quarta-feira, 15 de maio de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JUNHO DE 1996 – 21.06.1996



            Em mais uma edição da sessão Arquivo, eis aqui a coluna lançada em 21 de junho de 1996, escrita após o Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1 daquele ano. Depois de duas provas sem resultados, Damon Hill voltava a vencer, e a reafirmar sua condição de favorito ao título, ainda mais que Jacques Villeneuve, seu companheiro de equipe, acabou sucumbindo na prova de seu país. Mas ainda era a primeira metade do campeonato, e muita água ainda iria rolar pela frente até a derradeira etapa, no Japão. Acompanham o texto várias anotações de outros acontecimentos no mundo do automobilismo naqueles dias. Uma boa leitura a todos, e semana que vem tem mais...


HILL NO PÁREO

            Depois de duas corridas sem pontuar no campeonato, houve quem dissesse que Damon Hill poderia desmoronar novamente e sucumbir aos adversários na luta pelo título de 1996. A vitória de Michael Schumacher em Barcelona, aliada aos erros que levaram o inglês a rodar e abandonar por culpa própria aquele GP deram a forte impressão de que o piloto alemão e a Ferrari poderiam inverter a situação de favoritismo da equipe de Frank Williams daqui para frente. Após o GP do Canadá, entretanto, muitos, a contragosto, tiveram que cair na realidade e constatar que, em Barcelona, foi apenas um deslize, assim como em Mônaco. Hill tratou de colocar as coisas em ordem em Montreal, e o fez de maneira perfeita. Era sua obrigação, é verdade, mas a pressão que vários fatores começaram a lhe impor poderia ter feito o inglês desabar psicologicamente.

            Depois do sucesso retumbante de Barcelona, a Ferrari viveu um verdadeiro desaire em Montreal. Michael Schumacher deu esperanças na classificação, disputando as primeiras posições com Hill e Jacques Villeneuve. O piloto alemão estava disposto a mostrar que a Ferrari é uma ameaça real para a Williams, enquanto o piloto canadense, correndo em casa pela primeira vez na F-1, queria a pole a qualquer custo. Damon Hill, em suas primeiras tentativas, parecia não estar pronto para o duelo com Jacques e Michael, mas na hora certa, o inglês partiu para o ataque decisivo e derrotou ambos, conquistando a pole-position. Eddie Irvinne também vinha bem no grid, o que só aumentava o otimisto da escuderia de Maranello.

            A desgraça ferrarista começou na volta de apresentação, quando Schumacher não conseguiu arrancar e teve de largar em último. Irvinne teve vida ainda mais curta: ficou logo na primeira volta da corrida, enquanto Schumacher partia para a recuperação, alcançando o 13º lugar na pista e ficando empacado nele, só avançando quando alguém quebrava à sua frente. No pit stop, acabou perdendo uma peça da suspensão e teve de dar adeus à corrida. Pra piorar, viu seu rival, Hill, comandar a prova a seu bel prazer e vencer sem problemas. Quando Schumacher esperava desferir um golpe mortal em seu adversário no GP canadense, o tiro saiu pela culatra. E não foi só isso: ambos os carros da Ferrari ficaram pelo caminho, enquanto a Williams fez a dobradinha e distanciou-se ainda mais no campeonato de cosntrutores.

            Benetton e Jordan mostraram-se competitivos em Montreal, mas não deu para ver todo o seu potencial: Gerhard Berger, nitidamente mais rápido que Jean Alesi, acabou rodando na perseguição a seu companheiro de equipe, terminando de forma negativa mais um GP. Para a Jordan foi pior: Rubens Barrichello, em mais uma excelente corrida, com perspectivas de lutar pelo pódio, ficou novamente a pé, sem embreagem. Martin Brundle, que também vinha andando muito bem e estava à frente do brasileiro, acabou fazendo das suas e perdeu as chances de um bom resultado quando ficou sem o bico do carro e precisou trocá-lo. Sorte da McLaren, que sem conseguir discutir o andamento de seus carros com a Benetton e a Jordan, somou mais 5 pontos e aproximou-se da equipe de Berger e Alesi. Esta, por sua vez, está chegando perto da Ferrari no mundial de construtores.

            O público canadense lotou o circuito, sendo estimado em mais de 100 mil pessoas. O novo ídolo local, Jacques Villeneuve, deu motivo para a torcida comemorar, chegando a liderar a corrida. Damon Hill, entretanto, estava disposto a recuperar o respeito e acabar com as críticas que vinham lhe sendo dirigidas depois de Barcelona e estragou a festa dos canadenses. Na largada, não deu chances a Villeneuve e disparou na frente, abrindo larga vantagem e administrando a corrida a partir daí. O inglês também derrotou seu companheiro de equipe na estratégia, parando duas vezes, enquanto Villeneuve parou apenas uma vez. Andando muito forte e atento a seu colega de equipe, Damon comandou a corrida até o final, vencendo a prova e recuperando o favoritismo na corrida ao título.

            Agora, a F-1 volta em definitivo para a Europa. A única exceção será a etapa de encerramento do campeonato, em Suzuka, no Japão. A próxima parada será na França, em Magny-Cours, uma pista veloz, similar à canadense, mas muito mais travada. Depois virão as pistas de altíssima velocidade. A F-1 encerrou a primeira metade do mundial de 96 e agora parte para sua segunda e decisiva fase. Com o respeito e moral resgatados, Damon Hill está de novo no páreo. Que venha a concorrência...





Michael Schumacher declarou em 95 que o piloto que mais admirava na F-1 era Pedro Paulo Diniz, dizendo-se impressionado pelo fato do piloto brasileiro manter a motivação em alta, mesmo guiando um carro desastroso como a Forti Corse. Gostaria de saber como Schumacher encarou a motivação de Diniz no Canadá, quando o brasileiro, agora piloto da Ligier, o infernizou durante várias voltas da corrida, disputando o 13º lugar, em posse do piloto da Ferrari. Irritado com os acontecimentos do fim de semana, não dá para saber o que o bicampeão do mundo achou de ser pressionado por alguém que, no ano passado, só via na hora de colocar voltas em cima...





A Ligier mostrou uma curiosa forma de trabalho de equipe: tanto Olivier Panis quando Pedro Paulo Diniz abandonaram a corrida de F-1 canadense na mesma volta e com o mesmo problema: estouro do motor Honda. Depois do sucesso em Mônaco e Barcelona, dispensa-se tal tipo de companheirismo...





Quem estava com saudades das trapalhadas de Ukyo Katayama na pista pôde se satisfazer em Montreal, quando o piloto japonês aprontou das suas novamente. Desta vez, a vítima foi Ricardo Rosset: ambos colidiram na altura da 7ª volta da corrida...





Rosset, aliás, está perdendo a paciência com a Arrows. O piloto brasileiro alega que está sendo discriminado na equipe, que só dá condições mínimas de competição a Jos Verstappen. Um exemplo foi o fato de que a equipe já está fazendo contatos com a Bridgestone para utilizar os pneus japoneses em sua futura investida na F-1, mas só Verstappen está participando dos testes...





A F-Indy volta a reunir-se neste fim de semana, quando disputa as 200 Milhas de Portland, no circuito do Portland International Raceway. É o primeiro circuito misto em autódromo da temporada. Todas as demais provas em mistos até aqui vinham sendo disputadas em circuitos de rua. Os brasileiros prometem voltar à carga no campeonato...





Semana passada, as equipes da F-Indy realizaram testes no circuito de Mid-Ohio. Scott Pruett, da Patrick Racing, dominou os testes, enquanto os demais tinham alguns probleminhas para resolverem, incluindo-se aí os pilotos brasileiros. No cômputo geral, todos saíram otimistas do circuito e confiando em um melhor desempenho no campeonato.
 



Nenhum comentário: