Em
mais uma edição da sessão Arquivo, eis aqui a coluna lançada em 21 de junho de 1996,
escrita após o Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1 daquele ano. Depois de duas
provas sem resultados, Damon Hill voltava a vencer, e a reafirmar sua condição
de favorito ao título, ainda mais que Jacques Villeneuve, seu companheiro de
equipe, acabou sucumbindo na prova de seu país. Mas ainda era a primeira metade
do campeonato, e muita água ainda iria rolar pela frente até a derradeira
etapa, no Japão. Acompanham o texto várias anotações de outros acontecimentos
no mundo do automobilismo naqueles dias. Uma boa leitura a todos, e semana que
vem tem mais...
HILL NO PÁREO
Depois
de duas corridas sem pontuar no campeonato, houve quem dissesse que Damon Hill
poderia desmoronar novamente e sucumbir aos adversários na luta pelo título de
1996. A vitória de Michael Schumacher em Barcelona, aliada aos erros que
levaram o inglês a rodar e abandonar por culpa própria aquele GP deram a forte
impressão de que o piloto alemão e a Ferrari poderiam inverter a situação de
favoritismo da equipe de Frank Williams daqui para frente. Após o GP do Canadá,
entretanto, muitos, a contragosto, tiveram que cair na realidade e constatar
que, em Barcelona, foi apenas um deslize, assim como em Mônaco. Hill tratou
de colocar as coisas em ordem em Montreal, e o fez de maneira perfeita. Era sua
obrigação, é verdade, mas a pressão que vários fatores começaram a lhe impor
poderia ter feito o inglês desabar psicologicamente.
Depois
do sucesso retumbante de Barcelona, a Ferrari viveu um verdadeiro desaire em Montreal. Michael
Schumacher deu esperanças na classificação, disputando as
primeiras posições com Hill e Jacques Villeneuve. O piloto alemão estava
disposto a mostrar que a Ferrari é uma ameaça real para a Williams, enquanto o
piloto canadense, correndo em casa pela primeira vez na F-1, queria a pole a
qualquer custo. Damon Hill, em suas primeiras tentativas, parecia não estar
pronto para o duelo com Jacques e Michael, mas na hora certa, o inglês partiu
para o ataque decisivo e derrotou ambos, conquistando a pole-position. Eddie
Irvinne também vinha bem no grid, o que só aumentava o otimisto da escuderia de
Maranello.
A
desgraça ferrarista começou na volta de apresentação, quando Schumacher não
conseguiu arrancar e teve de largar em último. Irvinne teve vida ainda mais
curta: ficou logo na primeira volta da corrida, enquanto Schumacher partia para
a recuperação, alcançando o 13º lugar na pista e ficando empacado nele, só
avançando quando alguém quebrava à sua frente. No pit stop, acabou perdendo uma
peça da suspensão e teve de dar adeus à corrida. Pra piorar, viu seu rival,
Hill, comandar a prova a seu bel prazer e vencer sem problemas. Quando
Schumacher esperava desferir um golpe mortal em seu adversário no GP canadense,
o tiro saiu pela culatra. E não foi só isso: ambos os carros da Ferrari ficaram
pelo caminho, enquanto a Williams fez a dobradinha e distanciou-se ainda mais
no campeonato de cosntrutores.
Benetton
e Jordan mostraram-se competitivos em Montreal, mas não deu para ver todo o seu
potencial: Gerhard Berger, nitidamente mais rápido que Jean Alesi, acabou
rodando na perseguição a seu companheiro de equipe, terminando de forma
negativa mais um GP. Para a Jordan foi pior: Rubens Barrichello, em mais uma
excelente corrida, com perspectivas de lutar pelo pódio, ficou novamente a pé,
sem embreagem. Martin Brundle, que também vinha andando muito bem e estava à
frente do brasileiro, acabou fazendo das suas e perdeu as chances de um bom
resultado quando ficou sem o bico do carro e precisou trocá-lo. Sorte da
McLaren, que sem conseguir discutir o andamento de seus carros com a Benetton e
a Jordan, somou mais 5 pontos e aproximou-se da equipe de Berger e Alesi. Esta,
por sua vez, está chegando perto da Ferrari no mundial de construtores.
O
público canadense lotou o circuito, sendo estimado em mais de 100 mil pessoas.
O novo ídolo local, Jacques Villeneuve, deu motivo para a torcida comemorar,
chegando a liderar a corrida. Damon Hill, entretanto, estava disposto a
recuperar o respeito e acabar com as críticas que vinham lhe sendo dirigidas
depois de Barcelona e estragou a festa dos canadenses. Na largada, não deu
chances a Villeneuve e disparou na frente, abrindo larga vantagem e
administrando a corrida a partir daí. O inglês também derrotou seu companheiro
de equipe na estratégia, parando duas vezes, enquanto Villeneuve parou apenas
uma vez. Andando muito forte e atento a seu colega de equipe, Damon comandou a
corrida até o final, vencendo a prova e recuperando o favoritismo na corrida ao
título.
Agora,
a F-1 volta em definitivo para a Europa. A única exceção será a etapa de
encerramento do campeonato, em Suzuka, no Japão. A próxima parada será na
França, em Magny-Cours, uma pista veloz, similar à canadense, mas muito mais
travada. Depois virão as pistas de altíssima velocidade. A F-1 encerrou a primeira
metade do mundial de 96 e agora parte para sua segunda e decisiva fase. Com o
respeito e moral resgatados, Damon Hill está de novo no páreo. Que venha a
concorrência...
Michael Schumacher declarou em 95 que o piloto que mais admirava na F-1
era Pedro Paulo Diniz, dizendo-se impressionado pelo fato do piloto brasileiro
manter a motivação em alta, mesmo guiando um carro desastroso como a Forti
Corse. Gostaria de saber como Schumacher encarou a motivação de Diniz no
Canadá, quando o brasileiro, agora piloto da Ligier, o infernizou durante
várias voltas da corrida, disputando o 13º lugar, em posse do piloto da
Ferrari. Irritado com os acontecimentos do fim de semana, não dá para saber o
que o bicampeão do mundo achou de ser pressionado por alguém que, no ano
passado, só via na hora de colocar voltas em cima...
A Ligier mostrou uma curiosa forma de trabalho de equipe: tanto Olivier
Panis quando Pedro Paulo Diniz abandonaram a corrida de F-1 canadense na mesma
volta e com o mesmo problema: estouro do motor Honda. Depois do sucesso em
Mônaco e Barcelona, dispensa-se tal tipo de companheirismo...
Quem estava com saudades das trapalhadas de Ukyo Katayama na pista pôde
se satisfazer em Montreal, quando o piloto japonês aprontou das suas novamente.
Desta vez, a vítima foi Ricardo Rosset: ambos colidiram na altura da 7ª volta
da corrida...
Rosset, aliás, está perdendo a paciência com a Arrows. O piloto
brasileiro alega que está sendo discriminado na equipe, que só dá condições
mínimas de competição a Jos Verstappen. Um exemplo foi o fato de que a equipe
já está fazendo contatos com a Bridgestone para utilizar os pneus japoneses em
sua futura investida na F-1, mas só Verstappen está participando dos testes...
A F-Indy volta a reunir-se neste fim de semana, quando disputa as 200
Milhas de Portland, no circuito do Portland International Raceway. É o primeiro
circuito misto em autódromo da temporada. Todas as demais provas em mistos até
aqui vinham sendo disputadas em circuitos de rua. Os brasileiros prometem voltar
à carga no campeonato...
Semana passada, as equipes da F-Indy realizaram testes no circuito de
Mid-Ohio. Scott Pruett, da Patrick Racing, dominou os testes, enquanto os
demais tinham alguns probleminhas para resolverem, incluindo-se aí os pilotos
brasileiros. No cômputo geral, todos saíram otimistas do circuito e confiando
em um melhor desempenho no campeonato.
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