O mês de março já foi embora, e entramos no mês de abril, com os campeonatos do mundo da velocidade seguindo com tudo. E início de mês novo é mote para mais uma edição da Flying Laps, relatando alguns acontecimentos das competições que acabaram sendo deixadas de lado nas colunas regulares. E esta sessão é praticamente apenas sobre a motovelocidade, com o início das competições da MotoGP, que começaram mantendo o domínio da Ducati, e com a perspectiva de Marc Márquez dominando a categoria novamente, dispondo da moto mais competitiva do grid. Mas nem tudo está perdido, e ainda temos a esperança de vermos um ano com muitas disputas e emoções, de alguma forma. Bem, boa leitura e curtam o texto, relatando os destaques das primeiras provas da temporada 2025 da MotoGP, e sigamos em frente...
Marc Márquez não poderia ter começado melhor a temporada 2025 da MotoGP. A “Formiga Atômica” teve um fim de semana quase irrepreensível na etapa de estréia do campeonato, na Tailândia, ao marcar a pole-position e vencer tanto a corrida sprint quanto a corrida principal, em sua estréia pelo time oficial da Ducati na competição. O tão esperado duelo com Francesco Bagnaia, que muitos tinham esperança de ser o grande mote da temporada, diante da manutenção da hegemonia da marca italiana na classe rainha do motociclismo, não ocorreu. Bagnaia, aliás, virou personagem secundário em Chang, tendo terminado as duas provas do fim de semana apenas fechando o pódio, na 3ª posição. O duelo que teve ficou apenas entre a família Máquez: Álex Márquez, da Gresini, deu show na pista de Chang, terminando as duas corridas em 2º lugar, sendo que na prova de domingo, ele até deu o ar da graça quando o irmão mais velho teve um pequeno problema com a pressão dos pneus, e assumiu a liderança da corrida por boa parte dela, até ser superado pelo hexacampeão nas voltas finais, quando Marc resolveu colocar ordem na situação. Assim, tivemos um pódio idêntico nas duas provas do fim de semana, com vitória de Marc Márquez, Álex Márquez em segundo, e Bagnaia fechando o pódio em 3º. Um trio de Ducatis no pódio, para confirmar que a moto italiana ainda vai dar as cartas nesta temporada, e com relativa facilidade, a julgar pela forma da concorrência, que apesar de seus avanços, ainda não consegue ameaçar de fato a marca de Borgo Panigale na competição.
Entre os destaques do fim de semana em Chang, está Ai Agura, novato na classe rainha, defendendo a Trackhouse, time satélite da Aprilia. O japonês mostrou as garras logo de cara, e chegou até a dar um calor em “Pecco” Bagnaia, colocando a 3ª posição do bicampeão em risco. Mas Bagnaia controlou a situação, e Ogura fez uma bela estréia na corrida sprint com um 4º lugar. E ele repetiu a dose na prova principal, onde terminou em 5º lugar, repetindo um duelo particular com Franco Morbidelli, outro destaque do fim de semana. O ítalo-brasileiro, em sua estréia pela VR46, time de Valentino Rossi, voltou à sua velha forma, de quando foi vice-campeão na temporada de 2020, e fez corridas combativas tanto na sprint quanto na prova principal, tendo terminado ambas em 5º e 4º lugares, respectivamente. E na VR46, é preciso lembrar que Franco corre com a Desmosédici GP24, a moto do ano passado, enquanto seu companheiro de equipe, Fabio Di Giannantonio compete com a GP25, a moto atual. Em que pese o fato de Fabio ainda se recuperar de lesões sofridas na pré-temporada, Franco tem na manutenção da GP24 seu grande trunfo, já que ele competiu com esta moto no ano passado, quando defendia a Pramac, principal time satélite da Ducati, que tinha as mesmas motos do time de fábrica, e não motos com um ano de defasagem. Morbidelli, aliás, vinha fazendo já boas apresentações no final de 2024, estando mais à vontade com a GP24, depois de um início de ano complicado onde também não rendia o que podia devido a lesões da pré-temporada, que complicaram sua adaptação ao modelo Ducati da Pramac, depois de anos competindo com motos da Yamaha.
Na etapa da Argentina, que voltou ao calendário da MotoGP este ano, Marc Márquez continuou deitando e quase rolando, repetindo o panorama que havíamos visto na Tailândia. O hexacampeão fez novamente a pole-position, e mais uma vez, venceu as duas corridas do final de semana. E Álex Márquez, mais uma vez, fez a festa da família, terminando as duas provas na segunda posição, e mais uma vez, também discutiu a vitória na corrida principal, como havia feito em Chang, mas desta vez deu um pouco mais de trabalho para o irmão mais velho, que precisou atacar um pouco mais para recuperar a liderança na prova de domingo, para vencer de novo. A diferença para a Tailândia é que em Thermas de Rio Hondo Francesco Bagnaia ficou ainda mais apagado, tendo terminado as duas corridas apenas em 4º lugar, ficando de fora do pódio, e por tabela, perdendo contado na pontuação com os irmãos Márquez. Na prova sprint, o pódio foi completado por Johann Zarco, numa atuação de gala do piloto francês com a moto da Honda, pelo time satélite da LCR, um resultado muito importante para a marca japonesa, que tenta se recuperar na competição, depois de ficar na rabeira da competição no ano passado. Já na corrida principal, mais uma boa apresentação de Franco Morbidelli, que venceu a disputa com Bagnaia pelo degrau mais baixo do pódio, e marcou o retorno do piloto ao TOP-3 de uma corrida de onde estava ausente desde 2021, encerrando um jejum bem incômodo. Enquanto isso, depois de abafar na Tailândia, Ai Ogura não teve a mesma sorte na Argentina, terminando a prova sprint apenas em 13º, e sendo desclassificado na prova de domingo, onde tinha conseguido a 8ª posição, depois de constatado o uso de uma ECU irregular em sua moto, por um erro do time na instalação da peça, usando uma especificação não homologada pela direção da MotoGP. Melhor sorte para o japonês nas próximas etapas, sendo desde já candidato a sensação da temporada, se conseguir repetir a performance da primeira prova…
Desfalcada de Jorge Martin, que se recupera de lesões na mão, a Aprilia começou o ano tentando entender sua relação de forças na competição. O desempenho de Ai Ogura, do time satélite Trackhouse, mostra que a RS-GP tem potencial para bons resultados, mas vai ser preciso trabalhar bastante para alcançar as Ducatis. Na etapa da Tailândia, Marco Bezzecchi ficou apenas em 12º, e na corrida de domingo, fez um bom 6º lugar, exatamente atrás de Ogura, um bom sinal. Já na Argentina, Marco repetiu o bom 6º lugar, mas na corrida de domingo, acabou abandonando logo na largada, depois de ter sido tocado por Fabio Quartararo, da Yamaha, indo para o chão e sem ter condições de voltar à pista. Lorenzo Savadori, que substituiu Martin nas duas etapas, apenas fez figuração, não conseguindo nem mesmo pontuar, algo que só mudou na corrida de Austin, com um 15º lugar, onde Martin ainda ficou de fora da prova, nos Estados Unidos, e quem sabe, possa retornar na etapa de Jerez de La Frontera, já que até mesmo em Losail, no Qatar, a próxima corrida, o retorno do atual campeão mundial ainda é incerto. Felizmente, Martin voltará à competição, mas o espanhol ficou com receio de os ferimentos até comprometerem o seguimento de sua carreira, lembrando dos percalços vividos por Marc Márquez entre 2020 e2022, quando o compatriota teve altos e baixos na sua recuperação, devido a forçar um retorno antes da hora, de um ferimento que parecia coisa menor, mas que levou a uma série de complicações que deixou o hexacampeão mundial fora de combate por um longo período, só voltando a competir a pleno em 2023, depois de praticamente três anos após o tombo sofrido na etapa de Jerez que abriu a temporada de 2020. Jorge felizmente foi mais prudente, e vem seguindo as recomendações médicas, sem forçar o retorno antes da hora. Infelizmente, seus planos de defender o título, que já eram complicados, diante da falta de competitividade da Aprilia, agora ficam ainda mais distantes, pois o piloto terá de se aclimatar com o novo equipamento, enquanto todos os demais competidores já estarão bem mais à frente com suas motos. A Aprilia até tentou obter uma autorização para Martin fazer um teste de adaptação, já que ele não teve como conhecer sua nova moto na pré-temporada, mas a direção da MotoGP negou, uma vez que os testes particulares estão proibidos durante o campeonato, de modo que Martin terá de conhecer seu equipamento nos fins de semana de corridas. E a própria Aprilia, como se vê, precisa melhorar bastante se quiser desafiar a rival compatriota Ducati, que segue dominando a competição, talvez com mais facilidade do que todo mundo imaginava, vendo a forma com as demais marcas estão no grid neste início de temporada...
E a MotoGP já começa sua contagem regressiva para retornar ao Brasil na temporada de 2026. Em evento realizado no último dia 17 no autódromo de Goiânia, com a presença de alguns dos pilotos da competição, foi anunciado que o GP do Brasil será realizado no dia 29 de março do próximo ano. O evento contou com a presença de Franco Morbidelli, Luca Marini, Diogo Moreira e Eric Granado, que fizeram exibições de demonstração e interagiram com o público. Estiveram presentes também o CEO da Dorna Sports, Carmelo Ezpeleta, e o Governador de Goiás, prestigiando o evento, que marca o retorno oficial da classe rainha do motociclismo ao nosso país. O circuito de Goiânia, inclusive, já sediou etapas da motovelocidade nos anos 1980. Fica a dúvida se a prova brasileira passará a ser a única na América do Sul, já que a etapa da Argentina não está garantida para 2026, necessitando de uma renovação do contrato, que venceu este ano.
Na etapa dos Estados Unidos, na pista de Austin, Marc Márquez começou o fim de semana disposto a recuperar a hegemonia na pista, onde é o recordista de vitórias desde que o circuito estreou no calendário. O hexacampeão começou bem o fim de semana, com mais uma pole-position, apesar de ter enfrentado uma disputa mais acirrada para largar na frente do grid. E Marc fez valer a pole, tendo uma disputa brava com Álex Márquez e Francesco Bagnaia logo na primeira volta da corrida sprint. Mas a “Formiga Atômica” logo retomou o controle da situação, e rumou para mais uma vitória, consolidando até aqui um domínio impecável na temporada de 2025, e fugindo cada vez mais na liderança da competição. Mas restava a prova de domingo, e Marc acabou protagonizando uma pequena confusão antes da largada, quando correu para pegar a moto ajustada com pneus de pista seca, uma vez que o circuito, que tinha visto uma chuva pouco antes do horário da corrida, estava secando. O piloto esperou até o último momento possível antes de fazer isso, o que fez vários outros pilotos seguirem o espanhol, provocando um adiamento da largada, e com a FIM autorizando todo mundo a largar em suas posições originais no grid, o que agradou alguns, e desagradou a outros. No fim, largaram, e mais uma vez, parecia tudo encaminhado para um novo triunfo da “Formiga Atômica”, até que o mais velho dos irmãos Márquez tocou na zebra molhada e foi para o chão, danificando a moto, e sendo obrigado a abandonar a corrida. Melhor para “Pecco” Bagnaia, que já tinha superado Álex Marquez, e vinha tentando, sem sucesso, encostar no companheiro de equipe, que tratou de vencer pela primeira vez no Circuito das Américas, e reduziu sua desvantagem para a liderança do campeonato, que ficou com Álex Márquez, graças a seu 2º lugar, posição regular do piloto da Gresini em todas as corridas do ano até aqui. Fabio Di Giannantonio fechou o pódio com uma bela atuação, seguido de Franco Morbidelli em outra prova combativa, com Jack Miller, da Pramac, lavando a alma após várias corridas em baixa. Com o resultado, Álex Márquez é o líder do campeonato com 87 pontos, com Marc Márquez na vice-liderança, com 86 pontos. “Pecco” Bagnaia vem na 3ª posição, com 75 pontos, enquanto Franco Morbidelli é o 4º colocado, com 55, à frente de seu colega na VR46, Fabio Di Giannantonio, com 44 pontos.
Na classificação de construtores é onde podemos ver como a Ducati está sobrando na temporada 2025 da MotoGP. A marca de Borgo Panigale venceu todas as três etapas até aqui com seu time de fábrica, e com exceção da primeira prova sprint, onde Ai Ogura fez um surpreendente 4º lugar, dali em diante todas as 4 primeiras colocações da competição foram sempre ocupadas por motos da marca italiana. Isso faz da Ducati a líder inconteste da competição, com 111 pontos acumulados até aqui. O restante do grid, contudo, exibe um equilíbrio impressionante, com a Honda na vice-liderança, mas com apenas 36 pontos, seguida de perto pela KTM, com 34 pontos, com a Aprilia na 4ª posição, com 33. A Yamaha ocupa a lanterna com apenas 28 pontos até aqui. Mas, mais do que equilíbrio, isso denota também como a concorrência não consegue impôr desafio à Ducati, que mesmo tendo perdido um de seus times satélites para esta temporada (a Pramac, que agora usa motos da Yamaha), ainda mantém sua grande hegemonia na competição. Aliás, com a realização do GP no Circuito das Américas, podemos dizer que há um ano só dá Ducati vencendo na classe rainha do motociclismo, já que a última vez que outra marca venceu na categoria foi justamente em Austin, no ano passado, quando Maverick Viñalez chegou na primeira colocação, defendendo a Aprilia, outra marca italiana. A pista do Estado do Texas também marcou dois anos sem vitória da Honda na competição, já que em 2023 Álex Rins, pela equipe satélite da marca nipônica, a LCR, averbou o último triunfo da marca de Hamamatsu.
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