quarta-feira, 9 de julho de 2025

ARQUIVO PISTA & BOX – JULHO DE 2000 – 14.07.2000

            Hora de voltar com um de meus antigos textos, e esta coluna foi publicada no dia 14 de julho de 2000 (nossa, já vai 25 anos, que loucura), e o texto principal tratava das expectativas para o GP da Áustria de F-1, no então chamado A1-Ring, hoje Red Bull Ring, diante das possibilidades de Michael Schumacher, na Ferrari, desafiar e superar a dupla da McLaren, Mika Hakkinen e David Coulthard pela vitória na pista de Zeltweg. Aproveitem este antigo texto, e boa leitura a todos...

DUELO NA ÁUSTRIA

              Chegou a hora do Grande Prêmio da Áustria, no circuito A1-Ring, em Zeltweg, e a expectativa é se a McLaren vai continuar sua reação, como ocorreu na corrida anterior, na França, diminuindo a vantagem acumulada por Michael Schumacher, ou ver o alemão conseguir se distanciar novamente no campeonato. Seja como for, mesmo no pior dos cenários possíveis para a Ferrari, Michael não sairá daqui perdendo a liderança da competição. Com 12 pontos de vantagem para David Coulthard, e 18 para Mika Hakkinen, Schumacher está confortável e seguro na liderança pelo menos neste final de semana. Já em relação ao Mundial de Construtores, a Ferrari não tem a mesma segurança em relação à McLaren: com 88 pontos, o time italiano está apenas 6 pontos à frente da rival McLaren, e uma boa apresentação do time inglês pode desalojar a escuderia rossa da liderança da competição.

             Fosse esta pista na velha configuração de antigamente, com o traçado passando por trás da montanha ao lado da pista - e que continua lá, solenemente ignorada na reforma que fizeram neste autódromo há poucos anos, a expectativa dos italianos em vencer seria necessariamente menor. O traçado antigo era de alta velocidade, parâmetro onde o carro da McLaren rende melhor do que o chassi da Ferrari. Além da bela aerodinâmica do carro prateado, a força do motor Mercedes, sempre invulgar, ajudaria a manter a dupla da McLaren com mais facilidade no comando da situação.

             Como o traçado atual é uma miniatura da antiga pista, o traçado ficou bem mais travado, e as ultrapassagens, infelizmente, serão complicadas, pelo que uma boa posição de largada sempre é fundamental para se começar bem o fim de semana. E mesmo assim, nem mesmo a pole é sinônimo de ficar de fora dos problemas: a curva praticamente em 90° logo após a largada dá muito pouco espaço para o pessoal se posicionar adequadamente sem haver possibilidade de confusão, a menos que todo mundo seja conservador no seu arranque. Mas como boa parte do pessoal, especialmente quem larga mais atrás, quer aproveitar a largada para galgar posições à frente, as chances de haver algum enrosco sempre aumenta em uma curva deste tipo. No traçado antigo, a reta seguia para além do morro, tendo maior extensão, e permitindo que os pilotos se acomodassem melhor na chegada da primeira curva logo na descida após o aclive. Lógico que isso também não impossibilitava haver encrencas, como o engavetamento de carros visto aqui em 1987, quando vários pilotos bateram seus carros no arranque. Aliás, a situação foi tão caótica que a prova daquele ano teve 3 largadas, pois muita gente se enroscou também na segunda largada, que a exemplo da primeira, também precisou ser abortada. Na 3ª vez, tudo correu bem, e aí tivemos a corrida.

             Na possibilidade de se escapar ileso da tomada da primeira curva, aí sim todo mundo tem um pouco de tempo para se acertar na pista, em um trecho relativamente longo que conduz a outra curva fechada onde, pela freada forte, podemos ver novamente alguns pilotos tentando ganhar posição. Junto à primeira curva logo após a reta dos boxes, esta segunda curva é o ponto crítico do traçado. No restante, os poucos trechos de reta infelizmente não favorecem as ultrapassagens. Uma boa estratégia de pit stops e reabastecimentos é crucial para se ganhar posições nesta pista. Mas o que preocupa mesmo a Ferrari é a recuperação de performance da McLaren, que se confirmada, tem tudo para dificultar ainda mais a permanência do time na dianteira da competição.

             Em Magny-Cours, o abandono de Michael foi ruim, mas duro foi ver o alemão se mantendo na dianteira mais pelas dificuldades de ultrapassagem da pista francesa do que pela sua performance. Durante toda a prova, o alemão nunca conseguiu ir-se embora, tendo a dupla da McLaren sempre em seus calcanhares. Quando abandonou, já havia sido dobrado em pista tanto por Hakkinen quanto por Coulthard. Deixar a prova só piorou o que já não estava bom. Na hipótese de a escalada de performance da McLaren se mantiver, a Ferrari pode enfrentar uma corrida complicada, tendo de se resguardar a minimizar os prejuízos. No ano passado, Eddie Irvinne ganhou nesta pista, contrariando os prognósticos que davam o favoritismo aos carros prateados, o que dá uma certa esperança da Ferrari reverter os prognósticos.

             Mas, ao mesmo tempo, é preciso lembrar que no ano passado a McLaren teria vencido com um pé nas costas neste circuito, não fosse o enrosco entre seus pilotos logo na primeira volta, motivado por David Coulthard, que na freada da segunda curva, em disputa de posição com Mika Hakkinen, fez com que seus carros se tocassem, com o finlandês caindo para último, e o escocês perdendo certo tempo de pista que, depois, acabou sendo fatal para suas pretensões de vitória, chegando em 2° lugar atrás apenas 0s3 de Irvinne, que pilotou sem cometer erros. Mas, mostrando o real ritmo da McLaren, Hakkinen, caindo para último, empreendeu uma corrida de recuperação espetacular, terminando em 3° lugar, a 22s do vencedor. Este ano, Michael Schumacher está de volta à prova austríaca, e o alemão é o maior trunfo do time de Maranello, que em 1999 esteve nesta prova apenas com Irvinne e com Mika Salo substituindo um Schumacher que havia se acidentado em Silverstone e quebrado a perna.

             Este ano, a Ferrari está significativamente mais forte. Não apenas Michael Schumacher está guiando em sua melhor forma, como o modelo F2000 é o melhor monoposto produzido por Maranello desde o modelo 641/2 utilizado por Alain Prost na temporada de 1990, a ponto de permitir a Schumacher desafiar a supremacia da McLaren com regularidade. Mas o carro do time de Woking ainda é potencialmente mais competitivo do que o modelo dos italianos, e todo mundo sempre soube que, uma hora ou outra, eles poderiam enfim decolar na competição, o que ainda não havia acontecido até agora, mas pode estar enfim acontecendo.

             Dependendo do que vermos neste GP da Áustria, saberemos se a McLaren finalmente engrenou, ou se ainda teremos uma disputa mais equilibrada no campeonato na luta pelo título. Para a McLaren, é a manutenção de seu poderio, visto nos últimos dois anos; para a Ferrari, é a esperança de encerrar finalmente o jejum de títulos que acompanha a escuderia desde 1979. Aguardemos para ver que rumo o campeonato tomará.

 

 

Os pilotos austríacos não tiveram muita sorte em vencer o GP de seu país. Houve apenas uma vitória em todas as provas disputadas aqui: Niki Lauda venceu em 1984, no ano de seu tricampeonato na F-1. Jochen Rindt foi pole aqui em 1970, e o próprio Lauda também largou na frente em 3 oportunidades (1974, 1975, e 1977). Último piloto austríaco a vencer na F-1, Gerhard Berger também nunca deu sorte por aqui, tendo como resultado de destaque a melhor volta na edição de 1986, quando pilotava para a Benetton.

 

 

A F-CART inicia hoje os treinos oficiais para a etapa de Toronto, corrida em circuito misto disputada no centro da metrópole canadense. Depois de assistirmos a 3 vitórias brasileiras nas últimas corridas, nossos pilotos estão com a cotação em alta na categoria, e a maioria conta com boas condições de vencer a corrida e aumentar ainda mais o rol de conquistas brasileiras no atual campeonato. Mas não se pode baixar a guarda, e esta pista de rua sempre oferece provas bem disputadas, com chances de vários pilotos também darem o seu show. Vejamos quem vai se sair melhor este ano. A disputa promete ser das mais agitadas

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