sexta-feira, 27 de abril de 2012

INDY NA MARGINAL


            E os carros da Indy Racing League chegaram a São Paulo, para a etapa brasileira do campeonato. Na pista, teremos 4 representantes tentando dar o melhor de si para presentear a torcida com a primeira vitória brasileira em terras tupiniquins (a vitória de André Ribeiro, em 1996, não conta aqui, porque era a F-Indy, não a IRL). Mas a maior ameaça se chama Will Power, que ganhou aqui nas ruas da capital paulista nas duas edições em que a prova foi realizada. E, a julgar pelo ritmo demonstrado pelo australiano nas últimas corridas, podem estar certos de que ele é o principal favorito. Assim como a Penske também é a equipe favorita para vencer, tendo ganho todas as corridas do ano até agora. Mas é dentro do favoritismo da Penske que os brasileiros têm sua melhor esperança de vitória, com Hélio Castro Neves, que venceu na abertura do campeonato, em São Petesburgo, na Flórida. Mas o brasileiro terá de vencer o tradicional azar que o acompanhou na prova brasileira nos dois anos em que foi realizada, quando fez apenas figuração.
            Na lista de esperanças da torcida, a KV Racing vem logo a seguir, por contar com a dupla Rubens Barrichello e Tony Kanaan. Tony fez bela prova em Long Beach, espantando um pouco o azar que o atingiu nas primeiras duas corridas, enquanto Barrichello terá um novo e mais rodado engenheiro para seu carro, Eddie Jones, oriundo da equipe Andretti, tendo trabalhado com o próprio Kanaan quando este foi campeão em 2004, e também com Dan Wheldon. Até aqui, a equipe montada para o carro de Rubens estava meio mal arrumada, e seu engenheiro era praticamente meio que um novato, o que ajudou a complicar algumas das estratégias de corrida do brasileiro neste início de campeonato. Agora contando com um engenheiro experiente, a KV quer realmente começar a melhorar sua posição no certame, que obviamente não é o que esperavam para este ano.
            O time de representantes nacionais se completa com Bia Figueiredo, que retorna ao cockpit para esta corrida e a Indy500, onde guiará um dos carros da equipe de Michael Andretti. Obter um bom resultado será vital para Bia tentar achar patrocínio para correr mais provas na temporada, mas o desafio em São Paulo será extremamente difícil: a brasileira só teve um dia de contato com o novo carro DW12, nos testes da pré-temporada, em Sebring, e vai gastar todo o seu tempo de treinos procurando achar o acerto do carro, que ainda quase não conhece, Bia confia que a melhor estrutura do time da Andretti a ajude a superar os obstáculos, uma vez que até o momento, correu em um time de menor expressão na categoria, a Dreyer & Reinbold, que no momento está penando com o motor Lótus, e que deve trocar de propulsor para o fim do campeonato, uma vez que a fábrica assumiu não ter condições de manter o fornecimento para todos os times que fecharam contrato com a fábrica malaia.
            Praticamente todos os ingressos foram vendidos este ano, em boa parte pelo anúncio de que Rubens Barrichello disputaria a categoria, após 19 anos correndo na Fórmula 1. É verdade que os resultados obtidos por Rubens até agora não empolgaram, mas ele vem crescendo de produção, e só não está melhor no campeonato porque levou um toque na volta final em Long Beach que o fez perder algumas posições. Embora não prometa vitória, Barrichello está animado em correr nas ruas de São Paulo, ao lado do Anhembi e dentro do Sambódromo.
            A organização da corrida promete que tudo estará melhor do que nunca, graças à experiência das etapas dos anos anteriores, que forneceram valiosos ensinamentos. Tomara, mas principalmente seria de bom grado que a prefeitura municipal tomasse mais jeito ao enfiar dinheiro dos contribuintes em um evento privado, mesmo com os benefícios para a cidade. E espera-se, principalmente, um pouco mais de profissionalismo e menos oba-oba por parte da Bandeirantes em sua transmissão, se bem que isso parece ser pedir demais. E, para mostrar que as esperanças parecem vãs, fiquem preparados: Téo José não vai narrar a corrida; Luciano do Valle estará de volta ao microfone. O único ponto positivo é que a corrida terá pelo menos o que deveria ser padrão para toda a temporada, transmissão na íntegra e ao vivo.
            Espera-se, também, que São Pedro não resolva comparecer, embora a previsão seja de possibilidade de chuva para o fim de semana. Para tentar evitar o problema, a organização resolveu antecipar a largada da prova, que será às 12:30 Hrs., meia hora antes do inicialmente previsto. A intenção é que, se a chuva vier, boa parte da corrida talvez já tenha sido disputada, e com isso, evitar o que ocorreu no ano passado, quando a prova ficou impossibilitada de ser finalizada no domingo e acabou sendo disputada na segunda-feira, em virtude do forte temporal que caiu na região. Mesmo assim, o sistema recebeu um belo reforço, para aumentar a vazão de água e evitar que ela fique empoçada na pista.
            E já começaram as reclamações de que o circuito de rua montado no Sambódromo e Anhembi atrapalha o trânsito nas imediações e que a corrida não deveria ser realizada ali. As reclamações tem sua lógica, mas de certo modo, não dá para se montar um circuito de rua sem atrapalhar parte do trânsito. É assim em todo o mundo, onde não feitas provas em circuitos urbanos. E não é apenas São Paulo que costuma ter um trânsito caótico. Mas, certamente, projetos melhores para contornar este inconveniente poderia tornar o incômodo menor. Infelizmente, não é de hoje que qualquer “anormalidade” no trânsito da maior cidade da América do Sul gera efeitos colaterais em uma área exponencialmente maior do que se imagina. E o pior de tudo é que o trânsito já anda complicado mesmo sem haver problemas, então, imagine ter algumas ruas fechadas para o trânsito... Para não mencionar que os “gênios” das autoridades nunca conseguem resolver o problema do trânsito a contento: sempre que arruma-se a situação de um lado, desarruma de outro, e assim vai...
            O que se espera da Prefeitura, pelo menos, é maior agilidade e competência na remoção das estruturas da corrida a partir de segunda-feira, se não houver imprevistos. Na primeira corrida, alguns guard-rails praticamente ficaram por lá o ano todo, sem terem sido devidamente retirados, atrapalhando o trânsito principalmente de pedestres. Para o público visitante, o circuito montado na região é interessante, e mesmo com algumas críticas, apesar de não ser uma maravilha, também não é uma porcaria. A pista tem a maior reta dos circuitos mistos do calendário, onde se pode ter boas disputas de posição. O problema maior é não ter como oferecer visão dessa área aos torcedores nas arquibancadas fora dos telões, uma vez que as demais pistas da Marginal Tietê estão logo ali e com trânsito normal. Os pilotos quase todos gostam da pista, mas não há como negar que o cheiro de esgoto do Tietê chega a incomodar em vários momentos.
            De minha parte, seria o máximo se os carros da categoria pudessem correr em Interlagos, mas desde que recuperassem a pista antiga: o anel externo daria um imenso oval, onde o público brasileiro poderia ir ao delírio com as altas velocidades que estes carros alcançam neste tipo de pista. Mas o traçado original está praticamente largado, e por pressão da FIA e FOM, em que digam exatamente o contrário, conspira-se para deixar o autódromo paulistano de fora desta festa.
            Os treinos começam amanhã, sábado, logo às 08h05 da manhã, com o primeiro grupo a entrar na pista. Às 11h05, os carros saem para o segundo treino livre. A classificação está programada para as 14h05. No domingo, teremos o warm-up às 8h30, e a largada da prova, às 12h30. É hora de ver a Indy na Marginal, e que venha a bandeira verde...


Semana que vem a F-1 volta às pistas, em Mugello, para 3 dias de testes. De terça a quinta-feira, todos os times (menos a Hispania, que resolveu não participar) estarão no circuito italiano para testar novidades em seus carros. Será a última sessão de testes do ano, e todos os times correm para preparar suas atualizações e aproveitar a oportunidade e testar todos os desenvolvimentos possíveis para seus monopostos, para encarar a fase européia do campeonato, que deve ser mais decisiva do que nunca, dado o equilíbrio visto nas corridas até o presente momento.

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