quarta-feira, 13 de julho de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – AGOSTO DE 1994


            Mais uma de minhas colunas do ano de 1994 pode ser lida aqui. Na época, o assunto era a punição de Michael Schumacher, que apelou de uma desclassificação por ter ignorado uma bandeira preta na prova de Silverstone, por ter ultrapassado o pole Damon Hill na volta de apresentação. Como a Benetton apelou, a FIA resolveu pegar pesado, e o alemão, que voava em céu de brigadeiro rumo a seu primeiro título mundial, pegou um gancho de duas corridas. E via sua liderança no campeonato ser finalmente ameaçada...



FAVORITOS NA MIRA

Adriano de Avance Moreno

            O campeonato de F-1 acaba de ganhar novos e curiosos contornos neste mês de setembro. Com a confirmação da suspensão de Michael Schumacher por 2 corridas, mas a anulação de sua vitória na Bélgica por irregularidades em seu carro, Damon Hill ficou a 21 pontos do alemão, que poderão ser descontados quase totalmente nas próximas 2 etapas, o que deixará Schumacher na pior das hipóteses com apenas 1 ponto de vantagem. Se Hill conseguir vencer as 2 corridas seguintes, o campeonato estará em aberto até as últimas provas, e irá aumentar a emoção de um certame que ficou desnorteado com as mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzemberger em San Marino.
            A vida de Schumacher está ficando complicada, e o pior é que parece que a própria Benetton, que sempre almejou o posto ocupado pela McLaren nos anos 1980, e da Williams nos últimos dois anos, agora tropeça em pontos básicos do regulamento, podendo colocar a perder todo o favoritismo de que Michael vinha desfrutando desde o início da competição este ano. A irregularidade no carro de Schumacher na Bélgica foi uma tremenda pisada na bola que o alemão não vai esquecer tão cedo. Os últimos acontecimentos podem ter abalado a confiança do piloto germânico em sua equipe, que vai ter de responder perante o tribunal da FIA, sobre a mudança no equipamento de reabastecimento que causou o incêndio no carro de Jos Verstappen nos boxes do GP da Alemanha. Ninguém duvida que a punição não será leve. Alguns falam que a escuderia pode até ser excluída do campeonato, o que arruinaria todos os planos de Michael Schumacher e Flavio Briatore. Seja como for, a Benetton está sob fogo cerrado, e não podia se dar ao luxo de escorregar no regulamento desta maneira. Flavio Briatore pode estar com seus dias contados na F-1.
            Na Bélgica, tive o prazer de ver outro brasileiro conquistar uma pole-position na F-1, depois da “Era Senna”: Rubens Barrichello mostrou seu talento e entrou para a história da categoria como o piloto mais jovem a conquistar uma pole em uma corrida. É verdade que foi uma pole obtida em condições especiais, mas o que importa é que foi conquistada na raça, no talento e na determinação. Rubinho só liderou até a reta Kemmel, sendo ultrapassado facilmente por Schumacher e outros, mas era o máximo que podia fazer, dada a diferença de carro e motor para os times de ponta.
            Christian Fittipaldi também mostrou sua classe em Spa, ao tentar a classificação na pista molhada de sábado. Guiando com maestria, Christian conseguiu a 24ª posição de largada, um feito, já que tinha ficado sem tempo no sábado, quando muitos classificaram com pista seca; e na corrida, abandonou quando ocupava a 9ª colocação, com o motor quebrado.
            Quem não se deu bem na Bélgica foi a Ferrari. Depois da boa atuação em Hockeinhein, esperava-se mais dos carros de Jean Alesi e Gerhard Berger, mas ambos acabaram deixando a corrida muito cedo. Para Monza, a Ferrari confia em uma melhora da performance, especialmente em frente à sua torcida.
            Há que se salientar que ultimamente a FIA tem tentado dar uma moralizada na F-1. As últimas punições que foram dadas ilustram bem isso, e os pilotos tem que pensar duas vezes antes de se meterem em confusões e pôr em risco os demais pilotos. A suspensão de Mika Hakkinen na etapa da Hungria é um exemplo. Primeiro, os pilotos são suspensos, mas tem direito a “sursis” por 3 corridas seguintes à punição. Se nestas 3 provas voltarem a exagerar em sua atitudes, a pena é aplicada. Apelar de uma decisão assim é pedir aumento da punição. Michael Schumacher apelou de sua suspensão por 2 corridas, mas na hora do julgamento, retirou o apelo, e a pena foi mantida em apenas 2 corridas mesmo. Se não retirasse a apelação, muito provavelmente teria sido suspenso talvez por até 4 ou 6 provas...


Só para falar da F-Indy: quem foi mesmo que disse que o domínio da Penske no campeonato estava diminuindo? Vimos um massacre da escuderia nas provas de Mid-Ohio e New England, onde a concorrência só viu os monopostos de Roger Penske na hora de levarem voltas em cima e se tornarem retardatários...

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