A F-1 promete um campeonato bem disputado em 2025, mas será que as expectativas irão se confirmar, ou alguém ira desequilibrar a equação?
A Fórmula 1 está
embarcando neste final de semana para a Austrália, onde no próximo final de
semana dá a largada para a temporada de 2025. É uma longa viagem até Melbourne,
e o circuito do Albert Park está pronto para receber a categoria máxima do
automobilismo, que vive uma grande expectativa do que poderá oferecer este ano.
Mas tem muita gente que já este de olho em 2026, onde o regulamento técnico
muda de novo, com novas regras tanto para os carros como para as unidades de
potência, que ficarão mais simples, mas lança no ar uma pergunta mais do que
pertinente: com os times começando a entender melhor o novo regulamento que
estreou em 2022, para quê ficar mudando de novo? Periga ocorrer o que tivemos
naquele ano, com um time se dando melhor que os outros, e deixando a competição
menos equilibrada. Mas a F-1 inicia o ano do jeito que dá, e se teima em
cometer os mesmos erros, que se vire com isso.
A começar, novamente, pela pífia pré-temporada. Eu sei que posso parecer chato reclamando disso, mas não sou o único. Times e pilotos também tem suas queixas sobre ter uma pré-temporada tão esdrúxula de míseros três dias, e Carlos Sainz Jr. foi o mais enfático, ao dizer que ele e seu novo time, a Williams, não puderam fazer tudo o que planejavam. Pelo menos, parece que vão corrigir isso para 2026, até porque, com o novo regulamento técnico, seria idéia de jerico repetir a pré-temporada como foi este ano, se bem que a FIA e a F-1, por incrível que pareça, costumam se esmerar em ver quem parece mais idiota no que tange a alguns assuntos, então...
Que o diga a regra de fazer dois pit stops obrigatórios em Mônaco para tentar dar algum tempero a uma corrida que há tempos é a mais sem sal do calendário. Lógico que o circuito tem sua parte de culpa, mas no caso da F-1, o problema mesmo são os carros. Afinal, a Formula-E tem corrido no mesmo traçado do Principado utilizado pela categoria máxima do automobilismo, e tem conseguido dar show, com muitas disputas de posição, ultrapassagens, e imprevisibilidade. Já vi sugestões de mudança do traçado, algo complicado diante de se tratar de uma pista de rua, ainda mais por ser onde é, mas nunca parecem levar estas idéias a sério, preferindo idéias menos inspiradas, e com tendência a dar em nada. Dá a impressão de que, se acatarem as sugestões, e as coisas derem certo, eles ficarão com cara de tacho, e aí o orgulho sobe nas alturas, ou talvez seja a ignorância da cartolagem que rege o automobilismo mundial, que já começou 2025 fazendo asneira, como a nova regra “anti-boca suja” descida talo abaixo pelo presidente da FIA, que a cada dia que passa, parece até o Lula, sem idéias práticas, mas tentando dar uma de gostosão e mostrar que é o rei da cocada preta... O mundo anda intragável nestes últimos tempos, e agora ainda temos um aloprado na presidência dos Estados Unidos contribuindo para deixar tudo ainda mais bagunçado do que já era... Parece que 2025 vai ser mesmo dose... Haja paciência para aturar tanta pasmaceira...
Max Verstappen está pronto para brigar por mais um título, mas precisará que o novo carro corresponda às necessidades do piloto.
Por isso mesmo, a expectativa
de que tenhamos um campeonato bem disputado na F-1, até para fazer a gente
esquecer tanta imbecilidade no dia-a-dia, anda em alta, mas resta saber se ela
irá se cumprir. Há razões para otimismo, mas o pessimismo não precisa de
convite para entrar na festa, e podemos ter de tudo um pouco, dependendo do
foco. Por exemplo, parece consenso de que Mercedes, McLaren, Red Bull e Ferrari
poderão se digladiar nas pistas este ano, na briga pelas vitórias, talvez com
maior intensidade do que vimos em 2024. Mas, falta combinar com os rivais, e
neste ponto, cada um parece puxar a sardinha para seu lado, de forma mais ou
menos crível. Na McLaren, por exemplo, temos a unanimidade de que pode ser o
carro a ser batido no ano, especialmente pelo ritmo demonstrado em simulação de
corrida na pista de Sakhir, o que deixou os rivais alvoroçados, ou seria melhor
dizer, arrepiados? Fica a dúvida de qual será a real força dos carros de
Woking, até porque, nos treinos, eles tiveram dificuldades para esconder o
jogo, mas bem que tentaram parecer não tão bons quanto realmente podem ser.
Campeã de construtores do ano passado, podemos dizer que a escuderia inglesa é
favorita ao título? Depende.
Por mais que Lando Norris e Oscar Piastri sejam uma dupla talentosa, ambos saíram depreciados em 2024 por desperdiçarem muitas chances quando tinham o melhor carro da competição. Ambos possuem velocidade e capacidade, mas isso não basta para vencer o campeonato. Mas não só a dupla de pilotos precisa se esmerar, o time também precisa readquirir o ritmo de equipe vencedora, algo que também ficou faltando em várias provas da última temporada, o que atrapalhou os resultados de Norris e Piastri, que poderiam ter almejado posições melhores em diversos momentos, se o time fosse mais preciso fora da pista. Resta saber se a lição foi devidamente assimilada, e que tais erros, se não desaparecerem, sejam minimizados. Com a parte técnica produzindo o que pode ser o melhor carro do campeonato, resta ao time focar nos pontos fracos já identificados em 2024, e partir para cima da concorrência, na tática da melhor defesa ser o ataque, para deixar os rivais desnorteados, se o carro for assim tão bom como se espera. E Norris precisará se dedicar para não deixar Piastri questionar sua posição de líder do time na pista. O australiano, dizem, comemorou discretamente a “derrota” do colega por Verstappen em 2024, de modo que o time inglês manterá sua política de disputa livre na pista, algo que poderia ser mudado, caso Lando tivesse sido campeão. Resta saber se Oscar irá ser mesmo uma ameaça ao inglês, ou ficará pelo meio do caminho, brilhando apenas ocasionalmente.
A Ferrari promete brigar, mas ao mesmo tempo, fala que precisa trabalhar mais, o que indica que precisa melhorar o desempenho.
E quem vai ser o
principal rival dos carros laranjas? Aqui a situação parece se dividir um
pouco, com Ferrari e Red Bull disputando a posição de primazia na briga. Pelo
lado do time dos energéticos, há um misto de satisfação e preocupação. O novo
modelo RB21, dizem, corrigiu parte dos problemas apresentados pelo modelo RB20,
o que significa que alguns problemas ainda não foram solucionados. A performance
melhorou, mas o ritmo de corrida preocupa, até porque não conseguiram fazer uma
simulação a contento que satisfizesse o time, que por sua vez, enfrentou alguns
problemas, especialmente no segundo dia, com Liam Lawson, relacionado à unidade
de potência. Não por acaso, a Red Bull foi a escuderia com a menor
quilometragem dos testes, o que pode não ser um bom sinal. E agora, acima de
tudo, não tem mais Adrian Newey coordenando a área técnica para achar soluções
para os problemas. O trunfo do time dos energéticos é Max Verstappen, o atual
tetracampeão do mundo, que no ano passado mostrou sua capacidade segurando a
barra do time quando as coisas desandaram. Mas mesmo o braço e talento do
holandês tem seus limites, e especialmente, sua paciência. Ele cometeu algumas
estripulias no ano passado, diante da incapacidade de conseguir vencer na
segunda metade da temporada, mas conseguiu manter as coisas sob controle na
maioria dos momentos difíceis. Mas, se as coisas se complicarem novamente este
ano, desde o início da competição, como ficará a relação do piloto com o time é
uma incógnita. Não seria de bom tom, porém, subestimar tanto Verstappen quanto a
Red Bull, mas Helmut Marko tem mostrado certa inquietação, como prova de que
nem tudo está saindo conforme o planejado nas garagens de Milton Keynes.
Andrea Kimi Antonelli: aposta da Mercedes terá um batismo de fogo estreando logo em um time de ponta que quer voltar a brigar na frente.
Além, disso, a Red
Bull terá que ver também como Liam Lawson irá se comportar como companheiro de Verstappen.
Não se espera que ele dificulte as coisas para o holandês, mas por outro lado,
o time quer que ele se saia melhor que Sergio Perez, que infelizmente sucumbiu
aos desaires do modelo RB20, com o próprio Max saindo em defesa do mexicano.
Resta saber se a escuderia irá queimar Lawson, ou lhe dar a merecida paciência
de aguentar as pressões que um time de ponta pode exercer. Mas como o time
austríaco também quer dar a volta por cima em relação ao campeonato de
construtores, um mal desempenho do piloto pode não ser muito positivo tanto
para Liam quanto para a própria Red Bull, em sua política de concentrar
esforços unicamente em Verstappen, o que pode deixar o tetracampeão tendo
novamente que lutar sozinho contra os rivais na pista, algo que ele não
apreciou no ano passado.
E a Ferrari? O time de Maranello fez bons tempos, e apresentou boa performance em simulação de corrida, mas a própria escuderia reconhece que apesar dos resultados animadores, precisará de mais se quiser ser campeã este ano. O carro é quase inteiramente novo, e há alguns desequilíbrios que precisam ser corrigidos, além de obter maior velocidade e melhorar a fiabilidade e o desgaste de pneus, que segundo eles, ainda é ligeiramente superior ao da McLaren. O que pode ajudar é a motivação da dupla de pilotos, talvez a mais forte da F-1 atual, com o talentoso Charles LeClerc, talvez o mais veloz piloto do grid em classificação, além do cultuado heptacampeão mundial Lewis Hamilton, que entra na fase final de sua carreira decidido a mostrar que ainda não chegou a hora de pendurar o capacete, e pelo menos logo de cara parece ter gostado do estilo de condução que o novo SF-75 solicita. Frederic Vasseur colocou a casa em ordem em 2024, mas o time poderia ter ido melhor se não fosse uma atualização equivocada do carro que fez a escuderia perder potenciais bons resultados a meio do ano, permitindo à McLaren passar à frente na disputa pelos construtores, e até de pilotos. No final, o time de Maranello apertou o time laranja, mas ficou com o vice-campeonato de construtores, e deixando Lando Norris com o vice-campeonato de pilotos. O desafio será manter a linha de evolução do carro sempre positiva, evitando que a McLaren dispare na frente, ou que Max Verstappen coloque-se na briga com vantagem, apesar dos possíveis dilemas que o time rubrotaurino possa passar. E, claro, também impedir um duelo potencialmente fraticida entre sua dupla, já que nem um nem outro irá querer ficar atrás no grid. Os ferraristas estão empolgados como há muito não se via, mas a apaixonada torcida rossa sempre pode passar da idolatria ao desprezo e crucificação se sentir que seus pilotos não estão “honrando” a camisa vermelha de Maranello. Por enquanto, a relação é de amor para com a dupla de pilotos, em especial Hamilton, que chegou encantando a todos, mas precisará mostrar resultados na pista, se não quiser ser engolido pelas cobranças dos fãs, e claro, por LeClerc.
O novo carro da McLaren promete arrepiar a concorrência. Resta o time e seus pilotos não repetirem os erros de 2024 para batalharem firme pelo título deste ano.
A Mercedes,
claramente, parece ter concebido um bom carro. Mas, quão bom? O modelo W15
começou mal o ano, melhorou a meio do campeonato, e depois despencou de novo,
recuperando um pouco da performance nas etapas finais, deixando o time apenas
como 4ª força. O novo W16 é a promessa do time voltar às posições de frente,
mas claramente o bólido ainda precisa melhorar sua performance de corrida, algo
que já foi objetivo de discussão em parte da temporada passada, e que agora
precisa ser conferido se foi corrigido a contento, a fim de que o carro ofereça
uma expectativa de desempenho mais uniforme entre as corridas. Neste ponto,
pelo menos o novo carro mostrou-se estável e confiável, a ponto de a Mercedes
ter sido o time que mais rodou na pré-temporada. Apesar de Russell ter
terminado o último dia com o melhor tempo, será preciso conferir a medição a
fundo com os rivais quando a temporada começar, e ver se o time irá pelo menos
tentar se embrenhar no duelo já esperado entre Ferrari e Red Bull. A escuderia
já começa tendo que se preocupar em dar a Andrea Kimi Antonelli o ar necessário
para respirar em sua chegada à F-1, ainda mais em um time de ponta como o de
Brackley, que busca voltar a ser a referência na competição como foi na década
passada. O novato andou forte e sem cometer erros na pré-temporada, mas e
quando a competição começar com tudo, e sentindo a pressão? Erros naturalmente
virão, e será preciso relativizar esses momentos, até para não melindrar o
garoto. Resta saber se a Mercedes conseguirá manter essa promessa, ainda mais
se Antonelli não mostrar performance logo de cara, mesmo com todas as benesses
que o time pode lhe dar nesta área. Substituindo Hamilton no time prateado, é
claro que os olhares estarão sobre o piloto, que precisa achar o seu espaço,
até porque será inevitavelmente comparado com os outros novatos do grid, todos
muito promissores, ainda que estejam defendendo posições diferentes no grid
devido aos times que defendem. Mas quem também será cobrado é George Russell, agora
na posição que sempre quis, de líder efetivo do time, que é quem terá a maior
responsabilidade de liderar a esquadra germânica na pista. E, no que depender de
Russell, ele irá partir para cima dos adversários, em especial Max Verstappen,
com quem andou discutindo recentemente a cerca dos modos pouco educados do
tetracampeão na pista, e prometendo não dar mole nas próximas disputas. Uma
disputa que, nos poucos momentos em que se encontraram na pista até aqui,
mostrou que o inglês pode ser sim um rival duro para o holandês, e que dá aos
torcedores a expectativa de termos disputas bem acaloradas, que é o que todos
querem ver.
Quais palpites se confirmarão? A resposta, semana que vem, em Melbourne...
Listas dos “melhores” de todos os tempos sempre costumam sair com alguma frequência em muitos assuntos, e no automobilismo não é diferente. E a F-1, claro, ajuda a engrossar a lista de discussões sobre quão válidas são essas relações, que levam com frequência a muitas discussões, por vezes acaloradas, entre fãs, e até mesmo entre profissionais do ramo. A lista dos “melhores” 20 pilotos divulgada recentemente, mesmo sem apresentar uma ordem clara, já comete erros crassos em excluir dois brasileiros desta relação: Nélson Piquet e Émerson Fittipaldi, respectivamente um tricampeão e um bicampeão do mundo, incluindo pilotos que nem sequer foram campeões da competição. Por mais subjetivos que possam ser alguns parâmetros, como o lance de reconhecer o talento de alguns pilotos que, por azares ou problemas alheios a seu controle, nunca conquistaram um merecido título, a listagem continua sendo equivocada. Um critério mais correto seria incluir na listagem todo e qualquer piloto que tenha conseguido pelo menos dois títulos mundiais na competição, o que já os diferencia do restante de pilotos campeões. E o Brasil não é o único país “injustiçado” nessa listagem dos 20 melhores pilotos: a Finlândia também não viu Mika Hakkinen na lista, que incluiu Kimi Raikkonen. Nada contra Raikkonen, mas pelo currículo, Hakkinen, que foi bicampeão, teve mais méritos na sua carreira na F-1. Nigel Mansell, que foi campeão apenas uma vez, e em um ano onde não teve praticamente concorrentes à altura, mostra pachequismo de quem fez a listagem, justamente por ignorar Piquet, que foi 3 vezes campeão, por dois times diferentes, e em duas ocasiões, sem ter o melhor carro da disputa. E Émerson Fittipaldi, claro, foi um dos gigantes dos anos 1970, ao lado de Jackie Stewart e Niki Lauda. Talvez a única inclusão mais justa nesta listagem seja Stirling Moss, que foi nada menos que quatro vezes vice-campeão, e é reverenciado até hoje pelos ingleses como o “campeão sem título”, alegando que o piloto possuía um talento fenomenal, mas nunca deu sorte de conquistar um título por alguém estar no seu caminho. Pode até ser verdade, mas ainda assim, não confere maior credibilidade à listagem, que virou motivo de piada para muita gente, em um momento onde a FIA não anda gozando de muita credibilidade, especialmente seu presidente, em um momento onde se começam os planejamentos para a eleição do próximo presidente da entidade, que ocorre este ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário