sexta-feira, 11 de novembro de 2011

NOVA QUEDA DE BRAÇO...

 
            A Fórmula 1 chegou aos Emirados Árabes Unidos em clima de tensão. O motivo é uma reunião da Fota, entidade que reúne as escuderias da categoria, que estava marcada para esta quinta-feira. Na pauta, tentativa de apresentar novas solicitações à FOM, e tentar dirimir algumas pendengas entre alguns times, que estariam precisando ser solucionadas, para o bem da própria associação de escuderias. E, observando um pouco à distância, está Bernie Ecclestone, que tem interesses bem diretos em rota de colisão com os interesses da Fota.
            Claro, também temos o fato de Lucca de Montezemolo, semana passada, novamente sair bradando contra a Fórmula 1 hoje em dia não ser a categoria que era antigamente. Pediu mudanças, e novamente ameaçou tirar a Ferrari da F-1. Joguinho de cena, diga-se: a F-1 pode tentar sobreviver sem a Ferrari, mas a Ferrari agüentaria ficar de fora da F-1? Duvido muito, e essa é a opinião de muita gente. Mas a Ferrari pode simplesmente ajudar a melar a união dos times, porque Bernie Ecclestone sempre tem alguns préstimos preferenciais por Maranello, que não quer dizer que ambos estejam exatamente defendendo a mesma coisa.
            Entre as equipes, algumas solicitações de modernização do trato da categoria com seu público. Os times querem um melhor uso da internet para difundir a modalidade. A justificativa é que a audiência da F-1 está ficando mais velha, e os jovens de hoje, com outras opções de entretenimento à disposição, preferem surfar mais na net do que acompanhar uma corrida de uma categoria que, embora diga-se TOP, já não empolga tanto quanto antes. Os times querem usar a internet como arma para angariar mais atenção deste público potencial. Ecclestone é contra, e vai mais longe: para ele, a internet é uma inimiga a ser combatida, tanto que a FIA e a FOM vivem à caça de qualquer link não-oficial que exponha vídeos de corridas, e por vezes, até imagens. Até o uso do logotipo oficial da categoria já foi objeto de encrenca quando usado por um site jornalístico nacional apenas em uma grade de horários de corridas do fim-de-semana, para se ter uma idéia.
            Outra solicitação, essa já muito bem conhecida, é a de os times pedirem mais grana da FOM. Atualmente, a entidade, que controla comercialmente a categoria, repassa aos times, em escala proporcional à sua classificação no campeonato, cerca de 50% dos lucros líquidos, ou seja, descontadas todas as despesas decorrentes da realização do certame. As escuderias querem mais dinheiro. E no fim do ano que vem, acaba o atual Acordo de Concórdia, que rege as relações entre as escuderias, a FIA e a FOM, para a manutenção do status quo da F-1. Uma Fota unida, e forte, é o maior empecilho para Ecclestone manter suas rédeas de poder na categoria.
            O problema é que os times parecem enrolados em alguns problemas entre eles mesmos. O maior deles é o acordo de controle de custos, estabelecido há algum tempo atrás para reduzir os custos operacionais das escuderias, ao impor limites de gastos que teoricamente deveriam ser obedecidos por todos os times. Acontece que a Mercedes estaria acusando a Red Bull, time campeão deste ano, de não respeitar o acordo de contenção de gastos, e se essa questão não for resolvida a contento, pode resultar até mesmo no fim da Fota, o que seria o maior sonho do velho Bernie, que teria condições muito mais vantajosas de negociação, e consequentemente, de manter a atual situação de poder e finanças em vigor. Curiosamente, a Fota foi criada em 2008 justamente para combater a iniciativa de Max Mosley, então presidente da FIA, de estabelecer um teto orçamentário na F-1, que foi duramente criticado por todas as equipes. Que era preciso conter os gastos, todos concordavam, mas a maneira como Mosley estava impondo a idéia era o xis da questão, pra não falar do valor excessivamente baixo, se comparado ao que os times estavam acostumados a gastar até então.
            Se os times não conseguirem acertar suas diferenças com relação ao cumprimento do acordo de redução de custos, e não sanarem as desconfianças que podem advir da possibilidade de um time esconder do outro o que anda fazendo realmente no que tange ao gasto orçamentário, estará dado o tiro de misericórdia na união dos times da Fota, que perderia o seu sentido de existir, afinal, do que adiantaria a associação se cada escuderia fazer o que bem entender, e à sua conveniência?
            Lógico que cada time defende o seu ponto de vista, e os detalhes do acordo de redução de custos, chamado oficialmente de Resource Restriction Agreement (RRA), são bem complexos, e precisam ser bem esclarecidos para evitarem brechas. O problema vai ser como discutirem o fechamento destas brechas, o que poderá ser permitido, ou não. E, nessa hora, por mais que discordem uns dos outros, todos os times precisam pensar mais em todos como um grupo do que apenas individualmente. O acordo de redução já conseguiu, em alguns casos, reduzir em até 40% determinados gastos dos times da F-1. É um número significativo, mas a categoria ainda gasta uma fortuna de dinheiro para se manter, e os ganhos obtidos com as reduções aplicadas nos últimos anos foram de certa forma neutralizados pela crise econômica mundial, que afugentou muitos possíveis patrocinadores, e no momento, abala a união da Europa e de sua moeda única, com alguns países na berlinda e outros em situação difícil.
            Neste momento, os times precisam vencer esta queda de braço para conseguirem salvar a si próprios e manter a união que conseguiram estabelecer. A desunião será pior para todos...


Os fãs de automobilismo que forem assistir o Grande Prêmio do Brasil dia 27 deste mês terão um bônus antes da corrida: em comemoração dos 30 anos do primeiro título de Nélson Piquet, nosso primeiro tricampeão na F-1 vai dar uma volta pelo circuito de Interlagos com o Brabham BT49 que guiou em 1981, ano da conquista de seu primeiro campeonato. No ano passado, os torcedores já tiveram o privilégio de assistir Émerson Fittipaldi dar uma volta no circuito paulistano ao volante do lendário Lótus 72D com o qual conquistou seu primeiro título, em 1972. Uma atração que foi muito bem-vinda, e que será reprisada este ano com Nélson Piquet como protagonista. O único ponto a se reclamar é de ser apenas uma volta. Deveria ser mais, umas 5, no mínimo...


Cacá Bueno conquistou domingo passado, no autódromo do Velopark, no Rio Grande do Sul, o título da Stock Car 2011. O piloto da equipe Red Bull acabou não completando a corrida, em virtude de uma batida com Marcos Gomes, a quem havia superado na última volta, mas que tentou recuperar a posição logo em seguida, em uma manobra que fez com que os carros se tocassem e saíssem da pista. Mas como Max Wilson, o único que ainda tinha condições de tirar o título de Cacá, se envolveu em um acidente múltiplo na última volta também, ficando fora de combate, o filho do locutor Galvão Bueno faturou seu 4º título na categoria, onde estreou em 2002, correndo pela equipe RS Competições. Cacá já havia conquistado o título na Stock Car nos anos de 2006, 2007 e 2009. Agora, com 4 títulos, ele iguala o feito do piloto Paulo Gomes. Cacá Bueno é hoje praticamente o nome de maior prestígio da categoria.

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