Depois de duas atuações pífias, Liam Lawson já foi defenestrado na Red Bull, sendo "devolvido" ao time secundário dos energéticos em tempo recorde até para os padrões exigentes da equipe.
Liam Lawson entrou
numa fria daquelas, e isso já era cantado em verso e prosa desde que o
neozelandês foi anunciado como substituto de Sergio Perez para 2025, com o time
dos energéticos dispensando o mexicano sem dó na consciência depois da pífia
campanha do piloto na temporada do ano passado, enquanto Max Verstappen
conquistava o título. Mas ninguém esperava um início de temporada tão ruim de
Lawson, a ponto do time já fazer a troca do piloto por Yuki Tsunoda para a
prova do Japão, semana que vem, em Suzuka.
Confirmada a troca, anunciada nesta quinta-feira, Lawson foi “rebaixado” de volta para a Racing Bulls, enquanto Yuki Tsunoda assume o segundo carro da Red Bull, algo que era muito solicitado pelo piloto japonês, que agora enfim terá sua chance, e inclusive estreará no time principal em casa, em Suzuka, para delírio da torcida nipônica. Na pior hipótese, Lawson poderia até ser colocado de novo na reserva, uma vez que chegaram a correr boatos de que Franco Colapinto ocuparia o assento de Tsunoda no time B dos energéticos, o que não se confirmou, para sorte de Liam. Aliás, a direção da Red Bull, leia-se Christian Horner, afirmou ser necessário “proteger” Lawson, de modo que retornar à Racing Bulls oferecerá uma nova chance ao piloto de mostrar suas qualidades, admitindo veladamente que sua promoção foi precipitada. Resta saber se o psicológico de Lawson reagirá bem à decisão, embora possamos dizer que ele ainda deu sorte, de certa forma. Até Max Verstappen teve um tempo bem satisfatório defendendo o time B da Red Bull antes de ser promovido ao time principal, algo que Lawson não teve, algo ainda mais necessário diante do fato de ele não aparentar ser um prodígio como o holandês.
Seria apenas mais um piloto fritado no longo rol da escuderia dos energéticos, que até teve um período de calmaria entre 2021 e 2024 com Sergio Perez correndo ao lado de Max Verstappen, que até deu conta do recado, antes que a situação desandasse na segunda metade do ano passado. O último piloto a andar no nível de Max tinha sido Daniel Ricciardo, que deixou o time ao fim de 2018. Pierre Gasly, Danill Kvyat, Alexander Albon, todos eles foram descartados como se fossem peças inúteis na visão da cúpula rubrotaurina, por não renderem o que deveriam. A questão é: teriam conseguido fazer melhor do que fizeram de fato? Talvez sim, mas a resposta mais correta seria não.
Há muito se fala que
os carros da Red Bull tem sido criados para o estilo de pilotagem de Max
Verstappen, o que sacrificaria os demais pilotos do time, que sem conseguirem
extrair o mesmo desempenho, obviamente seriam crucificados e dispensados, como
se a culpa fosse inteiramente deles. Verstappen prefere um carro com a frente
responsiva, ou de estilo “front-end” no termo original em inglês, que quer
dizer uma dianteira firme, que responsa imediatamente ao comando do piloto,
permitindo que ele literalmente se jogue nas curvas, mas que necessita de uma
traseira solta, que na maioria dos casos, não é um comportamento apreciado pelos
pilotos, que gostam mais de uma traseira estável, e por tabela, controlável.
Uma traseira solta muitas vezes é completamente instável, de modo que poucos
pilotos conseguem controlar um carro a partir de certo ponto, caso isso seja
levado a extremos. Verstappen é um destes casos, e a Red Bull, claro,
priorizando seu melhor piloto, resolveu levar isso às últimas consequências,
para o bem e para o mal. E as consequências negativas começam a se avolumar,
algo que era visto apenas nos demais pilotos do time.
Improvável que todos os rifados pela cúpula rubrotaurina de repente se tornem braços duros ao volante. Mas é a escolha que a Red Bull fez. Nada contra essa filosofia, mas quando levada a extremos, tem mais problemas do que benefícios. E isso se acentuou no ano passado, quando a concorrência se acirrou, e se Verstappen conseguiu manter um certo nível de resultados, Sergio Perez naufragou completamente à perda de competitividade do carro, justamente por não conseguir superar este tipo de comportamento do bólido que apenas Verstappen conseguia driblar. O time só começou a prestar atenção a este problema, que já era levantado por Perez em 2023, quando Verstappen também começou a ter problemas, algo que está se repetindo já no início deste ano, com possibilidade de se agravar, e que já está fazendo sua mais nova vítima, Lawson. E até prova em contrário, nada indica que seu substituto, Tsunoda, ou qualquer outro piloto que seja, consiga resolver. Pode até ser que Yuki se dê melhor, mas as chances contrárias a isso ainda são grandes, e refletem essa abordagem que se tornou equivocada pelo nível a que foi levada pelo time dos energéticos, que prefere tirar o seu da reta, e jogar a culpa exclusivamente nos pilotos, à exceção de Verstappen, obviamente, apesar do discurso aventado em contrário, como o alegado de agora querer “proteger” Lawson.
Tal atitude também indica um estado de desespero por parte da escuderia, ao queimar Lawson com tanta rapidez, sem lhe dar chance de tentar entender melhor o carro como for possível, e tentar se ajustar melhor a ele. A pré-temporada das mais pífias, com míseros 3 dias de testes, não ajudou o piloto a se acostumar devidamente com as reações do carro, e as consequências são visíveis. O problema não é a falta de resultados exatamente, e é algo natural que um time tente melhorar sua performance, não aceitando os fracos desempenhos do piloto. O problema é que tudo está sendo jogado como culpa de Lawson, sendo que a própria escuderia tem sua maior parcela de culpa na situação, mas age como se o problema não fosse nem um pouco deles.
Numa época em que a Red Bull ainda tinha um carro mais neutro, Daniel Ricciardo andava tão bem quanto Max Verstappen, às vezes até melhor.
O próprio Adrian
Newey, que projetou todos os carros campeões da escuderia, já havia apontado
que a Red Bull estava escolhendo uma direção errada no desenvolvimento de seus
carros, e que isso teria consequências visíveis, podendo até comprometer a
competitividade da equipe. Isso já tinha sido visto na segunda metade de 2023,
e era algo que até então era visto de forma menor nos anos anteriores, mas só
foi ficar realmente crítico no ano passado, quando a concorrência não apenas
chegou, como até superou a Red Bull na pista. Este foi apenas mais um dos
motivos que levou o engenheiro inglês a deixar o time, sentindo que seu comando
na área técnica já não estava sendo mais respeitado como antes. Obviamente,
Christian Horner e Helmut Marko negaram que a saída de Newey fragilizasse a
escuderia, mas eles admitiriam o contrário? Para a maioria dos efeitos, era
Verstappen quem vencia, não o carro em si, mesmo quando era o melhor bólido da
competição, e onde o holandês já levava talvez uma vantagem injusta perante
seus companheiros de equipe.
O resultado é o que estamos vendo, e agora, com o declínio do desempenho, e onde mesmo o talento de Verstappen está encontrando seus limites, frente a um carro que continua nervoso e problemático, testando, acima de tudo, a paciência do holandês, que já andou meio curta no ano passado quando a situação perigou escapar ao controle. Certamente, não fosse a fase inicial do campeonato, onde Max enfileirou vitórias e abriu uma larga vantagem que serviu como seguro para o restante da temporada, permitindo ao piloto administrar a situação com alguma folga, a situação poderia ter ficado ainda mais crítica, e quem sabe, até ter perdido o título, na pior as possibilidades.
E o próprio Verstappen confirma isso. No ano passado, ele ainda defendeu Perez dos problemas de desempenho que o mexicano vinha apresentando, revelando que o carro era complicado de se entender e pilotar, e que isso era o maior responsável pela queda de Sergio nos resultados das corridas, minimizando os erros do colega na pilotagem, que seriam consequência deste comportamento arisco do bólido. E agora mesmo, o mesmo Verstappen critica a fritura de Lawson pela escuderia, pelo óbvio motivo de ter sido realizadas apenas duas etapas, e que o carro é ainda mais complicado do que o do ano passado, revelando que os problemas de comportamento não foram solucionados a contento.
Tão séria é a situação que a Red Bull resolveu fazer uma reunião emergencial na sede, em Milton Keynes, ao invés de ir diretamente da China para o Japão, palco da próxima etapa, para discutir a situação e tentar encontrar soluções para os problemas, algo que pode ser complicado de achar, visto a política de desenvolvimento do carro visando apenas seu agora tetracampeão mundial. Não é algo que possa ser resolvido da noite para o dia, quando há anos o time já vem agindo dessa forma na área técnica.
Danill Kvyat foi rifado na Red Bull mais para a entrada de Max Verstappen do que por suas más atuações, e nunca se recuperou completamente do rebaixamento que sofreu.
Concentrar forças em
apenas um piloto pode ter algumas vantagens, mas também possui suas
desvantagens e reveses. A questão é acertar o ponto de equilíbrio onde o
segundo piloto não fique exageradamente sacrificado, pois cria-se uma
dependência por vezes até extrema do primeiro piloto. O caminho escolhido pela
Red Bull não é uma novidade, e já vimos algo parecido muitos anos atrás, na
própria F-1.
Nos anos 1990, com Michael Schumacher tornando-se a estrela capital da equipe Benetton, pode-se dizer que o alemão foi extremamente paparicado pelo time multicolorido, a ponto da escuderia criar um bólido específico para o modo de pilotar de Michael, que gostava de um carro nervoso, e por vezes, bem arisco, mas que ele conseguia domar com seu grande talento de pilotagem. Só que isso começou a ser um ponto negativo para os demais pilotos do time, que passaram a enfrentar problemas para acompanhar o ritmo do alemão, e não apenas na diferença de talento, mas no comportamento do carro. O resultado foi que o time da marca de modas italiana começou também a “rodar” os companheiros do alemão, que claro, não rendiam como se esperava, para não mencionar que acabavam defenestrados por Flavio Briatore quando exigiam melhores condições de ajuste do carro. Briatore, claro, dava de ombros para os outros pilotos, pois Schumacher segurava as pontas, vencia corridas, e até títulos. Por quê mudar?
Só que em 1995, após conquistar o bicampeonato, Schumacher surpreendeu a todos anunciando sua ida para a Ferrari, e isso deixou a Benetton em risco. A nova dupla de pilotos, Jean Alesi e Gerhard Berger, não conseguiram pilotar o carro da escuderia, feito para o modo único de Schumacher pilotar, no extremo como seria necessário, e nenhum dos dois, apesar de não serem gênios como o alemão, eram pilotos ruins, diga-se de passagem. Os pilotos chegaram a classificar o comportamento do bólido como até “perigoso”, ilustrando o problema que o carro apresentava, o que claro, fez com que ambos os pilotos não pudessem mostrar tudo o que podiam com aquele carro. Naturalmente, os resultados despencaram incrivelmente, e a Benetton nunca mais disputaria um título, embora conseguisse uma vitória ocasional aqui e ali com a nova dupla de pilotos. A escuderia não conseguiu produzir novos carros mais “neutros” como era necessário, sem falar que Schumacher desfalcou o setor técnico da equipe ao levar seus principais nomes também para a Ferrari, o que complicou a situação da Benetton ainda mais. No final, o time acabou sendo vendido. A Red Bull conseguirá evitar de sofrer fiasco parecido? Ela já perdeu seu principal cérebro na área técnica, Adrian Newey, e até o presente momento, seu substituto, Pierre Waché, ainda não mostrou ter a mesma desenvoltura do mago das pranchetas, o que pode dificultar ao time dos energéticos achar um caminho para melhorar o desempenho dos carros por igual.
Pierre Gasly sofreu com a impaciência da direção rubrotaurina e rebaixado sem completar uma temporada completa.
Tenho visto vários
argumentos a favor da Red Bull centrar forças unicamente em Verstappen,
alegando que é irracional você desenvolver um carro “lento”, só para agradar o
piloto que não rende nada no time, e que o objetivo é vencer, não importa o que
for preciso. E que fazer um carro só para o estilo de um piloto não é contra o
regulamento. Várias destas justificativas revelam um ar de ignorância e
imbecilidade preocupantes, porque embora pareçam lógicas à primeira vista,
estão esquecendo do contexto geral.
Se tudo vai para um piloto, que sentido há ter dois pilotos então? Corra-se apenas com um, já que preferem ignorar o segundo piloto, que para estes imbecis, só existe porque a regra impõe dois carros por escuderia. Só que, desse modo, esqueça a briga pelo campeonato de construtores, que embora possa não ter o mesmo brilho do campeonato de pilotos, é quem gera a premiação financeira que ajuda o time a justificar sua permanência na competição, dependendo menos de patrocinadores, os quais também ficam muito felizes se o time vence este campeonato, e não apenas o de pilotos.
Um carro “neutro”, por tabela, não quer dizer um carro lento, como estes imbecis ficam apregoando. E um carro nervoso, por tabela, não é também ser um carro confirmadamente rápido. Um bom exemplo era o que acontecia na Mercedes na década passada, no que foi o maior período de hegemonia de um time na história da F-1. Os carros prateados eram mais neutros, e por isso, podiam render tanto com Lewis Hamilton, quanto com Valtteri Bottas, ou com Nico Rosberg. E isso não fazia os bólidos serem lentos, muito pelo contrário. E aqui, este detalhe é usado costumeiramente até para depreciarem Lewis Hamilton, a quem muitos chamam de “maior farsa” da história da F-1, alegando suas conquistas unicamente ao carro que pilotou, e não a um talento “de verdade” como piloto de ponta. Muitos usam os resultados dos companheiros de Hamilton para nivelar por baixo sua performance, comparando para as diferenças que Verstappen impõe a seus companheiros de time. O problema é que os companheiros do holandês já entram em desvantagem no comportamento do carro, e não apenas na diferença de talento entre eles. Na Mercedes, esse desnível era menor, porque os pilotos podiam levar os carros ao limite, respeitadas suas diferenças de estilo, mas que não tinham esse problema que é visto no time dos energéticos. Isso capacitou Nico Rosberg a ser campeão em 2016, sem desmerecer o talento do piloto, da mesma forma como Bottas conseguiu ser vice-campeão, podendo extrair desempenho do carro sem sofrer o mesmo tipo de martírio que os colegas de Verstappen enfrentam. Mas claro que, para essa turma, isso é esquecido, e que só afirmam mesmo que Hamilton “não é” um piloto diferenciado, muito pelo contrário. As diferenças menores impostas por Hamilton a seus colegas de time derivavam de o carro servir para todos os pilotos, enquanto na Red Bull esse comportamento do carro mais particular ao estilo de Verstappen exacerba a diferença para os companheiros de time, mais do que deveria existir naturalmente se ambos pudessem extrair tudo o que fosse possível igualmente, de acordo com suas capacidades. E aí, claro muito provavelmente Max não imporia tamanha diferença para seus parceiros, o que não diminuiria seu enorme talento, mas talvez fizesse menos furor. Mas para muitos destes idiotas, o argumento é usado contra Hamilton, e ignorado em favor de Verstappen, no desmerecimento do heptacampeão.
Um carro criado para o estilo particular de pilotagem de alguém nunca foi algo irregular, desde que o bólido cumpra as regras técnicas estabelecidas, como alguns também ficam apregoando por aí, de que este tipo de carro seria ilegal. Se a Red Bull não consegue criar um carro “neutro” que seja veloz, aí é um problema de seu setor técnico, que mostra uma limitação preocupante, haja visto, como mencionei, que o próprio Verstappen começa a chegar ao seu limite na condução do carro. Um carro mais neutro iria ajudar o próprio tetracampeão, que se é tudo o que seus fãs vivem apregoando, claro que poderia tirar até mais performance de um carro comportado do que de um carro nervoso, pelo simples fato de não ter que ficar brigando com o bólido tentando ser mais rápido. Parecem esquecer, convenientemente, que o lance de adaptação de um piloto tem seus limites.
Obviamente, quando argumentam que o piloto tem de se adaptar ao carro, e não o contrário, como se o inverso fosse comportamento de “prima donna”, esquecem-se de que esse mandamento nunca foi regra pétrea, muito pelo contrário. Os pilotos passam seu feedback aos engenheiros, e com base neles, a regra é tentar fazer com que o carro possa render mais, de acordo com as percepções do piloto, que obviamente, tenta trazer o carro mais para o seu estilo de condução. Mas a regra comum é os times buscarem um ponto de equilíbrio no comportamento dos carros, de modo que ambos os pilotos possam usufruir das melhorias desenvolvidas para maximizar a performance como um todo. Isso acontece em maior ou menor grau, visando ao benefício da escuderia como um todo. Casos de times que preferem levar isso a extremo como a Red Bull vem fazendo são a exceção.
Promovido para o lugar de Pierre Gasly, Alexander Albon acabou sofrendo o mesmo destino do francês na Red Bull: rebaixamento para o segundo time.
E quando o caso é de
um estilo de pilotagem mais particular, como o de Verstappen, a situação fica
ainda mais séria, como estamos vendo. E não se trata de defender privilegiar o
piloto “lento”, contrariando a norma corrente, que estas pessoas dizem que é
apostar sempre no melhor piloto. Só que dar mais apoio ao segundo piloto não
significa deixar de priorizar o melhor piloto, como fazem querer acreditar. E,
em um esporte de riscos como é o automobilismo, é fácil para quem está do lado
de fora dizer que o piloto tem de se virar com o carro e tratar de andar, e
parar de reclamar toda hora. Não é bem assim que as coisas funcionam, ou devem
mesmo funcionar. Todo piloto tem sua capacidade de adaptação ao carro que
pilota, mas em determinados casos, isso não é suficiente. É preciso pensar como
você pode levar um carro a mais de 300 Km/h com um comportamento arredio e
nervoso. Pilotos como Verstappen tem uma capacidade maior de adaptação, mas é
irreal achar que os demais, por não conseguirem se adaptar, passam a ser
fracassados e derrotados. Conduzir um bólido a alta velocidade exige confiar no
carro que pilota, saber como ele irá se comportar, e se na pior das
possibilidades, no perigo de sofrer um acidente, tentar imaginar como evitar
isso, dependendo do que acontecer.
Pelos motivos expostos acima, está claro qual foi a escolha da Red Bull nestes anos. Teve seus sucessos, mas não pode ficar criando caso com os fracassos decorrentes de suas opções de ação, como se os pilotos fossem os únicos culpados. E eles próprios também não querem ter dois pilotos vencedores no time, portanto, sua política de resultados por vezes beira a hipocrisia, pelos extremos a que levaram tal situação. E isso, sem mencionar, as consequências futuras.
Já se comenta que Verstappen poderia deixar o time já para 2026, e alguns boatos já falam até na Mercedes contando com o holandês, em que pese todo mundo negar de pés juntos tal possibilidade. Mas, sem Max, como a Red Bull vai se comportar, a prosseguir com este tipo de carro complicado que criou?
Vimos situação similar na MotoGP, onde a Honda, na última década, foi desenvolvendo um protótipo complicado de pilotar, algo que era avisado constantemente pelos pilotos da marca na competição, e amplamente ignorados pela fábrica, uma vez que Marc Márquez, sua grande estrela, conseguia domar a moto, e vencer corridas, e até campeonatos. Mas, uma vez sem Márquez, a Honda se viu nua, e desmantelou-se a tal ponto, persistindo no erro de continuar com uma moto irascível, que mesmo quando Márquez retornou à disputa, até ele não conseguiu mais domar o equipamento, e o esforço para tentar levar ao extremo cobrou seu preço, com o piloto sofrendo inúmeras quedas e acidentes, e por pouco não se machucando feio. A consequência foi o hexacampeão pular fora daquela roubada, e hoje, ele está na Ducati, uma moto competitiva, mas que é muito mais comportada, e que serve para todos os pilotos da marca na competição, que podem dar o seu máximo, respeitadas suas diferenças de capacidade, tendo que se concentrar apenas nos riscos inerentes do esporte, enquanto a Honda ainda luta para reencontrar o seu rumo na MotoGP.
Se Verstappen se cansar de ter que ficar toureando seu carro a toda hora, ele certamente buscará um equipamento mais dócil de conduzir, e claro, competitivo, e aí, o que sobrará para a Red Bull? Fica o exemplo do que aconteceu com a Benetton, e mais recentemente, com a Honda na MotoGP. Não é errado um time privilegiar um de seus pilotos, e concentrar mais forças nele. O problema é levar isso a um nível que inviabiliza os trabalhos a bom termo do segundo piloto. Do equilíbrio entre estes objetivos resulta o verdadeiro sucesso de uma escuderia, agindo como um todo. Do contrário, será um sucesso apenas parcial, e com consequências que podem gerar sequelas difíceis de curar, ou até mesmo de se recuperar completamente.
![]() |
Sergio Perez desfrutou de certa estabilidade na Red Bull: permaneceu por quatro temporadas, até ser rifado também por não conseguir superar os problemas do carro da escuderia como Verstappen. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário