Depois
de participar das 3 últimas etapas do campeonato deste ano da Stock Car, eis
que Rubens Barrichello já teria anunciado que ficará em definitivo por lá.
Ainda falta o tradicional “anúncio oficial”, mas praticamente já está
sacramentada a ida do recordista de participações da F-1 para a categoria
nacional no ano que vem. Era um destino que muitos já davam como certo, faltava
apenas saber quando. Veio antes do que todo mundo esperava, até mesmo na minha
opinião.
Quem
ainda imaginava que o piloto manteria firme a esperança de continuar em uma
categoria TOP ficou dividido entre a decepção, e o conformismo. Muitos
esperavam revê-lo no campeonato 2013 da Indy Racing League, onde mais
experiente, e já conhecendo a dinâmica da competição, poderia render mais,
competindo por um time mais bem estruturado. A Sam Schmidt afirmou que esperava
ainda acertar um contrato com Barrichello, mas entende a decisão do brasileiro
de ficar por aqui, e até ainda deixa em aberto a possibilidade de Rubens
disputar algumas corridas “avulsas” em 2013, embora eu ache difícil isso
acontecer. O maior entrave para Rubens se manter na IRL no próximo ano era
estritamente financeiro: era preciso levar grana, e mesmo não sendo uma quantia
absurda como a exigida pela F-1,
a categoria americana nunca emplacou por aqui, ao
contrário da F-Indy, e para piorar a situação, a maneira como a Bandeirantes
exibe o certame só ajuda a piorar a situação, a ponto de o principal
patrocinador de Barrichello este ano, a BMC, reclamar que a operação não deu
retorno. E vale lembrar que Tony Kanaan, mesmo tendo um título de campeão da
categoria, penou um bocado para conseguir patrocinador por estas hostes.
Na
Stock, pelo acordo firmado, Barrichello terá aporte garantido da Medley. Aliás,
Rubens conseguiu um belo feito, pois a farmacêutica ia pular fora da categoria,
mas o retorno da contratação de Rubens foi tão positivo que a empresa não
apenas mudou de idéia quanto a sair, quanto irá continuar firme na equipe Full
Time, que irá contar com Rubens por todo o campeonato de 2013. Do ponto de
vista financeiro, ótimo. Do ponto de vista esportivo, é bom para a Stock, que
ganha um nome de peso para o próximo ano, ainda mais em um momento em que a
Vicar tenta demover a Globo de sua decisão de passar na TV aberta apenas uma ou
outra corrida, e relegar todo o restante do campeonato aos canais pagos do
SporTV.
Do
ponto de vista profissional, a decisão pode ser vista como o fim da carreira de
piloto internacional de Barrichello. Como já afirmei, muitos ainda esperavam
vê-lo continuar na IRL, onde ainda poderia render muito por alguns anos. Alguns
ainda forçosamente esperavam até vê-lo de volta à F-1, para pelo menos disputar
mais uma temporada e completar 20 anos de competição. Mas Rubens já estava
vendo que, infelizmente, sua vida na F-1 ficou para trás. A IRL seria uma opção
mais plausível, mas a necessidade de correr atrás de patrocínio e a pouca
receptividade das empresas nacionais em investir nisso com certeza devem tê-lo
feito considerar, até antes do que pensava, a opção da Stock. E a Medley não
perdeu tempo em fazer um belo acordo, que será benéfico para ambos.
Confesso
que, de minha parte, gostaria de ver Barrichello ainda competindo lá fora,
mostrando todo o talento que tem, em alguma categoria de renome. A Stock Car,
na minha opinião, sinaliza o fim de sua carreira como piloto internacional.
Poderá correr uns bons anos por aqui, e quem sabe, fazer sucesso nos carrões.
Seu desempenho nas 3 corridas que disputou não empolgou muito nas provas, mas
mostrou inegável adaptação nas classificações, mostrando que pegou o jeito da
coisa. Se vai disputar o título de 2013, é muito cedo para dizer, mas nada
impede que ele surpreenda e entre na luta pelo caneco. O tempo irá dizer.
Mas
para Rubens, um dado muito importante é sua família. Pai de dois filhos, e muito
bem casado, mudar-se para a Stock Car significa ficar perto da esposa e filhos,
e dar um basta na vida de cidadão itinerante que ele foi e é desde 1990, quando
partiu para a Europa para disputar seu primeiro ano em uma categoria no Velho
Continente, no caso, a F-Opel. O último campeonato nacional disputado por
Barrichello foi a F-Ford em 1989, e de lá para cá, o então jovem piloto
nacional passou a andar pelo mundo afora, primeiro na Europa, e desde 1993
viajando o mundo inteiro com a F-1. Neste ano, ficou nos Estados Unidos, Canadá
e Brasil, seguindo a caravana da IRL. Ele passou mais da metade de seus quase
41 anos viajando pelos campeonatos que disputou, e tem todo o direito de se
estabelecer novamente no Brasil. Seus filhos estão entrando na adolescência, e
Rubens quer dar a eles um pai em período mais integral. Já está mais do que
realizado financeiramente. No campo esportivo, pode até não ter conquistado
tudo o que gostaria, mas teve uma carreira que pode se orgulhar, mesmo com
algumas decisões erradas em momentos-chave de sua condução.
Ao
mesmo tempo, ele continuará competindo, adaptando-se a uma nova categoria, e se
preparando paulatinamente para o dia em que irá pendurar mesmo o capacete.
Dizem que ele pode voltar à F-1 ano que vem como parte da equipe da Globo,
depois de sua excelente atuação em Interlagos este ano dando uma de repórter.
Seria muito bom. Luciano Burti tem suas qualidades na transmissão da emissora,
mas Barrichello, por ter tido 19 temporadas na competição, tem muito mais
quilometragem e intimidade com tudo e todos, e seria um reforço considerável,
ajudando a elevar e muito o nível das informações nas transmissões.
O
conhecimento técnico de Rubens também poderá ser útil na Stock Car, que poderia
se beneficiar muito de alguém com sua experiência e cacife adquiridos nos quase
20 anos de participação da F-1. E a Stock, diga-se de passagem, precisa de
gente com mais conhecimento de causa do que aqueles que têm atualmente. A
direção e organização da categoria precisam melhorar muita coisa no certame
para que ele tenha um nível melhor, não apenas técnico como esportivo e
gerencial. Todos podem sair ganhando com esta nova direção na carreira de
Rubens.
Que
Barrichello seja feliz e bem-sucedido em sua nova vida na Stock Car. E ele bem
que merece...
Cacá Bueno teve um final de corrida dramático domingo passado em
Interlagos. Acabou perdendo a corrida na reta de chegada, com a pane seca que
enfrentou, mas o 3° lugar foi mais do que suficiente para coroar o seu 5°
título na Stock Car brasileira, ficando agora atrás apenas de Ingo Hoffman como
piloto mais vitorioso da história da categoria, com 12 títulos. A vitória da
corrida ficou com Thiago Camilo, que conquistou pela segunda vez a “Corrida do
Milhão”, prova que já havia vencido no ano passado. Na 2ª posição ficou o
piloto Ricardo Maurício. O pódio garantiu o vice-campeonato para Maurício, que
terminou a competição com 189 pontos, 6 a menos do que o campeão de 2012, Cacá Bueno.
Átila Abreu finalizou o certame em 3° lugar, com 175 pontos, ao ficar apenas em
8° lugar em Interlagos. Dos pilotos “convidados” quem fez bonito na corrida foi
Rafael Matos, que terminou a corrida em 9° lugar, depois de largar em 23°.
Rubens Barrichello, por sua vez, depois de surpreender na classificação para
largar em 7°, finalizou apenas em 22° lugar. Tony Kanaan, 26° no grid,
abandonou a corrida depois de alguns toques mais agressivos que recebeu; e
Hélio Castro Neves, saindo da 22ª colocação, terminou recebendo a bandeirada em
14°.
Com esta coluna, encerro os textos de 2012. Agora é curtir um pouco o
final de ano, com o Natal e as festas de réveillon. E até 2013, pronto para
mais um ano no mundo da velocidade. BOAS FESTAS! FELIZ NATAL! E que venha 2013!
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