sexta-feira, 22 de março de 2013

UM BOM INÍCIO...



Enquanto todos esperavam que Red Bull e Ferrari ditassem o ritmo, eis que Raikkonem surpreendeu todo mundo, e até esnobou sua conquista...

            Os carros da Fórmula 1 nem bem terminaram a prova no Albert Park, domingo passado, e já foram todos empacotados, sendo despachados para a Malásia, onde hoje, no momento em que esta coluna estiver sendo lida no Brasil, já terão novamente ido para a pista nos dois treinos livres da sexta-feira. E, novamente, a exemplo do que aconteceu no fim de semana passado, podemos ter surpresas na pista. Em primeiro lugar, por se tratar da Malásia, e da localização da pista de Sepang, praticamente junto à linha do Equador, o que significa que estamos no palco mais quente para um GP no calendário, se não tanto pela temperatura, pela sensação sufocante que os trópicos causam, deixando uma sensação térmica muito mais incômoda do que em qualquer outro lugar. Um desafio para os novos pneus da Pirelli, que enfim vão passar por um teste muito mais válido do que o observado na Austrália.
            O clima no Albert Park, aliás, não ajudou muito equipes e pilotos a desvendarem tudo o que esperavam. Se na sexta-feira os times ainda tiveram a sorte de pegar um calor melhor do que a previsão do tempo indicava inicialmente, não foi também todo o calor que as equipes esperavam. E, quando parecia que ia esquentar mais, veio a chuva, e aí, tudo ficou mais complicado, em especial no sábado, onde a classificação simplesmente foi em sua maior parte para as cucuias porque hoje a F-1 parece tremer nas bases com algumas chuvas, lembrando que em 1989 eles correram em Adelaide com muito mais água do que se vê hoje em dia. Preocupações com a segurança são válidas, claro, mas andam exagerando na dose em alguns momentos. Os carros precisam ser repensados para voltarem a ter mais aderência mecânica do que aerodinâmica, mas a F-1 é teimosa quando precisa fazer certas coisas...
            No seco, enquanto puderam andar mais a fundo, a Red Bull andou assustando o pessoal, dando a impressão de que o domínio arrasador de 2011 poderia estar de volta. Afinal, o time austríaco, sempre comedido nas sextas-feiras, dessa vez já foi mostrando as garras, e querendo mostrar o que podia andar na frente de todo mundo. Boas impressões se confirmaram, como uma Mercedes mais competitiva, assim como a Lótus, e uma Ferrari bem mais ágil do que em 2012. Em contrapartida, algumas decepções surgiram: a McLaren mostrou-se perdida durante todo o fim de semana, e Williams, que parecia ter reencontrado o caminho de voltar a crescer, despencou lá para trás novamente. Force Índia e Sauber pareciam mostrar boa desenvoltura no pelotão do meio. Será que tudo isso se confirmaria na corrida?
            Sim e não. McLaren e Williams realmente se perderam no Albert Park. Em contrapartida, a superioridade da Red Bull ficou apenas nos treinos: Sebastian Vettel, largando na pole, não conseguia descolar de um Felipe Massa que, largando muito bem, assumiu logo a 2ª posição e passou a pressionar o tricampeão da Red Bull. A Mercedes mostrava um forte início de corrida, e Kimmi Raikkonem, largando bem, ia para cima dos ponteiros. Fernando Alonso, por sua vez, ficava em 4°, pronto para dar o bote. Logo os pneus supermacios mostraram que não duravam mesmo nada, e todos foram aos boxes para as trocas. Na segunda sessão de pit stops, Alonso deu o bote que o colocaria na 2ª posição, antecipando sua parada e voltando com pista livre para acelerar fundo, o que não acontecia com Massa, que ficou mais tempo na pista, rodando mais lento com a degradação do pneu, e voltando de sua parada logo atrás de Adrian Sutil e Vettel, que fizeram com que o brasileiro perdesse tempo, sem contudo conseguir superá-los. Em que pese alguns acharem que a Ferrari armou para cima de Massa, não foi o caso disto ter acontecido. Claro, levando-se o histórico da Ferrari no lance de privilegiar um de seus pilotos, não se pode deixar de dar razão ao clima de desconfiança.
            Felipe Massa fez um bom início de campeonato, mas precisa ficar mais vivo para notar oportunidades de corrida para evitar sofrer prejuízos. Foi o que fez Alonso, que voltando à pista com ninguém à sua frente, pode pisar fundo e acumular segundos preciosos que o fez subir para 2° quando seus concorrentes pararam. Ficar preso, especialmente atrás de Sutil, foi fatal para as ambições de Massa, que poderia muito bem ter sido 3°, não fosse o tempo perdido atrás do alemão, que retornou à Force Índia e à F-1 mostrando toda a sua capacidade. Não fosse seu carro praticamente não ter se entendido com os pneus supermacios, usados no final da prova, teria até subido ao pódio.
            As Mercedes, se mostraram até bom ritmo, por outro lado voltaram a acusar o desgaste prematuro de seus pneus e a deixar a desejar em fiabilidade: Nico Rosberg ficou pelo caminho, com o carro enguiçado, e Lewis Hamilton ficou longe do pódio, precisando fazer uma parada extra para evitar cair ainda mais para trás pelo consumo de pneu acima do esperado. De consolo, apenas ter andado melhor do que seu ex-time durante todo o fim de semana. Será que o time oficial de Stuttgart vai repetir 2012, quando começou também mostrando um carro muito rápido e que infelizmente comia muito pneu? A conferir, mas já fica a dúvida por não ter conseguido andar forte e sem consumir tanto pneu num clima que não foi quente na corrida.
            E, enquanto todo mundo estava mais prestando atenção no potencial duelo Red Bull X Ferrari, eis que Kimmi Raikkonem assumiu a ponta como quem não queria nada, e lá foi ficando até que todo mundo se deu conta de que o finlandês partia para uma estratégia de apenas duas paradas, e estava fazendo o roteiro funcionar à perfeição. Com um carro que mostrou extrema sensibilidade no trato com os pneus, começando pelos supermacios, Raikkonem mostrou no final que ainda tinha até reserva para acelerar mais, se necessário, fazendo a melhor volta da corrida, em um momento onde Alonso tentava forçar o ritmo para partir em busca da vitória. Mais atrás, Vettel não conseguia chegar em Alonso, e tinha de ficar atento a Felipe Massa, que se não ameaçava, também não podia exatamente ser ignorado.
            Já era esperado que a Lótus estivesse melhor este ano, mas vencer logo de cara a primeira corrida foi de fato uma surpresa, especialmente porque não foi apenas o caso do carro consumir menos pneus, mas da performance de Kimmi, uma vez que Romain Grossjean teve um desempenho totalmente pífio a corrida inteira, terminando apenas em 10°. Kimmi, contudo, prefere manter os pés no chão, e não promete um resultado à altura neste final de semana, no que é também a postura da equipe, o que não quer dizer que eles não possam novamente surpreender. Fica a dúvida se no forte calor de Kuala Lumpur o modelo E21 de Enstone vai conseguir economizar o desgaste dos pneus da mesma maneira como em Melbourne.
            E, se a Red Bull ainda está tentando entender como seu carro não conseguiu fazer com que os pneus funcionassem a contento, os dados poderão não servir muito de parâmetro na pista de Sepang, pelo forte calor reinante. Todo mundo vai ter de colher muitos dados para tentar novamente entender como lidar com os pneus. E, para piorar o clima, vale lembrar que a chuva pode estar novamente presente neste final de semana, podendo atrapalhar os estudos de todos os times, e quem sabe, proporcionar mais um cenário que embaralhe novamente o cérebro dos engenheiros e pilotos sobre como proceder da melhor maneira em termos de estratégia de corrida e acerto do carro.
            O campeonato realmente começa bem. Se vai repetir 2012, ainda é incerto, mas parece dar bons indícios de que teremos boas emoções vindo por aí. Red Bull e Ferrari ainda são os nomes mais fortes para se apostar na luta pelo título, mas se a Lótus realmente se intrometer na parada, melhor ainda. E quem sabe a Mercedes consegue manter-se firme na parada, e a McLaren reencontrar o rumo? Poderemos ter algumas respostas já nestes treinos de sexta, e quem sabe, domingo na corrida. Desnecessário dizer que todo mundo já está empolgado com a expectativa...


Hora de acelerar no campeonato da Indy Racing League 2013. A prova de São Petesburgo abre domingo o campeonato da modalidade. Na pista, 3 brasileiros: Hélio Castro Neves, Tony Kanaan, e Bia Figueiredo. A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo a partir das 13 horas. Vamos torcer novamente por um bom campeonato.

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