Voltando
com a seção Arquivo, trago hoje a coluna escrita para o dia 29 de março de 1996, a sexta-feira de
treinos do Grande Prêmio do Brasil daquele ano, que comemorava 25 anos da
existência de nossa corrida de F-1, saga iniciada lá nos anos 1970, quando
Émerson Fittipaldi se tornava o novo astro da categoria, rivalizando com o
grande nome da época, Jackie Stewart. A coluna relata algumas curiosidades e
fatos da história de nossa corrida até aquele ano. A prova segue firme até hoje
no calendário da categoria, em que pesem as ameaças e cobranças de melhorias em
Interlagos, uma vez que a F-1 ficou mal acostumada com os novos autódromos
faraônicos que vem sendo construídos desde 1998, e que viraram moda desde então.
Curtam agora o texto, e um feliz Natal para todos os leitores...
GP BRASIL: 25 ANOS DE EMOÇÃO
E VELOCIDADE!
Neste
domingo, mais uma vez, o autódromo de Interlagos será palco de uma etapa do
campeonato mundial de F-1. Mais uma vez, todas as emoções do maior campeonato
de automobilismo do mundo estarão voltadas para os 4,325 Km do circuito José
Carlos Pace, no bairro de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Mas, mais do
que sediar, mais uma vez, uma prova de F-1, a etapa deste ano tem muito mais atração e
significado: será a 25ª edição do Grande Prêmio do Brasil de F-1. Nosso grande
prêmio atinge seu jubileu de prata no circuito mundial do automobilismo com
honras e méritos e é o GP em disputa há mais tempo no hemisfério sul assim que
a prova se realizar (O GP da África do Sul também foi realizada 24 vezes até
agora).
Tudo
começou no dia 30 de março de 1972, uma quinta-feira, quando Interlagos sediou
pela primeira vez uma etapa da F-1.
A corrida, extra-campeonato, algo comum naquela época,
foi vencida por Carlos Reutemann com a Brabham. Mas em 1973, já como etapa
oficial do campeonato de F-1, as honras da vitória couberam a Émerson
Fittipaldi, ao volante do lendário Lótus 72D. Émerson repetiria a dose em 74,
agora com o também célebre McLaren M23. José Carlos Pace conseguiu aqui perante
o seu público a sua única vitória na F-1, em 1975. Apenas em 1976 um piloto
“estrangeiro” conseguiria vencer pela primeira em Interlagos contando pontos
para o mundial. A honra coube a ninguém menos que Niki Lauda, com a Ferrari.
Nélson
Piquet venceu a prova em 1983, agora no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de
Janeiro, dando sua arrancada para o bicampeonato. Piquet repetiria a dose em
1986, com a Williams. Já Ayrton Senna só conseguiu vencer em 1991 e 1993.
Senna, aliás, acumulou inúmeros abandonos no GP do Brasil: fora as 2 vitórias,
só pontuou outras 2 vezes, em 1986 (2º lugar), e 1990 (3º lugar).
Em
matéria de vitórias, Alain Prost foi o grande dominador, vencendo 6 vezes nosso
GP, o que lhe valeu o apelido de “Rei do Rio”, onde a prova era realizada na
década de 1980, mas o intrépido francês venceu também em Interlagos, em 1990. O
GP do Brasil, aliás, viu de tudo nestes últimos 25 anos: por aqui correram
grandes pilotos e grandes campeões mundiais. A lista é grande e de respeito:
Jackie Stewart, Émerson Fittipaldi, Niki Lauda, Graham Hill, Nélson Piquet,
Alain Prost, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Mario Andretti, só para citar os que
foram campeões. Mas marcaram presença inúmeros outros, como Ronnie Peterson,
Keke Rosberg, Jack Ickx, Clay Regazzoni, Carlos Reutemann, Alan Jones, James
Hunt, entre outros mais. Além dos pilotos, os brasileiros também viram a
evolução dos carros: do clássico Lótus 72D, passamos para os carros-asa, e daí
em diante até a evolução atual dos monopostos. No campo dos motores, começamos
com os célebres Cosworth DFV V-8. Veio então os poderosos motores turbo
lançados pela Renault. Tivemos a Era Turbo e, recentemente, vimos o renascer os
motores aspirados.
Tudo
cativou os brasileiros que, com o sucesso de nossos pilotos, passaram a se
interessar ainda mais pelo automobilismo. E mais: principalmente em Interlagos,
a emoção e o circuito é um desafio aos pilotos. Jacarepaguá, apesar de não ter
a mesma classe de Interlagos, também tinha suas manhas. O circuito original de
Interlagos era incomparável: quase 8
Km de pista com tudo o que se pudesse desejar em um
circuito: retas, curvas de alta, curvas de baixa, etc. Como diziam, era um
circuito “de macho”. A reforma em 1990 reduziu o traçado quase à metade, mas
conseguiram manter parte do carisma e desafio que o circuito paulistano
conseguia impor. Os brasileiros viram disputas memoráveis, proporcionadas por
grandes pilotos, situações dramáticas, acidentes espetaculares, entre outras
coisas.
Na
sua 25ª edição, o Grande Prêmio do Brasil é um sucesso: o público está presente
mais do que nunca. A paixão do torcedor pela velocidade está no auge. Nossos
pilotos podem não estar no topo como há algum tempo atrás, mas isso não
desanima tanto. Já tivemos períodos de vacas magras em termos de resultados na
F-1. Mas o torcedor estará presente, sempre apoiando nossos pilotos. O GP
Brasil firma-se junto ao restante do calendário da F-1. Emoção, grandes
disputas, bom público, tudo isso é o Grande Prêmio do Brasil de F-1. Parabéns
pelos 25 anos, e que os próximos 25 sejam tão bons quanto foram os 25
primeiros!
Na madrugada deste sábado para domingo os carros da F-Indy aceleram
fundo no Grande Prêmio da Austrália, em Surfer’s Paradise. Todas as
expectativas até agora devem ser esquecidas: as primeiras duas provas foram em
circuitos ovais. Agora é a vez de um circuito urbano. É hora de ver se a Honda
consegue impor o seu domínio neste tipo de circuito.
Mark Blundell não corre na Austrália. O piloto da equipe PacWest quebrou
um dedo do pé na forte batida que sofreu na curva 4 durante o GP do Brasil de
F-Indy em Jacarepaguá. Já
Scott Goodyear, que bateu forte nos treinos livres, no mesmo
local, deverá ficar no estaleiro por dois meses, sem competir: ele fraturou uma
vértebra cervical.
Eis alguns acidentes dignos de nota na história do Grande Prêmio do
Brasil de F-1: em 1993, Michael Andretti e Gerhard Berger se enroscaram na
largada e protagonizaram um acidente pavoroso, com o carro de Andretti voando
por cima da Ferrari do austríaco. Já em 1994, um acidente ainda mais pavoroso,
no fim da reta oposta, quando Eddie Irvinne, em uma tentativa de ultrapassagem,
causou um acidente múltiplo, envolvendo ele próprio, Jos Verstappen, Martin
Brundle e Eric Bernard. O carro de Verstappen decolou por cima dos demais e
felizmente, ninguém saiu ferido.
Um detalhe sobre o circuito de Interlagos que ajuda a dar mais emoção e
dificuldade para os pilotos: É a única prova do campeonato, ao lado da etapa de
San Marino, que é disputada no circuito anti-horário. Isso costuma forçar bem
mais a musculatura do pescoço no lado esquerdo, geralmente menos desenvolvida.
No circuito antigo, de quase 8
Km , a força G era tão forte em algumas curvas que os
pilotos prendiam molas nos capacetes para tentar firmar o pescoço.
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