sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

DESTINO 2013: STOCK CAR


            Depois de participar das 3 últimas etapas do campeonato deste ano da Stock Car, eis que Rubens Barrichello já teria anunciado que ficará em definitivo por lá. Ainda falta o tradicional “anúncio oficial”, mas praticamente já está sacramentada a ida do recordista de participações da F-1 para a categoria nacional no ano que vem. Era um destino que muitos já davam como certo, faltava apenas saber quando. Veio antes do que todo mundo esperava, até mesmo na minha opinião.
            Quem ainda imaginava que o piloto manteria firme a esperança de continuar em uma categoria TOP ficou dividido entre a decepção, e o conformismo. Muitos esperavam revê-lo no campeonato 2013 da Indy Racing League, onde mais experiente, e já conhecendo a dinâmica da competição, poderia render mais, competindo por um time mais bem estruturado. A Sam Schmidt afirmou que esperava ainda acertar um contrato com Barrichello, mas entende a decisão do brasileiro de ficar por aqui, e até ainda deixa em aberto a possibilidade de Rubens disputar algumas corridas “avulsas” em 2013, embora eu ache difícil isso acontecer. O maior entrave para Rubens se manter na IRL no próximo ano era estritamente financeiro: era preciso levar grana, e mesmo não sendo uma quantia absurda como a exigida pela F-1, a categoria americana nunca emplacou por aqui, ao contrário da F-Indy, e para piorar a situação, a maneira como a Bandeirantes exibe o certame só ajuda a piorar a situação, a ponto de o principal patrocinador de Barrichello este ano, a BMC, reclamar que a operação não deu retorno. E vale lembrar que Tony Kanaan, mesmo tendo um título de campeão da categoria, penou um bocado para conseguir patrocinador por estas hostes.
            Na Stock, pelo acordo firmado, Barrichello terá aporte garantido da Medley. Aliás, Rubens conseguiu um belo feito, pois a farmacêutica ia pular fora da categoria, mas o retorno da contratação de Rubens foi tão positivo que a empresa não apenas mudou de idéia quanto a sair, quanto irá continuar firme na equipe Full Time, que irá contar com Rubens por todo o campeonato de 2013. Do ponto de vista financeiro, ótimo. Do ponto de vista esportivo, é bom para a Stock, que ganha um nome de peso para o próximo ano, ainda mais em um momento em que a Vicar tenta demover a Globo de sua decisão de passar na TV aberta apenas uma ou outra corrida, e relegar todo o restante do campeonato aos canais pagos do SporTV.
            Do ponto de vista profissional, a decisão pode ser vista como o fim da carreira de piloto internacional de Barrichello. Como já afirmei, muitos ainda esperavam vê-lo continuar na IRL, onde ainda poderia render muito por alguns anos. Alguns ainda forçosamente esperavam até vê-lo de volta à F-1, para pelo menos disputar mais uma temporada e completar 20 anos de competição. Mas Rubens já estava vendo que, infelizmente, sua vida na F-1 ficou para trás. A IRL seria uma opção mais plausível, mas a necessidade de correr atrás de patrocínio e a pouca receptividade das empresas nacionais em investir nisso com certeza devem tê-lo feito considerar, até antes do que pensava, a opção da Stock. E a Medley não perdeu tempo em fazer um belo acordo, que será benéfico para ambos.
            Confesso que, de minha parte, gostaria de ver Barrichello ainda competindo lá fora, mostrando todo o talento que tem, em alguma categoria de renome. A Stock Car, na minha opinião, sinaliza o fim de sua carreira como piloto internacional. Poderá correr uns bons anos por aqui, e quem sabe, fazer sucesso nos carrões. Seu desempenho nas 3 corridas que disputou não empolgou muito nas provas, mas mostrou inegável adaptação nas classificações, mostrando que pegou o jeito da coisa. Se vai disputar o título de 2013, é muito cedo para dizer, mas nada impede que ele surpreenda e entre na luta pelo caneco. O tempo irá dizer.
            Mas para Rubens, um dado muito importante é sua família. Pai de dois filhos, e muito bem casado, mudar-se para a Stock Car significa ficar perto da esposa e filhos, e dar um basta na vida de cidadão itinerante que ele foi e é desde 1990, quando partiu para a Europa para disputar seu primeiro ano em uma categoria no Velho Continente, no caso, a F-Opel. O último campeonato nacional disputado por Barrichello foi a F-Ford em 1989, e de lá para cá, o então jovem piloto nacional passou a andar pelo mundo afora, primeiro na Europa, e desde 1993 viajando o mundo inteiro com a F-1. Neste ano, ficou nos Estados Unidos, Canadá e Brasil, seguindo a caravana da IRL. Ele passou mais da metade de seus quase 41 anos viajando pelos campeonatos que disputou, e tem todo o direito de se estabelecer novamente no Brasil. Seus filhos estão entrando na adolescência, e Rubens quer dar a eles um pai em período mais integral. Já está mais do que realizado financeiramente. No campo esportivo, pode até não ter conquistado tudo o que gostaria, mas teve uma carreira que pode se orgulhar, mesmo com algumas decisões erradas em momentos-chave de sua condução.
            Ao mesmo tempo, ele continuará competindo, adaptando-se a uma nova categoria, e se preparando paulatinamente para o dia em que irá pendurar mesmo o capacete. Dizem que ele pode voltar à F-1 ano que vem como parte da equipe da Globo, depois de sua excelente atuação em Interlagos este ano dando uma de repórter. Seria muito bom. Luciano Burti tem suas qualidades na transmissão da emissora, mas Barrichello, por ter tido 19 temporadas na competição, tem muito mais quilometragem e intimidade com tudo e todos, e seria um reforço considerável, ajudando a elevar e muito o nível das informações nas transmissões.
            O conhecimento técnico de Rubens também poderá ser útil na Stock Car, que poderia se beneficiar muito de alguém com sua experiência e cacife adquiridos nos quase 20 anos de participação da F-1. E a Stock, diga-se de passagem, precisa de gente com mais conhecimento de causa do que aqueles que têm atualmente. A direção e organização da categoria precisam melhorar muita coisa no certame para que ele tenha um nível melhor, não apenas técnico como esportivo e gerencial. Todos podem sair ganhando com esta nova direção na carreira de Rubens.
            Que Barrichello seja feliz e bem-sucedido em sua nova vida na Stock Car. E ele bem que merece...


Cacá Bueno teve um final de corrida dramático domingo passado em Interlagos. Acabou perdendo a corrida na reta de chegada, com a pane seca que enfrentou, mas o 3° lugar foi mais do que suficiente para coroar o seu 5° título na Stock Car brasileira, ficando agora atrás apenas de Ingo Hoffman como piloto mais vitorioso da história da categoria, com 12 títulos. A vitória da corrida ficou com Thiago Camilo, que conquistou pela segunda vez a “Corrida do Milhão”, prova que já havia vencido no ano passado. Na 2ª posição ficou o piloto Ricardo Maurício. O pódio garantiu o vice-campeonato para Maurício, que terminou a competição com 189 pontos, 6 a menos do que o campeão de 2012, Cacá Bueno. Átila Abreu finalizou o certame em 3° lugar, com 175 pontos, ao ficar apenas em 8° lugar em Interlagos. Dos pilotos “convidados” quem fez bonito na corrida foi Rafael Matos, que terminou a corrida em 9° lugar, depois de largar em 23°. Rubens Barrichello, por sua vez, depois de surpreender na classificação para largar em 7°, finalizou apenas em 22° lugar. Tony Kanaan, 26° no grid, abandonou a corrida depois de alguns toques mais agressivos que recebeu; e Hélio Castro Neves, saindo da 22ª colocação, terminou recebendo a bandeirada em 14°.


Com esta coluna, encerro os textos de 2012. Agora é curtir um pouco o final de ano, com o Natal e as festas de réveillon. E até 2013, pronto para mais um ano no mundo da velocidade. BOAS FESTAS! FELIZ NATAL! E que venha 2013!

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