quarta-feira, 8 de maio de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1996 – 14.06.1996



            Voltando com a seção, Arquivo, esta coluna foi lançada em 14 de junho de 1996, e falava da etapa canadense da Fórmula 1, um pouco do fervor que os fãs daquele país nutriam – e ainda nutrem, pela maior categoria automobilística do planeta. E naquele ano, o fervor estava renovado pela presença de Jacques Villeneuve na pista, pilotando a Williams, o filho do lendário Gilles Villeneuve, que havia incutido o gosto pela F-1 no coração dos canadenses. Fiquem agora com o texto, e boa leitura. Em breve, mais textos antigos por aqui...


PARADA NO CANADÁ

            A Fórmula 1 desembarca neste fim de semana pela segunda no ano em terras americanas. Depois das etapas do Brasil e da Argentina no início do ano, é a vez do Canadá receber a maior categoria automobilística do planeta.

            Diferente dos Estados Unidos, onde não é muito conhecida, a F-1 no Canadá é muito popular e famosa. O motivo não é outro senão Gilles Villeneuve, que virou um mito da velocidade por suas façanhas na pista guiando a Ferrari. Por coincidência, sua primeira vitória na categoria foi justamente aqui neste circuito de Montreal, montado na Ilha de Notre Dame, situada no meio do Rio São Lourenço. Foi em 1978, e na época, a Ferrari vivia uma de suas melhores fases: Niki Lauda era o campeão mundial e a escuderia estava em grande momento, apesar de, naquela temporada, ter perdido o campeonato para a Lótus, que massacrou a oposição com seus carros-asa.

            Três anos depois, Gilles disputaria aqui seu último GP de F-1 em sua terra natal. Debaixo de uma chuva torrencial, o piloto canadense deu um show, guiando até com o bico do carro quebrado, para delírio de seus fãs, que mesmo com a chuva, lotaram o circuito. Villeneuve não venceu, ficando apenas em 3º lugar, atrás de John Watson, da McLaren/Ford; e de Jacques Laffite, da Ligier/Matra. No ano seguinte, em 1982, aquele que foi o maior ídolo esportivo canadense morreu durante os treinos para o GP da Bélgica, em Zolder. Apenas 2 etapas depois, a F-1 chegou ao Canadá, e o clima já era bem diferente dos GPs anteriores. A vitória da corrida ficou com Nélson Piquet.

            Mas a paixão do canadense pela velocidade não esmoreceu muito. Todo GP disputado no Canadá sempre foi muito bem-vindo. Na falta de seu ídolo, a paixão do torcedor de Gilles passou para sua escuderia, a Ferrari, especialmente a de número 27, com a qual ele corrida. E uma prova dessa paixão pôde ser sentida em 95, quando Jean Alesi, com a Ferrari, venceu o GP do Canadá. O público invadiu a pista em comemoração, uma cena só vista nas provas da Itália quando a Ferrari consegue um bom resultado.

            Hoje, 15 anos depois, o nome Villeneuve está de volta a uma prova de F-1 no Canadá. O circuito Gilles Villneuve receberá seu traçado o filho daquele que lhe deu nome, Jacques Villeneuve. E nem precisa adivinhar qual vai ser a reação do público: já não há mais ingressos disponíveis há meses, e a perspectiva para a corrida é de lotação total no circuito. Há quem aposte que a paixão do torcedor vai ficar dividida, pois a Ferrari vem com Michael Schumacher, atual bicampeão do mundo, enquanto Villeneuve, que chamará a atenção da torcida, estará na Williams, equipe que, à época de Gilles Villeneuve, era a maior rival da Ferrari, junto com a Lótus. A Lótus se foi, mas a rivalidade entre Ferrari e Williams está bem viva nesta temporada.

            Jacques, entretanto, não faz promessas: apesar de já ter corrido aqui antes, andar de F-1 é uma coisa bem diferente, e não se pode esperar um desempenho espetacular. Segundo ele, o favoritismo da equipe está depositado em Damon Hill, que conhece o traçado e sempre andou bem na corrida. Será que isso é verdade? Até hoje nunca vi um piloto que, tendo um mínimo de chance, não partisse para tentar a vitória no GP de seu país. Os torcedores que se preparem, pois o jovem canadense não deve ficar parado. Podem apostar nisso...





Uma das atividades mais divertidas da F-1 em sua visita ao Canadá é a tradicional corrida de barcos. Todas as equipes vão para a raia olímpica ao lado do circuito e partem para a água, disputando uma corrida com embarcações montadas com o que estiver à mão nos boxes: pedaços de carros, tambores vazios, pneus usados, etc. Nem sei como alguns barcos flutuam e não é raro alguma equipe “naufragar” durante o percurso. Não há muitas regras, e vez por outra, alguns utlizam-se de truques sujos na disputa, mas nada fora da esportividade. Todo mundo participa. É uma daquelas raras oportunidades onde o pessoal esquece a tensão e a rivalidade do dia-a-dia, disputando uma espécie de gincana colegial. Desde que estreou na F-1, a Jordan tem sido a favorita neste tipo de “corrida”; pena que isso não se estenda também à corrida de F-1...





Mudança radical na Forti Corse: depois de perder a sociedade com Carlo Gancia, agora o outro sócio, Guido Forti, passou a ser proprietário minoritário. O grupo Shannon, que atua no ramo financeiro, assumiu a direção da equipe. A primeira mudança foi visual: saiu o amarelo e o azul e entraram o verde e branco, as cores da Irlanda, onde o grupo tem sua sede.





Quem também vai fazer mudanças é a equipe Newmann-Hass na F-Indy: a partir de 1997, o time passará a usar chassis fabricados pela Swift, e será a equipe oficial da fábrica. A primeira condição do contrato já foi aceita: Hiro Matsushita não será piloto do time. O detalhe: Hiro é dono da Swift. Carl Hass, um dos proprietários da escuderia, está deixando de ser representante oficial da Lola nos EUA, marca de chassi que o time utiliza há vários anos.





A Lola, por sua vez, já definiu seus planos operacionais para 97, e com a perda da Newmann-Hass, a nova equipe oficial da fábrica passará a ser a Tasman, onde corre o brasileiro André Ribeiro. Com isso, a Tasman passará a contar em primeira mão com todos os melhoramentos que a Lola conseguir desenvolver em seus chassis, vantagem essa que atualmente pertence à equipe de Paul Newmann e Carl Hass. As novas melhorias só são passadas aos demais times clientes da fábrica de chassis algumas corridas depois...





Com o advento dos circuitos mistos no campeonato da F-Indy, as equipes abastecidas pela Firestone passaram a ter pavor de chuva, depois do pífio desempenho de seus carros durante as voltas em pista molhada no GP de Detroit. Todos os pilotos com pneus japoneses iam ficando para trás com facilidade, enquanto os pilotos com pneus da Goodyear simplesmente chegavam e passavam, indo embora. Depois disso, houve o comentário de que as equipes Goodyear estavam incluindo em suas agendas para os GPs uma hora reservada para seus integrantes fazerem a dança da chuva...





Se Christian Fittipaldi acabou perdendo as chances de vitória n GP de Detroit de F-Indy, na prova da Indy Lights, categoria de acesso à Indy, Tony Kanaan não deu chances aos adversários, vencendo a corrida de forma magistral. Os demais brasileiros na competição, infelizmente, ficaram pelo caminho...





O retrospecto recente do GP do Canadá de F-1 é bem competitivo: desde 1989, 4 escuderias venceram a prova canadense. A McLaren venceu em 90 e 92; a Williams chegou na frente em 89 e 93; a Benetton ganhou em 91 e 94; e a Ferrari abocanhou a vitória em 95. Todas as provas foram vencidas por pilotos diferentes: Thierry Boutsen (89), Ayrton Senna (90), Nélson Piquet (91), Gerhard Berger (92), Alain Prost (93), Michael Schumacher (94), e Jean Alesi (95).

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