Christian Horner: demissão depois de 21 anos à frente da equipe Red Bull na F-1.
O
time dos energéticos chegou a Spa-Francorchamps, neste final de semana, para
disputar pela primeira vez uma corrida sob nova direção. Christian Horner, que
era o chefe da escuderia desde seu primeiro GP, disputado em 2005, foi demitido
logo após o GP da Inglaterra, e marca mais um período complicado que a Red Bull
vem enfrentando desde o ano passado. E que certamente, não deverá ter momentos
mais tranquilos no futuro próximo, uma vez que os boatos a respeito do futuro
de Max Versytappen no time continuam em alta, em que pese as projeções mais
sóbrias apontarem com mais lógica uma saída para 2027, já que 2026 segue sendo
uma completa incógnita, diante dos novos regulamentos técnicos que serão adotados
pela categoria máxima do automobilismo.
Christian Horner era o mais longevo chefe de equipe do grid atual. Afinal, desde que a Red Bull adquiriu a equipe Jaguar, ao final de 2004, ele estava na chefia do novo time dos energéticos, o que dá praticamente 21 anos à frente da escuderia, algo raro nesta época atual da F-1, onde trocas de liderança nos times tem sido frequente. Depois de Horner, apenas Toto Wolf estava há mais tempo na direção de um time, a Mercedes, com mais de uma década. Enquanto isso, só a Ferrari teve várias mudanças desde então na sua condução, só para mostrar como a situação de Horner na Red Bull era bem diferente.
Mas o clima em tempos recentes no time dos energéticos estava longe de ser pacífico. Herlmut Marko, que coordena o programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, em tese, dividia com Horner o comando da escuderia, em que pese seu papel focar mais mesmo no programa de pilotos. Amigo pessoal de Dietrich Mateschitz, Marko tinha esse trunfo para por vezes rivalizar com Horner no comando de certas decisões dentro do Grupo Red Bull, que incluía também o segundo time dos energéticos, inicialmente chamado de Toro Rosso, e atualmente, Racing Bulls. Mas com a morte de Mateschitz há alguns anos, a situação ficou mais nebulosa no que tange à divisão de poder na gerência da escuderia de F-1, e Christian Horner, claro, chegou a colocar as manguinhas de fora, a fim de consolidar sua posição de liderança no comando, apoiando-se na parcela tailandesa do Grupo Red Bull, enquanto Helmut Marko tentava se garantir junto à parte austríaca da organização. Esse cabo de guerra nos bastidores pareceu ter arrefecido momentaneamente em tempos recentes, diante do sucesso avassalador da escuderia na temporada de 2023. Mas no ano passado, quando tudo parecia caminhar para a repetição do domínio do ano anterior, tudo pareceu desandar de um instante para o outro.
Tudo começou com um caso de conduta imprópria de Horner contra uma funcionária da Red Bull, o que detonou uma auditoria interna para avaliar a situação, que acabou resultando em deixar tudo como estava. O temor de que isso poderia desestabilizar o time não surtiu efeito, já que Max Verstappen iniciou o ano de forma avassaladora, dando a impressão de que a Red Bull repetiria o massacre do ano anterior, mas a verdade é que os efeitos só seriam sentidos alguns meses depois, e a partir daí, tudo ocorreria de forma bem mais rápida. O ambiente interno certamente ferveu com este caso de conduta imprópria de Horner, que certamente se apoiou no braço tailandês da Red Bull para manter seu poder e posição, mas o fato é que a briga deve ter sido bem estressante, pois no início de maio, eis que Adrian Newey, o principal nome da área técnica da escuderia, anunciou sua saída do time, de onde estava havia quase vinte anos, e que tinha sido o grande projetista de todos os carros campeões da escuderia. E, coincidência ou não, dali em diante a concorrência não apenas chegou na Red Bull como até passou à frente.
Outros nomes importantes da Red Bull, como Johnathan Weatley, agora no comando da Sauber, também resolveram sair, e a escuderia passou a sofrer com vários altos e baixos na competição, e não fosse por Max Verstappen, que havia acumulado uma grande vantagem no início arrasador do ano, poderia ter tido o título em perigo. Mas o holandês levou o time nas costas durante a segunda metade da temporada de 2024, enquanto os rivais, agora muito mais fortes, falharam em capitalizar com os problemas que se acumulavam na Red Bull, e assim, o holandês levou seu quarto título consecutivo. Mas não foi uma conquista tranquila. O carro do time revelou-se instável, e com um comportamento arredio ao qual só Verstappen era capaz de conseguir resultados de monta, de modo que Sergio Perez sucumbiu na temporada, o que ajudou a Red Bull a ficar apenas na 3ª colocação no campeonato de construtores. E os problemas se repetiram no início deste ano, quando Liam Lawson, sem conseguir acompanhar Verstappen, acabou rebaixado de volta para a Racing Bulls após apenas duas provas, com Yuki Tsunoda promovido para o segundo carro do time principal, e tendo resultados pífios desde então. Até Verstappen, sempre tirando leite de pedra, dessa vez não conseguiu enfrentar a McLaren, e só não está em situação pior na classificação porque Mercedes e Ferrari também cometeram seus erros e estão piores, ainda que tecnicamente pareçam melhores. E, claro, isso detonou os rumores de que Max, invocando cláusulas de seu contrato, poderia sair do time antes de 2028, o que poderia fazer a Red Bull despencar de vez na F-1. Weatley, aliás, declarou que o ambiente no time da escuderia austríaca piorou muito com a saída de Newey, e a saída do engenheiro inglês também o motivou a sair, e a oferta de trabalho da Audi era praticamente irrecusável. Isso indica que, apesar das aparências, o ambiente interno da escuderia austríaca não andava mesmo em seus melhores dias. E os problemas na pista pareciam a expressão mais óbvia disso.
Oscar Piastri marcou a pole-position para a corrida Sprint neste sábado em Spa-Francorchamps.
É
óbvio que tal acúmulo de problemas teria consequências, e Christian Horner, que
até então parecia firme no cargo de direção, acabou sendo o sacrificado nesta
história toda. Não ajudou o fato de que, algum tempo atrás, ele tenha tentado
até assumir posição societária na Red Bull, de forma a aumentar ainda mais seu
poder, e se garantir na disputa de comando frente a Helmut Marko. A demissão,
contudo, foi até inesperada, pegando o próprio Horner de surpresa, e claro,
todo o restante da categoria, para a qual o dirigente estava se saindo bem,
diante dos problemas enfrentados. Em seu lugar, assumiu Laurent Mekies, que até
então chefiava a Racing Bulls, e claro, Marko aproveitou para defender o novo
chefe, e alfinetar Horner, a quem acusou de “acumular” poderes indevidos na
condução da Red Bull, afirmando que Mekies sabe ter melhor definição de suas
responsabilidades e do que fazer na direção de um time. Dá para notar a
indisposição de Marko para com Horner claramente nesta declaração, ainda mais
pela comparação que o velho dirigente fez, referindo-se ao que um time de
futebol faz quando não vence, que é demitir logo o técnico, e arrumar outro,
dando a entender que Horner era o principal culpado pelos problemas da
escuderia.
Já Max Verstappen, em que pese ter ficado mais ao lado de Marko na disputa interna do time, aproveitou para enfatizar que a gestão de Horner não era um problema, e que o ex-dirigente estava lidando bem com a situação, apesar de tudo. Mesmo assim, ele se declarou ansioso para começar a trabalhar com o novo chefe Laurent Mekies, preferindo não se envolver demais na questão, e se concentrando na pista. E é o que devemos ver aqui na Bélgica, uma pista espetacular, mas cuja previsão do tempo para domingo, com possibilidade de chuva (é a Bélgica, afinal), pode apresentar oportunidades que a escuderia austríaca quer tentar capitalizar.
Mekies terá muito trabalho pela frente. E resta saber se conduzir a Red Bull será tão fácil quando era com a Racing Bulls, cujas proporções e cobranças certamente eram menores do que no time principal. Mas o novo chefe da escuderia principal dos energéticos diz que está pronto para o desafio, e vê a escuderia de Milton Keynes como o lugar onde os melhores da F-1 trabalham, e que pretende manter esta imagem de time vencedor que a equipe conquistou desde que estreou na F-1. O fato da Red Bull meio que já jogar a toalha na temporada 2025 deve aliviar a cobrança por melhores resultados, diante da supremacia da McLaren, e da luta direta da escuderia rubrotaurina com Mercedes e Ferrari pelas posições subsequentes na classificação. No momento a Red Bull é apenas a 4ª colocada, atrás da McLaren, da Mercedes, e da Ferrari. O grande problema da escuderia dos energéticos é com o segundo carro, que continua não rendendo com Tsunoda, que viu seu sonho de chegar ao time principal virar pesadelo, e tendo enormes dificuldades para conseguir obter desempenho do modelo RB21, enquanto vê seu antigo time, a Racing Bulls, parecer até andar melhor do que ele. Com apenas Verstappen conseguindo resultados para o time, a Red Bull obviamente fica em posição desvantajosa na briga pelo título de construtores, e será preciso mudar essa mentalidade, se a escuderia quiser ter melhores chances na temporada de 2026.
Mas, por enquanto, o desafio é tentar reagir na briga pelas posições na temporada deste ano. Com Verstappen na 3ª posição na classificação, a meta é impedir que George Russell ou Charles LeClerc ameacem o holandês, e claro, procurar melhorar a posição de Yuki Tsunoda dentro do time, nas corridas que restam ao japonês na competição, já que a Honda, se por um lado declarou que o piloto deve ficar mesmo até o fim do ano, por outro lado já dá mostras de que ele não segue na escuderia no próximo ano. Enquanto isso, Christian Horner irá cumprir o restante do ano na Red Bull, e já se comenta sobre a rescisão contratual que ele deverá levar, uma vez que seu contrato atual iria até 2030, e que se levar tudo a que tem direito, ele poderá receber até cerca de 60 milhões de libras. Um bom dinheiro, diga-se de passagem, e claro, já torna o dirigente novo alvo de fofocas sobre seu possível futuro para além de 2026, de onde ele poderia ir. Já se falou até mesmo na Ferrari, onde Frederic Vasseur anda meio contestado, depois dos resultados fracos da Ferrari neste ano, se comparados aos do ano passado. O time italiano tem declarado que o dirigente francês segue no time, mas Horner, por sua vez, também era resguardado pela Red Bull, e no final, vimos o que aconteceu. E na Ferrari, o clima é bem mais emocional do que em Milton Keynes, haja visto a rotacionalidade de dirigentes que Maranello tem vivenciado na última década, de modo que onde há fumaça, pode haver fogo, e em se tratando de Ferrari, nada é exagerado neste sentido. Seria interessante ver Horner no time italiano? Certamente, seria, mas vamos aguardar para ver o que acontece...
Várias equipes começam a definir seus planejamentos para 2026. Mercedes e Ferrari, por exemplo, deram o prazo de fazerem suas atualizações finais para a temporada de 2025 até o GP da Hungria, sendo que neste final de semana, alguns times, como o italiano, trouxeram novidades para Spa-Francorchamps, apesar do formato com corrida Sprint neste final de semana, onde teriam apenas um único treino livre para verificar as novidades. Com o teto orçamentário, e os novos regulamentos que serão introduzidos no próximo campeonato, os times agora devem começar a focar no próximo ano. A Mercedes, por sua vez, parece enfrentar novamente o dilema de não conseguir retomar o protagonismo que viveu até 2021. O novo carro deste ano, apesar de ter já vencido uma corrida com George Russell no Canadá, continua com desempenhos irregulares, e mesmo a temperatura mais amena, que em tese favorecia os carros alemães do ano passado para cá, não tem sido uma aliada como se esperava. Alguns times, como a Williams, já haviam decidido finalizar o desenvolvimento deste ano e começar a focar no próximo ano. A Red Bull também é outro time que deve passar a focar 2026, já se dando conta de que não há o que fazer para tentar desafiar a McLaren este ano. A corrida Sprint terá largada às 07:00 Hrts. Na manhã deste sábado, enquanto a corrida no domingo começará às 10:00 Hrs., pelo horário de Brasília, e com transmissão ao vivo da Bandeirantes.
A Indycar segue sua maratona de julho no campeonato, e depois da etapa de Toronto domingo passado, os carros entraram na pista de Laguna Seca neste final de semana. A pista, próxima a Monterrey, na Califórnia, é bem seletiva, e de difícil ultrapassagem, o que faz com que as posições de pista sejam bem importantes, assim como a estratégia de corrida. Álex Palou continua deitando e rolando no campeonato, e os adversários, apesar de terem ganho algum fôlego na etapa canadense, ainda estão muito longe para oferecerem qualquer ameaça de fato ao domínio do piloto espanhol da Ganassi na temporada. A TV Cultura, bem como o canal ESPN, e o sistema de streaming Disney+ transmitem a corrida ao vivo neste domingo, a partir das 16:00 Hrs., pelo horário de Brasília.
A Formula-E chegou ao Excel Arena para o encerramento da atual temporada da competição, que já tem Oliver Rowland como campeão. Mas a briga pelo vice-campeonato promete ser brava. Com cerca de 56 pontos em jogo nas duas provas da rodada dupla na capital britânica, a posição de “melhor do resto” tem muita gente na disputa, até mesmo pelo fato de ninguém ter conseguido manter a constância durante a temporada. Pascal Wehrlein é o atual vice-líder, mas não consegue manter a posição de favorito nesta briga, que tem Taylor Barnard logo atrás, seguido por Antonio Félix da Costa, Nick Cassidy, e vários outros pilotos que, dependendo dos resultados, podem acabar superando o alemão da Porsche. No campeonato de construtores, a Nissan pode tentar desbancar a Porsche, a líder da competição, mas vai depender muito da combinação de posições de seus pilotos, mais débil até aqui do que os da marca alemã, que entra na rodada final em vantagem. Já na disputa de fabricantes, o duelo promete ser mais acirrado, visto que diferença é pequena, e conta com os times que usam os equipamentos. E é claro que, sendo o fim do campeonato, muitos pilotos tentarão dar o seu melhor, em especial aqueles que ainda não tem posições asseguradas para a próxima temporada, e que querem tentar terminar o ano por cima. As disputas tem tudo para ser bem quentes na pista, e vamos ver como os novos carros Gen3EVO se comportarão na pista do Excel Arena, que parece já ter atingido o seu limite para as provas da competição dos carros elétricos no local, diante do aumento de performance dos bólidos da competição. As corridas terão transmissão ao vivo pelo canal do You Tube do site Grande Prêmio, bem como pelo canal por assinatura Bandsports, a partir das 12:30 Hrs., pelo horário de Brasília, tanto para a corrida deste sábado quanto para a de domingo.
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O Excel Arena está cofirmado para a próxima temporada da F-E, em 2026, mas a categoria deverá procurar um novo lugar para as corridas na nova era dos carros Gen4. |
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