quarta-feira, 23 de julho de 2025

HAVOC SERIES - A TEMPORADA DE 1987 – PARTE VI

Na Itália, Piquet obteve sua última vitória pela Williams, e a primeira com a suspensão ativa do time, ampliando ainda mais sua liderança no campeonato daquele ano.

            E aqui estamos de volta com a série especial de corridas na íntegra da temporada de 1987, no ano do tricampeonato de Nélson Piquet. Depois de conquistar seus primeiros triunfos na temporada, nas etapas da Alemanha e da Hungria, Piquet havia desferido dois golpes fortíssimos em Nigel Mansell, seu companheiro de equipe, e principal rival na luta pelo título da temporada. Mas o inglês voltou à carga, e obteve uma vitória categórica na Áustria, tentando recuperar o terreno perdido. Mas Nélson, mantendo sua impressionante regularidade no ano, foi novamente 2º colocado, impedindo uma maior aproximação do piloto inglês, que ainda por cima contava com a preferência da Williams para ser campeão, de modo que Piquet não podia baixar a guarda nem por um momento.

            E a etapa seguinte do calendário era em Monza, o palco do GP da Itália. A Williams trazia de novidade o seu próprio sistema de suspensão ativa, sendo o segundo time do grid a correr com esta novidade, imitando a iniciativa da Lotus, que corria com este tipo de recurso desde o início da temporada. Piquet desenvolveu o sistema em testes pela Williams e aprovou o recurso, que na sua opinião ajudava a melhorar a estabilidade do carro. Seja como for, com ou sem suspensão ativa, a Williams dominou a classificação em Monza, com Piquet a obter a pole-position, mas com Mansell logo atrás, separados por praticamente um décimo de segundo. Na segunda fila, Gerhard Berger atiçava as esperanças dos tiffosi da Ferrari, enquanto Ayrton Senna, com a Lotus, fechava no 4º posto, com Alain Prost logo atrás, em 5º ainda sustentando esperanças de voltar a brigar pelo título.

            Após uma primeira largada cancelada, Piquet falhou no arranque da largada, mas recuperou a liderança antes da primeira chicane, enquanto Nigel Mansell, logo depois, começou a ter problemas, sendo superado por Thierry Boutsen, da Benetton, e por Berger, da Ferrari. O brasileiro começou a se distanciar na liderança, enquanto Senna caía para o 6º lugar, e tinha que recuperar as posições perdidas. Na primeira metade da corrida, Piquet foi sustentando a liderança, embora por uma vantagem pequena, de menos de 3s. Mansell, precisando da vitória mais do que nunca, contudo, parecia incapaz de recuperar terreno para se aproximar do brasileiro, que comandava a prova com autoridade. A meio da corrida, a dupla da Williams trocou pneus, e a equipe gastou 2s a mais na parada de Nélson, o que fez o brasileiro ficar diretamente à mercê de Mansell (teria sido intencional, para favorecer o inglês?). Senna, contudo, assumiu a ponta, com a estratégia de não parar, e tentar a vitória. Durante várias voltas, Mansell ficou em cima de Piquet, tentando tudo por tudo para superar o brasileiro, até que Nélson recuperou o ritmo, e voltou a abrir vantagem, escapando do inglês. E ele começou a tirar a vantagem de Senna na liderança, que sem parar para trocar pneus, seguia na frente. Enquanto Piquet começava a andar mais rápido, Mansell ia perdendo contado com o brasileiro, que começava a chegar no compatriota da Lotus. Senna, por sua vez, dava tudo por tudo, e mantinha um ritmo incrível para quem ainda estava com os mesmos pneus da largada. Mas a pressão de Piquet ia aumentando, e a sete voltas do final, Senna escapou na curva Parabólica, e Piquet assumiu novamente a liderança. Ayrton conseguiu evitar de bater, e voltou à pista, ainda em 2º, e mantendo um ritmo infernal, tentando recuperar a liderança, mas não teve jeito. Vitória de Nélson Piquet, sua 3ª vitória na pista de Monza, para delírio da torcida italiana, que idolatrava o piloto brasileiro quase tanto quanto torcia pela Ferrari. Senna foi o 2º, e Mansell, o grande derrotado do fim de semana, apenas fechava o pódio, em 3º. Gerhard Berger deu alento aos tiffosi com a 4ª posição, enquanto Boutsen era o 5º. Prost foi apenas o 15º, e praticamente já dava adeus às chances de título. Confiram então o vídeo completo do GP da Itália de 1987 postado no You Tube pelo usuário MrViniciusF1 no link abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=msC6haj9A4k

 

Algumas semanas depois, a F-1 chegou a Portugal, para a disputa do GP lusitano, no circuito do Estoril. Para Nigel Mansell, a situação chegava ao desespero: com 20 pontos de desvantagem para Piquet após a etapa de Monza, o inglês precisava reverter a situação mais do que nunca, e largar na frente na pista portuguesa era meio caminho andado para voltar a vencer. Mas Gerhard Berger, da Ferrari, roubou a pole position do inglês, que teve de se contentar com o 2º lugar no grid. Na segunda fila, Alain Prost e Nélson Piquet ocupavam a 3ª e 4ª posições. Na terceira fila, Ayrton Senna alinhava a Lotus em 5º lugar, com a Ferrari de Michele Alboreto ao seu lado. Mansell largou bem e assumiu a ponta, mas houve uma confusão com alguns carros após a largada, obstruindo a pista, de modo que foi necessário recomeçar tudo de novo, com alguns pilotos tendo de recorrer a seus carros reservas para disputar a corrida. Nesta nova arrancada, Mansell novamente largou bem, tomando a liderança, mas Berger foi para cima, e logo superava com Mansell, tomando a dianteira da prova, e indo embora, deixando Nigel à mercê dos ataques de Senna vindo logo atrás. Mas as esperanças de vitória do inglês da Williams foram para o espaço quando seu carro apresentou um problema elétrico e ele foi forçado a abandonar.

            Alain Prost, que havia sido conservador na primeira metade da corrida, começou a acelerar, e foi subindo na prova conforme os primeiros colocados faziam suas trocas de pneus. Na parte final da corrida, o francês da McLaren estava chegando em Berger, ainda na liderança. O austríaco sentiu a pressão e saiu da pista com seus pneus já desgastados. Prost assumiu a liderança faltando poucas voltas para o final, e Berger ainda deu sorte de retornar à pista, mas agora a quase 20s do francês. E assim foi, Alain Prost conquistava sua 28ª vitória na F-1, superando o recorde de 27 provas de Jackie Stewart, e assim, tornando-se o piloto com mais triunfos na história da F-1 à época. Piquet fechou o pódio. Senna, que vinha numa pilotagem combativa, teve problemas na sua Lotus, perdeu 2 voltas nos boxes, e retornou à pista para conseguir terminar em 7º, fora da zona de pontos. Confiram então o vídeo completo do GP de Portugal de 1987 postado no You Tube pelo usuário MrViniciusF1 no link abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=XFfcsCi_P7I

 

O resultado do GP de Portugal era o pior possível para os rivais de Nélson Piquet na luta pelo título. Ayrton Senna, por exemplo, ficava 18 pontos atrás, o equivalente a duas vitórias na época, e isso se Nélson não pontuasse, situação quase impossível de acontecer normalmente, diante da grande regularidade que o brasileiro vinha demonstrando no campeonato. Mas para Nigel Mansell o panorama era ainda: o inglês ficava 24 pontos atrás, e com apenas 4 corridas para fechar a temporada, Nigel não precisava apenas vencer, ele tinha de torcer para um azar de Piquet, e o brasileiro tinha tendo uma postura extremamente cerebral na temporada, raramente se envolvendo em confusões na pista. O caso do GP de Portugal foi uma exceção, e mesmo assim, a sorte ainda esteve do lado de Nélson, ocorrendo logo na primeira volta, de modo que ele pode seguir na corrida após reparos leves no carro, podendo participar da segunda largada, e ainda terminar em 3º lugar, o que pode ter parecido pouco, mas uma imensa diferença quando Mansell abandonou logo na primeira parte da corrida, e viu sua situação na luta pelo título bem debilitada. Mas, faltando 4 provas, muita coisa ainda poderia acontecer, e por mais vantagem que Piquet tivesse, nada estava garantido. E vamos ver isso nas próximas postagens que virão muito em breve aqui no blog. Fiquem ligados, para acompanharem as corridas da fase final da temporada de 1987. Até breve!

Com sua vitória em Portugual, Alain Prost quebrava o recorde de triunfos na F-1 até então pertencente a Jackie Stewart.

 

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