quarta-feira, 27 de julho de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JULHO DE 2011

            Chegamos ao final de julho, e como de hábito eis aqui minha mais nova Cotação Automobilística, com um balanço dos principais acontecimentos do esporte a motor deste mês. Sintam-se à vontade para concordar/discordar, dar opiniões, sobre as avaliações apresentadas, que serão apresentadas de forma sucinta, do modo de sempre, em três classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, vamos ao texto, e até a próxima avaliação, no mês que vem...


EM ALTA:

Campeonato da F-1: a prova de Nurburgring, onde as regras voltaram a ser as estabelecidas para Valência, com a volta dos escapamentos aerodinâmicos, mostrou que a FIA errou feito ao tentar mudar as regras no meio da temporada, algo totalmente desleal entre os competidores, sendo que alguns foram mais atingidos do que outros. Restabelecida a normalidade, a própria categoria mostrou uma corrida com briga ferrenha entre os líderes, e dando mostras de que o campeonato pode apresentar muitas surpresas até o fim do ano. Embora Sebastian Vettel ainda possua uma grande vantagem, atrás dele, tudo pode acontecer, e Ferrari e McLaren podem embolar a briga pelas vitórias nas próximas corridas. E o que os torcedores querem ver, acima de tudo, é disputa na pista. E isso, o atual campeonato está sendo um prato cheio.

Mark Webber: o piloto australiano da Red Bull ainda está devendo este ano, mas parece ter reencontrado parte de sua agressividade nas últimas corridas. Desafiou a ordem da equipe para manter posição em Silverstone e em Nurburgring terminou sua primeira corrida no ano à frente do companheiro Sebastian Vettel. E, apesar de levar uma pequena dura pública de Christian Horner, saiu fortalecido quando o dono da Red Bull, Dietrich Mateschitz, praticamente confirmou sua renovação para 2012 na escuderia, dizendo que seus pilotos não são para manterem posição. Não que Webber vá, de uma hora para outra, disputar o título com Vettel com afinco, mas tem a obrigação de conquistar pelo menos o vice-campeonato, e com a tremenda folga do alemão na liderança do certame, a Red Bull tem mais é que lhe dar os meios de ficar firme no campeonato, mesmo que seja na disputa pelo vice. Ponto para Webber, em um ano onde ele ainda precisa mostrar merecer o carro que pilota.

Casey Stoner: O piloto australiano da equipe Honda conquistou em Laguna Seca sua 5ª vitória no atual campeonato da MotoGP, e abriu nada menos do que 20 pontos de vantagem para o espanhol Jorge Lorenzo, atual campeão da categoria, e considerado no início do campeonato o grande favorito para o título. Contribuiu para o triunfo de Stoner em Laguna Seca o forte acidente de Lorenzo nos treinos para a corrida, o que obrigou o espanhol a correr com fortes dores. Mas não foi uma briga fácil, pois Lorenzo ainda conquistou a pole-position, e deu uma boa briga com Stoner durante a prova. Mas vai ser difícil segurar o australiano, que está pilotando como nunca, e foi quem mais venceu no ano até agora. No ano passado, Lorenzo se gabou de seu triunfo, conquistado em parte graças ao acidente sofrido por Valentino Rossi, que o tirou de parte do campeonato, facilitando as coisas para o espanhol. Está na hora de Lorenzo mostrar do que é capaz. Mas Casey Stoner mostra que a parada vai ser dura, e está pronto para a briga nas 8 etapas que ainda restam do campeonato da MotoGP.

KV Racing: o time de Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven mostra que está em franca ascenção no certame da Indy Racing League. A escuderia já conquistou duas pole-positions nesta temporada, ambas com Takuma Sato, e Tony Kanaan tem feito uso de toda a sua experiência para terminar bem as corridas, e apesar de alguns azares e imprevistos, o brasileiro ocupa a 4ª posição no campeonato, com 253 pontos, perdendo apenas para a dupla da Ganassi, e o piloto Will Power, da Penske. A vitória anda parecendo cada vez mais próxima, e pode não demorar até que Jimmy Vasser conquiste seu primeiro triunfo como dono de equipe. Falta também seus outros pilotos, Takuma Sato e Ernesto Viso, darem melhores resultados à escuderia, pois até tem andado bem, mas acabam se envolvendo em diversos acidentes e confusões durante as corridas, embora nem sempre por culpa própria...

Nelsinho Piquet: o piloto brasileiro vai, aos poucos, conquistando respeito na Truck Series, uma das divisões inferiores da Nascar. Na prova de Nashville, o filho do tricampeão Nélson Piquet conquistou um honroso 4° lugar, depois de uma corrida combativa e acirrada, em disputa com diversos outros pilotos. Ainda é cedo para afirmar que Nelsinho Piquet conquistará vitórias na categoria, dada a extrema competitividade da Truck Series, mas o jovem piloto já demonstra excelente intimidade com as provas, e que ninguém se surpreenda se em breve ele conquistar algum pódio. Talento nunca lhe faltou, e agora, na categoria americana, Nelsinho está confiante em conquistar o seu lugar, algo que não lhe foi permitido na F-1. E Nelsinho, claro, diz que não sente saudade nenhuma da principal categoria automobilística do mundo. E, diga-se a verdade, automobilismo não é apenas F-1. Juan Pablo Montoya, outro que foi defenestrado pela F-1, hoje compete feliz da vida na categoria principal da Nascar, e a vida segue em frente. E Nelsinho está seguindo em frente...



NA MESMA:

Dario Franchiti: o piloto escocês continua líder do campeonato da IndyRacing League, e mostra que, quando não vence, corre pelos pontos. Faturou as provas de Milwaukee e Toronto, e chegou entre os primeiros em Iwoa e Edmonton. Dario tem uma liderança de 38 pontos para seu rival direto Will Power, que já andou se estranhando com o piloto da Ganassi em Toronto, quando ambos tocaram seus carros e o australiano levou a pior. Franchiti tem que correr com a cabeça, pois nos circuitos mistos, tem sido difícil bater Power, que já não tem a mesma força nas pistas ovais. Mas as pistas ovais são minoria no restante do calendário, portanto, a luta pelo título está mais do que aberta, e o escocês não pode baixar a guarda.

Equipe Mercedes: o time de F-1 das “flechas de prata” ainda não mostrou a que veio nessa temporada, e ao que parece, não consegue se aproximar do trio Red Bull-McLaren-Ferrari, estando “estacionada” na 4ª posição do campeonato, bem distante das 3 principais equipes, e torcendo para a Renault, que vem logo atrás na classificação, não se acertar novamente. Pior, a dupla de pilotos do time francês está engalfinhada entre Nico Rosberg e Michael Schumacher na classificação de pilotos, e por incrível que pareça, pode superar os pilotos do time germânico a qualquer momento, embora isso pareça improvável. Nico Rosberg parece desanimado com a competitividade do carro 2011, e Michael Schumacher, em que pese parecer ter recuperado sua garra de pilotagem, tem se envolvido em vários incidentes que impediram o heptacampeão de obter melhores resultados. Recursos financeiros a Mercedes tem, além de possuírem o melhor motor da categoria atualmente. Falta conceber um carro mais competitivo. Ross Brawn e Norbert Haug que tratem de encontrá-la.

Karun Chandhok: o piloto indiano retornou à F-1 pela equipe Lótus no GP da Alemanha, e exibiu a velha classe demonstrada na Hispania no ano passado, ou seja, nada. Rodou várias vezes com o carro, tomou duas voltas na corrida de Heikki Kovalainen, terminando na última posição entre os que cruzaram a linha de chegada. Se a intenção de Tony Fernandes era melhorar a performance da escuderia, o tiro saiu pela culatra. Jarno Trulli pode estar em fim de carreira, mas ainda é capaz de render mais do que o piloto indiano. E em algumas provas, ele chegava bem junto de Kovalainen.

Bruno Senna: a situação do sobrinho do tricampeão Ayrton Senna na equipe Renault não evoluiu nada desde que foi apresentado pelo time meses atrás. Se por um lado se criou alguma esperança quando a escuderia anunciou que Bruno faria o primeiro treino livre de sexta-feira na Hungria no lugar de Nick Heidfeld, por outro lado seus fãs levaram uma tremenda ducha de água fria quando souberam que Eric Boiller, chefe da escuderia, anunciou estar decepcionado com a performance de Heidfeld, e que Romain Grossjean, piloto francês que está liderando o campeonato da GP2, e é o 2° piloto “reserva” da equipe Renault, mereceria uma nova chance de correr pela equipe, muito provavelmente ainda este ano, assim que terminar o certame da GP2, ou ao menos, assim que Grossjean liquide a conquista do título da categoria. Ao que parece, Bruno Senna não irá a nenhum lugar no time francês, o que pode significar mais um ano perdido na carreira, pois do que adianta ser o 1° piloto reserva, se o próprio chefe do time dá idéia de que ele não será aproveitado?

Circuitos da F-1 na berlinda: Continuam os boatos de circuitos que podem resolver deixar a F-1 devido às altas taxas cobradas por Bernie Ecclestone. As mais recentes notícias dizem que Nurbrugring pode ser o próximo a pedir a conta. O governo alemão resolveu deixar de ajudar financeiramente o autódromo germânico para receber a corrida de F-1, alegando que as taxas da FOM estão altas demais. Mesmo com o revezamento feito entre Nurburgring e Hockeinhein, tudo indica que ambos os circuitos podem deixar o calendário, pois os lucros com a corrida são muito escassos e até com certo prejuízo. Com contratos firmados até 2018 com ambos os autódromos, dependerá de Ecclestone encontrar um meio-termo em sua sede de ganância para que a Alemanha continue figurando no calendário da F-1. Enquanto isso, na Espanha, boatos indicaram que Valência e Barcelona poderiam revezar-se como sede da corrida espanhola, pondo fim ao GP da Europa que atualmente é disputado nas ruas de Valênncia. Mas até o momento, nada a respeito foi confirmado.



EM BAIXA:

Stock Car e CBA: Quando se pensa que nada mais pode acontecer, eis que temos um piloto que por pouco não morre queimado dentro do próprio carro na etapa do Rio de Janeiro, pra não mencionar na obra de reforma da chicane em Interlagos criada anos atrás para a etapa da Motovelocidade, que por uma dessas coisas estranhas que só acontecem por aqui, deixou a chicane ao contrário do que deveria ter ficado, inviabilizando sua utilização nas provas da Stock Car, a não ser que invertessem o sentido da prova no autódromo paulistano. Tuka Rocha, apesar do susto que o levou a pular do carro em alta velocidade para não morrer tostado dentro dele, escapou praticamente ileso, com alguns ferimentos leves. Já a malfadada obra da chicane de Interlagos, que reestrearia na prova de Marcas que ocorreu este mês no circuito José Carlos Pace, além de não ter podido ser usada, terá de ser refeita. O problema é que sua reforma custou a “bagatela” de R$ 100 mil, e onde foi parar todo este dinheiro e porque foi gasto tanto até agora não deram nenhuma justificativa válida. O local vai ser corrigido a tempo da corrida da Stock agora no início de agosto. Resta saber quanto mais será gasto para corrigir algo que nunca poderia ter sido feito errado como foi. Coisas do Brasil, lamentavelmente...

FIA: A entidade máxima do automobilismo meteu os pés pelas mãos bonito em Silverstone, na sua tentativa de proibir o uso do escapamento aerodinâmico. O fim de semana foi uma confusão só de regras, onde entraram na dança percentuais de escape aquecido, aceleração mapeada, entre outras coisas que o torcedor comum não faz questão de saber, mas que bagunçou o fim de semana das escuderias, que no fim correram sem os escapamentos aerodinâmicos, para poucos dias depois, em reunião, todas concordarem com a manutenção dos sistemas até o fim da atual temporada, ficando proibido apenas a partir do ano que vem, como deveria ter sido feito desde o início. Com isso, a FIA conseguiu jogar uma mancha em um campeonato que até então, apesar do domínio de Sebastian Vettel, estava apresentando as melhores corridas dos últimos tempos. Jean Todt começa a deixar todo mundo com alguma saudade de Max Mosley, e isso é preocupante...

Sebastian Buemi: o piloto suíço da Toro Rosso tem estado meio apreensivo nas últimas provas de F-1. Até então considerado o favorito para permanecer no time em 2012, com a provável entrada do novato Daniel Ricciardo, o suíço foi surpreendido com a reação de Jaime Alguerssuari, que nas provas de Montreal, Valência e Silverstone, largou lá de trás para marcar pontos, sendo superado pelo espanhol na classificação do campeonato. E neste último domingo, em Nurburgring, Buemi ainda deu uma fechada exagerada em Nick Heidfeld quando disputavam posição, tocando na Renault do alemão, que foi parar longe na caixa de brita. Pelo acidente, Buemi vai tomar uma punição de 5 posições no grid na prova da Hungria no próximo final de semana. Quanto a Daniel Ricciardo, a Red Bull comprou um lugar na Hispania para dar quilometragem ao jovem australiano, que se até agora não surpreendeu, também não comprometeu. Mas se até algumas provas atrás era Alguerssuari quem estava na corda bamba, agora é Buemi que está perigando. Helmut Marko vai ter mais trabalho do que pensava para decidir quem sai e quem fica...

Red Bull: a equipe ainda é a favorita ao título, embora talvez não mais com a força exibida no início do campeonato. Mas o que deixou o time austríaco “pra baixo” foi a ordem dada por Christian Horner durante as voltas finais do GP da Inglaterra, quando ele ordenou que Mark Webber mantivesse posição e não tentasse ultrapassar Sebastian Vettel, que estava à sua frente. Webbr ignorou a ordem e partiu para cima do companheiro, que conseguiu manter a posição até a bandeirada. Mas com isso, a Red Bull perdeu parte daquele seu ar “diferente”, quando afirmava com todas as letras no ano passado que seus pilotos tinham liberdade para disputar na pista. Horner tentou se justificar, mas para muitos, foi um jogo de equipe claro, em favor de Vettel, o que só serve para mostrar que a escuderia dos energéticos já se deixou contaminar pelos métodos antidesportivos praticados por certas equipes. O mesmo Horner declarou que não é interesse do time contar com dois pilotos de igual nível, para desestimular qualquer pretensão de Lewis Hamilton correr na escuderia enquanto Sebastian Vettel estiver por lá. Em suma, o time prefere um piloto TOP, e outro não TOP exatamente. Desnecessário dizer que tal atitude fez a Red Bull perder alguns fãs...

Teto de proteção nos carros da F-1: a FIA fez um teste com uma espécie de “carlinga” que poderia ser implantada nos carros da F-1 a fim de aumentar a proteção dos pilotos. Com um pneu atirado a alta velocidade, a peça sofreu deformação mínima, sem comprometer sua integridade. O vídeo foi apresentado às escuderias, que no entanto, se manifestam contrárias à adoção da peça nos bólidos, o que tornaria os F-1 “carenados” no cockpit. Entre as justificativas apresentadas, estava a possibilidade de a peça dificultar uma saída rápida do piloto do carro, bem como poder emperrar e impedir acesso de socorro eventual a um piloto. Outro motivo alegado seria que o cockpit aqueceria demais, sem receber o ar frontal, e isso poderia colocar a vida do piloto em perigo, o que exigiria possivelmente a instalação de uma espécie de ar-condicionado, para manter a temperatura em níveis razoáveis. Sem falar que este tipo de sistema, se sofresse falhas, comprometeria a segurança do piloto também. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que protegeria de perigos externos, poderia gerar perigos internos ao piloto. A idéia parece que não vai vingar com tanta facilidade. Não seria a primeira idéia de segurança a não dar certo sua implantação: há anos atrás, tentou-se propor a instalação de air-baggs nos monopostos, mas sua tremenda capacidade de frenagem poderia disparar o dispositivo acidentalmente, favorecendo um acidente potencialmente perigoso, quando deveria prevenir o piloto de suas conseqüências. Voltemos ao caderno de projetos...

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