Vimos, domingo passado, em Nurburgring, que a disputa pelo vice-campeonato da Fórmula 1 este ano tem tudo para ser verdadeiramente emocionante. Eu disse vice-campeonato? Sim, e não nos enganemos: a taça de campeão deste ano já tem dono: Sebastian Vettel, que apesar de ter feito no GP da Alemanha sua “pior” prova na temporada, chegando em 4° lugar, ainda tem uma folga mais do que confortável em relação a seu adversário mais direto na classificação, seu companheiro de equipe Mark Webber, distante 77 pontos atrás do atual campeão do mundo, que precisaria deixar de pontuar pelas próximas 3 corridas consecutivas, e ainda ver Webber ganhar todas elas, para começar a se sentir ameaçado de fato na luta pelo título, um cenário que, convenhamos, é muito difícil de ocorrer.
Então, já que a luta pelo título parece ser apenas questão de tempo até ser confirmada matematicamente, não se pode dizer o mesmo em relação ao vice-campeonato, que tem nada menos do que 4 pilotos na briga pelo 2° lugar do campeonato: Lewis Hamilton, Mark Webber, Fernando Alonso, e Jenson Button. Este último, depois do seu abandono em Nurburgring, já disse adeus à luta pelo título, mas nem por isso pode ser considerado fora da parada pelo vice. E se Button, que está em 5° lugar no certame, ainda não pode ser descartado, os demais então deverão travar uma briga ferrenha para ver quem vai ficar atrás unicamente de Vettel na classificação final do campeonato 2011. E a parada promete ser bem dura, e com muita disputa. O que vimos na corrida germânica, aliás, pode dar a tônica de muitas outras corridas no restante do calendário, uma vez que vimos Webber, Alonso e Hamilton correndo pau a pau entre eles praticamente a prova inteira, com algumas variações de posição, um panorama que muitos acham que poderão rever neste domingo, na corrida da Hungria.
Saímos da região de Eiffel, na Alemanha, com a temperatura média de 10° para chegarmos aos arredores da cidade de Budapeste, onde está o circuito de Hungaroring, com cerca de 25° de temperatura, o que deverá provocar algumas mudanças no comportamento dos carros, que disputaram em Nurburgring o GP mais frio do ano até aqui. E o traçado travado da pista húngara, com suas mais do que conhecidas dificuldades de ultrapassagem irão colocar os novos pneus Pirelli e a asa móvel, além do Kers, à prova na função de favorecer as disputas entre os pilotos. Podemos esperar alguns duelos interessantes, e assim como em Mônaco, aqui, mais do que nunca, a classificação volta a ter fator primordial para garantir uma boa estratégia de corrida, pois ninguém garante que, com os pneus, kers e asa móvel, teremos um festival de ultrapassagens. Todos estão apostando mais em um esperado equilíbrio de performance entre McLaren, Ferrari e Red Bull, para vermos uma prova emocionante, como no domingo passado.
Na disputa pelo vice-campeonato, isso deve significar uma briga daquelas, pois o que se tem visto até aqui na atual temporada, foram performances com alguns altos e baixos das equipes McLaren e Ferrari, ora se alternando na condição de principal adversária da Red Bull. Não é forçoso admitir que, no domingo passado, apesar da vitória de Lewis Hamilton, tanto Mark Webber e Fernando Alonso também poderiam ter ganho a corrida, uma vez que ninguém conseguiu abrir uma vantagem significativa sobre o outro. A Ferrari parece ter finalmente encontrado o rumo de seu 150° Itália, enquanto a McLaren, com a volta dos escapamentos aerodinâmicos, voltou a mostrar a velha forma de algumas corridas atrás. E não podemos esquecer da Red Bull, que se foi derrotada pela primeira vez em condições normais de pista, ainda possui um carro muito competitivo, o que faz teoricamente de Mark Webber o favorito ao vice-campeonato, até mesmo por uma obrigação moral. E, com o contrato praticamente renovado para 2012, o australiano ainda está devendo este ano performances como as exibidas no ano passado, quando em determinado momento da temporada era considerado o principal candidato ao título. Talvez com seu futuro garantido na escuderia por mais um ano, Webber volte a mostrar a velha forma, como na Alemanha, onde finalmente foi superior a Vettel em toda a corrida, embora tenha falhado na largada, perdendo a posição da pole para os rivais que largaram logo atrás. Webber precisa voltar a vencer para mostrar que pode ser um piloto combativo, algo que ficou bem questionado nesta temporada, quando perdeu praticamente todos os duelos internos para Vettel até Silverstone.
Entre os demais postulantes ao vice, Fernando Alonso e Lewis Hamilton tem tudo para se engalfinhar feito gato e rato no restante do campeonato, lembrando a velha rivalidade surgida de quando dividiram a equipe McLaren em 2007. O piloto espanhol sabe levar o carro da Ferrari além de seus limites, e a recuperação da competitividade do carro parece ter reanimado o bicampeão o suficiente para que sua pilotagem faça a diferença quando isso é o ponto de desequilíbrio. E não podemos deixar de esquecer que o espanhol é considerado o melhor piloto da categoria atualmente, em que muitos achem que Vettel parece ter assumido esta postura, mas ainda é questionável se o jovem atual campeão mundial sabe tirar do carro mais do que ele pode da forma costumeira como Alonso é capaz. Hamilton, por sua vez, precisa fazer da corrida de Nurburgring o seu estilo normal de competição, onde foi arrojado na medida certa, pilotando com grande precisão e sem desgastar o equipamento, além claro, de evitar se envolver em acidentes, o que andou colecionando muito nesta temporada, o que lhe roubou pontos importantes. Se conseguir manter o controle emocional, vai ser um páreo duríssimo, pois é considerado o piloto mais veloz da atual F-1 no quesito velocidade pura.
Fechando a lista de pretendentes, Jenson Button continua fazendo da estratégia de corrida sua principal arma. Se não pode bater Hamilton em velocidade pura, sabe poupar o carro e os pneus como ninguém, e não fosse os dois abandonos nas duas últimas etapas, por motivos alheios a seu controle, com certeza estaria bem mais à frente na classificação. E, como as performances de todos estão sujeitas a altos e baixos, como se tem visto até agora, não se pode deixar de ignorar a presença do campeão de 2009, que a qualquer momento, se a prova se mostrar complicada, pode nos brindar com performances inesperadas, como foram todas as suas vitórias na McLaren até agora.
Se alguém se pergunta por que não considero Felipe Massa um candidato ao vice-campeonato, a resposta é mais do que óbvia: a Ferrari não vai deixar, ainda mais com a diferença de pontos entre o brasileiro e o espanhol no nível que está, com Felipe tendo até agora apenas 62 pontos, contra 130 de Alonso. Felizmente, Massa parece estar recuperando a combatividade de sua performance em corrida, mas infelizmente vem tomando um baile após o outro de Fernando Alonso. Seu principal objetivo precisa ser acompanhar o ritmo do espanhol, e estar pronto para faturar algum bônus se a oportunidade se apresentar. Com seu contrato assegurado para 2012, como a escuderia italiana deixa entender, Felipe tem de mostrar as garras e pelo menos andar junto do espanhol, para mostrar que a Ferrari, apesar de toda voltada para Alonso, pode contar com ele se precisar. O problema é que Massa se deixou abater muito no ano passado, quando foi relegado a “segundo plano” no time, e de lá para cá, dificilmente voltou a demonstrar conseguir andar no ritmo de Alonso com freqüência, requisito indispensável para poder faturar as chances que surgirem nas corridas. Sem isso, difícil ver Massa brigar até mesmo pelo vice-campeonato.
A luta promete ser disputada, e os primeiros treinos de hoje podem dar uma amostra do que se esperar para domingo. Podemos dizer que começa com tudo a batalha pelo vice. Infelizmente, é o que nos restou, mas tem tudo para ser um duelo empolgante e acirrado, como bem gostam os fãs da velocidade.
Jenson Button comemora domingo a marca de 200 GPs disputados na F-1, desde sua estréia em 2000, pela Williams. E foi neste circuito da Hungria que Button conquistou sua primeira vitória na categoria, em 2006, pela Honda...
Nenhum comentário:
Postar um comentário