quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 15.03.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a coluna publicada no dia 15 de março de 1996, cujo assunto era a estréia da F-Indy no Brasil (a verdadeira e original, não esta “sobra” que é a atual IRL), no belo circuito oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá, que lamentavelmente hoje encontra-se praticamente destruído, por obra e desgraça dos patifes políticos cariocas e cartolas do COB, entre outros. Naqueles tempos, quem acreditaria que pouco mais de 15 anos depois tudo estaria destruído e acabado por causa da corja que assola nossos governos, que fazem e desfazem, e fica por isso mesmo. A chegada da nova categoria era uma festa, e por algum tempo, deu muito certo. Hoje, infelizmente, só deixa saudades, e uma raiva justificável contra aqueles miseráveis que deixaram com que o autódromo do Rio se acabasse. Fiquem agora com o texto, e boa leitura, de uma época onde tudo parecia ser mais positivo do que hoje em dia...


FINALMENTE, A INDY NO BRASIL!


            Neste fim de semana, pela primeira vez em toda a sua história, a F-Indy irá acelerar em terras tupiniquins. O Grande Prêmio do Brasil de F-Indy finalmente tornou-se realidade, depois de várias tentativas frustradas. A corrida, que leva o nome oficial de Rio 400, será disputada no novíssimo circuito oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
            Desde 1990 que Émerson Fittipaldi sonhava com a realização de um GP de F-Indy no Brasil. Várias tentativas foram feitas para que o Brasil fosse incluído no campeonato, ou mesmo que fosse palco de uma prova extra-campeonato, tal como aconteceu com o primeiro GP do Brasil de F-1, que depois passou a integrar oficialmente o calendário da F-1.
            Contatos eram feitos, idéias surgiam. Houve até uma proposta de utilizar o circuito externo de Interlagos, que tem forma semelhante a um oval, para a realização da F-Indy. Depois, outra proposta veio do empresário Beto Carreiro, que pretendia construir um circuito oval ao lado de seu parque de diversões, o Beto Carrero World, no Estado de Santa Catarina, mas nenhuma destas idéias vingou. Só no ano passado as negociações ficaram firmes, e finalmente a CART decidiu incluir o Brasil em seu calendário. Colaborou também o fato de que o número de pilotos brasileiros na categoria era o maior depois dos americanos. Sem perda de tempo, começaram os estudos para a criação do circuito, que originalmente, teria 2 Km de extensão. Depois, ao ser levantado um detalhe de um acordo da CART com a FIA, o circuito teve de ser ampliado para 3 Km. Mas tudo correu bem, mesmo com alguns pequenos problemas, e o resultado está aí, e nesta tarde de domingo, os bólidos da F-Indy estarão acelerando a mais de 340 Km/h no oval que passa a levar o nome de nosso primeiro campeão de F-1 e até o momento o único brasileiro campeão da F-Indy: Émerson Fittipaldi.
            O circuito impressiona: a reta dos boxes tem cerca de 1,1 Km de extensão, onde os carros deverão chegar próximos aos 375 Km/h. Mas este também é um circuito inédito na Indy: além da maior reta entre todos os circuitos do calendário, será também o único circuito oval onde os pilotos terão de trocar marchas e fazer freadas fortes durante a corrida. Em todas as demais pistas ovais, os pilotos só trocam as marchas para entrar e sair dos boxes, e as curvas são feitas aliviando-se o pé do acelerador. A forma trapezoidal do circuito faz com que as curvas 1 e 4 sejam bem fechadas, o que vai exigir uma forte freada e muita troca de marcha para reduzir a velocidade, e após contornar a curva, acelerar com tudo, pois o ângulo das curvas 2 e 3 faz prever que serão feitas com o pé embaixo. Os pilotos brasileiros foram unânimes em dizer que as curvas fechadas serão ótimos pontos de ultrapassagem, e pela largura da pista, não será surpresa se 3 ou 4 carros tentarem tais manobras ao mesmo tempo. Christian Fittipaldi foi categórico nesta questão: “Quem não se cuidar neste local vai encontrar o muro pela frente”, declarou referindo-se não só às tentativa de ultrapassagem, mas também àqueles que exagerarem na velocidade com que tentarão fazer a curva. “Vai ser uma corrida com muita briga”, prevê o melhor piloto brasileiro no campeonato, Gil de Ferran.
            O circuito brasileiro é o 2º maior oval do campeonato, só ficando atrás de Michigan (3,2 Km) e também deverá ser o 2º mais rápido, perdendo apenas para Michigan, também. Devido às suas características especiais, a regulagem dos carros deverá exigir um bom trabalho das equipes. Todos estão cientes disso e o assunto é segredo de Estado entre todas as escuderias.
            E quem é o favorito para vencer a corrida? Não dá para saber, mas podem apostar, nossos pilotos estarão nessa briga. Que venha a bandeira verde!


 

A F-1 começa bem o ano. O Grande Prêmio da Austrália, disputado na nova e excelente pista de Melbourne, foi digna de atenção. Conforme já se previa, Jacques Villeneuve vai brilhar muito na F-1. Não foi nenhuma surpresa para mim o seu excelente desempenho durante os treinos e a corrida. O campeão da F-Indy andou forte o tempo todo e liderou a maior parte da prova, mostrando seu arrojo e competência, como se fosse um veterano na categoria. Em parte, Villeneuve não pode ser considerado um “novato” para a F-1, pois o filho do lendário Gilles, desde setembro do ano passado, fez mais de 6 mil Km de testes com o carro da Williams, e já pode se considerar íntimo do bólido que pilota. Jacques fez de tudo, treinos de classificação, corridas e tudo o mais, em simulações que visaram prepará-lo adequadamente para o Mundial de 96. E ele aprendeu a lição sem maiores problemas. Isso não tira o brilho com que comandou a prova da Austrália, apenas confirma o seu enorme talento. E quem mostrou também uma excelente corrida foi Damon Hill, que não cometeu nenhum erro e durante a corrida inteira esteve colado na traseira de Villeneuve. Hill também suportou muito bem a pressão de Michael Schumacher na parte inicial da corrida, quando o bicampeão conseguiu acompanhar de perto as Williams. Hill, mais do que uma corrida segura e firme, também soube poupar seu equipamento, o que acabou sendo o ponto decisivo contra Villeneuve, cujo ritmo fortíssimo acabou provocando a queda da pressão de óleo do motor de seu carro, obrigando-o a diminuir muito o ritmo para conseguir terminar a corrida e permitindo a Hill disparar na frente. Assim que sanar esta pequena deficiência, o canadense será um páreo duríssimo na briga pelo título. E a Ferrari, como eu já dizia, não pode ser subestimada. Irvinne subiu ao pódio, e Michael Schumacher pressionou as Williams no início da corrida. E levando-se em conta que o time italiano nem testou direito o novo F-310, pode-se esperar um desempenho bem mais forte em Interlagos, daqui a 2 semanas. E Irvinne já confirma que pode bagunçar a situação em relação a Schumacher. O irlandês foi mais rápido que o alemão na classificação e chegou em 3º lugar, enquanto Schumacher amargava um abandono. Por enquanto, o ambiente entre os dois é cordial, mas pode vir tempestade por aí...



A segurança dos carros de F-1 foi mais uma vez posta à prova, em Melbourne. Martin Brundle saiu intacto depois de decolar e capotar, devido à fechada de David Couthard na freada para uma curva. A Jordan partiu-se ao meio, sendo que a traseira chegou a dobrar sobre si mesma. Foi uma cena impressionante ver o que sobrou do carro. Felizmente, foi apenas um susto, sem maiores conseqüências.



Rubens Barrichello está perdendo a paciência com a Peugeot. Depois de tantos testes sem nenhum problema, o propulsor, sem mais nem menos, deixou o brasileiro a pé durante o GP da Austrália. Rubinho disputava a 5ª posição com Mika Hakkinem, da McLaren. O bate boca no Box da Jordan não foi dos mais calmos e amigáveis...

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