Hoje,
trazendo mais uma antiga coluna, esta é de 28 de junho de 1996, e o assunto era
o anúncio da Renault de que a fábrica francesa, maior vencedora de GPs da
década, iria sair da Fórmula 1 ao fim do campeonato de 1997, e o drama de como
isso iria afetar suas principais equipes na categoria: a Williams, que dominava
o campeonato naquele ano; e a Benetton, que havia sido campeã com os
propulsores franceses no ano anterior, com Michael Schumacher. Ambos os times
tiveram um bom tempo para tentar arrumar novos motores, mas no fim, acabaram
seguindo com os Renault, que passariam a ter seu desenvolvimento e manutenção
“terceirizados”, ficando a cargo então da Mecachrome, empresa que já atuava em
parceria com a Renault nos tempos da Era Turbo. Fiquem agora com o texto, e até
breve com mais colunas antigas...
PROCURAM-SE MOTORES
A
Fórmula 1 anda fervendo ultimamente, e uma das causas mais recentes foi o
anúncio, em caráter extra-oficial, da Renault ao comunicar sua retirada da
categoria ao encerramento da temporada de 1997. O anúncio oficial só sai neste
fim de semana, quando será disputado o Grande Prêmio da França no circuito de
Magny-Cours, mas desde a semana passada já não é mais nenhum novidade. O
próprio presidente da Renault, Patrick Faure, declarou que a fábrica já atingiu
todos os resultados possíveis para o momento na categoria, e que é chegada a
hora de voltar-se para outros objetivos. Nos bastidores, entretanto, o
comentário é outro: a Renault estaria sentindo a concorrência se aproximar
bastante, e por isso, seria conveniente abandonar o barco por cima. Por
competição, leia-se Peugeot e Ferrari, que fizeram enormes progressos nos
últimos meses.
A
decisão da Renault deixa uma incógnita no ar: que motor irão usar Williams e
Benetton em 1998? Para a temporada de 97, a Renault garante o cumprimento do
contrato atual, que é válido para a próxima temporada. Se isso é um alívio, por
outro lado, Williams e Benetton já deverão concentrar esforços em encontrar
motores novos o quanto antes. A última vez que equipes de ponta sofreram tal
divórcio de seus fornecedores de motores, o baque foi bem forte. Basta lembrar
o caso da Williams com a Honda em 1987: os japoneses anunciaram o rompimento de
seu contrato com Frank Williams apenas em setembro, deixando a equipe quase à
deriva no campeonato de 1988, competindo com o problemático motor Judd. A
McLaren sentiu o mesmo golpe em 1992: a Honda anunciou, também em setembro
daquele ano, a sua retirada da F-1, deixando a escuderia de Ron Dennis numa
corrida louca por propulsores decentes para 1993. Enquanto a Williams, em 87,
foi pega de surpresa, a McLaren em 92 já devia ter se mexido nesse sentido,
pois rumores de que a Honda abandonaria a categoria já circulavam desde março
daquele ano. Agora, entretanto, ambas as escuderias têm um ano e meio para
resolverem o problema de seus motores para 1998. Não será uma tarefa fácil, mas
elas não poderão alegar que foram pegas de surpresa e não terão tempo para
resolver a situação.
À
luz do momento, que opções Williams e Benetton podem ter? A principal
concorrente da Renault no mercado francês, a Peugeot, é uma possibilidade. O
propulsor que equipa a Jordan já equipara-se ao Renault em potência e
velocidade final. Com o abandono da rival, a Peugeot poderia ser a nova marca
dominante na F-1. Fica a dúvida se a Peugeot irá abandonar a Jordan e fornecer
à Williams e/ ou à Benetton. Tudo é possível, ainda mais agora que o motor
francês atingiu um grau de confiabilidade satisfatório, o que significa que
está na hora da equipe Jordan fazer juz à sua pretensão de ser a 5ª equipe de
ponta da F-1.
Outra
opção é a Mercedes, que pode abandonar a McLaren caso a escuderia não atinja
resultados razoáveis. Pesa-se neste caso o fato, contra a Mercedes, de que o
motor alemão já ter sido mais competitivo do que é atualmente. Todos concordam
que o V-10 produzido pela Ilmor já teve melhores performances em 95, quando,
infelizmente, não pôde mostrar todo o seu potencial devido ao péssimo chassi da
McLaren, o que não é o caso desta temporada.
A
Honda é outra possível solução. A fábrica japonesa prepara seu retorno em
grande estilo à F-1 em 97. Foi a Williams a dar o primeiro título de pilotos da
Honda, em 1987, com Nélson Piquet, e também o primeiro título de construtores,
em 86. Mas há complicações: a Honda estuda competir como equipe completa,
construindo carro e motor, e fica a dúvida se os japoneses dividirão esforços
nesta nova investida na F-1. Tudo indica que não, pois a Honda terá duas
frentes para trabalhar, o desenvolvimento do motor e a construção do carro.
A
Benetton, por sua vez, pode tentar reatar o seu relacionamento com a Ford, com
quem trabalhou de 87 a 94, quando mudou para os motores Renault. A Ford, por
seu lado, deve preferir concentrar seus esforços na nova Stewart Racing, equipe
do tricampeão Jackie Stewart, que deve estrear em 97, e que já será a nova
equipe oficial da fábrica norte-americana na categoria. Pese-se também o fato
de que a Ford não gostou muito de ser substituída pela Renault depois de todo o
esforço de desenvolvimento do novo motor Ford Zetec-R V-8 que deu o título de
pilotos à equipe multicolorida em 94 com Michael Schumacher.
Há
ainda a opção da BMW, que já estuda um possível retorno à F-1, mas ainda não há
informações plausíveis da fábrica alemã neste sentido. A BMW foi a primeira
campeã da Era Turbo, em 1983, com a Brabham, com Nélson Piquet, e está fora da
F-1 desde 1988, tendo encerrado suas participações na categoria em 1987.
Williams
e Benetton dominaram os mundiais desde 92 na F-1, e agora enfrentam um novo
desafio, fora das pistas: a busca por um motor competitivo para equipar seus
carros em 98. Ainda há muita coisa que pode acontecer até lá, mas a largada já
começou. Resta saber quem vai ganhar esta corrida...
O retrospecto da Renault no Grande Prêmio da França, desde que passou a
ser disputado no circuito de Magny-Cours, é esmagador: fez todas as poles, com
a Williams (Riccardo Patrese, em 1991, Nigel Mansell em 1992, e Damon Hill nos
últimos 3 anos), e venceu todas as corridas, com exceção de 1994, quando Michael
Schumacher ganhou com uma Benetton/Ford.
A F-Indy promete pegar fogo nas próximas etapas. Uma prova é que o
campeonato, antes propício a Jimmy Vasser, começa a ficar embolado. O americano
ainda lidera o campeonato, mas a concorrência está se aproximando rápido. Os
perseguidores são Al Unser Jr., Michael Andretti, Christian Fittipaldi, e Gil
de Ferran. Gil e Christian prometem chumbo grosso no combate: ambos subiram ao
pódio nas últimas 2 provas consecutivas, enquanto Vasser só conseguiu 1 ponto.
Michael Andretti e Al Unser Jr. Também estão no páreo. A luta continua neste
final de semana, com o Grande Prêmio de Cleveland. Para Gil, um motivo
animador: em 95 o brasileiro largou na pole e dominou a corrida, só não
vencendo por causa de uma batida estúpida por parte de Scott Pruett, que era
retardatário e fechou o piloto brasileiro a 5 voltas do final, tirando-o da
corrida...
Émerson Fittipaldi fazia sua melhor prova em circuito misto da
temporada, em Portland: largou em 16º e foi galgando posições na pista e nos
boxes. Estava pressionando Al Unser Jr. Na disputa pelo 5º lugar quando o
câmbio de seu Penske deixou-o a pé. De consolo sobrou o fato de ter o segundo
carro mais rápido da corrida, depois do vencedor, Alessandro Zanardi. E, para
aqueles que vivem apregoando a sua decadência, Émerson já avisa: “Estarei no
grid de largada da F-Indy em 1997.”, sobre uma possível “aposentadoria”no fim
do ano...
Os ânimos andam quentes na equipe Penske. Al Unser Jr. E Paul Tracy se
desentenderam depois de uma disputa feroz por posições durante o GP de Detroit,
forçando o abandono de Al Unser Jr. Em Portland, veio a vingança, com Paul
Tracy abandonando por culpa própria, enquanto o americano terminou a corrida em
4º lugar.
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