sexta-feira, 29 de março de 2013

CERTO OU ERRADO?



Será que Vettel está encenando com o dedo errado quando faz uma cara que sugere pensar "fodam-se, eu venci e é o que importa..."?

            A corrida da Malásia, disputada domingo passado, já deu início ao grande questionamento da temporada, e ao que parece, a Fórmula 1 não consegue ficar muito tempo sem dar margem a assuntos escandalosos ou questionáveis. Afinal, Sebastian Vettel errou ao desobedecer a equipe, vencendo a corrida, ou agiu certo? Do ponto de vista esportivo, teria agido certo, mas não totalmente. Do ponto de vista operacional do time, cometeu falta grave de insubordinação. Agora, isso vai mudar alguma coisa? Não, infelizmente, não vai.
            Antes de mais nada, meu ponto de vista é que Vettel ganhou uma disputa de forma desleal. A famigerada ordem do time, para que ambos os pilotos cuidassem de seus carros, ordenando a redução do ritmo do motor para poupar as unidades, e ao mesmo tempo os carros e pneus, foi cumprida por Mark Webber, mas Vettel a ignorou solenemente, e partiu para cima do australiano com tudo, em um momento em que Webber, correndo, numa comparação analógica, com “apenas” 6 ou 7 cilindros do motor, estaria em desvantagem técnica desleal contra o adversário, correndo com um motor “cheio” de 8 cilindros. É diferente de quando você é superado por errar uma marcha, uma freada, ou ter algum problema mecânico, pois isso são riscos inerentes de uma corrida, são aceitos e fazem parte do jogo de disputa. Com um carro mais potente, Vettel assumiu a liderança, após uma disputa que teria sido limpa e justa, não fosse Webber estar com o motor “enfraquecido” por cumprir a determinação do time. Ele pode até ter voltado o propulsor para a potência total, mas o estrago já estava feito: perdera a posição. E não haveria como recuperá-la por ter os pneus mais gastos e/ou de menor performance naquele momento, mas este detalhe já é outra história, e sem questionamento, da estratégia diferente de pneus. Mas corridas são decididas em detalhes, e naquele momento, surpreendido por uma manobra totalmente inesperada, mas calcada em uma situação influenciada pela ordem de Box, o australiano sentiu a punhalada, e mesmo que tenha reagido rapidamente, Vettel já tinha assegurado vantagem suficiente para dificultar ao máximo uma reação.
            Mark Webber não é santo, e ao longo de sua carreira na F-1, o australiano sempre soube jogar com as situações de modo a sair bem na fita. Como no último fim de semana, onde, histórico à parte, realmente saiu como vítima na história, e Vettel, como o “bandido” da situação. E, num raro momento de sinceridade nas declarações que se vê na categoria hoje em dia, falou que o alemão não vai sofrer nenhuma punição, por ser o “protegido” do time. Quem saiu perdendo foi a Red Bull, que vinha pelo menos se esforçando para mostrar ser um time menos “contaminado” pelo ambiente pueril que as relações humanas vêm aturando na categoria nos últimos tempos. Pode-se dizer que o time austríaco sucumbiu finalmente aos maus hábitos ditados pelas escuderias em suas políticas de pilotos, e isso é uma pena. Houve mal-estar mesmo no time, a ponto de até Adrian Newey dar uma bronca em Vettel, e raro momento, Helmut Marko, o “paizão” de Vettel no time, ter criticado a atitude de seu protegido, que parece ser a primeira vez que isso acontece.
            Nessa hora, quem critica o jogo de equipe tem sempre bons argumentos. Mas os times sempre também têm argumentos para justificar suas posições e políticas, e tanto de um lado como de outro, há argumentos razoáveis e compreensíveis. O duro é sempre combinar as coisas de modo a satisfazer tanto o lado esportivo como o gerencial, e é neste ponto que a categoria infelizmente parece perder completamente o rumo, dado preferência para o fator gerencial e mandado o fator esportivo, e com ele a simpatia dos torcedores pela disputa, às favas. Se tivesse liberado a disputa entre seus pilotos, cobrando deles apenas cuidado e responsabilidade, a Red Bull teria capitalizado com o episódio como nunca. Mas desconfio que, mesmo do alto de seus 3 títulos mundiais, Vettel não apresente ainda equilíbrio suficiente para decidir um disputa contra Webber sem partir para um contato físico. Sua reação durante a corrida, pedindo para que o time “tirasse” Webber de sua frente, alegando que ele estava mais rápido, beira o ridículo, e expõe uma contradição: se ele estava mais rápido, então por que não o ultrapassou? Foi preciso Webber ficar inferiorizado momentaneamente por uma ordem de Box para ele conseguiu ultrapassar, mas então que campeão é esse que precisa deste artifício? Convenhamos, pega mal para a imagem de um piloto, se bem que, hoje em dia, muita coisa parece não ser mais levada a sério.
            Lembrando do incidente entre ambos na Turquia em 2010, naquela época Vettel fez uma interpretação equivocada de situação parecida, e se meteu a disputar uma curva onde Webber já estava enfiando o carro, achando que o parceiro havia aberto caminho: ambos bateram, com o abandono do alemão, e o australiano ainda conseguindo voltar à corrida, mas em 3° lugar. Logo a seguir, os pilotos da McLaren deram o exemplo, duelando ferozmente pela vitória por algumas voltas, trocando posições, mas com lealdade, e sem esbarrarem um no outro.
            Vettel, que até então vinha cultivando a imagem de um piloto carismático, afável e desinibido no ambiente sisudo da F-1, começa a mostrar também que já vem criando um ego desmedido, igual a outros pilotos campeões, como Michael Schumacher e Fernando Alonso, e isso é lamentável, pois o jovem alemão vai perdendo a fama de “bom moço”, o que era um de seus principais atrativos.
            Na Mercedes, vimos situação similar, mas com outro tipo de resultado. Mais veloz na parte final da corrida, Nico Rosberg foi impedido por Ross Brawn de superar seu companheiro Lewis Hamilton, que tinha de economizar o ritmo por talvez estar perto de sofrer uma pane seca. Por mais que a preocupação fosse legítima, alijar Rosberg da possibilidade de lutar pelo pódio e até incomodar a Red Bull naquele momento foi totalmente errado. Nico e Lewis já tinham duelado entre si por posição na corrida, e ambos, amigos de longa data, deram exemplo de se respeitarem na disputa de posição e não arriscarem os carros na disputa entre ambos. Ross Brawn, cujo histórico de “ordens de equipe” já é notório, adicionou mais uma caveira no seu currículo, e a julgar pela reação de Niki Lauda e Toto Wolf, que dividem com ele a chefia do time de Stuttgart, pode ter dado um tiro no pé. E a Mercedes, que é uma das empresas que mais investem na F-1, também fica com um arranhão em sua reputação.
            Lewis Hamilton, por sua vez, certamente não gostou muito do ocorrido, mas preferiu ser educado, ao dizer que Rosberg merecia mais o pódio do que ele, numa crítica indireta à atitude de Brawn, que pode ter escapado de levar um puxão de orelhas explícito do novo contratado do time, que poderia ter dito algo mais contundente na crítica. E Lewis, infelizmente, terá seu primeiro pódio na Mercedes marcado como algo conquistado por ordem da equipe, o que sempre ficará com a pecha incômoda de que ele não o conquistou exatamente por mérito próprio, mas por política. Conhecido como o piloto mais arrojado e veloz da F-1 atual, Lewis poderia passar sem essa... E Nico Rosberg, que deu à Mercedes os melhores resultados dos últimos 3 anos, inclusive com pole e vitória no ano passado no GP da China, merecia mais consideração por parte de Brawn. Depois de atitudes como essa, se Ross acabar injustiçado futuramente, que não ache ruim não ter merecido mais “consideração” pelo que já fez...
            Houve quem dissesse que Rosberg, se assumisse a 3ª posição, tinha ritmo até para encostar nos pilotos da Red Bull. Pode até ser, e mesmo que não encostasse a ponto de ameaçar a dupla rubro-taurina, certamente teria influenciado o comportamento do time dos energéticos, que poderia ter tomado posição diferente. O time prateado pode ter perdido uma chance potencial de um resultado melhor. Um erro, claro. Por outro lado, depois dos resultados negativos no final do ano passado, e com apenas um carro cruzando a bandeirada em Melbourne, querer garantir pontos e evitar riscos “desnecessários” pode até ser compreensível e normal. Novamente, os fatores gerencial e esportivo acabam por não se equilibrarem
            Rosberg ficou na dele, assumiu a ordem, e disse que não iria esquecer aquilo. Certamente espera ter sorte inversa no futuro. Se levarmos o histórico de Brawn, ele pode perder as esperanças, pois Ross cansou até de dar de ombros para o que o público e seus pilotos sentem. Na Ferrari, claro, contava com toda a aprovação de Jean Todt; fica a dúvida se agora terá esse comportamento na Mercedes. Por incrível que se pareça, não aconteceu quando Nico e Michael Schumacher dividiram o time nos últimos 3 anos, quando todos, pelo histórico tanto de Ross quanto de Schumacher, se achava que veríamos Nico ser cilindrado no time. Talvez porque o inglês viu logo de cara que o heptacampeão, apesar de ainda ser rápido, não era mais o piloto fenomenal que já tinha sido. Mas agora, tendo no time um piloto jovem e tremendamente arrojado, e que deseja ser novamente campeão e tem tremenda fome de vitórias, contratado a peso de ouro pela escuderia como último recurso, assim como Schumacher o foi pela Ferrari em 1996, Brawn tenha voltado aos “velhos hábitos”.
            É difícil querer que a F-1 se livre de seus vícios e defeitos. Há coisas erradas e coisas certas na categoria. O problema é as coisas erradas ficarem em nível muito mais alto do que as coisas certas. As diferenças de interesses precisam ser melhor trabalhadas. É possível conciliar isso de forma a não causar tantas discussões, mas a categoria, mais uma vez, mostra que não consegue se entender com si mesma, e esse é o maior erro que sempre comete. E não há santos ou anjos nesta história. A diferença é que antigamente havia muito mais respeito entre todos na categoria, mesmo sendo um lugar para todo o tipo de rivalidades exageradas. Hoje, esse respeito já virou lembranças...
            E o ano da F-1 havia começado tão bem...

quarta-feira, 27 de março de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MARÇO DE 2013




           Começaram os campeonatos da Fórmula 1 e da Indy Racing League, além da Stock Car Brasil, GP2, e mais alguns certames do mundo da velocidade. E, dando uma analisada em alguns dos últimos acontecimentos, eis mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com algumas avaliações no esquema de apresentação de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Kimmi Raikkonem: O piloto finlandês abriu a temporada com uma vitória e performance convincentes no GP da Austrália, quando todo mundo estava mais atento às equipes Red Bull e Ferrari, e ao potencial duelo Sebastian Vettel X Fernando Alonso. Com uma pilotagem precisa, e ajudando o carro a conservar seus pneus, Raikkonem largou na frente no campeonato, e se não teve um bom desempenho na Malásia, onde sofreu uma punição imbecil, ainda conseguiu ficar firme nos pontos, depois de uma corrida onde travou alguns bons pegas. Não dá para dizer ainda se o finlandês é candidato firme ao título, mas já deu o aviso de que está à espreita, e pode fazer algumas gracinhas em cima dos concorrentes...

Pneus da Pirelli: A fabricante italiana mudou novamente a concepção de seus pneus para a temporada 2013, e como já havia acontecido no ano passado, os times da F-1 estão tentando descobrir até onde podem ir com os novos compostos, uma vez que a pré-temporada foi das menos produtivas dos últimos tempos, pelo menos no que tange aos pneus. Já tivemos resultados distintos na Austrália e na Malásia, mas ainda é cedo para dizer até onde as escuderias continuarão tendo de descobrir como obter o maior rendimento dos pneus italianos. Em 2012, isso levou praticamente meia temporada, o que fez com que tivéssemos 7 vencedores diferentes nas 7 primeiras corridas. Será que este ano vai ser preciso tanto tempo assim? O campeonato já começou com algumas performances interessantes, mas não dá para afirmar se elas continuarão surgindo nas próximas corridas. Pode até não surgir novas surpresas, mas no ano passado, também foi assim, de esperar que na corrida seguinte tudo voltaria ao “normal”, e então...

Adrian Sutil: O piloto alemão ganhou a disputa pela vaga na Force Índia e retornou ao seu velho time, onde havia competido até 2011. E logo na primeira corrida mostrou a que veio, chegando até a liderar a prova da Austrália, apostando numa estratégia de pneus diferente dos líderes. Mostrou confiança e consistência, levando todos a esquecerem que o piloto passou 2012 desempregado, sem competir. Só não terminou no pódio, ou perto dele, porque seu carro praticamente não se entendeu com os pneus supermacios, utilizados na parte final da corrida, fazendo-o despencar na classificação, mas ainda chegando melhor que seu companheiro de equipe Paul Di Resta, que já viu que terá novamente muito trabalho com seu antigo companheiro de time, agora de volta à ativa...

Equipe Andretti: Campeã no ano passado com Ryan Hunter-Reay, a Andretti Autosport já mostrou que vai querer novamente o título da IRL este ano. Mas, se o atual campeão teve uma performance modesta na abertura da temporada, em São Petesburgo, na Flórida, e acabou abandonando com problemas no seu carro, seu companheiro de equipe James Hinchcliffe mostrou que também quer sonhar alto, e fez uma corrida forte, aproveitando o único vacilo de Hélio Castro Neves para assumir a liderança e conquistar sua primeira vitória na competição. Para melhorar o astral, Marco Andretti terminou em 3º lugar, mostrando que também quer colocar as manguinhas de fora, e demonstrar que não está ali somente por ser filho do dono da escuderia. Ernesto Viso, o novo contratado do time, fez uma estréia modesta, mas firme no novo time, terminando em 7º lugar. Roger Penske e seus comandados que se preparem para encarar o desafio...

Felipe Nasr: O piloto brasileiro entrou em seu segunda ano no campeonato da GP2 visando apenas conquistar o título e nada abaixo disso. E começou bem o ano, obtendo um 4° lugar na primeira corrida disputada em Sepang, e terminando em 2° lugar na segunda prova do fim de semana. Com uma vitória e um terceiro lugar, o monegasco Stefano Coletti lidera o campeonato com 35 pontos, seguido de Fabio Leimer, com 26 pontos. Nasr é o 3° colocado, com 25 pontos. Felipe tem planos de subir para a F-1 em 2014, e para isso, conquistar o título da GP2 é essencial, e vem seguindo à risca o planejamento da carreira, de iniciar o primeiro ano em um certame para aprender, e disputar o título no segundo ano. E, competindo novamente pela Carlin, time com o qual foi campeão na F-3 Inglesa, Felipe está confiante em repetir a parceria vitoriosa agora na GP2. Nasr vem fazendo um bom planejamento de sua carreira, com bons patrocinadores o apoiando, e tem tudo para chegar ao título da categoria logo abaixo da F-1. Chegar à categoria máxima do automobilismo, entretanto, poderá ser mais complicado do que se imagina, mas Felipe está confiante em superar todos os obstáculos.



NA MESMA:

Ross Brawn: Nos seus tempos de comandante tático da Ferrari, não foram poucas as vezes em que partiram dele as famosas “ordens de equipe” para os pilotos do time manterem posições, impedindo que pudéssemos ver alguns duelos que seriam muito bem-vindos. Agora na Mercedes, Brawn mostrou que continua o mesmo, e ao negar “permissão” para Nico Rosberg ultrapassar Lewis Hamilton no final da corrida malaia, privou o piloto alemão, que trouxe os melhores resultados ao time nos últimos 3 anos, de subir ao pódio, num final de prova onde seu ritmo era muito melhor do que o de Hamilton. Rosberg merecia mais consideração por parte de Brawn, mas como já se viu em outras ocasiões, o inglês não se comove por quase nada. Só que na Ferrari Ross tinha a concordância de Jean Todt, e agora na Mercedes, Niki Lauda e Toto Wolf já deram declarações contrárias às atitudes de Brawn. Na época da Ferrari, ele e o time davam “uma banana” para os críticos de suas atitudes. Fará o mesmo agora? Pela sua expressão, parece que sim...

Dario Franchiti: O piloto escocês, tetracampeão da Indy Racing League, parece que não consegue se entender direito com o novo chassi DW12 da Dallara. Desde que o novo carro estreou na categoria, no ano passado, Dario não tem conseguido demonstrar a mesma performance que exibia quando foi campeão por 3 anos consecutivos. Em 2012, o escocês foi apenas o 7° colocado no campeonato, tendo vencido apenas a Indy500, o sonho de qualquer piloto, claro, mas vendo seu companheiro de equipe Scott Dixon lutando pelo título até a parte final do campeonato. E, neste início de temporada, Franchiti ainda abandonou a prova de São Petesburgo devido a um erro de amador: acertou o muro logo após fazer um pit stop e acelerar demais antes da hora com os pneus ainda frios. E ainda viu o companheiro Dixon terminar a prova em 5° lugar e sair na frente na disputa interna da Ganassi. E, fora das pistas, o escocês ainda se separou de sua esposa, a atriz Ashley Judd, com quem era casado. Franchiti não começou bem o ano mesmo...

Calendário da F-1 2013: Não deu mesmo para arrumar uma corrida substituta para o futuro GP de Nova Jérsei, adiado para 2014. Não foi por falta de candidatos, mas por falta de vontade política e excesso de ganância financeira por parte de Bernie Ecclestone, além de picuinhas pessoais que inviabilizaram a efetivação de uma corrida substituta. A categoria só não perde tanto porque, mesmo assim, o calendário ainda terá 19 corridas, número considerado mais do que suficiente na opinião das escuderias e pilotos. Mas ver a F-1 continuar correndo em lugares como o Bahrein, enquanto pistas como Portimão e Zeltweg ficam de fora ainda mostra como Bernie Ecclestone e a própria F-1 colocam o dinheiro acima de tudo e de todos...

Stock Car: o campeonato da Stock Car nacional iniciou o ano com um novo formato de transmissão que a restringe à TV por assinatura, ficando apenas 3 corridas para serem exibidas na TV aberta. Se por um lado a cobertura no SporTV tem potencial para ser mais completa do que na TV Globo, por outro lado, a exposição é bem mais restrita, por ser em canal de TV paga, ainda um produto caro no Brasil. Mas, ao invés de melhorar, a categoria inventa algumas coisas imbecis, como a nova janela de reabastecimento “obrigatória” dentro de um número estipulado de voltas de cada corrida, proibindo equipes e pilotos de adotarem estratégias mais diferenciadas de reabastecimento, alegando que este procedimento causa “confusão” nos torcedores, que não enxergariam a verdadeira dinâmica das corridas. Usar tal justificativa é simplesmente chamar os torcedores de burros e idiotas, e isso só ajuda a comprovar que a categoria, por mais forte que se apregoe, não vai tão bem como se autoafirma. E vale lembrar que a Stock começou o ano sem um patrocinador-chefe do campeonato, que até o ano passado era a Caixa Econômica Federal, que resolveu puxar o carro por não sentir firmeza no trato profissional do campeonato, entre outros motivos.

Robert Kubica: O piloto polonês, que por pouco não perdeu a vida há dois anos num violento acidente em uma prova de rali, mais uma vez escapou da morte, ao sofrer um novo acidente quando liderava o Rali das Ilhas Canárias, prova válida pelo Campeonato Europeu de Rali. Kubica, que liderava com folga de mais de um minuto para o segundo colocado. O polonês bateu em um trecho da pista onde errou uma freada a atingiu o guard-rail com certa violência. Danos apenas materiais no carro, felizmente, e Kubica saiu ileso. Mas do outro lado do guard-rail estava um penhasco, e se tivesse batido com mais força, poderia até ter despencado com carro e tudo, e muito provavelmente não teria tanto sorte de escapar inteiro. Kubica pode ter paixão pelos ralis, mas depois de passar perto de um potencial acidente fatal pela segunda vez, deveria tomar mais cuidado com sua paixão pela modalidade. E ainda se fala que no ano que vem ele poderia tentar voltar à F-1. Espera-se que pelo menos continue inteiro para continuar pensando firme nisso...



EM BAIXA:

Equipe Williams: o time do velho Frank mostrou em 2012 ter mais carro que piloto, e apesar de ter conseguido vencer o GP da Espanha, no restante da temporada, a escuderia viu seu principal piloto mais se meter em confusões do que pontuando, enquanto Bruno Senna não conseguia largar em boas posições e ter sempre de remar em recuperações nas corridas. Para este ano, a expectativa era o time continuar tendo um desempenho em evolução. Ao que parece, tudo saiu pela culatra, pelo menos nas corridas iniciais, onde o que se viu foi o novo FW35 mostrar um desempenho sofrível, a ponto de Maldonado chegar a classificar o carro de “inguiável”. Pelo visto, o corpo técnico de Grove parece ter errado feio novamente na concepção do novo carro, que se não melhorar rapidinho, pode ser engolido até mesmo pela briga entre Marussia e Caterham. E, só para complicar as coisas, Maldonado simplesmente abandonou as duas provas iniciais por erros de pilotagem. Frank Williams vai ter novamente um ano daqueles...

Disputas na F-1: Ordens de equipe estão virando uma praga na F-1, onde se disputa mais nos boxes do que na pista, o que não deveria acontecer. Os exemplos dados na Malásia, onde Red Bull e Mercedes simplesmente ditaram o que deveria ter acontecido, com resultados opostos em cada time, só contribuem cada vez mais para o descrédito da categoria máxima do automobilismo, e que depois não venha perguntar porque os fãs vem diminuindo... Quem curte corridas quer ver briga na pista, com o melhor piloto, ou o mais rápido, vencendo a parada, e não simplesmente tendo de obedecer a uma ordem cretina de manter posições quando pode fazer muito mais do que aquilo. E disputa na pista não significa simplesmente bater no adversário em cada ultrapassagem: pode-se perfeitamente ganhar uma posição em disputa honesta e mano-a-mano. É isso que os fãs querem ver, e não simplesmente obediência a hierarquias que muitas vezes não se justificam, que deveriam se limitar a privilégios salariais e uma ou outra vantagem, que deveria ser fora da pista. Mas, enquanto a audiência da F-1 não levar um baque, dificilmente a categoria irá tomar jeito e mudar seus péssimos hábitos...

Equipe Red Bull: O time das bebidas energéticas, desde que estreou na F-1, sempre se caracterizou por trazer um ar fresco à categoria, mostrando que dava para ser bem sucedido sem sacrificar a esportividade e a competitividade, mesmo que isso trouxesse a perda de alguns resultados. O maior temor, contudo, era se o time austríaco não seria “contaminado” pelo ambiente cada vez mais espúrio e corporativo que anda impregnando os times da categoria. Infelizmente, pelo que vimos na Malásia, até a Red Bull acabou rendendo-se aos maus hábitos que permeiam a F-1 atualmente. Sebastian Vettel mandou as ordens às favas e partiu para vencer a corrida, após um duelo que foi no mínimo desleal com Mark Webber, por este ter reduzido a potência de seu motor como ordenado pelo time. Teria sido muito mais honesta a equipe se dissesse que seus pilotos poderiam duelar à vontade desde que fossem responsáveis e cuidadosos, e aí sim que vencesse o melhor. Mas o time quis resguardar o resultado, e nessa atitude, mostrou que já pegou o jeito “ruim” que times como Ferrari disseminaram na mentalidade da categoria, que passou a ver como “normal” esse tipo de atitude. A mancha na reputação da Red Bull está criada, e vai demorar um tempo até que consigam se livrar da mácula. Seria exagerado dizer que a F-1 corrompe a tudo e a todos, mas é o que parece que acabou acontecendo com a Red Bull...

Equipe McLaren: O time de Woking errou a mão na concepção do novo MP4/28, e tanto na Austrália quanto na Malásia, seus pilotos tiveram que lutar muito apenas para conseguir pontuar, quando o esperado era que pudessem pelo menos disputar o pódio. Com a esperada boa performance entre Ferrari e Red Bull, e a confirmação de evolução da Mercedes e Lótus, foi inesperado ver Jenson Button e Sérgio Pérez terem até mesmo dificuldade para competir até com a Force Índia. Lutar pelo título pode parecer agora uma ilusão, mas o time inglês sabe recuperar-se de maus inícios de temporada, e dar a volta por cima. O problema é quanto tempo isto vai demorar, e a cada corrida perdida, terão menos tempo para conseguir reverter a desvantagem. Na Malásia, o desempenho do carro parece ter sido melhor, mas ainda é preciso melhorar muito para que a situação possa ser realmente melhorada, pois naquela prova, nomes de peso como Fernando Alonso, e Adrian Sutil e Paul Di Resta tiveram abandonos demonstrando mais capacidade de andamento do que os carros prateados.

Bia Figueiredo: a piloto brasileira conseguiu firmar um acordo à última hora com a modesta equipe Dale Coyne, e estando garantida para apenas 3 provas no campeonato, e necessitando conseguir mais patrocínio para poder disputar efetivamente todo o restante do campeonato, infelizmente teve uma estréia com o pé esquerdo no campeonato da IRL 2013. Bia largou na última posição e em nenhum momento praticamente teve ritmo para disputar posições de forma séria, e acabou abandonando com problemas no carro. A garota foi diplomática e educada, afirmando que a corrida teve seu lado positivo para aprender mais sobre o carro, e que isso será positivo para as provas de São Paulo e Indianápolis, mas vai ter de suar muito o macacão para mudar o panorama de seu lado do Box. Por ser um time pequeno, a Dale Coyne não tem condições de dar dois carros iguais a seus pilotos, e infelizmente, Bia está no lado mais fraco da disputa: seu carro apresentou diversos problemas no fim de semana, e nunca apresentou performance à altura, enquanto o outro piloto do time, Justin Wilson, com um equipamento melhor trabalhado, ficou em 9º lugar. Bia sabe que a parada é dura, e que vai ter de batalhar muito, mas infelizmente, o horizonte não parece nada promissor, e com isso, vai complicando suas chances de permanecer na categoria.

 

sexta-feira, 22 de março de 2013

UM BOM INÍCIO...



Enquanto todos esperavam que Red Bull e Ferrari ditassem o ritmo, eis que Raikkonem surpreendeu todo mundo, e até esnobou sua conquista...

            Os carros da Fórmula 1 nem bem terminaram a prova no Albert Park, domingo passado, e já foram todos empacotados, sendo despachados para a Malásia, onde hoje, no momento em que esta coluna estiver sendo lida no Brasil, já terão novamente ido para a pista nos dois treinos livres da sexta-feira. E, novamente, a exemplo do que aconteceu no fim de semana passado, podemos ter surpresas na pista. Em primeiro lugar, por se tratar da Malásia, e da localização da pista de Sepang, praticamente junto à linha do Equador, o que significa que estamos no palco mais quente para um GP no calendário, se não tanto pela temperatura, pela sensação sufocante que os trópicos causam, deixando uma sensação térmica muito mais incômoda do que em qualquer outro lugar. Um desafio para os novos pneus da Pirelli, que enfim vão passar por um teste muito mais válido do que o observado na Austrália.
            O clima no Albert Park, aliás, não ajudou muito equipes e pilotos a desvendarem tudo o que esperavam. Se na sexta-feira os times ainda tiveram a sorte de pegar um calor melhor do que a previsão do tempo indicava inicialmente, não foi também todo o calor que as equipes esperavam. E, quando parecia que ia esquentar mais, veio a chuva, e aí, tudo ficou mais complicado, em especial no sábado, onde a classificação simplesmente foi em sua maior parte para as cucuias porque hoje a F-1 parece tremer nas bases com algumas chuvas, lembrando que em 1989 eles correram em Adelaide com muito mais água do que se vê hoje em dia. Preocupações com a segurança são válidas, claro, mas andam exagerando na dose em alguns momentos. Os carros precisam ser repensados para voltarem a ter mais aderência mecânica do que aerodinâmica, mas a F-1 é teimosa quando precisa fazer certas coisas...
            No seco, enquanto puderam andar mais a fundo, a Red Bull andou assustando o pessoal, dando a impressão de que o domínio arrasador de 2011 poderia estar de volta. Afinal, o time austríaco, sempre comedido nas sextas-feiras, dessa vez já foi mostrando as garras, e querendo mostrar o que podia andar na frente de todo mundo. Boas impressões se confirmaram, como uma Mercedes mais competitiva, assim como a Lótus, e uma Ferrari bem mais ágil do que em 2012. Em contrapartida, algumas decepções surgiram: a McLaren mostrou-se perdida durante todo o fim de semana, e Williams, que parecia ter reencontrado o caminho de voltar a crescer, despencou lá para trás novamente. Force Índia e Sauber pareciam mostrar boa desenvoltura no pelotão do meio. Será que tudo isso se confirmaria na corrida?
            Sim e não. McLaren e Williams realmente se perderam no Albert Park. Em contrapartida, a superioridade da Red Bull ficou apenas nos treinos: Sebastian Vettel, largando na pole, não conseguia descolar de um Felipe Massa que, largando muito bem, assumiu logo a 2ª posição e passou a pressionar o tricampeão da Red Bull. A Mercedes mostrava um forte início de corrida, e Kimmi Raikkonem, largando bem, ia para cima dos ponteiros. Fernando Alonso, por sua vez, ficava em 4°, pronto para dar o bote. Logo os pneus supermacios mostraram que não duravam mesmo nada, e todos foram aos boxes para as trocas. Na segunda sessão de pit stops, Alonso deu o bote que o colocaria na 2ª posição, antecipando sua parada e voltando com pista livre para acelerar fundo, o que não acontecia com Massa, que ficou mais tempo na pista, rodando mais lento com a degradação do pneu, e voltando de sua parada logo atrás de Adrian Sutil e Vettel, que fizeram com que o brasileiro perdesse tempo, sem contudo conseguir superá-los. Em que pese alguns acharem que a Ferrari armou para cima de Massa, não foi o caso disto ter acontecido. Claro, levando-se o histórico da Ferrari no lance de privilegiar um de seus pilotos, não se pode deixar de dar razão ao clima de desconfiança.
            Felipe Massa fez um bom início de campeonato, mas precisa ficar mais vivo para notar oportunidades de corrida para evitar sofrer prejuízos. Foi o que fez Alonso, que voltando à pista com ninguém à sua frente, pode pisar fundo e acumular segundos preciosos que o fez subir para 2° quando seus concorrentes pararam. Ficar preso, especialmente atrás de Sutil, foi fatal para as ambições de Massa, que poderia muito bem ter sido 3°, não fosse o tempo perdido atrás do alemão, que retornou à Force Índia e à F-1 mostrando toda a sua capacidade. Não fosse seu carro praticamente não ter se entendido com os pneus supermacios, usados no final da prova, teria até subido ao pódio.
            As Mercedes, se mostraram até bom ritmo, por outro lado voltaram a acusar o desgaste prematuro de seus pneus e a deixar a desejar em fiabilidade: Nico Rosberg ficou pelo caminho, com o carro enguiçado, e Lewis Hamilton ficou longe do pódio, precisando fazer uma parada extra para evitar cair ainda mais para trás pelo consumo de pneu acima do esperado. De consolo, apenas ter andado melhor do que seu ex-time durante todo o fim de semana. Será que o time oficial de Stuttgart vai repetir 2012, quando começou também mostrando um carro muito rápido e que infelizmente comia muito pneu? A conferir, mas já fica a dúvida por não ter conseguido andar forte e sem consumir tanto pneu num clima que não foi quente na corrida.
            E, enquanto todo mundo estava mais prestando atenção no potencial duelo Red Bull X Ferrari, eis que Kimmi Raikkonem assumiu a ponta como quem não queria nada, e lá foi ficando até que todo mundo se deu conta de que o finlandês partia para uma estratégia de apenas duas paradas, e estava fazendo o roteiro funcionar à perfeição. Com um carro que mostrou extrema sensibilidade no trato com os pneus, começando pelos supermacios, Raikkonem mostrou no final que ainda tinha até reserva para acelerar mais, se necessário, fazendo a melhor volta da corrida, em um momento onde Alonso tentava forçar o ritmo para partir em busca da vitória. Mais atrás, Vettel não conseguia chegar em Alonso, e tinha de ficar atento a Felipe Massa, que se não ameaçava, também não podia exatamente ser ignorado.
            Já era esperado que a Lótus estivesse melhor este ano, mas vencer logo de cara a primeira corrida foi de fato uma surpresa, especialmente porque não foi apenas o caso do carro consumir menos pneus, mas da performance de Kimmi, uma vez que Romain Grossjean teve um desempenho totalmente pífio a corrida inteira, terminando apenas em 10°. Kimmi, contudo, prefere manter os pés no chão, e não promete um resultado à altura neste final de semana, no que é também a postura da equipe, o que não quer dizer que eles não possam novamente surpreender. Fica a dúvida se no forte calor de Kuala Lumpur o modelo E21 de Enstone vai conseguir economizar o desgaste dos pneus da mesma maneira como em Melbourne.
            E, se a Red Bull ainda está tentando entender como seu carro não conseguiu fazer com que os pneus funcionassem a contento, os dados poderão não servir muito de parâmetro na pista de Sepang, pelo forte calor reinante. Todo mundo vai ter de colher muitos dados para tentar novamente entender como lidar com os pneus. E, para piorar o clima, vale lembrar que a chuva pode estar novamente presente neste final de semana, podendo atrapalhar os estudos de todos os times, e quem sabe, proporcionar mais um cenário que embaralhe novamente o cérebro dos engenheiros e pilotos sobre como proceder da melhor maneira em termos de estratégia de corrida e acerto do carro.
            O campeonato realmente começa bem. Se vai repetir 2012, ainda é incerto, mas parece dar bons indícios de que teremos boas emoções vindo por aí. Red Bull e Ferrari ainda são os nomes mais fortes para se apostar na luta pelo título, mas se a Lótus realmente se intrometer na parada, melhor ainda. E quem sabe a Mercedes consegue manter-se firme na parada, e a McLaren reencontrar o rumo? Poderemos ter algumas respostas já nestes treinos de sexta, e quem sabe, domingo na corrida. Desnecessário dizer que todo mundo já está empolgado com a expectativa...


Hora de acelerar no campeonato da Indy Racing League 2013. A prova de São Petesburgo abre domingo o campeonato da modalidade. Na pista, 3 brasileiros: Hélio Castro Neves, Tony Kanaan, e Bia Figueiredo. A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo a partir das 13 horas. Vamos torcer novamente por um bom campeonato.

quarta-feira, 20 de março de 2013

ESPECIAL INDY RACING LEAGUE 2013



            Neste domingo começa o campeonato 2013 da Indy Racing League, e eis aqui uma matéria especial sobre a competição, calendário e lista de pilotos e equipes. Uma boa leitura a todos, e que venha a bandeira verde...


INDY RACING LEAGUE 2013: BUSCANDO UM CAMINHO

Categoria tenta crescer na preferência dos torcedores com novidades no campeonato.

Adriano de Avance Moreno

Hora de acelerar novamente...
            Começa neste domingo o campeonato 2013 da Indy Racing League, novamente nas ruas da cidade de São Petesburgo, no Estado da Flórida, Estados Unidos. Mais uma vez, a categoria tenta reencontrar o rumo do crescimento, que nos últimos tempos tem-se mostrado uma luta complicada, tentando implantar mudanças que tragam mais público e divisas para a competição. Já houve tempos piores, mas no fim do ano passado a direção da Indycar passou por uma mudança de presidente, com a demissão de Randy Bernard, que estava se esforçando para reerguer o certame. Bernard acabou caindo por se indispor com os donos de alguns times, e por algum tempo, temeu-se até que Tony George, fundador da categoria, em 1996, reassumisse a direção da entidade, que durante sua gestão ficou mais marcada por sua rixa com a F-Indy original do que por apresentar um produto realmente melhor. George não voltou, felizmente, e a IRL, gostem ou não os desafetos de Randy Bernard, estava muito melhor quando de sua saída quando de sua entrada. Mas nem todo o planejamento feito de renovação no ano passado surtiu os efeitos desejados. Mas houve melhoras, e espera-se que a nova direção, agora com Jeff Belskus à frente, pelo menos saiba caminhar na direção certa, algo que se torna mais complicado devido ao momento econômico delicado da economia mundial, que tornou várias fontes de patrocínio escassas ou arredias, preferindo investirem em outros setores, ou em campeonatos de maior visibilidade, como a Nascar, a mais popular categoria de competição americana.
            De qualquer maneira, vai começar mais um campeonato, e é hora de dar uma verificada em quem tem chances de lutar pelo título da competição, que nos últimos tempos, só foi decidido mesmo na última etapa do campeonato. Mas, ao contrário dos bons tempos da F-Indy original, quando pelo menos metade do grid era tido como potencial candidato a vitórias e campeonato, o número de postulantes sérios do campeonato da IRL 2013 não é muito numeroso.
Will Power é de novo favorito ao título, mas precisa parar de bater na trave...
            Na luta pelo título, a Penske é uma das equipes favoritas. Will Power terminou a única sessão coletiva de treinos, na pista do Alabama, semana passada, com o novo recorde do circuito, e é um dos favoritos ao título. Pesa contra o australiano, contudo, a sina de perder a competição logo na prova final, o que já acontece há 3 anos, com Power amargando sempre o vice-campeonato, mesmo quando é o maior vencedor do ano. No ano passado, quando enfim não teve a disputa com Dario Franchiti, que o havia derrotado nos dois anos anteriores, surgiu outra estraga-prazeres na vida do piloto de Roger Penske: Ryan Hunter-Reay, da equipe Andretti, que acabou sendo campeão, e é outro dos favoritos para o campeonato. Power sabe qual é seu ponto fraco: as pistas ovais, onde não exibe a mesma desenvoltura que demonstra nas pistas de rua ou mistos. O australiano precisa melhorar nos ovais, que terão 6 etapas nesta temporada, se quiser de fato ser campeão. Mas a disputa não se resume apenas a estes dois. Na Penske, Power promete ter vida dura com Hélio Castro Neves, que quer mais do que nunca desencalhar na categoria. Na Andretti, Hunter-Reay deve ter vida um pouco mais fácil, pois nenhum de seus companheiros de equipe mostra desenvoltura suficiente para lutar pelo título.
Dario Franchiti, tetracampeão, quer mais um título. Ganassi é uma das favoritas.
            A Ganassi teve um ano abaixo de sua média em 2012, mas pode se recuperar este ano e voltar novamente a lutar pelo título. Piloto Chip Ganassi tem, e se eles conseguirem se entender direito com o chassi Dallara e os motores da Honda, tem tudo para complicar a vida de Power e Hunter-Reay. Dario Franchiti não deve ter outro ano ruim como em 2012, e Scott Dixon sempre é um adversário perigoso, tendo ficado boa parte do ano passado ainda na luta pelo título, antes de sucumbir de vez à ascenção de Power e Hunter-Reay. A luta pelo título deve se resumir aos pilotos destes 3 times, que são os mais ricos e bem-estruturados da categoria. Os demais times podem até vencer corridas, mas até agora, nos últimos campeonatos, não demonstraram constância em suas performances, item mais do que indispensável para se manter firme na luta pelo título. Mas surpresas podem ocorrer, uma vez que todos os pilotos utilizam o mesmo chassi, o Dallara DW12, que entra em seu segundo ano de competição, após ser introduzido no ano passado. Com um campeonato de experiência, os times podem ter desenvolvido melhor compreensão das reações do carro, e saber trabalhar melhor nos ajustes para melhorar sua performance, o que pode dar maior equilíbrio às disputas durante o ano. Por seu lado, a Dallara introduziu algumas modificações no carro, visando aumentar sua segurança, com a adoção de novos reforços nas laterais do cockpit, os habitáculos foram também reforçados com mais camadas de composto zylon, a fim de diminuir as forças de possíveis impactos que atinjam o corpo do piloto. Os discos de freio também ganharão protetores adicionais, para uso exclusivo nas pistas ovais, sendo seu uso facultativo nas pistas mistas e de rua.
Ryan Hunter-Reay, o campeão de 2012, é o homem a ser batido...
            No ano passado, a categoria enfrentou enfim um ar de renovação, com a introdução do novo carro, e dos novos motores da Honda, Chevrolet, e Lótus. O campeonato, contudo, não foi exatamente um mar de rosas, mas também não foi exatamente ruim. Mas, tentando atrair o público amante de corridas, a direção da Indycar resolveu introduzir várias mudanças neste campeonato.
            Uma das novidades que serão implantadas este ano serão as rodadas duplas em pelo menos 3 provas: Detroit, Toronto, e Houston, todas etapas disputadas em circuitos de rua. Há dois anos, a categoria experimentou fazer uma corrida em dupla, no oval do Texas, mas desta vez será diferente: naquela oportunidade, as corridas tiveram sua pontuação dividida pela metade, de modo que cada vencedor levou 25 pontos, ao invés dos tradicionais 50 pontos, sendo o recurso aplicado a todos os pilotos, que tiveram pontuação pela metade em cada corrida. Desta vez, todas as provas serão autônomas, com pontuação integral. Na prática serão 2 corridas por fim de semana, com uma prova sendo disputada no sábado, e a outra, no domingo. Outra novidade que também será implantada nestas etapas em rodada dupla será o procedimento de largada parada, como é feito na Fórmula 1. O procedimento será utilizado apenas nestas provas, e ganhou a aprovação dos pilotos, que segundo eles deverá dar um ar diferenciado às corridas, além garantir maior tensão para o público pela maior imprevisibilidade que uma largada com os carros parados pode proporcionar, ao invés das tradicionais largadas em movimento, mais previsíveis e menos empolgantes, pelo fato de os pilotos já vierem embalados no momento da bandeira verde.
            Em termos de calendário, a única novidade deste ano é a estréia de Pocono na competição. Circuito trioval de categoria superspeedway, Pocono nunca fez parte da IRL desde que a categoria foi criada. A última vez que a pista sediou uma prova de monopostos TOP foi em 1989, pela F-Indy original, sediando as 500 Milhas de Pocono, que junto com as provas de 500 milhas de Indianápolis e Michigan, formava a “Tríplice Coroa” do campeonato até então. Mas, ao contrário daqueles tempos, a corrida de Pocono não será de 500 milhas, mas de 400 milhas. A única prova de 500 milhas do calendário continua sendo a Indy500. Serão 6 pistas ovais durante o ano, com mais 3 pistas em circuitos mistos, e o restante em pistas de rua.
            Outra novidade este ano é que a direção da categoria limitou o uso do botão push-to-pass a apenas 10 ativações nas provas em circuitos mistos e de rua. E, diferente do ano passado, quando os pilotos tinham “x” segundos para utilizar o recurso durante a corrida, agora cada uso terá duração fixa, que será de 15 a 20s, dependendo do circuito. Uma vez, ativado, o piloto não poderá desativar o recurso, o que deverá exigir mais planejamento no uso do sistema, que no ano passado era usado mais para evitar uma ultrapassagem do que efetuá-la. A pontuação dos pilotos também sofreu ligeiras mudanças para este campeonato, com agora cada piloto que liderar prova ganhando também um ponto adicional na classificação. Quem faz a pole continua ganhando um ponto extra, e quem lidera o maior número de voltas continua faturando 2 pontos extras. Nas últimas posições, mudaram a quantidade de pontos que os pilotos ganhavam. Até o ano passado, todos os pilotos que terminavam entre 19º e 24º ganhavam 11 pontos e, a partir do 25º, 10. No campeonato deste ano, quem terminar a prova entre 18º e 25º receberá a partir de 12 pontos, diminuindo um a cada posição. Do 25º colocado para trás, todos ganham 5 pontos.
            No campo dos motores, teremos apenas Chevrolet e Honda equipando os times em 2013. A Lótus, depois do fiasco apresentado no ano passado, cancelou seus planos de continuar fornecendo motores para a categoria. A Chevrolet foi a campeã ano passado com a Andretti Autosport, e fornece motores para pelo menos 14 competidores, ficando o restante, cerca de 11 pilotos, impulsionados pelos Honda. O chassi Dallara DW12, introduzido no ano passado, continua sendo o carro-padrão da categoria, tendo seus pacotes aerodinâmicos personalizados adiados novamente em questão dos altos custos de sua implantação pelos times, em acordo conjunto com todas as escuderias e a direção da Indycar. Talvez em 2014 eles possam enfim ser introduzidos, se as perspectivas melhorarem...
            A transmissão da categoria continua dividida na TV aberta americana, com a rede ABC transmitindo parte do campeonato na TV aberta, e a NBC Sports, canal a cabo, transmitindo a maioria das corridas (13 provas). Reforçar a transmissão na TV aberta é importante para voltar a angariar adeptos para a modalidade, que em tempos recentes ficou restrita a quem possuía o canal pago Versus, que não era de muita popularidade. A NBC Sports, pelo menos, é um dos canais mais conhecidos do público, o que minimiza o problema.
Hélio Castro Neves, com a Penske, é nosso único candidato ao título...
            Para os brasileiros, este ano teremos 3 representantes na categoria. Hélio Castro Neves continua defendendo a equipe Penske, e é praticamente nossa única esperança de luta pelo título. Helinho, contudo, precisa melhorar sua performance, pois nos últimos anos, vem perdendo o duelo interno com o companheiro Will Power, que vem batendo na trave na conquista do título, mas sempre lutando por ele, enquanto o brasileiro só no ano passado mostrou melhor desempenho na disputa, mais ainda assim, não conseguiu ir até a prova final em condições de brigar pela taça de campeão. Com 37 anos, Hélio pode estar se aproximando do final de sua carreira nos monopostos, apesar de que a Indy normalmente não faz restrições de idade neste nível. Mas Hélio já é piloto de Roger Penske desde 2000, e de lá para cá, viu Gil De Ferran ser bicampeão na F-Indy original, enquanto Hélio foi vice-campeão duas vezes, em 2002 e 2008, tendo como grande trunfo ter vencido 3 vezes as 500 Milhas de Indianápolis, o que faz muita diferença pela fama ímpar que a prova possui. Desde que o time passou para a IRL, a Penske foi campeã apenas uma vez, com Sam Hornish Jr., em 2006. E, nos últimos 3 anos, teve em Will Power seu piloto de melhor expressão e resultados. Helinho ainda tem lenha para queimar, mas seu tempo está diminuindo, e se ainda tem pretensões de ser campeão na categoria, vai precisar pilotar como nunca, primeiro para superar seu companheiro de equipe, e depois o restante da concorrência.
Tony Kanaan espera que a KV não perca novamente o rumo, como aconteceu em algumas corridas no ano passado...
            Tony Kanaan continua na KV, que espera ter um ano melhor em 2013, competindo com apenas 2 carros, admitindo que lutar com 3 pilotos no ano passado prejudicou sua performance. A afirmação é verdadeira em parte, porque em várias corridas, tanto Kanaan quanto Rubens Barrichello perderam boas oportunidades de conseguirem resultados devido às péssimas estratégias adotadas pelo time, especialmente na primeira metade da competição. Tony, depois de surpreender em 2011 quando estreou pela escuderia, chegando até a disputar o título em parte do ano, graças à sua regularidade e constância de resultados, teve certamente um ano decepcionante em 2012, quando esperava pelo menos conseguir vencer corridas. Este ainda é seu objetivo para 2013, admitindo que a disputa do título é complicada, e focar-se em um objetivo mais tangível será mais prudente. Se os resultados vierem como se espera, lutar pelo título será conseqüência natural do bom trabalho. Tony prefere manter os pés no chão, e trabalhar como nunca para tentar finalmente elevar a KV ao nível dos times de ponta da categoria. Fica a dúvida se outro ano com resultados abaixo do esperado poderá fazer com que o piloto baiano considere mudar de escuderia. Os bons resultados obtidos em 2010 tornaram mais fácil obter alguns patrocínios adicionais, e resultados precisam ser conquistados para continuar mantendo esse apoio, uma vez que a categoria americana, mesmo com os gastos reduzidos, anda mais do que nunca buscando pilotos com patrocínios, pois a economia americana, apesar de estar em recuperação, continua muito retraída quando o assunto é patrocinar corridas.
            Finalizando a lista de nossos representantes, temos Bia Figueiredo, que acertou sua participação no campeonato nos últimos dias. Bia defenderá a Dale Coyne, um dos times mais modestos da categoria, e terá como companheiro o inglês Justin Wilson, com quem já trabalhou quando correu pela Dreyer & Reinbold. Bia por enquanto firmou acordo para correr na prova inaugural, em São Petesburgo, em São Paulo, e na Indy500, estando o restante da temporada ainda sendo acertado com a escuderia e com patrocinadores para garantir a verba necessária, uma luta árdua que a piloto vinha desenvolvendo nos últimos tempos junto com André Ribeiro, seu empresário. A Ipiranga, que já acompanha Bia há tempos, é sua maior fonte de recursos, mas não apresentou verba que garantisse a participação em todo o certame. Mas isso pode mudar, e Bia pode conseguir disputar todo o campeonato. De qualquer maneira, talento a garota tem de sobra, mas precisa ter sorte para conseguir mostrar o que sabe, o que nem sempre é fácil no mundo do automobilismo. E como no Brasil os patrocínios potenciais andam escassos, a tarefa fica ainda mais complicada. E isso em se tratando de uma categoria que tem custos muito mais acessíveis do que os da F-1, o que dá uma dimensão de como está sendo difícil trabalhar o projeto de apoio de um piloto nacional em uma categoria internacional. Bons resultados são essenciais para Bia se manter firme na IRL, mas o difícil mesmo será garantir que fonte de patrocínio não seque.
            Se levarmos em conta que há dois anos Tony Kanaan, que já foi até campeão da categoria, precisou batalhar por patrocínio para se manter na categoria, o que conseguiu praticamente às vésperas de começar o campeonato, o desafio de Bia fica ainda mais complicado. Mas a garota não é de desistir. Fica a torcida para que ela consiga viabilizar toda a temporada, e mais importante, consiga enfim lugar fixo na categoria.
            Para os torcedores da categoria no Brasil, não deverá haver melhorias na transmissão das provas do campeonato, que devem continuar no mesmo esquema roleta-russa que a Bandeirantes, emissora que detém os direitos, utiliza nos últimos anos: transmissão de provas ora no canal aberto, ora no canal fechado. E praticamente todas as corridas, à exceção de Indianápolis, e da prova de abertura, devem ser transmitidas de estúdio. Quem quiser acompanhar na íntegra as corridas terá de procurar a TV paga, no canal Bandsports, que deverá oferecer pelo menos transmissão integral das corridas, ao passo que no canal aberto, a categoria será sempre sacrificada pelo futebol, o que muitos torcedores criticam com veemência, já que os jogos quase sempre são os mesmos que a Globo transmite.

INDY RACING LEAGUE - CALENDÁRIO 2013
O trioval de Pocono fará sua estréia na IRL. No destaque, Danny Sullivan, vencedor da última vez em que a F-Indy original correu por lá, em 1989.

DATA
PROVA
CIRCUITO
24.03
GP de São Petesburgo
Urbano
07.04
GP do Alabama
Misto
21.04
GP de Long Beach
Urbano
05.05
GP do Brasil
Urbano
26.05
500 Milhas de Indianápolis
Oval
01.06
02.06
GP de Detroit(*)
GP de Detroit(*)
Urbano
Urbano
08.06
GP do Texas
Oval
15.06
GP de Milwaukee
Oval
23.06
GP de Iowa
Oval
07.07
GP de Pocono
Oval
13.07
14.07
GP de Toronto(*)
GP de Toronto(*)
Urbano
Urbano
04.08
GP de Mido-Ohio
Misto
25.08
GP de Sonoma
Misto
01.09
GP de Baltimore
Urbano
05.10
06.10
GP de Houston(*)
GP de Houston(*)
Urbano
Urbano
19.10
GP de Fontana
Oval

(*) = Etapas em rodada dupla

INDY RACING LEAGUE - PILOTOS E EQUIPES DO CAMPEONATO 2013
Quem leva o título este ano?

EQUIPE
PILOTOS
MOTOR
Andretti Autosport
Ryan Hunter-Reay
Marco Andretti
James Hinchcliffe
Ernesto Viso
Chevrolet
Penske Racing Team
Will Power
Hélio Castro Neves
A.J. Almendinger (*)
Chevrolet
Chip Ganassi Racing
Dario Franchiti
Scott Dixon
Honda
KV Racing
Tony Kanaan
Simona De Silvestro
Chevrolet
Rahal Letterman Lanigan
James Jakes
Graham Rahal
Honda
Foyt Enterprises
Takuma Sato
Honda
Herta Autosport
Alex Tagliani
Chevrolet
Dragon Racing
Sebastien Bourdais
Sebastian Saavedra
Chevrolet
Ed Carpenter Racing
Ed Carpenter
Chevrolet
Nordisk Ganassi
Charlie Kimball
Honda
Panther
Oriol Servia
JR Hildebrand
Chevrolet
Sam Schmidt
Simon Pagenaud
Tristan Vautier
Honda
Dale Coyne
Justin Wilson
Bia Figueiredo (**)
Honda
Sarah Fisher Racing
Josef Newgarden
Honda

(*) = Confirmado para correr as provas do Alabama e a Indy500
(**) = Confirmada para São Petesburgo, São Paulo e a Indy500, até o momento.

INDY RACING LEAGUE – PONTUAÇÃO DE 2013

POSIÇÃO
PONTOS
01 posição
50 pontos
02 posição
40 pontos
03 posição
35 pontos
04 posição
32 pontos
05 posição
30 pontos
06 posição
28 pontos
07 posição
26 pontos
08 posição
24 pontos
09 posição
22 pontos
10 posição
20 pontos
11 posição
19 pontos
12 posição
18 pontos
13 posição
17 pontos
14 posição
16 pontos
15 posição
15 pontos
16 posição
14 pontos
17 posição
13 pontos
18 posição
12 pontos
19 posição
11 pontos
20 posição
10 pontos
21 posição
09 pontos
22 posição
08 pontos
23 posição
07 pontos
24 posição
06 pontos
25 posição em diante.
05 pontos