quarta-feira, 30 de novembro de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – NOVEMBRO DE 2011

            Chegamos à última Cotação Automobilística do ano de 2011. Fiquem à vontade para opinar sobre minhas considerações do mundo da velocidade, e até a próxima avaliação, já em 2012. E vamos ao texto....

 

EM ALTA:

Sebastian Loeb: o piloto francês da Citroen averbou seu 8° título consecutivo no Mundial de Rali na etapa da Grã-Bretanha. Desde 2004 que o campeonato de rali tem não tem conhecido outro campeão que não Loeb. E Sebastian continua na Citroen em 2012, para desespero da concorrência, que já sabe que, apesar de algumas declarações sugerindo uma possível aposentadoria no fim do ano que vem, ninguém pode imaginar se, ao conquistar um possível 9° campeonato, Loeb não resolva tentar o 10° troféu, apenas para deixar as pistas com um número redondo de títulos, o que significaria ter de agüentar o agora octacampeão por pelo menos mais duas temporadas.

Jenson Button: o campeão de 2009 conquistou o vice-campeonato de 2011 na F-1 com todos os méritos. Com atuações seguras e fazendo uso de toda sua capacidade de avaliar as condições gerais de uma corrida, Jenson foi o melhor do “resto” dos pilotos que, impotentes para desafiar Sebastian Vettel, teve de se digladiar para ver quem seria o 2° melhor do campeonato. O desempenho do piloto inglês chegou até a desestabilizar seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton, que certamente perdeu vários pontos em diversas corridas arrumando confusões com outros pilotos. E a McLaren renovou seu contrato com Button para mais algumas temporadas, o que mostra a confiança que o time deposita nele.

Sebastian Vettel: o mais jovem bicampeão da F-1 termina o ano em alta, com o novo recorde de pole-positions na mesma temporada: 15, superando o antigo recorde que era de Nigel Mansell, com 14 poles em 1992. Mesmo com o título assegurado, Vettel não se deixou relaxar e continuou acelerando forte, lutando firme pelas poles e pelas vitórias. Com 11 vitórias no ano, contra apenas uma de seu companheiro Mark Webber, Vettel dá uma amostra de como foi superior ao australiano este ano, e mostrando muito mais amadurecimento do que em 2010, quando recebeu o apelido de “Crash Kid”. Em 2011, apenas um abandono e um pequeno erro em corrida, em uma temporada que certamente não será tão cedo esquecida pelo jovem bicampeão, que terá tudo para tentar repetir a dose em 2012, se a concorrência marcar bobeira...

Fernando Alonso: o bicampeão espanhol confirma a fama de ser talvez o melhor piloto da F-1 na atualidade. Com um carro inferior, lutou pelo vice-campeonato até a última etapa, em Interlagos, perdendo a disputa para Webber e Button. Alonso conseguiu 10 pódios no ano, e uma vitória que aconteceu justo no GP confuso de Silverstone, onde a FIA meteu os pés pelas mãos na proibição do escapamento aerodinâmico. Vitória circunstancial ou não, o espanhol tirou leite de pedra do carro concebido pela Ferrari nesta temporada, e a comparação de seus resultados com os de seu companheiro Felipe Massa, que nunca conseguiu suplantar as deficiências do monoposto italiano, dão uma dimensão das marcas obtidas neste campeonato. Se tiver um carro à altura, será um páreo duríssimo, e a concorrência que se cuide...

Adrian Newey: o engenheiro e projetista do RB07 termina o ano em alta, mostrando que sua mais nova criação faz jus à sua coleção de monopostos vencedores, que teve início no FW14 de 1991, e que massacrou a concorrência no ano seguinte em sua versão FW14B. De lá para cá, acumulou vitórias e triunfos nas equipes Williams e McLaren, até se transferir para a Red Bull há alguns anos, onde colocou a casa em ordem, e nos últimos dois anos e meio, tem concebido os melhores carros da categoria. Sua última inovação, o escapamento aerodinâmico, já foi proibido para 2012, mas que ninguém duvide que o “mago” das pranchetas já esteja com alguns curingas na manga para manter o atual status de superioridade técnica da escuderia. Mesmo agora, na reta final do campeonato, o RB07 mostrou fôlego para continuar dando as cartas, e terminou o ano com uma dobradinha em Interlagos. E como Newey vai ficar na Red Bull pelos próximos anos, a concorrência só pode lamentar de tê-lo deixado partir quando trabalhava para eles (McLaren e Williams)...



NA MESMA:

Rubens Barrichello: A situação da renovação de contrato de Rubinho continua sem uma definição até o encerramento deste mês. As opções são de possíveis 3 equipes, mas o vai-e-vém das negociações, com alguns reveses e prós, não ajudaram a fazer nenhum avanço. A única certeza é de que a “ameaça” de Kimmi Raikkonen na Williams está praticamente descartada em virtude da falta de concordância financeira. Mas em compensação, agora surgem a concorrência de Adrian Sutil e Valteri Bottas. E na Renault, o principal adversário seria Romain Grossjean. Barrichello saiu a campo e está conseguindo angariar alguns patrocinadores para ajudar na luta por uma vaga em 2012, mas o problema é que seus adversários têm padrinhos mais generosos, e infelizmente, no atual momento da F-1, isso está pesando como nunca...

Equipe Mercedes: E novamente não foi neste ano que a Mercedes conseguiu enfim voltar às vitórias na F-1 com seu próprio time. Se em 2010 a desculpa foi a transição da Brawn GP para o novo comando da fábrica alemã, aliado à falta de ritmo de Michael Schumacher, que voltava à F-1 após 3 anos de “aposentadoria”, este ano, novamente um projeto limitado fez o time novamente assistir de camarote à briga das principais escuderias, tendo de ficar num distante 4° lugar no campeonato de construtores. O único ponto positivo do time neste ano foi ver Michael Schumacher recuperar boa parte de seu ritmo de pilotagem, mas em termos de resultados, 2011 foi ainda pior do que em 2010, pois desta vez, nem mesmo um lugar no pódio a Mercedes conseguiu. A promessa é de vingar em 2012, mas isso tinha sido prometido para este ano...

Disputa na Toro Rosso: A equipe “satélite” da Red Bull terminou o ano na indefinição. Jaime Alguerssuari ou Sebastian Buemi? Qual dos dois é melhor? O espanhol surpreendeu em algumas corridas este ano, saindo lá de trás para terminar na zona de pontuação, em um ano em que a escuderia conseguiu voltar a crescer. Por outro lado, o suíço tem um feedback maior para repassar informações aos engenheiros. Alguerssuari conseguiu pontuar bem mais do que Buemi, mas se tivesse melhor posição de largada, a exemplo do suíço, será que não poderia até terminar melhor as corridas? A principal intenção da Red Bull em ter um time “filial” era fazer deste segundo time uma espécie de “estágio” para selecionar os pilotos do time principal. Funcionou com Sebastian Vettel, promovido para a “matriz”, mas agora a situação parece ter ficado meio empacada, a ponto de a Red Bull ter feito um acordo para colocar outro de seus pilotos, Daniel Ricciardo, na Hispania. Quem sai? E quem fica? Ao que parece, a decisão pode ser difícil, ou até o contrário: surgiu um rumor de que ambos podem cair fora em 2012, e o time ter uma nova dupla de pilotos...

Retorno de Robert Kubica: o que todos já sabiam foi oficialmente formalizado: o piloto polonês não terá condições físicas ideais para retornar à F-1 no início do campeonato de 2012, e com a contratação de Kimmi Raikkonen pelo time francês Renault, que ano que vem passa se chamar Lotus, Kubica já é praticamente carta fora do baralho na escuderia, ainda mais que pipocaram rumores de um possível acordo envolvendo a Ferrari para 2013, embora isso até o momento não passe de especulação e boatos. A hipótese até faz sentido, no entendimento de que mais um ano daria melhores condições de plena recuperação ao polonês, que apesar de ter se recuperado bem do violento acidente de rali no início do ano, ainda não reúne a forma física necessária para guiar um F-1. E agora, na Renault fica a dúvida de quem será o companheiro de Raikkonen, com vários pilotos na disputa pelo cockpit...

Equipes “nanicas” na F-1: Com um segundo ano de competição, todos esperavam que Hispania, Virgin e Lotus melhorassem suas condições de competitividade na categoria, mas o resultado foi desencorajador. Com exceção do time de Tony Fernandes, Hispania e Virgin continuaram dividindo o fim dos grids e das corridas, com raríssimas exceções. E a nova Lotus, que passará a se chamar Caterham em 2012, também não conseguiu se inserir na luta com as demais escuderias da F-1, embora tenha claramente evoluído em relação a seu ano de estréia, porém em medida inferior ao que todos esperavam. E a perspectiva é de se manter este panorama para o próximo campeonato, pois Virgin e Hispania passaram por reformulações técnicas e administrativas, que poderão tanto ajudar quanto prejudicar as possibilidades de melhores performances na próxima temporada.



EM BAIXA:

Circuitos ovais na IRL: Depois do forte acidente que envolveu quase metade dos competidores na prova de encerramento do campeonato de 2011 em Las Vegas, a direção da Indy Racing League resolveu riscar a maioria dos circuitos ovais para o calendário de 2012. Contando com 14 etapas, apenas 3 pistas ovais estão listadas: Indianápolis (óbvio), Iowa, e Fontana. Havia a expectativa de correr novamente no Texas, em rodada dupla, seguindo o que foi feito este ano, além de, logicamente, voltar a Las Vegas. Outras pistas ovais, como Kentucky e Milwaukee também estão fora, embora haja a possibilidade de alguma outra prova ser anunciada, embora pouco provável. Depois de muitos acusarem a direção da categoria por omissão na implantação de maiores medidas de segurança, espera-se agora que eles não exagerem na dose na prudência tentando evitar novos acidentes. Mas o automobilismo sempre foi e será um esporte de risco. O que se pode fazer é minimizar as possibilidades de se haver novos acidentes. O reduzido número de pistas ovais, que sempre foram a preferência do público americano, pode indicar que a direção da IRL ficou com trauma pelo ocorrido em Las Vegas. Vamos ver como o público se comporta em relação a isto. Para os pilotos e equipes, depende de cada um.

Mark Webber: Apesar da vitória em Interlagos, o australiano da equipe Red Bull termina o ano totalmente em baixa na F-1, ainda mais pelo “suposto” problema de câmbio anunciado no carro de Sebastian Vettel, que muitos acusaram de ter sido uma tentativa dissimulada de favorecer uma vitória de Webber, que passou o ano totalmente na sombra de seu jovem companheiro de equipe. Dispondo do melhor carro da categoria, Webber este ano não fez nem metade do que mostrou em 2010, quando brigou pelo título e só o perdeu na última etapa, justamente para Vettel. Em 2012, terá chance de se redimir, e provavelmente encerrar a carreira com melhor status, se voltar a mostrar a velha forma, caso contrário, poderá se aposentar desacreditado aos olhos da categoria, já que 2012 deve ser seu último ano no time das bebidas energéticas. E ele já declarou que pode parar depois disso.

Equipe Williams: o time do velho Frank terminou 2011 com sua pior performance desde que estreou na categoria. Mirrados 5 pontos foram tudo que a lendária equipe de grove conseguiu este ano, mas se contabilizarmos que nos velhos tempos apenas os 6 primeiros pontuavam, podemos ter uma idéia mais exata de quão foi o tamanho do fiasco da escuderia na temporada deste ano. Para piorar, o time não mostrou coesão na área técnica, e faltou uma voz de comando mais ativa na direção do time, que fechando este mês de novembro, ainda não tem uma posição certa sobre seus pilotos para o próximo ano. De certo mesmo, apenas um corpo técnico renovado e o motor Renault para 2012. E uma investigação do congresso venezuelano pode minar o principal patrocínio do time, da petrolífera PDVSA, para o próximo ano. Se o novo motor e engenheiros vão reerguer a escuderia, ainda não dá para saber, mas que ninguém aposte que, pior do que está não pode ficar, pois sempre há a possibilidade de o fundo do poço ficar ainda mais fundo...

GP dos EUA em Austin: O que era visto como a volta triunfal da F-1 aos Estados Unidos desandou completamente. Por falta de comunicação e acertos adequados, além do pior motivo possível, que foi a falta de recursos financeiros para satisfazer as garantias contratuais exigidas por Bernie Ecclestone, a corrida já está fora do calendário antes mesmo de ter estreado. Para piorar a situação, em um momento onde muitos nos Estados Unidos reclamam da crise econômica, as autoridades de Austin fazem bem em não quererem gastar dinheiro público em um evento privado, pra não falar das conseqüências legais que podem ter de enfrentar se resolverem embarcar nessa parada. E, ao contrário daqui, onde tais operações acabam em pizza e ninguém é punido, por lá as leis são bem mais rigorosas e cumpridas à risca. Para complicar ainda mais a situação de Austin, o anúncio de uma corrida em Nova Jersey só ajuda a minar as chances do circuito texano, que ainda nem foi contruído – as obras agora ficaram paralisadas por causa da indefinição e cancelamento da prova. E a imagem da F-1 nos EUA, que já foi muito melhor há tempos atrás, mostra que a categoria mundial e a principal potência comercial do mundo definitivamente não conseguem se acertar totalmente.

Felipe Massa: o piloto brasileiro da Ferrari conseguiu terminar 2011 sem conseguir um único pódio durante todo o campeonato, ao passo que Fernando Alonso conseguiu 10 pódio, incluindo uma vitória, em Silverstone. Mesmo que o carro da Ferrari não tenha sido lá essas coisas, e deixado o time sem condições de lutar pelo campeonato, Felipe tinha a obrigação de obter melhores resultados na condição de piloto do time de Maranello. Mas os problemas com os pneus que tanto o afligiram no ano passado parecem ter voltado este com os novos pneus Pirelli, mas em várias corridas, as performances do brasileiro ficaram realmente devendo muito, mantendo Felipe em disputas apenas por lugares pontuáveis, enquanto Alonso chegava a brigar pelo pódio. Massa ainda tem um ano de contrato com o time italiano, que já confirmou várias vezes que o brasileiro estará com eles até o fim de 2012, mas também já adiantaram que daí em diante, a conversa será outra, e Felipe provavelmente precisará fazer a temporada de sua vida no próximo ano se quiser, pelo menos, ter chance de continuar na F-1, seja na Ferrari, ou em qualquer outra equipe...

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