McLaren: domínio do GP da Áustria, e duelo entre seus pilotos marcaram a tônica da prova em Zeltweg.
Depois de enfrentar
alguns percalços na etapa do Canadá, a McLaren voltou a deitar e rolar na etapa
da Áustria, em Zeltweg, e conquistou uma nova dobradinha para ninguém botar
defeito, com uma dominância firme e visceral no circuito da Estíria. E vimos um
duelo onde a equipe interveio para evitar um desfecho similar ao de Montreal,
dando uma “preferência” a Lando Norris em detrimento de Oscar Piastri, e mesmo
assim, o australiano chegou colado no inglês na reta de chegada.
Mas chegamos perto de vermos um repeteco do que ocorreu em Montreal, quando numa disputa de posição, na freada de uma curva, Piastri precisou frear forte, com direito a cantada de pneu, para evitar colidir com Norris. E a partir das paradas de box, a McLaren resolveu mexer uns pauzinhos, de modo que quando cada um dos pilotos fez sua troca de pneus, o resultado deixou Piastri mais distante de Norris, garantindo certa “tranquilidade” à disputa. E mesmo assim, Piastri foi à caça, tendo que tirar a diferença, e alcançando o colega de equipe, onde na segunda parada, mais uma vez o inglês aumentou sua vantagem sobre o australiano, que de novo no ataque, chegou em Lando nas voltas finais, mas não conseguiu consumar uma tentativa de ultrapassagem. Ou talvez tenha se contentado com o 2º lugar, e não arriscar a liderança do campeonato, que ainda é dele, agora por uma diferença de 15 pontos.
Com o abandono de Max Verstappen, diante da barbeiragem de Andrea Kimi Antonelli ainda na primeira volta, pode-se dizer que a disputa pelo título da temporada deve ficar mesmo só entre a dupla da McLaren. Não que Verstappen pudesse fazer algo na corrida contra a dupla papaia, pelo desempenho dos treinos, mas certamente ter ficado zerado em Zeltweg representou uma desvantagem ainda maior na pontuação do holandês frente a dupla do time de Woking, ficando 61 pontos atrás do líder Piastri, mais do que a pontuação de dois GPs seguidos em caso de vitória, e forçando Max a ter de começar a se preocupar com quem vem atrás, como George Russell, Charles LeClerc, e talvez até Lewis Hamilton. O fato de Max ter demonstrado calma e até resignação com o abandono é um sinal que pode significar maturidade em relação ao momento atual: não há muito o que fazer, mas não adianta ficar de birra e brigado com todo mundo… Ele ainda pode fazer um campeonato muito decente, se entendeu de fato que este ano não dá, mas quem sabe no ano que vem… Há momentos de glória, e de derrota, cabe a ele aproveitar cada momento como for possível.
Na casa da Red Bull, Max Verstappen foi atingido por Andrea Kimi Antonelli logo na primeira volta e abandonou a corrida, com o time dos energéticos saindo completamente zerado da prova.
Com o afastamento
talvez da ameaça mais provável, que seria justamente Verstappen, a McLaren pode
se dar ao luxo de deixar a briga em aberto entre seus pilotos. Mas, o que vimos
na Áustria pode começar a dizer que a luta não será tão aberta assim, ou no mínimo,
quem largar e se manter na frente, fica por lá. E Lando Norris dominou as
atenções neste final de semana em Zeltweg, ficando sempre à frente de Piastri,
que inclusive, na hora H, falhou em conseguir um lugar na primeira fila, sendo
superado por LeClerc. Piastri ainda largou bem, e quase tomou a liderança de
Norris, que contudo se defendeu bem, e não abriu brechas para ser ultrapassado
pelo companheiro de equipe, que continuou colado nele por um bom tempo,
deixando todo mundo na expectativa se iria tomar a ponta e vencer mais uma, até
porque parecia mostrar mais desenvoltura e velocidade que Norris.
Mas o inglês cumpriu o seu papel. Fez uma pole-position demolidora, e em boa parte da corrida andou mais forte, deixando ao australiano a posição secundária na prova, o que vinha faltando nas atuações de Lando até aqui na maior parte do campeonato, onde sempre chegou a andar forte nos treinos, mas na classificação, vinha errando, e comprometendo seu desempenho na corrida, enquanto Piastri, mais centrado e cirúrgico, cometia menos erros e validava as chances que o excelente carro da McLaren lhe proporciona. Agora resta ver como se dará o duelo entre ambos nas etapas restantes da competição, até porque ainda nem chegamos na metade da temporada.
Piastri vem fazendo um excelente campeonato, surpreendendo pela maturidade, e pela constância. Tirando a rodada na prova da Austrália, Oscar vem bem em todas as demais corridas, sendo que no Canadá foi a primeira prova sem um carro da McLaren no pódio, mas onde podemos ver que foi um resultado mais circunstancial do que uma queda de rendimento do time como um todo. E mesmo assim, eles estavam com a primeira posição da corrida logo à vista curta, sendo que, com um pouco mais de sorte na estratégia, talvez tivessem brigado por mais um triunfo também. E Norris, depois da besteira que fez no fim daquela corrida, se redime com uma atuação impecável em Zeltweg mais do que merecida, e se recredenciando à briga pelo título, algo que parecia estar lhe escapando depois de ser superado, até com certa facilidade, por seu colega de time australiano.
Depois de errar e bater no Canadá, Lando Norris se redime com uma vitória firme na Áustria, tentando recuperar-se perante Oscar Piastri no campeonato. Mas quem será o campeão de 2025?
A disputa entre os
dois promete. Norris já mostrou muito potencial para ser um piloto campeão, mas
sempre parece precisar provar que tem verve e determinação para isso,
especialmente no ano passado, onde quando teve um carro efetivamente melhor,
perdeu o duelo com Max Verstappen em vários momentos, permitindo ao holandês
conquistar seu tetracampeonato com poucos sustos. E, neste ano, os erros do
inglês, seja em classificação, seja em corrida, chegaram a comprometer seu
favoritismo na disputa, com Piastri chegando a ser apontado como grande
favorito para levar a taça. Mas, ainda é cedo para afirmarmos quem vai de fato
levar o troféu. Se quiser confirmar mesmo que está de volta, Lando precisa ser
impecável como foi na Áustria, e não há tempo a perder, porque hoje começam os
treinos em Silverstone, e é a chance de afirmar que a boa forma exibida na
Estíria é o novo Lando Norris que precisa se garantir como postulante ao
título. E a Piastri, cabe afirmar que não vai se deixar abater, e virá para
manter sua liderança no campeonato.
No cômputo geral da temporada, o retrospecto é favorável a Piastri, que tem conseguido manter melhor o foco, e errar menos. Já Norris, apesar de aparentemente ter recuperado a determinação, ainda precisa se firmar. Com a disputa no ano reduzida praticamente aos dois pilotos, vai vencer quem errar menos. E ninguém aqui quer perder, o que não significa que ambos serão sempre impecáveis na pista. E por enquanto, o clima interno na escuderia é de tranquilidade, o que é muito bom, evitando ruídos e estresses desnecessários. Mas, claro, isso pode não durar para sempre, basta lembrarmos de como começou a parceria entre Ayrton Senna e Alain Prost na mesma McLaren, em 1988, tudo muito cordial e de respeito mútuo entre ambos, mas que já começou a ter algumas intrigas e discordâncias na segunda metade daquele mesmo ano, até descambar para a rivalidade e guerra declarada no início da temporada de 1989. Não parece que Norris e Piastri sejam ainda tão enfáticos assim, afinal, ambos estão lutando pela primeira vez com chances de serem campeões, e ambos sabem que alguém vai vencer, e que alguém vai perder. Resta saber quem...
Ferrari: a melhor do "resto" do grid na prova da Áustria, mas ainda sem força para desafiar a McLaren.
E precisamos ver como
a McLaren vai se portar também. Depois de ver seus pilotos quase se pegando na
pista, o time adotou paradas de box que separaram a dupla na pista por alguns
segundos, garantindo uma relativa tranquilidade, e evitando novos entreveros.
Resta saber se isso não vai criar certa animosidade entre os pilotos. Norris
acabou privilegiado na Áustria, mas ele tinha começado melhor a corrida e se
mantinha firme ali, uma vez que Piastri não conseguiu tomar a liderança da
prova. Mas, e se na prova deste final de semana, for Piastri quem se colocar
melhor? Se houve a possibilidade de um novo duelo potencial entre ambos, com
riscos explícitos de um erro crasso no embate de ambos, o time poderá ter de
apelar para a mesma estratégia de Zeltweg, e aí, quem for prejudicado na luta
vai aceitar, ou vai começar a chiar? No ano passado a McLaren meteu os pés
pelas mãos em alguns momentos, notadamente no GP da Hungria, onde Piastri vinha
para uma vitória tranquila, mas tivemos aquele rolo da parada de box, que
deixou Norris na liderança, e toda aquela conversa de rádio a respeito de devolver
a posição ao australiano, algo que Lando relutou muito em fazer, até acatar a
ordem, mas que a McLaren poderia ter evitado se expor a esse desgaste, e a seus
pilotos. Vamos apenas esperar que a escuderia não cometa este tipo de tropeço de
novo, e que as decisões sejam feitas na pista, e não fora dela.
Qualquer que seja o campeão, Lando Norris, ou Oscar Piastri, será um regresso triunfal da McLaren ao posto de protagonista na F-1, depois de uma década completa praticamente no posto de figurante, e chegando até a flertar com o fundo do grid, nos tempos da parceria com a Honda, entre 2015 e 2017, onde o time de Woking parecia seguir o caminho de outros times vencedores que, por más escolhas e administração equivocada, iniciaram sua longa e interminável decadência… Mas a escuderia renasceu na competição nos últimos anos, e com um projeto técnico bem sucedido, voltou ao pelotão da frente, e está pronta para, novamente, ser campeã na categoria máxima do automobilismo. Um retorno ao topo mais do que bem-vindo, se lembrarmos que, de 2010 para cá, apenas Mercedes e Red Bull foram campeãs na competição, com no máximo a Ferrari chegando perto, mas batendo na trave em algumas oportunidades.
E Gabriel Bhortoleto finalmente desencantou na F-1. Depois de penar com o carro pouco competitivo no início do ano, sofrer com erros normais de qualquer novato no grid, e ainda ter de encarar estratégias de corrida equivocadas impostas pelo time que o prejudicou em algumas provas, eis que o brasileiro começou a etapa da Áustria com o pé direito, e acelerando firme. Ficou com bons tempos em todos os treinos livres, aproveitando as evoluções que deixaram o carro da Sauber mais competitivo, e na hora da classificação, deu um show de competência e velocidade, indo pela primeira vez ao Q3, com uma ótima 8ª posição de largada. Mas tudo poderia ter ido pelo brejo logo no início da corrida, quando Andrea Kimi Antonelli perdeu a freada numa curva, e atingiu Max Verstappen, obrigando o brasileiro a ir para fora da pista para evitar ser atingido pelo enrosco, o que quase aconteceu, e poderia ter comprometido seu bom final de semana. Dali em diante, sem dois adversários potenciais na prova, Gabriel manteve seu ritmo forte, brigando sempre na zona de pontuação, e chegando a duelar com Fernando Alonso no final da prova pelo 7º lugar, só não vencendo o espanhol, e seu empresário, diante do fato de Alonso ser Alonso. Mas dava para ter efetivamente chegado uma posição à frente, mas o time deixou Bortoleto na pista quando poderia ter feito o último pit stop algumas voltas antes, o que teria feito Gabriel alcançar Alonso um pouco mais cedo, e quem sabe, tivesse chance até de disputar o 6º lugar com Liam Lawson, que chegou pouca coisa logo à frente de ambos, mas cujo ritmo de corrida limpa, na comparação com Bortoleto, o colocava na alça de mira do brasileiro, se tivesse parado um pouco antes na parte final da corrida. Agora, resta esperar que Gabriel continue mostrando seu bom serviço nas próximas corridas, se o carro continuar se mostrando competitivo como está, o que permitiu à Sauber marcar pontos pela terceira corrida consecutiva. Um alento dos mais importantes, especialmente quando consideramos que as expectativas no início do ano era de que em seu último ano de existência a Sauber poderia ficar fazendo mera figuração no grid, à espera de sua mudança para Audi em 2026. Com boas evoluções no carro, que se mostraram eficientes, o horizonte é mais promissor, e cabe a Gabriel continuar evoluindo e mostrando do que é capaz, reforçando porque foi escolhido pela Audi para seu projeto de equipe na F-1. A pontuação de Bortoleto na Áustria foi a primeira de um brasileiro na F-1 desde o GP de Abu Dhabi de 2017, quando Felipe Massa, justamente em sua prova de despedida da categoria máxima do automobilismo, chegou em 10º lugar, marcando seu último ponto na carreira, e do Brasil até então na F-1...
Franco Colapinto na marca do pênalti? Começaram rumos sobre a possibilidade de Valtteri Bottas, atual piloto reserva da Mercedes, voltar ao grid como titular, e na equipe de Alpine. Flavio Briatore teria sondado Toto Wolf sobre a liberação do finlandês, que trabalha para voltar ao grid na próxima temporada, sendo um dos pilotos que estariam sendo considerados para integrar o projeto da Cadillac, mas tudo indica que Bottas pode voltar às corridas ainda este ano. E o motivo é claro: Colapinto, que tanto furor causou no ano passado quando substituiu Logan Sargeant na Williams, não está desencantando em 2025 na Alpine, e muitos dizem que é mera questão de tempo o piloto argentino ser sacado por Briatore, que de início era fã, e agora pode virar carrasco, como tantas vezes já fez com pilotos ao sabor de seu humor, mesmo com os patrocínios que Franco traz ao time. O problema é que os resultados de Colapinto até agora pouco foram diferentes dos apresentados por Jack Doohan nas primeiras corridas, e as cinco provas onde o dirigente italiano mencionou que seriam o prazo para ele mostrar serviço se esgotaram em Zeltweg. Claro que Briatore já mudou o discurso, mas agora, ficou complicado arrumar uma “saída” que não o comprometa diretamente, depois de fritar o filho de Michael Doohan como prometeu que faria antes mesmo da temporada começar. E olhe que Colapinto por pouco não arrumou mais encrenca na Áustria quando fechou, ainda que involuntariamente, Oscar Piastri, com os dois quase colidindo, e forçando o australiano da McLaren a ir para a grama e quase perdendo o controle do carro, o que valeu uma punição de 5s ao tempo de corrida do argentino. Talvez Franco fique no cockpit até a etapa da Hungria, quando a F-1 entra nas férias de verão, e se não mostrar nada melhor até lá, pode ser que na prova da Holanda, em Zandvort, teremos novidades no time francês. A conferir…
A escolha de Valtteri Bottas não seria gratuita: a Renault está se despedindo da F-1 como fornecedora de motores, e o time da Alpine, de sua propriedade, usará propulsores da Mercedes em 2026, e Bottas é piloto reserva da Mercedes, já tendo sido piloto titular da escuderia alemã durante 2017 e 2021, e portanto, bom conhecedor dos motores alemães. A chegada de Bottas ao time francês seria uma preparação para a troca de equipamento em 2026, e muitos especulam que, dependendo dos resultados, Valtteri será efetivado também para a próxima temporada, fazendo dupla com Pierre Gasly, que até agora conquistou os únicos pontos da Alpine na temporada deste ano…
A Indycar, depois de passar pelo melhor circuito misto da temporada, em Road America, chega neste final de semana a outra pista clássica, o circuito de Mid-Ohio, em Lexington, e que oferece muitos desafios aos pilotos no quesito ultrapassagem, apesar de possuir alguns bons pontos de reta. E será que alguém será capaz de desafiar o domínio de Álex Palou na temporada? A TV Cultura e a ESPN transmitem a prova ao vivo, com largada programada para as 14:00 Hrs. Deste domingo, pelo horário de Brasília.
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