terça-feira, 28 de maio de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1996 – 28.06.1996



            Hoje, trazendo mais uma antiga coluna, esta é de 28 de junho de 1996, e o assunto era o anúncio da Renault de que a fábrica francesa, maior vencedora de GPs da década, iria sair da Fórmula 1 ao fim do campeonato de 1997, e o drama de como isso iria afetar suas principais equipes na categoria: a Williams, que dominava o campeonato naquele ano; e a Benetton, que havia sido campeã com os propulsores franceses no ano anterior, com Michael Schumacher. Ambos os times tiveram um bom tempo para tentar arrumar novos motores, mas no fim, acabaram seguindo com os Renault, que passariam a ter seu desenvolvimento e manutenção “terceirizados”, ficando a cargo então da Mecachrome, empresa que já atuava em parceria com a Renault nos tempos da Era Turbo. Fiquem agora com o texto, e até breve com mais colunas antigas...


PROCURAM-SE MOTORES


            A Fórmula 1 anda fervendo ultimamente, e uma das causas mais recentes foi o anúncio, em caráter extra-oficial, da Renault ao comunicar sua retirada da categoria ao encerramento da temporada de 1997. O anúncio oficial só sai neste fim de semana, quando será disputado o Grande Prêmio da França no circuito de Magny-Cours, mas desde a semana passada já não é mais nenhum novidade. O próprio presidente da Renault, Patrick Faure, declarou que a fábrica já atingiu todos os resultados possíveis para o momento na categoria, e que é chegada a hora de voltar-se para outros objetivos. Nos bastidores, entretanto, o comentário é outro: a Renault estaria sentindo a concorrência se aproximar bastante, e por isso, seria conveniente abandonar o barco por cima. Por competição, leia-se Peugeot e Ferrari, que fizeram enormes progressos nos últimos meses.

            A decisão da Renault deixa uma incógnita no ar: que motor irão usar Williams e Benetton em 1998? Para a temporada de 97, a Renault garante o cumprimento do contrato atual, que é válido para a próxima temporada. Se isso é um alívio, por outro lado, Williams e Benetton já deverão concentrar esforços em encontrar motores novos o quanto antes. A última vez que equipes de ponta sofreram tal divórcio de seus fornecedores de motores, o baque foi bem forte. Basta lembrar o caso da Williams com a Honda em 1987: os japoneses anunciaram o rompimento de seu contrato com Frank Williams apenas em setembro, deixando a equipe quase à deriva no campeonato de 1988, competindo com o problemático motor Judd. A McLaren sentiu o mesmo golpe em 1992: a Honda anunciou, também em setembro daquele ano, a sua retirada da F-1, deixando a escuderia de Ron Dennis numa corrida louca por propulsores decentes para 1993. Enquanto a Williams, em 87, foi pega de surpresa, a McLaren em 92 já devia ter se mexido nesse sentido, pois rumores de que a Honda abandonaria a categoria já circulavam desde março daquele ano. Agora, entretanto, ambas as escuderias têm um ano e meio para resolverem o problema de seus motores para 1998. Não será uma tarefa fácil, mas elas não poderão alegar que foram pegas de surpresa e não terão tempo para resolver a situação.

            À luz do momento, que opções Williams e Benetton podem ter? A principal concorrente da Renault no mercado francês, a Peugeot, é uma possibilidade. O propulsor que equipa a Jordan já equipara-se ao Renault em potência e velocidade final. Com o abandono da rival, a Peugeot poderia ser a nova marca dominante na F-1. Fica a dúvida se a Peugeot irá abandonar a Jordan e fornecer à Williams e/ ou à Benetton. Tudo é possível, ainda mais agora que o motor francês atingiu um grau de confiabilidade satisfatório, o que significa que está na hora da equipe Jordan fazer juz à sua pretensão de ser a 5ª equipe de ponta da F-1.

            Outra opção é a Mercedes, que pode abandonar a McLaren caso a escuderia não atinja resultados razoáveis. Pesa-se neste caso o fato, contra a Mercedes, de que o motor alemão já ter sido mais competitivo do que é atualmente. Todos concordam que o V-10 produzido pela Ilmor já teve melhores performances em 95, quando, infelizmente, não pôde mostrar todo o seu potencial devido ao péssimo chassi da McLaren, o que não é o caso desta temporada.

            A Honda é outra possível solução. A fábrica japonesa prepara seu retorno em grande estilo à F-1 em 97. Foi a Williams a dar o primeiro título de pilotos da Honda, em 1987, com Nélson Piquet, e também o primeiro título de construtores, em 86. Mas há complicações: a Honda estuda competir como equipe completa, construindo carro e motor, e fica a dúvida se os japoneses dividirão esforços nesta nova investida na F-1. Tudo indica que não, pois a Honda terá duas frentes para trabalhar, o desenvolvimento do motor e a construção do carro.

            A Benetton, por sua vez, pode tentar reatar o seu relacionamento com a Ford, com quem trabalhou de 87 a 94, quando mudou para os motores Renault. A Ford, por seu lado, deve preferir concentrar seus esforços na nova Stewart Racing, equipe do tricampeão Jackie Stewart, que deve estrear em 97, e que já será a nova equipe oficial da fábrica norte-americana na categoria. Pese-se também o fato de que a Ford não gostou muito de ser substituída pela Renault depois de todo o esforço de desenvolvimento do novo motor Ford Zetec-R V-8 que deu o título de pilotos à equipe multicolorida em 94 com Michael Schumacher.

            Há ainda a opção da BMW, que já estuda um possível retorno à F-1, mas ainda não há informações plausíveis da fábrica alemã neste sentido. A BMW foi a primeira campeã da Era Turbo, em 1983, com a Brabham, com Nélson Piquet, e está fora da F-1 desde 1988, tendo encerrado suas participações na categoria em 1987.

            Williams e Benetton dominaram os mundiais desde 92 na F-1, e agora enfrentam um novo desafio, fora das pistas: a busca por um motor competitivo para equipar seus carros em 98. Ainda há muita coisa que pode acontecer até lá, mas a largada já começou. Resta saber quem vai ganhar esta corrida...





O retrospecto da Renault no Grande Prêmio da França, desde que passou a ser disputado no circuito de Magny-Cours, é esmagador: fez todas as poles, com a Williams (Riccardo Patrese, em 1991, Nigel Mansell em 1992, e Damon Hill nos últimos 3 anos), e venceu todas as corridas, com exceção de 1994, quando Michael Schumacher ganhou com uma Benetton/Ford.





A F-Indy promete pegar fogo nas próximas etapas. Uma prova é que o campeonato, antes propício a Jimmy Vasser, começa a ficar embolado. O americano ainda lidera o campeonato, mas a concorrência está se aproximando rápido. Os perseguidores são Al Unser Jr., Michael Andretti, Christian Fittipaldi, e Gil de Ferran. Gil e Christian prometem chumbo grosso no combate: ambos subiram ao pódio nas últimas 2 provas consecutivas, enquanto Vasser só conseguiu 1 ponto. Michael Andretti e Al Unser Jr. Também estão no páreo. A luta continua neste final de semana, com o Grande Prêmio de Cleveland. Para Gil, um motivo animador: em 95 o brasileiro largou na pole e dominou a corrida, só não vencendo por causa de uma batida estúpida por parte de Scott Pruett, que era retardatário e fechou o piloto brasileiro a 5 voltas do final, tirando-o da corrida...





Émerson Fittipaldi fazia sua melhor prova em circuito misto da temporada, em Portland: largou em 16º e foi galgando posições na pista e nos boxes. Estava pressionando Al Unser Jr. Na disputa pelo 5º lugar quando o câmbio de seu Penske deixou-o a pé. De consolo sobrou o fato de ter o segundo carro mais rápido da corrida, depois do vencedor, Alessandro Zanardi. E, para aqueles que vivem apregoando a sua decadência, Émerson já avisa: “Estarei no grid de largada da F-Indy em 1997.”, sobre uma possível “aposentadoria”no fim do ano...





Os ânimos andam quentes na equipe Penske. Al Unser Jr. E Paul Tracy se desentenderam depois de uma disputa feroz por posições durante o GP de Detroit, forçando o abandono de Al Unser Jr. Em Portland, veio a vingança, com Paul Tracy abandonando por culpa própria, enquanto o americano terminou a corrida em 4º lugar.
 

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