sexta-feira, 14 de março de 2025

HORA DA LARGADA DA F-1 2025!

A cidade de Melbourne recebe a primeira etapa da F-1 em 2025, no já tradicional circuito do Albert Park.

            Começou a temporada da Fórmula 1. Os carros já entraram na pista do Albert Park hoje, e as cartas já foram embaralhadas, jogando algumas certezas e incertezas a respeito da provável relação de forças da competição. E, claro, sendo necessário esclarecer alguns detalhes a respeito das condições que vimos nos primeiros treinos livres de Melbourne em relação à pré-temporada.

            Ficou nítido que todo mundo ainda está explorando os carros. Algo mais do que natural quando tivemos uma pré-temporada tão pífia, com míseros 3 dias de trabalhos na pista, sendo que cada time ainda andou com apenas um carro de cada vez. Notório que todo mundo não conseguiu acertar todos os detalhes de seus novos projetos, e mesmo quem conseguiu evoluir mais neste aspecto, todos os carros passaram por revisões nas fábricas, na semana após os testes no Bahrein, para mudanças decorrentes das necessidades que os testes evidenciaram para cada projeto. Assim, todos os times já chegaram à Austrália com mais ou menos novidades nos carros, procurando corrigir erros, desequilíbrios, e o que mais tiver sido considerado digno de melhoria, ainda mais emergencial. E, claro, é preciso lembrar que a pista do Albert Park guarda grandes diferenças em relação ao circuito de Sakhir, no Oriente Médio.

            O circuito barenita possui um asfalto bem mais abrasivo do que o da pista australiana, para não mencionar a diferença de conceito do traçado, já que Sakhir é um autódromo permanente, e o traçado do Albert Park é um circuito semipermanente, utilizando parte das ruas do local, que raramente servem de palco para outras competições. O asfalto da pista australiana é menos aderente, daí a escolha da Pirelli pelos compostos mais macios disponibilizados aos pilotos, visando proporcionar melhor aderência aos bólidos. As necessidades aerodinâmicas também são diferentes, com os carros precisando de mais asa devido às fortes freadas e muitas curvas da pista australiana, que felizmente não é tão travada como se espera de pistas urbanas. E, também, a temperatura: por incrível que pareça, o tempo no Bahrein estava fresco, sendo que chegou até a chover em determinados momentos. Aqui na Austrália, por outro lado, o calor está forte, com a temperatura no asfalto passando dos 40ºC, o que impacta diretamente no comportamento dos pneus, e nos próprios carros, que apresentaram aberturas maiores para refrigeração dos radiadores e demais sistemas. E, levando em consideração como os carros são sensíveis, todo mundo começou tentando achar o ajuste fino de seus bólidos, e os pilotos, obviamente, ainda buscam achar os limites dos carros, e os seus próprios, com direito a algumas escapadas e saídas de pista em determinadas curvas.

Max Verstappen não teve um primeiro dia de treinos positivos. A Red Bull vai reagir, como conseguiu fazer em vários momentos?

            Assim, não é de se estranhar que Lewis Hamilton ainda esteja precisando se adaptar melhor ao carro da Ferrari, tendo sido superado por Charles LeClerc, que já conhece o comportamento do carro italiano com muito mais intimidade, e fez valer este conhecimento nos treinos desta sexta-feira. Hamilton está procurando adaptar seu estilo de pilotagem ao novo carro, depois de ter conduzido carros com motores Mercedes desde sua estréia na F-1 em 2007, e aos poucos, vai tentar chegar mais perto de LeClerc, se não, superá-lo. Por mais que digam que campeões tem que sair mostrando os tubos seja com que carro for que estiverem conduzindo, é preciso lembrar que os bólidos da categoria máxima do automobilismo ficaram bem mais sensíveis nos últimos anos, exigindo dos pilotos adaptações para renderem tudo o que podem, e isso se aplica a qualquer piloto. De minha parte, acho que essa necessidade de adaptação por vezes pode ser uma mancha na capacidade de alguns pilotos, que demonstram dificuldades de adaptação a determinados carros, quando pelo estimado talento que possuem, deveriam tirar isso de letra. Isso rende acaloradas discussões entre fãs e jornalistas, e não é o assunto focal desta coluna.

            Encorajador ver que a Ferrari, com LeClerc, fez o melhor tempo no segundo treino livre, e Hamilton, apesar de tudo, está ali perto, em que pese ainda precisar melhorar. A McLaren, claro, confirma sua força, com Piastri a superar Norris por curta margem, mas determinado a não ser sombreado pelo vice-campeão de 2024. A Red Bull, por outro lado, confirma que vai ter trabalho, pelo menos em Melbourne, onde Max Verstappen prefere não alimentar ilusões de vitória, tendo ficado mais de meio segundo para trás. E, para complicar, Liam Lawson não começa no time melhor do que Sergio Perez vinha fazendo no ano passado, tendo ficado um pouco longe do holandês, que reclamou de falta de aderência do carro, não de seu comportamento em si. A Red Bull vai ter trabalho para a classificação, mas não está sozinha nisso. A Mercedes também teve seus desaires, em especial com os pneus, já que pareceu não se entender com os compostos mais macios, que serão cruciais na classificação, se quiserem ter uma boa posição de largada, algo muito importante neste circuito, que apesar de ter várias zonas de DRS, continua sendo de difícil ultrapassagem, e largar muito atrás pode comprometer as chances de um bom resultado. Já se esperava que ambos os times tivessem algumas dificuldades, pelo que falaram nos testes da pré-temporada, mas muitos especulavam se seriam blefes ou a realidade, que se mostrou um pouco mais severa do que o esperado para ambas as escuderias. George Russell fez o 10º tempo no segundo treino, enquanto o novato Andrea Kimi Antonelli foi apenas o 16º, preocupando-se em não cometer erros, e até ficando a uma distância aceitável de Russell. O ritmo de corrida com os pneus médios e duros, contudo, dá esperanças para o time prateado, desde que não fiquem presos lá atrás no grid e na prova.

Charles LeClerc terminou a sexta com o melhor tempo para a Ferrari. O time de Maranello parece vir forte para a briga.

            Mas tivemos também surpresas, e quem diria, a Racing Bulls, o time “B” da Red Bull, é que andou melhor do que o time principal, com Yuki Tsunoda tendo que suar para deixar seu novo companheiro, o novato Isack Hadjar, para trás, no segundo treino livre. A dupla marcou o 4º e 6º melhores tempos, enquanto Verstappen foi o 7º colocado, e Liam Lawson, apenas o 17º. Imagino que Sergio Perez deva estar mandando lembranças para o seu substituto no time nos energéticos a esta altura… No que pode ser sua última temporada na F-1, Tsunoda não pode nem pensar em ser superado por Hadjar, que já chega no time colocando pressão no nipônico e mostrando muita velocidade. Se Lawson não ficar mais perto de Verstappen durante o ano, há quem já veja Hadjar ganhando uma promoção antecipada, e isso não é mera especulação, conhecendo o humor irascível de Helmut Marko.

            Assim como também não se pode fiar na palavra de Flavio Briatore, que parece estar atento ao mínimo deslize de Jack Doohan para sacá-lo do time e colocar Franco Colapinto no carro. Pelo menos aqui no Albert Park, Doohan até o presente momento vem segurando a onda, andando até à frente de Pierre Gasly, ainda que por pouca diferença. O time francês chegou a marcar tempos fortes com o francês no primeiro treino livre, a exemplo da Williams com sua dupla de pilotos, mas ambos os times caíram um pouco para trás conforme os times foram acertando melhor seus carros no segundo treino. Mas a Williams parece definitivamente pronta para ser a 5ª força no ano, atrás apenas de McLaren, Ferrari, Mercedes e Red Bull, que em tese devem manter suas posições, e apesar da surpresa da Racing Bulls. Já a Alpine parece um pouco atrás, mas sem poder ser ignorada.

A McLaren não decepcionou em Melbourne, mostrando força, e com Oscar Piastri, o piloto da casa, dando o ar da graça nos treinos.

            Com vários novatos estreando como titulares este ano, claro que algum deles iria cometer um erro, o que é natural. E a primeira pancada da temporada veio justamente de um deles, Oliver Bearman, que bateu no primeiro treino livre, e ficou impossibilitado de treinar na segunda sessão, com os mecânicos tendo de reparar o carro, que felizmente não ficou tão destruído como se poderia esperar em um circuito que, mesmo tendo algumas boas áreas de escape, ainda tem muitos muros próximos à pista, altamente convidativos a pilotos que exageram na pilotagem. E olha que tivemos algumas escapadas perigosas, como a de George Russell, que por pouco não encheu um dos muros com sua Mercedes. Como os pilotos precisavam achar os limites, dos carros e de si próprios, achar o ponto certo é crucial, mas passar do ponto é sempre temerário.

            A Haas terminou o segundo treino na lanterna dos tempos, devido à impossibilidade de Bearman voltar à pista, e com Esteban Ocón fechando apenas em 19º e último na pista, o que não foi muito encorajador, mesmo em que se pese o grid apertado, com apenas 1s595 separando Ocón de LeClerc, o mais rápido. Gabriel Bortoleto, em sua primeira participação oficial como piloto titular na F-1, andou bem, mas o mais importante: não cometeu erros. No primeiro treino, ele até ficou na frente de Nico Hulkenberg, o que é um indício positivo, ainda que em um treino onde todo mundo estava tateando os novos carros. No segundo treino, o brasileiro continuou seguro na pista, mas Hulkenberg deu um grande alento ao fazer uma volta espetacular e ficar em 8º lugar, mostrando que, apesar dos pesares, talvez a Sauber consiga alguns brilharetes durante o ano, se bem que é preciso ver se o ritmo de corrida não fará naufragar um esforço hercúleo de conseguir uma boa posição no grid. Bortoleto terá muito a aprender com Nico, certamente.

Isack Hadjar, com a Racing Bulls, foi o melhor novato no primeiro dia de treinos. Ameaça para Liam Lawson no time principal da Red Bull?

            E quem começou o ano sem brilho foi a Aston Martin. Lance Stroll, vejam só, ficou à frente de Fernando Alonso no segundo treino, com o canadense terminando em 9º, e o espanhol em 13º, que exibia um mau humor nítido, indicando que a temporada pode começar pior do que em 2024, e confirmando que as esperanças do piloto, e do time, ficarão centradas em 2026, com o carro novo concebido por Adrian Newey, que terá um longo trabalho para coordenar a área técnica e todos os profissionais que lá estão para atuarem com a sinergia necessária para avançar com os novos projetos, e acima de tudo, saber desenvolvê-lo adequadamente. Um trabalho que já poderá render frutos este ano, se a escuderia se empenhar a fundo em aprender o que Newey tem a ensinar em sua área, ainda que o carro deste ano não vá ter o centro das atenções por muito tempo.

            Mas estas impressões dos primeiros treinos livres são apenas o início. Hoje, pelo horário do Brasil, ainda teremos o terceiro treino livre, e então, a classificação para a corrida, onde poderemos ver quem conseguiu solucionar seus problemas, e quem ainda terá trabalho para acertar seu rumo. É apenas a primeira corrida do ano, de uma longa temporada que tem tudo para ser empolgante e muito disputada. Quem vai sair na frente? Uma boa pergunta, até o presente momento, e as respostas ainda continuam variadas, mesmo com as opções mais óbvias sendo bem conhecidas. E ainda teremos um fator complicador, que deve ser o clima, pois há previsão de grandes possibilidades de chuva para domingo, na hora da corrida. A se confirmar, daria um tempero extra ao início da temporada, que já está deixando o pessoal sonhar alto em algumas coisas… Que venha o restante dos treinos e a corrida, portanto...

 

 

Este vai ser um fim de semana cheio para os fãs da velocidade. Além da estréia da F-1 na Austrália, e também dos campeonatos da F-3 e F-2, teremos também a segunda etapa da MotoGP, que retorna à Argentina, depois que a corrida do ano passado foi cancelada. O autódromo de Termas de Rio Hondo é novamente palco da etapa portenha, que corre risco de perder a prova da motovelocidade, uma vez que o autódromo de Buenos Aires estaria realizando obras visando se tornar a sede da etapa argentina da competição. A corrida Sprint e a corrida de domingo terão largada às 15:00 Hrs., horário de Brasília, com transmissão ao vivo pelo serviço de streaming do Disney+, bem como pelo canal ESPN4 da TV por assinatura. Marc Márquez lidera o campeonato, depois de ter vencido as duas corridas do fim de semana da etapa de estréia da competição, na Tailândia, em sua estréia pelo time oficial da Ducati. Álex Márquez, da equipe satélite Gresini, foi o 2º colocado nas duas provas, que tiveram também o bicampeão Francesco Bagnaia terminando ambas as corridas em 3º lugar. O domínio da marca italiana se confirmou na primeira corrida, com os rivais ficando aquém do necessário para discutir a hegemonia da Ducati. É de esperar um novo domínio da marca de Bolonha na Argentina, e se espera também uma recuperação de Bagnaia, que não conseguiu se opôr a Márquez na pista de Chang, mas estima ter um melhor fim de semana na nova etapa. Moto3 e Moto2, como de costume, também realizarão suas novas etapas no calendário da competição.

 

 

Atual campeão da classe rainha do motociclismo, o espanhol Jorge Martin confirmou nesta quinta-feira que seu retorno à competição infelizmente irá demorar mais do que gostaria. Ausente da etapa de estréia na Tailândia e da etapa da Argentina, Martin confirmou que não participará também da prova dos Estados Unidos, em Austin, no Texas, e também colocou em dúvida sua presença na quarta etapa da competição em Losail, no Qatar. O piloto, que venceu a temporada do ano passado com a Pramac, mudou-se para a Aprilia para este ano, mas logo no primeiro dia de testes da pré-temporada, sofreu uma queda, fraturando a mão esquerda e um dos pés. Após cirurgia para correção dos problemas, o piloto iniciou a recuperação, e já tinha recebido aval para disputar a primeira corrida do ano, quando sofreu nova queda, e fraturou novamente a mão esquerda, necessitando de nova cirurgia, exigindo agora um período de repouso e recuperação maior. E, lembrando o erro cometido por Mar Márquez em 2020, quando o hexacampeão tentou apressar seu retorno após uma queda e cirurgia e só complicou sua situação por dois anos, Martin entende que não deve ter pressa para voltar a competir, preferindo fazer um período de recuperação calmo e sem percalços, vontade que também é da Aprilia, seu time de competição, até porque sua recuperação vem sendo mais lenta do que o esperado, então, nada de forçar a barra. Nas corridas em que Jorge desfalcará o time, Lorenzo Savadori ocupará seu lugar no time de Noale, como já fez na pista de Chang, e repetirá agora na Argentina, e nas próximas provas, enquanto durar a ausência de Martin.

 

 

Outra categoria que também corre no fim de semana é o IMSA Weather Tech Sporstcar, que as 12 Horas de Sebring, na Flórida, Estados Unidos. A prova do campeonato de longa duração dos Estados Unidos terá transmissão ao vivo pelo canal do You Tube do site Grande Prêmio, com início às 11:05 Hrs., pelo horário de Brasília, da primeira parte da prova, com retorno da transmissão para a segunda parte às 17:00 Hrs. Na primeira prova do campeonato, as 24 Horas de Daytona, a Penske/Porsche saiu na frente, com vitória do brasileiro Felipe Nasr junto a seus companheiros de carro.

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