, mas Émerson Fittipaldi, que promove a etapa, está confiante em aumentar o público presente, garantindo um maior número de atrações para o público além de preços mais acessíveis. O ex-piloto de F-1 e F-Indy também tem que apagar parte da má imagem administrativa que ficou da corrida de 2012, com dívidas pendentes que ainda não foram pagas, conforme revelou reportagem do site Grande Prêmio esta semana (www.grandepremio.com.br). Fittipaldi disse que iniciar uma prova é sempre complicado, e já previa as dificuldades, apostando que com as novas edições a etapa se firme no calendário e passe a gerar retorno. Embora o argumento tenha fundamento, Fittipaldi deveria ter um planejamento melhor para gerenciar a solução dos prejuízos, e contornar problemas decorrentes dessa situação. Com certeza, boa parte do pessoal que ficou sem receber os pagamentos do ano passado não ficaram contentes com esse descuido de Émerson, que pode ter sido um dos maiores pilotos do mundo, mas que tem algumas máculas mal resolvidas como empresário. Hélio Castro Neves que o diga...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - AGOSTO DE 2013



            E mais um mês vai terminando. E com o final de cada mês, vem sempre mais uma edição da COTAÇÃO AUTOBILÍSTICA, com um pequeno balanço do que andou acontecendo nas últimas semanas no mundo das corridas. O esquema do texto segue o padrão de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura para todos, e espero estar de volta no mês que vem, com mais uma edição da Cotação. E até a próxima postagem...



EM ALTA:

Marc Márquez: O piloto prodígio da MotoGP conquistou sua 5ª vitória na temporada de estréia na categoria máxima do motociclismo e caminha firme para conquistar o título. Como a performance da Honda tem se mostrado ligeiramente superior à rival Yamaha, o único que parece ter condições de desafiar o jovem espanhol é seu compatriota e companheiro de equipe Dani Pedrosa. Mas, do jeito que o moleque está pilotando, tudo indica que Pedrosa vai passar mais um ano na fila. O garoto está endiabrado, e não pretende ficar comportado tão cedo...

Scott Dixon: Apesar de alguns azares, o piloto neozelandês da equipe Chip Ganassi assumiu de vez o papel de principal rival de Hélio Castro Neves na luta pelo título da Indy Racing League. Tanto em Mid-ohio quanto em Sonoma, Dixon mostrou uma pilotagem forte e consistente, e só não acabou com a desvantagem na pontuação para o brasileiro da Penske por pequenos detalhes. Mas a hora que tudo se encaixar, o bicampeão vai vir com tudo, e ele mostra que está com bastante ímpeto de conquistar o tricampeonato na categoria...

Sebastian Vettel: Como a Red Bull parece ter ainda o melhor, e mais constante carro da temporada 2013 da Fórmula 1, o atual tricampeão está fazendo o que sabe fazer melhor: acelerar fundo, e com a vitória na Bélgica, caminha a passos largos para o tetracampeonato consecutivo, abrindo quase 50 pontos de vantagem para o rival mais próximo na classificação. De quebra, ainda vai dando uma surra maior ainda no companheiro de equipe Mark Webber, o que não significa muito, já que o australiano entrou num clima de "dane-se a F-1" no restante do campeonato. Se vencer o campeonato, Vettel repetirá o feito de Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher, que conquistaram 4 títulos consecutivos na história da F-1.

Kimmi Raikkonem: o piloto finlandês é o principal nome da temporada de boatos na F-1 este ano. Cogitado para a Red Bull e até a Ferrari, Kimmi ainda tem a opção de ficar na Lotus, mas o time inglês luta contra dificuldades financeiras que já tem ajudado a desgastar a relação do finlandês com a escuderia, que estaria atrasando salários, e pior, ficando sem condições de desenvolver plenamente o bom modelo E21. As maiores chances são na própria Lotus, uma vez que sua ida para a Red Bull já teria sido vetada por Helmut Marko, que não quer que Sebastian Vettel enfrente concorrência "desestabilizadora" dentro do próprio time; e na Ferrari, o problema maior é Lucca de Montezemolo, que o dispensou sem cerimônias em 2009, para a contratação de Fernando Alonso, e sendo que o espanhol também não engoliria ter um companheiro do nível de Raikkonem. Apesar de tudo, o finlandês continua com tudo desde que retornou à F-1, e ser disputado pelos times não é algo muito comum hoje em dia na categoria máxima do automobilismo...

Stéphane Peterhansel: O piloto francês, a exemplo do que fizera no ano passado, veio, viu, e venceu mais uma edição do Rali dos Sertões, conquistando o bicampeonato na mais famosa prova off-road do Brasil. Precisa dizer algo mais? E ele já avisou que pretende estar novamente presente na edição da prova em 2014, portanto, os concorrentes que comecem a se preocupar...



NA MESMA:

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske segue firme na liderança do campeonato da Indy Racing League, e deu uma tremenda sorte na corrida de Sonoma, pelo incidente ocorrido com seu principal rival ao atropelar mecânicos da Penske no box. Mas Hélio não pode ficar contando sempre com a sorte, e embora tenha tido bons motivos para comemorar o resultado na pista californiana, devido aos atritos que sofreu no carro, precisa voltar a andar na frente para ganhar autoridade e minar as esperanças de Dixon, que mesmo com todos os percalços sofridos, vem mostrando muito mais poder de reação e favoritismo do que o brasileiro. Não há campeão sem sorte, é verdade, mas Hélio não pode deixar que apenas a sorte ajude, e ele também precisa se ajudar na pista com performances mais qualitativas. Constância ele está mostrando neste campeonato, e isso já é muito importante, mas precisa dar um golpe decisivo na moral dos adversários para garantir que sua vantagem de pontos não diminua num eventual azar nas etapas que faltam.

Equipe Ferrari: O time italiano vem trabalhando duro e firme para dar a seus pilotos um carro mais competitivo, e até tem conseguido algum resultado, mas parece não sair do lugar, porque a concorrência também está evoluindo, de modo que tudo continua igual. Se no ano passado a escuderia conseguiu transformar um carro inicialmente problemático em potencial campeão, este ano o resultado está sendo inverso, com um modelo inicialmente bem nascido não conseguindo dar um salto de performance que seja visível. Para complicar, o time ainda arrumou uma crise interna com seu melhor piloto, o que só ajuda a deixar o ambiente mais instável. Tudo indica que deve passar mais um ano na fila, sem ganhar o título. Já seriam 6 anos desde a última conquista, em 2007...

Felipe Nasr: O piloto brasileiro continua lutando pelo título da GP2, mas ainda não conseguiu vencer no atual campeonato, e ainda por cima, cometeu um erro crasso na primeira corrida de Spa-Francorchamps, ao dividir posição com o próprio companheiro de equipe e ficar fora dos pontos. Apesar de uma boa performance na segunda corrida, Felipe perdeu uma boa oportunidade de assumir a liderança da competição, que continua com o monegasco Stefano Coletti, com 135 pontos. O brasileiro tem agora 130 pontos, e embora ainda seja o vice-líder, deixou outros adversários chegarem perto na classificação, como o suíço Fabio Leimer, que chegou a 128 pontos, e o inglês Sam Bird, com 121 pontos. Nasr precisa mostrar a que veio, se quiser chegar ao título do certame, que é requisito indispensável para se chegar à F-1, e agora vai precisar não apenas alcançar Coletti, mas também fugir de Leimer e Bird na pontuação.

Equipes financeiramente na berlinda na F-1: Sauber e Lotus firmaram parcerias com grupos durante este campeonato, visando reforçar seus caixas e tampar alguns rombos de dívidas não pagas, mas até o momento, a grana das parcerias ainda não parece ter pintado no caixa das escuderias, que continuam contabilizando prejuízos no balancete, e que podem comprometer o desenvolvimento técnico dos projetos para 2014. Na Lotus, as pendências podem fazer o time perder Kimmi Raikkonem para a próxima temporada, devido a atrasos salariais. Na Sauber, o temor é que a exigência dos sócios russos de promover a estréia do novato Sergey Sirotkin possa ser precipitada, pelo fato do garoto ainda ter apenas 17 anos, e comprometer resultados pela inexperiência. São dois times que vão ter de se virar muito bem para poderem competir decentemente no próximo ano sem atropelos...

Cobertura da Globo na F-1: Ao abrir um pouco mais de espaço para as corridas de F-1 na sua engessada e apertada grade de programação, surgiu a esperança de que a emissora carioca pudesse aproveitar o seu grande acervo para mostrar um pouco mais da categoria máxima do automobilismo e tentar aprofundar um pouco a intimidade do torcedor com a F-1. Mas, mais de um ano depois de implantarem o novo horário, o que se vê são falatórios na maior parte do tempo inócuos no grid de largada, quando se poderia mostrar um pouco mais da história da prova além de curiosidades do local. No caso de Spa, uma matéria que poderia ter caído bem no domingo, antes da corrida, era sobre a curva Eau Rouge, e o córrego que passa debaixo da pista e dá nome à curva. Só que a matéria foi veiculada dentro do Jornal Nacional. E Rubens Barrichello precisa saber dar mais utilidade à sua grande experiência como piloto, pois apenas ficar trocando cumprimentos no grid toda hora cansa. A Globo precisa tentar fazer o torcedor gostar da F-1 em si, e não apenas ficar teclando sempre no mesmo assunto de capitalizar somente quando Felipe Massa vai bem, pois se ficarmos sem piloto, corremos sim o risco de ficarmos sem F-1, o que seria lamentável especialmente pelo tipo de atitude da emissora que não procura melhorar a compreensão do torcedor comum sobre a categoria...



EM BAIXA:

Felipe Massa: Novamente com a cabeça "a prêmio" dentro da Ferrari, o brasileiro precisa iniciar uma reação fulminante como a do ano passado, quando tudo indicava que perderia seu lugar em Maranello, e voltou a mostrar performances sólidas e consistentes. Mas na Bélgica, o brasileiro teve um resultado apenas mediano, enquanto o companheiro de equipe chegava ao pódio com uma exibição primorosa e firme. Felipe começou o ano bem, mas perdeu boas oportunidades a meio do campeonato, e estes resultados ruins novamente o deixam na berlinda na F-1. Ao anunciar que prefere deixar a F-1 a ficar sem um carro competitivo, Massa também limita seu leque de opções, embora o maior problema hoje seja descobrir que escuderia teria interesse no piloto brasileiro. Mas surpresas ainda podem acontecer no restante do campeonato, só que Felipe tem de mostrar serviço de qualquer maneira, para não depender de nenhum golpe de sorte.

Fernando Alonso: O piloto espanhol fez uma corrida firme e arrojada em Spa-Francorchamps, saindo da 9ª posição para o 2° lugar, no pódio, mas sua cara amarrada no pódio não deixa dúvidas: Alonso está sem clima na Ferrari depois das críticas que fez ao time, e ainda por cima depois que seu empresário foi visto conversando com o diretor da Red Bull, Christian Horner, negociando uma possível contratação do espanhol pelo time austríaco, quando ainda tem contrato com Maranello até 2016. Se a paciência de Alonso com a Ferrari anda se esgotando, tudo indica que a da Ferrari com o espanhol anda pelo mesmo caminho. A questão agora é quem perde mais com uma separação entre ambos. Sobraria um belo rescaldo tanto para Fernando quanto para a Ferrari...

Juan Pablo Montoya: O piloto colombiano foi comunicado de que estará a pé na Nascar em 2014. A Chip Ganassi, que o acolheu após sua saída da F-1, já perdeu o entusiasmo com Montoya, que desde que estreou na Sprint Cup em tempo integral em 2007, teve resultados pífios e se tornou "apenas mais um" no meio do grid da Stock Car americana. Lembrando pelas belas performances que teve na F-Indy, Michael Andretti está tentando viabilizar sua contratação para seu time e levá-lo para a Indy Racing League, mas até o momento, ainda não teve resultados. Montoya chegou causando sensação na F-1, mas sua passagem pela McLaren causou vários atritos entre ele e o time inglês, culminando com seu despedimento a meio da temporada de 2006, após várias batidas, algumas até com o próprio companheiro de equipe, Kimmi Raikkonem. Na Nascar, Montoya infelizmente não conseguiu demonstrar o brilho que exibiu na F-Indy e na F-1. Seria interessante vê-lo na IRL e conferir se ainda pode brilhar nos monopostos como já fez há anos atrás. Resta saber se Andretti conseguirá patrocinador para bancar a idéia...

Alex Tagliani: o piloto canadense passou a engrossar a fileira dos pilotos desempregados da IRL neste ano. Demitido da equipe Herta Motorsport, que promoveu a estréia do italiano Luca Filippi já na etapa de Mid-Ohio, Tagliani foi descartado pela escuderia para as demais corridas restantes neste ano, em virtude da falta de resultados. Quem deu sorte com o azar do canadense foi J.R. Hildebrand, que competirá pelo time na etapa de encerramento do campeonato, em Fontana, além de ter defendido a escuderia em Sonoma. Felippi, por sua vez, ganhou chance para as etapas de Baltimore e Houston. Quando a Alex, é iniciar a busca por um lugar para o campeonato de 2014...

Equipe KV Racing: O time de Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven parece ter atingido seu limite em termos de competição na IRL. Se no ano passado houve a contratação inesperada de Rubens Barrichello, que teria bagunçado parte do planejamento da escuderia para o campeonato de 2012, este ano, com apenas 2 carros, e muito mais cuidado e preparação, está mostrando resultados similares. Tirando a vitória de Tony Kanaan em Indianápolis, no restante do campeonato os resultados têm sido uma montanha-russa, e na comparação com 2012, com 15 corridas, os resultados deste ano têm sido ligeiramente inferiores. Tony tem feito o que pode, mas nas últimas corridas a equipe parece ter se perdido no desenvolvimento do carro, obrigando o brasileiro a largar do meio do grid para trás, e a ter de fazer muita estratégia para conseguir chegar ao pelotão da frente na disputa por posições. A falta de evolução pode fazer o time perder seu principal recurso, o brasileiro Tony Kanaan, que pode mudar de escuderia para o próximo ano, e é quem tem conseguido os melhores resultados do time. Para complicar, a KV não tem orçamento programado para manter o brasileiro na próxima temporada, o que só ajuda a piorar o panorama. A vitória de Tony na Indy500 ajudou a garantir o restante da temporada deste ano, mas a situação de 2014 continua incerta. E ainda teve gente que comemorou quando Rubens Barrichello decidiu não renovar com o time para este ano, sem ter conseguido verba para tanto...

 



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

UM PROGRAMA E UM PROBLEMA



Daniel Ricciardo: o escolhido de Helmut Marko para a Red Bull em 2014?

            De volta das férias de meio de temporada, a Fórmula 1 chega ao melhor circuito de todo o calendário, Spa-Francorchamps, com muitas fofocas de bastidores. E entre elas, quem será o companheiro de Sebastian Vettel na Red Bull em 2014. O carro mais cobiçado do momento tem inúmeros pretendentes, mas a rigor, a escolha parece já ter sido feita, bastando apenas sair o anúncio oficial, que tanto pode ser aqui em Spa quanto em Monza, próxima parada do campeonato. Daniel Ricciardo deve ser o eleito, embora os motivos mais determinantes não sejam exatamente para serem comemorados, mas para se lamentar o fato de o time mais "cuca fresca" da categoria ter se rendido aos vícios que infestam o modus operandi da competição em si.
            Dos nomes especulados para piloto titular da Red Bull em 2014, Ricciardo é o nome menos prestigiado de todos. E é por isso que deverá ser o escolhido: ele não representa "ameaça" para Sebastian Vettel, à primeira vista, e deve ficar em segundo plano na escuderia. Kimmi Raikkonem, o nome talvez mais cotado pela possibilidade, teria sido vetado por Helmut Marko, homem forte e de confiança de Dietrich Mateschitz, dono da escuderia dos energéticos, que trava uma luta política dentro do time com Christian Horner pelo maior poder de mando no time. O motivo seria preservar seu protegido, Sebastian Vettel, que caminha a passos largos para o 4° título consecutivo da F-1, e que na sua opinião, é tudo o que o time precisa. Outro nome de peso na escuderia poderia "desestabilizar" o garoto, e comprometer o bom ambiente reinante na escuderia, em teoria. E com este raciocínio, teria tido de Mateschitz o aval para barrar a vinda do finlandês, que seria defendida por Christian Horner.
            Por outro lado, promover Ricciardo também tem a justificativa de validar o extenso programa de apoio a pilotos promovido pela Red Bull, que na última década já ajudou vários nomes a chegarem à F-1. A grande maioria foi descartada quase tão rápido quanto chegou, e a rigor mesmo, o programa só rendeu um nome de peso: Vettel, que hoje é tricampeão mundial, e na teoria, o maior garoto propaganda a favor do programa de apoio a pilotos desenvolvido pela marca. Vettel destacou-se na Toro Rosso, e foi promovido ao time principal, e justificou todo o apoio que recebeu do programa de formação de pilotos da Red Bull. Desde então, a marca vem procurando outro piloto que apresente o mesmo talento e possa obter o mesmo destaque que o jovem alemão, até o momento, sem sucesso. Mas, falando sério mesmo, isso poderia render problemas ao invés de frutos.
            Tomemos por base a teoria: pilotos de potencial apoiados pela marca são escolhidos para integrarem o time "B" da Red Bull, a Toro Rosso, na sua estréia na Fórmula 1. Ingressando na escuderia, eles têm um tempo determinado, digamos 2 anos, para se adaptarem e mostrarem do que são capazes. Cumprindo todos os requisitos, eles seriam enfim promovidos ao time "A", a equipe Red Bull, como prêmio por terem justificado a confiança da marca no apoio e formação de suas carreiras. Um roteiro simples, aparentemente justo, e sem maiores problemas, certo? Nem tanto.
            Voltemos ao fato de que desde que a Red Bull comprou a escuderia Minardi, e a transformou na Toro Rosso, já se foram 8 anos, contada a atual temporada. Nestes oito anos, se confirmada a promoção de Ricciardo, terão sido apenas 2 pilotos "aprovados" no sistema da Red Bull, em um total de cerca de 10 pilotos. Um aproveitamento de cerca de 20%. Mas, e se os resultados fossem diferentes? O que aconteceria se o número de pilotos que demonstrassem potencial para serem novos "Vettells" fosse maior? Onde a Red Bull iria aproveitar estes pilotos?
            Desde 2009, quando Vettel estreou na Red Bull, que os pilotos da escuderia são exatamente os mesmos. Já são 5 anos competindo com a dupla Mark Webber/Sebastian Vettel, e não fosse o australiano ficar finalmente de saco cheio do fato de seu companheiro de time ser o "queridinho" da escuderia, muito provavelmente a Red Bull poderia até continuar com a mesma dupla em 2014. O principal motivo é que a escuderia simplesmente adotou o estilo de atuação dos times de ponta da F-1: um piloto para vencer campeonatos, e um piloto que possa vencer, mas que não incomode o "favorito" da escuderia. Mark Webber teve seus momentos inspirados, mas na maior parte do tempo, acabou subjugado na pista por Vettel, e isso se reflete também nos boxes: o jovem alemãozinho já demonstra que prefere não ter que dividir o time com alguém potencialmente tão talentoso quanto ele, e isso já se refletiu na maneira como Helmut Marko teria justificado a não contratação de Kimmi Raikkonem como já mencionei: manter o bom ambiente no time, e "preservar" Vettel, que poderia não render o que pode com concorrência interna dentro do time.
            Daí então, vamos ao dilema: e se os pilotos escolhidos se mostrassem tão talentosos quanto Vettel? Com Sebastian demarcando seu espaço na Red Bull, onde alocar estes novos talentos? Ao mesmo tempo em que eles querem descobrir um novo "Vettel", por outro lado, como colocá-los ao lado do Vettel "original"? Haveria espaço para dois talentos potencialmente iguais dentro da Red Bull, se isso acontecesse? Não é o que está parecendo, pois se houvesse intenção de contar com os maiores talentos disponíveis, certamente uma dupla Vettel/Raikkonem seria a melhor opção disponível do grid. Mas, e se Daniel Ricciardo estivesse dando mostras de ser potencialmente tão bom quanto Vettel, e ainda, Jean-Éric Vergne também demonstrasse potencial idêntico para ser promovido, o que a Red Bull poderia fazer? Como Vettel já renovou seu contrato até 2015, na prática, nenhum piloto "à altura" teoricamente poderia ser seu companheiro de equipe, se formos adotar a linha de pensamento defendida por Marko.
            Chega a ser uma contradição: Helmut Marko é quem coordena o programa de formação de pilotos da Red Bull, e em teoria, quanto mais talentos descobertos, melhor. Por outro lado, como defender a hegemonia de Vettel na Red Bull se surgissem outros "fenômenos" como ele regularmente? O time não poderia dispensar o atual tricampeão, depois de tudo o que conseguiram juntos. Por outro lado, impossibilitar que outro "talento" fenomenal fosse promovido à Red Bull, em nome da harmonia interna do time principal, seria um castigo e um desmerecimento para os novos "fenômenos" descobertos. Só existem 2 vagas, e na prática, só há mesmo 1 vaga, com a segunda podendo ser classificada de "estepe" ou piloto "segundão" para irmos direto ao ponto. E trocar de piloto a toda hora, convenhamos, é contraproducente para qualquer escuderia de competição que se leve a sério.
            E o que fazer com os pilotos? Até agora, a Red Bull tem tido a vida fácil: eles são descartados sem dó nem piedade, pois aparentemente ninguém demonstrou ser um novo fenômeno das pistas. O caso mais emblemático foi da dupla Jaime Alguerssuari/Sebastian Buemi, que foram rifados em um momento impróprio, sem terem chance de tentar vaga no mercado. Buemi ainda conseguiu ser piloto de testes da Red Bull, mas nos tempos atuais, essa função é simplesmente decorativa. Alguerssuari ainda acabou sendo acusado de ter "atrapalhado" Vettel em uma corrida por Helmut Marko, e isso já dá uma mostra de como o dirigente pode se tornar, de maior incentivador, ao maior inimigo que um piloto do projeto possa ter.
            Por estes raciocínios, o programa de formação de pilotos da Red Bull acaba não podendo simplesmente oferecer na sua totalidade o que deveria fazer. Se descobrir muitos talentos potenciais, não há espaço para alocá-los. E, quando são descartados, os pilotos não conseguem lugar numa F-1 onde patrocínio pessoal está virando item indispensável, e a Red Bull, já possuindo dois times, não iria apoiar pilotos de seu próprio programa para virarem concorrentes potenciais dela mesma em outras escuderias. Verdade que Mark Webber deve levar o patrocínio dos energéticos para a Endurance, onde vai competir em 2014, pela Porshe, mas Webber não faz parte do programa de formação de pilotos da marca, e também não vai competir em outro time de F-1. Dos demais pilotos "descartados" depois de estrearem na F-1, nenhum deles conseguiu vaga em outro time da categoria com apoio da Red Bull. Vitantonio Liuzzi ainda competiu na Force India, mas claro, sem ter nenhum apoio dos energéticos.
            A idéia do programa de formação de pilotos é achar um novo "Vettel" para o caso do atual sair do time. Certo, mas e se isso não acontecer? Sebastian vai ficar enquanto Adrian Newey continuar produzindo carros vencedores, e até agora é o único piloto que poderia deixar o time e ser interessante a outras escuderias. Já adquiriu brilho próprio, enquanto todos os outros não demonstraram cacife para tanto. Ou, como já falei aqui em outras ocasiões, cada nova dupla titular acabaram mostrando serem talentos equivalentes, sem que conseguissem sobrepujar um ao outro com grande diferença.
            O modo de se trabalhar com apenas uma estrela de fato no time pode fazer a Red Bull perder algum nome potencial de seu próprio programa de formação de pilotos, pelo simples fato de não acomodar dois talentos fenomenais sob o mesmo teto. Se eles não mudarem a postura, Vettel pode continuar "bloqueando" a utilização de outros pilotos de cacife, e quando eles precisarem de um novo talento, com uma saída do alemão, pode não haver nomes disponíveis para substituí-lo, pelo menos não os melhores nomes, pois cada piloto "dispensado" simplesmente fica a pé, e sem mais contar com apoio da marca, dependendo do contexto. Ao mesmo tempo em que defende e protege Vettel como melhor resultado do programa de formação de pilotos, por outro lado, Marko também pode acabar impedindo que o programa dê todos os seus frutos. É preciso mudar isso, mas até agora, a sorte está com Helmut, pois nenhum dos outros pilotos demonstrou aparentemente ter a mesma capacidade de Vettel.
            A confirmação de Ricciardo pela opção de ser o nome mais "inofensivo" à posição de Sebastian na Red Bull, não quer dizer que o australiano não possa surpreender e se mostrar um osso mais duro do que todos esperam. A equipe diz que Ricciardo tem muito potencial para crescer, e que precisa de um piloto que "some pontos" para o time. De certa forma, se confirmada sua ida para a Red Bull, o australiano enfim terá um carro vencedor à disposição, o que não é de se desprezar, pois não é uma chance que aparece todo dia. Se ele vai cumprir as expectativas de quem acha que sua função é ser "apenas" segundo no time, é outra história. De uma forma ou de outra, os resultados podem dar significados diferentes ao programa de formação da Red Bull: se Ricciardo se confirmar como segundo piloto, confirmará a política de que a Red Bull, ao mesmo tempo em que procura novos nomes, ao mesmo também não quer ter dois talentos iguais como pilotos; se o australiano corresponder até mais do que se imagina, pode significar a eficácia do programa, e que ele cumpre as necessidades da Red Bull.
            Torço para que Ricciardo, se escolhido de fato, surpreenda e mostre-se muito melhor do que todos esperam. Será bom para a competição da F-1. E será bom para Vettel também, que precisa saber encarar concorrência interna dentro do próprio time. Ele tem talento suficiente para enfrentar qualquer piloto, e não pode ficar igual a outros campeões, como Fernando Alonso, que se acostumaram a competir apenas quando o time está voltado somente para si, e começam a estrilar quando enfrentam outro companheiro de peso. Até o momento, parece seguir no mesmo caminho de Alonso, de não querer um colega de peso, embora possa declarar o contrário. Vejamos o que vai acontecer...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1996 - 16.08.1996



            Em mais um texto da seção Arquivo, trago hoje a coluna lançada no dia 16 de agosto de 1996. Com o resultado obtido no Grande Prêmio da Hungria daquele ano, a Williams já tinha praticamente garantido o campeonato de construtores, e apenas seus pilotos, Damon e Jacques Villeneuve, podiam disputar o título, com os demais concorrentes já matematicamente fora de combate. O texto também trazia notas rápidas sobre mais alguns acontecimentos. Uma boa leitura e em breve tem mais textos antigos...


WILLIAMS CAMPEÃ! HILL OU VILLENEUVE?

            Com a dobradinha no último Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1, disputado domingo passado, a Williams conquistou por antecipação o campeonato mundial de construtores de 1996 e também o campeonato mundial de pilotos. Agora só Damon Hill e Jacques Villeneuve podem disputar o título. Jean Alesi e Michael Schumacher, que ainda estavam matematicamente na disputa, ficaram a ver navios.

            A única pergunta que resta é: quem será o campeão? Hill ou Villeneuve? Se, a princípio, a resposta pende para o lado de Hill, numa análise mais acurada, pode ser difícil responder, mas nem tanto. Jacques Villeneuve conquistou em Budapeste a primeira vitória convincente na F-1, já que as duas anteriores se deram mais em virtude dos problemas de Hill. Na Hungria, na parte final da corrida, ambos duelaram abertamente, mas ainda assim, sobrou uma pequena dúvida: Hill fez uma prova espetacular e chegou a andar várias vezes 1s mais rápido que o canadense; se não tivesse perdido tanto tempo atrás de Alesi, o resultado poderia ser diferente. Ainda assim, recuperou cerca de 30s de desvantagem e só não venceu a corrida porque, conscientemente, não precisava dela.

            Em um circuito onde ultrapassar era um desafio, Damon Hill acabou correndo com a cabeça, não se dispondo a correr riscos desnecessários. Se ele não se arriscou a forçar uma ultrapassagem sobre Alesi, não deixou a chance escapar quando o francês da Benetton abriu demais na curva após a reta dos boxes. O confronto com Michael Schumacher seria prometedor, mas o alemão acabou indo para os boxes para um pit stop. Schumacher, por sua vez, também sentiu o que é ficar trancado atrás de alguém, quando voltou atrás de Gerhard Berger; sorte do alemão que o austríaco também logo foi ao Box para um pit stop. No fim, não valeu nada para o alemão, que acabou abandonando a corrida e a luta pelo título.

            Pelo que já fez este ano, Damon Hill merece o título. No confronto com Villeneuve, o inglês mostrou-se muito mais rápido. Isso até “queimou” um pouco o talento de Jacques. O canadense é um novato na F-1, é verdade, mas todos os testes que fez antes de começar o campeonato indicavam que o páreo seria duríssimo para Hill. Todos esperavam que fosse como na Austrália, onde Villeneuve deu luta até o fim, perdendo apenas para defeitos em seu carro.

            Mas isso não significa que o canadense esteja fora de combate. Apenas quer dizer que a luta ainda deverá durar mais algumas corridas. Na melhor das hipóteses, Hill poderá faturar o campeonato em Monza, na Itália, caso vença na Bélgica e Villeneuve não marque pontos. Então, um mero 4º lugar liquida a disputa. Para os italianos, que viam em Schumacher a chance de voltar a disputar o título, seria um dia negro...

            Hill não precisa nem vencer mais. Se ficar em segundo em todas as provas que restam, mesmo que Villeneuve vença todas, ainda assim será campeão. E irá se tornar, em grande estilo, o primeiro filho de piloto campeão a repetir o feito na F-1. Graham Hill, seu ilustre pai, foi bicampeão da categoria nos saudosos anos 1960. Em memória de seu pai, Damon tem o dever de ser campeão este ano.





Rubens Barrichello pontuou novamente numa etapa da F-1, mas não ficou satisfeito com o desempenho da Jordan no último fim de semana. A performance da equipe parece declinar, e o ânimo do piloto brasileiro não anda muito melhor. Para piorar a situação, no mercado de pilotos, as eventuais vagas em times de ponta estão se fechando, e tudo indica, Barrichello terá de se resignar a continuar na Jordan, que promete, novamente para 97, decolar como equipe de ponta. Como prometeu para este ano, e no ano passado...





Depois de disputar domingo passado as 200 Milhas de Mid-Ohio, a F-Indy volta a se reunir neste fim de semana para mais uma corrida, as 200 Milhas de Road America, que será disputada no mais bonito circuito misto do campeonato, o de Elkhart Lake, em Wisconsin. O circuito tem cerca de 6,430 Km de extensão e a prova é disputada em 50 voltas. Em 95, Jacques Villeneuve foi o pole-position e o vencedor da corrida. André Ribeiro foi o brasileiro melhor colocado, em 4º. Com grandes retas, o circuito favorece os carros com motor Honda, em especial os com pneus Firestone, ainda levemente superiores aos Goodyear.





O canadense Greg Moore parece destinado a arrumar encrencas com os pilotos brasileiros. Depois de mandar Émerson Fittipaldi para o muro em Michigan, em Mid-Ohio foi a vez de André Ribeiro sentir uma pancada do canadense: André ultrapassou Moore nas voltas finais, e na última volta o canadense tentou recuperar a posição na marra em uma curva, colidindo com o brasileiro e tirando ambos da corrida. Como era a última volta da prova, classificaram-se na zona de pontuação, com André ficando em 8º e Moore em 9º. Antes da corrida, o piloto canadense já tinha levado uma advertência verbal da CART para que dirigisse “com mais responsabilidade”. Sem comentários...





A Sauber mostrou novo fôlego no GP da Hungria de F-1, com uma boa qualificação no grid de largada. O motivo: nova versão do motor Ford V-10. Na corrida, entretanto, os resultados não apareceram...





Mais uma vez, dizem que este foi o último GP de F-1 realizado em terras húngaras. A prova, em 97, deverá ser substituída pelo GP da Áustria, que pretende retornar ao calendário da categoria. Tal como disseram, em outros termos, em 95, 94...





Gerhard Berger mais uma vez teve um fim de semana para esquecer: andando muito mais do que Jean Alesi na corrida, viu seu provável pódio virar fumaça junto com o seu motor na parte final da corrida húngara...





A Forti Corse não participa mais da F-1 este ano. Guido Forti, um dos fundadores da escuderia, tenta reaver o controle da equipe depois de uma complicada e ainda tumultuada venda para um grupo financeiro da Irlanda, que deixou de quitar as dívidas do time. A Forti não participou das últimas corridas por não ter pago os seus motores. Os planos de Forti é reestruturar a equipe e retornar em melhor posição em 97.





A Ferrari ficou novamente pelo caminho na Hungria, e as expectativas da equipe viraram fumaça, depois de brilhar na classificação do grid. Pior na tabela de construtores, onde a Benetton se distanciou na 2ª posição enquanto a McLaren encostou no time italiano. Eis aqui o novo apelido para Michael Schumacher e sua Ferrari: “Barão Vermelho”...





A Indy Lights está virando categoria de brasileiros. Na última etapa, disputada no Canadá, há 2 semanas, a vitória foi de Hélio Castro Neves, assegurando assim a 5ª vitória consecutiva de pilotos tupiniquins na categoria. Americanos e canadenses estão começando a ficar na saudade...
 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

FIM DA LINHA PARA MONTOYA?



Montoya: fim de carreira?

            Em um momento de muita fofoca e pouca coisa concreta em relação à Fórmula 1, eis que uma notícia nos Estados Unidos chamou a atenção nesta semana: Juan Pablo Montoya acaba de ser demitido de seu time na Nascar. Calma, é só após o fim da atual temporada da Sprint Cup, mas isso significa que o piloto colombiano, que há mais de 10 anos prometia ser uma das novas estrelas da F-1, depois de mostrar muito arrojo e sucesso na F-Indy original, estará desempregado em 2014, e aos praticamente 38 anos, se não arrumar um outro time, pode até encerrar a carreira de piloto.
            Desde que retornou aos Estados Unidos em 2006, o colombiano foi buscar refúgio em seu antigo patrão na F-Indy, Chip Ganassi, e acertou para correr por sua escuderia na principal categoria automobilística americana, a Nascar, onde está até hoje. Entretanto, sua passagem pela divisão principal da Stock Car americana rendeu poucos frutos em termos de sucesso: em mais de 230 largadas, foram apenas 2 vitórias em pouco mais de 6 temporadas de participação, um número extremamente baixo para o cacife que Montoya ostentava até então. Mesmo que a categoria americana seja extremamente difícil e competitiva, o colombiano infelizmente não conseguiu o destaque que esperava: sua melhor temporada foi em 2009, quando finalizou o campeonato na 8ª posição. Nos demais anos, teve posições mais modestas no certame: em 2007, foi apenas o 20° colocado; em 2008, 25°; em 2010, 17°; em 2011, 21°; no ano passado, foi 22°; e este ano, até esta semana, é "apenas" o 22° colocado após 22 corridas.
            De acordo com a declaração da direção da equipe, Montoya pareceu conformado com a decisão, entendendo que o time esperava mais dele, e que teve muita paciência até hoje, ainda mais com as confusões que o colombiano sofreu todos estes anos na Nascar, onde acabou sofrendo vários acidentes - nada muito anormal para a categoria, que tem disputas ferrenhas o tempo todo. Montoya acabou tendo mais sorte em algumas corridas fora da Nascar neste meio-tempo: venceu 3 vezes as 24 Horas de Daytona, uma das mais importantes corridas de endurance americanas, sempre pelo time de Chip Ganassi - a última este ano, em parceria com Memo Rojas, Charlie Kimball e Scott Pruett.
            Nascido em Bogotá em 1975, filho de um arquiteto que era também entusiasta das corridas, não demorou para o jovem Juan Pablo apaixonar-se pelas corridas. Conseguiu vencer com muito custo as dificuldades, e em 1998 sagrou-se campeão da F-3000 Internacional, degrau logo abaixo da F-1. Sem vaga na categoria máxima do automobilismo em 1999, foi correr nos Estados Unidos, substituindo o italiano Alessandro Zanardi na equipe Chip Ganassi na F-Indy original. Bicampeão, Zanardi foi para a Williams na F-1, e Montoya foi recomendado a Chip por Frank Williams. Deu mais do que certo: Montoya ganhou o melhor carro da categoria e mandou ver logo de cara. Ao fim do ano, venceu o título com nada menos do que 7 vitórias. O ano seguinte não foi tão vitorioso, uma vez que a Ganassi mudou completamente de equipamento, trocando chassi e motor. Mesmo assim, Montoya ainda venceu 3 corridas pela Indy original, e ainda venceu as 500 Milhas de Indianápolis, pela Indy Racing League, sendo o primeiro novato desde Graham Hill em 1966 a vencer a mítica corrida. Já havia conquistado a América, como fizera Zanardi. Para 2001, a F-1 estava à sua espera, com a Williams a apostar em seu talento.
            E Montoya chegou mostrando ser abusado: logo no início do campeonato, aqui em Interlagos, foi dando um passão logo em Michael Schumacher no "S" do Senna durante o GP do Brasil. O colombiano não estava nem aí para quem o alemão era, e mostrava que, se tivesse carro, ia mesmo para cima sem cerimônias. Mas sua impetuosidade também o fazia abandonar mais corridas do que deveria, e mesmo tendo um carro potencialmente vencedor, foi apenas em Monza que conquistou sua primeira vitória, ao passo que seu colega de equipe Ralf Schumacher venceu 3 provas naquele ano, terminando em 4° no campeonato, enquanto o colombiano era o 6°. Mas, de início, não estava nada mal. Os anos seguintes, contudo, estancaram um pouco as esperanças de vermos o colombiano disputar o título. A supremacia da Ferrari e de Michael Schumacher deixaram todo o restante da F-1 como coadjuvantes, e a Williams tinha um carro de performance irregular, ora potencialmente imbatível em algumas pistas, ora apenas regular em outras. De positivo foi o fato de Montoya cilindrar Ralf na Williams, e superar o alemão regularmente dentro do time. Assim, em 2002, Montoya já foi 3° colocado no campeonato. Seu melhor ano foi em 2003, quando realmente se manteve na luta pelo título até o final, terminando novamente em 3°, mas a apenas 11 pontos do novamente campeão Michael Schumacher. Em 2004, com a Williams caindo de produção, Montoya foi apenas 5° no campeonato, e venceu sua última corrida pelo time, aqui em São Paulo, para delírio dos torcedores colombianos que foram vê-lo. No ano seguinte, aportaria na McLaren, onde para muitos teria finalmente os meios para ser campeão.
            No time de Woking, contudo, as coisas não correram como o colombiano esperava: ganhou sim um carro vencedor, mas também um companheiro de equipe duríssimo: Kimmi Raikkonem. O finlandês deixou Juan Pablo na sombra no time, e mesmo que Montoya tenha vencido 3 corridas, Raikkonem faturou 7 provas, e ainda foi vice-campeão, enquanto o colombiano foi apenas 4° colocado, com pouco mais da metade dos pontos de Kimmi. Mas o problema maior não era o finlandês: Montoya passou a não se sentir à vontade no ambiente sisudo e extremamente sério da McLaren, e isso claramente o incomodava. No ano seguinte, a McLaren teve um ano abaixo do esperado, e Montoya, na ânsia de tentar andar mais do que o carro, passou a exagerar na dose. O ponto mais abaixo foi no GP dos EUA, quando ele e Kimmi praticamente bateram juntos um no outro. Não foi um caso único: nas 10 provas disputadas naquele ano, Montoya arrumou confusão com Kimmi em praticamente 3 corridas. Ron Dennis sempre foi mais liberal do que os outros chefes de equipe na disputa de seus pilotos em pista, mas baterem um no outro era algo fora de cogitação, e paciência de Ron esgotou-se ali mesmo em Indianápolis. E, pelo gênio forte de Montoya, não seria surpresa se ele tivesse mandado Ron para "aquele lugar" depois da bronca. Estava decretado o fim da carreira do colombiano na F-1.
            Mesmo havendo opções de equipes razoáveis para 2007, Montoya preferiu voltar ao ambiente mais cordial e menos chato do automobilismo americano. Acertou com Chip Ganassi, seu velho patrão, para correr por seu time na principal divisão da Nascar e acreditava poder reencontrar na categoria o seu prazer de competir. Pode-se dizer que conseguiu: nunca se sentiu infeliz por lá, e passou a excomungar a F-1 de forma até justificável. Mas ao mesmo tempo, não brilhou como fazia antes em sua passagem na antiga Indy.
            Montoya poderia ter ido para a Indy Racing League, mas preferiu os carrões da Stock. Talvez por preferir não ter de cuidar tanto do físico como é necessário para os pilotos de monopostos, o colombiano de fato ficou mais rechonchudo nos últimos anos. Pra alguns, pode ter perdido uma excelente oportunidade de mostrar que ainda era um piloto vencedor, pois a Ganassi tinha um dos melhores carros da competição, e foi campeã de 2008 a 2011. Chip já tinha uma dupla de pilotos talentosa, mas com certeza poderia ter arrumado mais um carro para o colombiano. Poderia não ter dado certo também, mas pelo menos poderia ter tentado. Ao optar ir para a Nascar, seus fãs nunca mais puderam vê-lo dar seus shows de velocidade, tendo se tornado "apenas mais um" no meio do grid da Sprint Cup.
            Com certeza Juan Pablo sente falta dos tempos de glória, mas de certa forma, não ficou no aperto financeiro pela falta de resultados: a Nascar é a categoria americana que mais prêmios distribui a seus pilotos, e Montoya já faturou mais de US$ 30 milhões em prêmios desde que estreou por lá. Resta saber se, após o fim da atual temporada, Juan Pablo vai curtir uma merecida aposentadoria, ou se tentará arrumar um novo time para continuar acelerando. Seu nome ainda é muito respeitado e até venerado nos Estados Unidos, mesmo sem atingir o prestígio e a fama dos gigantes da Nascar, e com certeza ele terá boas chances de seguir competindo nos Estados Unidos.
            É cedo para dizer que o colombiano pode encerrar a carreira, mas se acabar ficando sem opções, pode-se dizer que teve bons dias para se vangloriar no mundo do automobilismo. Que tenha as devidas chances para seguir adiante, e possa escolher o melhor destino para si a partir de 2014.