quarta-feira, 20 de julho de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1994

            Mais uma coluna da seção arquivo, desta vez mencionando como as etapas finais do certame de 1994 poderiam ser mais disputadas do que muitos esperavam, em virtude da punição de Michael Schumacher pelo ocorrido em Silverstone, além de como a Williams progredia a passos largos na melhoria do chassi FW16. E vamos ao texto...

ETAPAS FINAIS PROMETEM FORTES EMOÇÕES



Adriano de Avance Moreno

            A F-1 vai para suas últimas etapas do campeonato de 94 e promete fortes emoções na pista. A disputa de Damon Hill e Michael Schumacher pelo título, teoricamente, deve se estender até a última etapa, em Adelaide, na Austrália. Muitos fatores contribuem para se fazer esse prognóstico. O maior deles é o fato de como Schumacher estará em seu retorno. A Benetton não andou nada nas duas etapas em que o alemão ficou suspenso, o que deu margem às dúvidas se a Benetton teria ou não algo de ilegal em seu carro. Fazendo uma retrospectiva da temporada, constata-se que o alemão sempre foi muito mais rápido que seus companheiros de equipe, o que responde em parte a pergunta sobre possíveis irregularidades nos carros do time multicolorido. Mais uma vez, deve ficar provado que é o piloto que faz a diferença, a exemplo do que Ayrton Senna fez na McLaren em 1993, comparando seu desempenho com o de Michael Andretti.

            A Williams testou feito louca este mês. Tanto Hill quanto David Couthard fizeram amplos testes visando as próximas etapas do mundial e a conclusão a que se chega é que o time está recuperado, e pode partir para seu terceiro título de pilotos e construtores consecutivos, depois de vencer em 1992 (com Nigel Mansell) e 93 (Alain Prost). Isso não quer dizer que Hill seja melhor piloto do que Schumacher. O alemão é definitivamente, o melhor dos pilotos que estão na F-1 atual, e Hill, se quiser ser campeão, vai ter de suar o macacão para merecê-lo.

            A disputa do título, é claro, será Williams X Benetton, Hill X Schumacher. As demais equipes lutam apenas para conseguir melhorar sua posição no momento. A Ferrari praticamente deve assegurar a 3ª posição no Mundial de Construtores, mas essa posição pode ser ameaçada pela McLaren, que nas últimas provas vem subindo no campeonato, com Mika Hakkinen tendo conseguido 3 pódios consecutivos nas últimas 3 corridas, e Martin Brundle tendo terminado as corridas sempre nos pontos nas últimas provas. Tanto é verdade que Hakkinen já ultrapassou Jean Alesi na classificação do campeonato de pilotos. Gerhard Berger, que está 11 pontos à frente do piloto finlandês, pode ser alcançado se não voltar a marcar pontos. Alesi, para piorar, ainda pode ser ultrapassado por Rubens Barrichello, que como a Jordan, vem subindo na classificação.

            No quesito pistas, a próxima etapa, em Jerez de La Fronteira, onde será disputado o GP da Europa, favorece a Benetton, que tem o chassi mais equilibrado da temporada. A disputa mais feroz será nos treinos, pois na pista espanhola as ultrapassagens são muito difíceis e uma boa posição de largada será fundamental.

            Em Suzuka, no Japão, a vantagem deve ser da Williams, pois a pista tem trechos onde a potência e velocidade final são indispensáveis, onde o motor Renault V-10 da Williams deve mostrar sua superioridade frente ao Ford V-8 Zetec-R da Benetton. Mas não se pode esquecer que Senna venceu a prova em 93, utilizando um motor Ford V-8 em sua McLaren, contra as então “imbatíveis” Williams Renault. Schumacher terá de mostrar seu braço para vencer a corrida, a exemplo do que fez o piloto brasileiro.

            Adelaide, na Austrália, é um circuito de rua, travado, o que deve novamente favorecer a Benetton e Schumacher, mas a pista tem a singularidade de ser o circuito urbano mais veloz da temporada, com duas boas retas para se desenvolver altas velocidades, como a Brabham Straigh, o maior retão do circuito. A Williams pode contrabalançar sua desvantagem nas retas e, como em Jerez, largar à frente já será uma grande vantagem.

            Mas no quesito chassi, a Williams vem evoluindo a passos largos e Patrick Head, diretor técnico e projetista do time, garante que o carro atualmente já não é mais tão nervoso quanto o que Ayrton Senna guiou no início do ano e gerou tantas reclamações. A estabilidade do FW16 está muito melhor, o que sugere que a Benetton pode não ter mais o melhor carro. Mas ainda conta com o melhor piloto...


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