O mundo do automobilismo nacional ficou de luto nesta semana. Perdemos Sid Mosca, o mais famoso designer e pintor de capacetes de 9 entre 10 pilotos brasileiros TOP no mercado profissional. O velho artista faleceu na última quarta-feira, aos 74 anos, vitimado por um câncer na Bexiga, doença com a qual já travava uma luta há cerca de dois anos. Infelizmente, ele perdeu o combate. Sid ficou famoso por pintar e desenhar os capacetes de diversos pilotos, entre eles, todos os nossos campeões mundiais na F-1: Émerson Fittipaldi, Nélson Piquet, e Ayrton Senna, além de muitos outros pilotos nacionais e até estrangeiros, como Keke Rosberg, Mika Hakkinem e Michael Schumacher.
Diversos pilotos manifestaram seu pesar pela perda do velho artista, em especial aqueles que confiaram ao velho pintor seus capacetes, que para muitos, é o símbolo da identidade visual de um piloto. Hélio Castro Neves, Émerson Fittipaldi, Bia Figueiredo, Enrique Bernoldi, Luciano Burti, Rubens Barrichello, Tony Kanaan, entre muitos outros, lamentaram a morte de Mosca.
Nascido na cidade de Jaú, no interior de São Paulo, em 1937, Cloacyr Sidney Mosca resolveu tentar a sorte no automobilismo nacional no início da década de 1970. Tentando uma carreira de piloto, Mosca percebeu que seus desenhos e pinturas dos carros estavam chamando mais a atenção do que suas performances ao volante, e não foi difícil perceber que seus dotes de competidor não seriam páreo para os demais pilotos. Não deu outra, e em pouco tempo, “Sid” já se tornava um nome de referência quando o assunto era pintura de capacetes ou de carros. E a fila de clientes, com alguns deles bem famosos, não parou de crescer. Na pintura de carros, é de sua autoria a pintura usada por Ingo Hoffman em seu primeiro carro de Stock Car, ainda no distante ano de 1979, quando o piloto resolveu fincar raízes definitivas no automobilismo nacional e desistir de fazer carreira na Europa. Dois anos antes, Sid havia mostrado do que era capaz, e para ninguém menos do que Colin Chapman, que precisou chamar o artista para refazer a pintura do Lótus usado por Mario Andretti, que havia pegado fogo numa das sessões de treinos para o GP do Brasil. Em cerca de 12 horas de trabalho, eis que a carenagem do carro estava de novo tinindo. Chapman, agradecido pelo esforço, e impressionado com o resultado, fez até um certificado de apreciação do trabalho. Entre outras escuderias da F-1 que contaram, em algum momento, com os trabalhos de pintura de Sid, estavam a Copersucar, a Brabham e a Jordan.
Mas nada melhor do que citar o seu trabalho mais famoso até hoje na F-1: o capacete de Ayrton Senna. Concebido e desenhado pelo próprio Sid Mosca, o artista nunca escondeu sua admiração pelo design que criou, uma vez que levava as cores da bandeira nacional. Ayrton estreou o visual em 1979, quando disputou o Mundial de Kart, onde ficou em 2° lugar. A peça tornaria-se sua marca registrada a partir daí, em todas as categorias que disputou. E o sucesso estrondoso de Senna tratou de fazer o resto, tornando a peça venerada até hoje pelos fãs de Ayrton Senna e do automobilismo.
Em 1999, por ocasião das comemorações dos 50 anos da Fórmula 1, o próprio Bernie Ecclestone encomendou uma série limitada de 50 capacetes “especiais” para a ocasião, os quais foram dados de presente como homenagem a pessoas e pilotos ilustres da história da categoria. Mais uma amostra do grande reconhecimento que o artista conseguiu junto aos profissionais da velocidade. Em 2004, quando da restauração do primeiro modelo produzido pela equipe Copersucar, lá estava novamente Sid Mosca para ajudar a restaurar o carro à sua imponente aparência original.
Dono de uma simplicidade contagiante, Sid sempre tratou a todos da mesma maneira, fossem pilotos famosos, ou simples novatos ou pessoas comuns que chegavam a seu ateliê para encomendar algum trabalho. No caso dos pilotos profissionais, fazia até questão de conhecê-los primeiro, a fim de poder entender como eles pensavam. Dizia que era uma forma de pensar em uma “marca registrada” que condissesse com a personalidade do dono. E ele nunca deixou de exibir seu tradicional profissionalismo e cuidado na criação de tudo o que produziu. E o mais importante é que seu legado continuará, uma vez que seu filho Alan Sidney Mosca aprendeu os macetes da profissão com seu pai, e promete dar continuidade à tradição iniciada por seu pai, fornecendo trabalhos artísticos para o que for que surgir no ateliê. Se Alan vai atingir o nível de fama e excelência do pai, só o tempo dirá, mas ninguém poderá negar que ele teve um professor e tanto.
Quando lhe perguntavam o que achava de seu trabalho, o velho artista era sucinto e direto: "A pintura do capacete é a outra face do piloto, que lhe dá uma identificação quando está em ação nas pistas, e me sinto feliz por poder participar da criação da sua imagem, peça valiosa e importante no decorrer da sua carreira. Sinto-me gratificado pelo reconhecimento pleno que tenho tido na minha profissão".
O corpo do artista gráfico foi enterrado nesta quarta-feira às 16h no cemitério de Congonhas, em São Paulo. Vá com Deus, velho Sid...
Começam hoje os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Alemanha. O palco é o circuito de Nurburgring, que nos últimos anos vem revezando com Hockeinhein como sede da prova germânica no calendário da F-1. Enfim, tudo volta à “normalidade”, com os escapamentos aerodinâmicos permitidos novamente até o fim do campeonato, sendo proibidos de vez apenas em 2012, o que aliás teria sido a coisa certa a se fazer, pois assim teria poupado muita dor de cabeca em Silverstone, além de uma bela amostra de falta de seriedade e credibilidade da F-1, que vinha tendo um campeonato bem interessante, até chegarmos nesta questão que se mostrou um desastre completo da FIA no trato das regras. Com isso, é bem provável que a Red Bull recupere sua força total, em que pese a boa evolução mostrada pela Ferrari em Silverstone. Fica a dúvida de quanto terá sido a melhoria do time vermelho, e se for confirmada novamente a supremacia dos carros austríacos, vai ficar ainda mais claro que a vitória de Fernando Alonso na prova da Inglaterra deveu-se mais à proibição estapafúrdica do escapamento aerodinâmico que afetou a Red Bull do que a uma provável evolução do 150° Itália. Claro, o erro da Red Bull na parada final de Sebastian Vettel ajudou a facilitar as coisas para Alonso. Mas pode ser difícil vermos um retorno total do panorama anterior aqui em Nurburgring, pois a previsão para o fim de semana inclui frio e até chuva. Caso isso se confirme, pode embaralhar as cartas dos times, e ajudar a tornar ainda mais difícil tentar prever o que pode acontecer na corrida. Se fizer tempo seco, aí sim poderemos ver como está a relação de forças das escuderias. Aguardemos.
A Indy Racing League disputa neste final de semana mais uma etapa no Canadá, em Edmonton. Os ânimos entre Will Power e Dario Franchiti, principais concorrentes ao título, andam meio acirrados, depois que ambos se envolveram em um toque que resultou em abandono para Power em Toronto, enquanto Franchiti venceu a prova no circuito urbano da metrópole canadense. Como se não bastasse, no ano passado Hélio Castro Neves perdeu nesse circuito uma vitória devido a uma punição nonsense de uma regra meio sem pé nem cabeça. Esperemos que corrida deste ano seja mais tranqüila e sem sobressaltos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário