quarta-feira, 12 de março de 2025

ESPECIAL – FÓRMULA 1 2025

            Chegou o momento que todos esperavam! A Fórmula 1 prepara-se para dar a largada da temporada de 2025, e com boas chances de vermos o melhor campeonato dos últimos tempos, se as expectativas se confirmarem. A etapa da Austrália pode nos dar algumas indicações de como se darão as disputas este ano, mas será necessário acompanharmos com afinco as primeiras corridas para termos uma idéia mais precisa de como será a competição este ano. Enquanto não vem o sinal verde da largada, fiquem com um texto especial a respeito do que a F-1 promete para este ano, com suas equipes e pilotos. Uma boa leitura a todos...

FÓRMULA 1 2025

 

No último ano das atuais regras técnicas de carros e propulsores, a categoria máxima do automobilismo promete um campeonato mais equilibrado e disputado. Falta, contudo, combinar com os times e pilotos.

 

Adriano de Avance Moreno

 

O circuito do Albert Park em Melbourne dá a largada para a temporada 2025 da Fórmula 1 neste final de semana.

         A temporada de 2025 da Fórmula 1 está para começar, e com as expectativas mais em alta do que nunca. Depois de vermos um renascimento da competição em 2024, onde por alguns breves momentos até mesmo a conquista do título por Max Verstappen, o seu quarto consecutivo, ficou em dúvida, diante da queda de rendimento da Red Bull e do crescimento dos adversários, a esperança é de que o bom momento vivido pela competição siga neste ano, que marca o fim do atual regulamento técnico, com novas regras para carros e motores entrando em vigor a partir de 2026.

         E a torcida é para que Red Bull, McLaren, Ferrari e Mercedes se engalfinhem na briga pelas vitórias ao longo do ano. Pelos testes da pré-temporada, a McLaren sai na frente na disputa, mas depois do que vimos de seus pilotos no ano passado, pode ser que o time de Woking enfrente dúvidas se conseguirá de fato exercer o domínio que poderia. E isso porque Max Verstappen, mostrando ser o grande destaque do grid atual, conseguiu manter o controle da situação no ano passado mesmo quando a situação parecia desandar no time dos energéticos. A situação se repetirá este ano? Foi consenso que Norris e Piastri não aproveitaram como deveriam a capacidade técnica do carro no ano passado, bem como o próprio time, o que ajudou a não conquistar o título de pilotos, que ficou com o holandês. E se Max voltar a ter um carro mais forte, ou pelo menos, competitivo? Tudo tenderá a ficar ainda mais difícil para os rivais que desejam destronar o novo tetracampeão mundial. Com o novo modelo RB21, que em tese deveria corrigir os problemas apresentados pelo carro de 2024, pode se esperar uma volta do domínio da Red Bull na competição? Os testes da pré-temporada confirmaram que o novo carro é melhor, mas por outro lado, os problemas não foram sanados como se esperavam, a ponto de o time ter tido a menor rodagem nos testes, e até mesmo Verstappen procurando baixar um pouco as expectativas, dividindo as opiniões sobre se isso seria um blefe, procurando jogar o favoritismo para os rivais, ou se a Red Bull continuará tendo problemas, e precisando mais do que nunca do talento do agora tetracampeão holandês para continuar brigando pelos primeiros lugares e pelo título, uma dependência que tem seus limites, e que forçada ao extremo, poderá ser tremendamente contraproducente.

Lewis Hamilton chegou causando furor na Ferrari. Agora vamos ver se isso se repetirá na pista durante a temporada.

        
E a concorrência vem armada. A Ferrari atraiu a maioria dos holofotes pela estréia de Lewis Hamilton nos carros vermelhos, formando dupla com Charles LeClerc, que promete muito. Mas o novo carro, batizado de SF-25, apesar dos bons prognósticos iniciais, também indicou precisar de mais ajustes, se quiser efetivamente permitir a seus pilotos desafiar o potencial dos carros de Woking, que assustaram a concorrência na simulação de corrida em Sakhir. Mas a Ferrari chega para 2025 com a situação mais confortável em muitos anos, e se souber trabalhar direito na evolução de seu carro, tem tudo para embaralhar ainda mais a disputa, e dar aos tiffosi a esperança de um novo título na competição, algo que há quase 20 anos não conseguem.

         Para a Mercedes, o momento é de recomeçar. Sem Lewis Hamilton, o time ainda tenta se encontrar no regulamento do efeito-solo, e o novo modelo W16 parece ser uma boa evolução para o time, especialmente se conseguir ser previsível e estável, algo que prejudicou o time e seus pilotos no ano passado. George Russell agora lidera o time, que vem com uma nova promessa, Andrea Kimi Antonelli, que precisará mostrar as razões de ter sido escolhido para a vaga, quando havia várias opções disponíveis no mercado de pilotos. Contrariado com a perda de Hamilton, Toto Wolf quer mostrar que a Mercedes pode se reerguer, e se não for em 2025, com certeza em 2026, com o novo regulamento técnico, esperando replicar o momento de 2014, quando a equipe alemão saiu na frente de todo mundo, para iniciar um período de hegemonia que só acabaria em 2021. O time espera entrar na briga pelas vitórias ao longo do ano. A dúvida que fica é qual será a exata ordem de forças na competição, uma resposta que só poderá ser dada após o início do campeonato.

         Atrás destas quatro equipes, as demais devem se digladiar no bloco intermediário, com destaque para Williams e Alpine, com a Aston Martin tentando se reencontrar. Racing Bulls sem prometer muita coisa, Haas procurando manter e melhorar o bom momento vivido no ano passado, e a Sauber, em clima de despedida, tentando pelo menos não fazer tão feio como muitos imaginam. Este é o panorama geral da F-1 para este ano.

Andrea Kimi Antonelli: aposta da Mercedes para o futuro. O garoto irá corresponder?

        
Entre as novidades da temporada, teremos cinco pilotos novos no grid. A grosso modo, apenas dois mesmo, já que três deles já mostraram a cara em algumas provas do ano passado, mas agora estarão de forma efetiva defendendo seus times. Isack Hadjar será o novo companheiro de Yuki Tsunoda na Racing Bulls; Gabriel Bortoleto faz sua estréia na Sauber; Andrea Kimi Antonelli defenderá a Mercedes; Jack Doohan correrá pela Alpine; e Oliver Bearman estará com a Haas. A lista amplia para seis se considerarmos Liam Lawson, que substituiu Daniel Ricciardo na parte final do campeonato passado na Visa RB, e agora será jogado ao “tubarão” Max Verstappen, de quem fará companhia no time da Red Bull. Uma boa chacoalhada no grid, se lembrarmos que a temporada de 2024 havia começado com o mesmo line-up de pilotos do fim de 2023. E a garotada está ávida para mostrar serviço, o que nos faz esperar por boas brigas nas corridas. Mas, felizmente, a competição terá também algumas novidades, a começar por algumas mudanças no regulamento.

         Impossível ignorar as novas diretrizes “anti-boca suja” baixadas a ferro e fogo pelo presidente da FIA, que infelizmente já deu o que tinha que falar, e ao que parece, os pilotos estão largados nesta briga, já que alguns dirigentes, como Toto Wolf, da Mercedes, deram apoio à medida como forma de moralizar os costumes da F-1. E lembrando que, no caso da F-1, a multa é quadruplicada, o buraco se torna bem mais embaixo. Alguns pilotos estão revoltados com a medida, mas resta saber se algum deles irá protestar efetivamente contra as novas normas, já que até isso pode significar punição, já que estariam “denegrindo a imagem da FIA” com tal atitude. Mohammed Bin Sulayem, contudo, já andou arrumando briga com outras pessoas, entre elas David Richards, presidente do Motorsport UK, por ter barrado Richards em uma reunião da entidade. Como Sulayem concorre à reeleição da presidência da FIA, certamente o clima tem tudo para esquentar, e não apenas no que tange à F-1 propriamente. No ano passado, Max Verstappen, em protesto, passou a dar entrevistas em determinado momento fora das dependências oficiais da FIA, onde cumpriu tabela, dando respostas monosilábicas às perguntas dos jornalistas. E não parece muito interessado em colocar panos quentes na situação. Resta saber quando o copo irá transbordar a respeito, e quem o fará.

         Entre as mudanças que a F-1 terá este ano, está a abolição do ponto conferido à melhor volta da corrida obtida por um piloto. Nos últimos anos, os pilotos podiam auferir um ponto extra pela melhor volta conquistada em um GP, desde que estivessem dentro da zona de pontuação, isto é, dentro das 10 primeiras posições. Caso um piloto que conquistasse a melhor volta terminasse a corrida de 11º lugar para trás, esse ponto não era computado. Em algumas ocasiões, os times mandaram seus pilotos à pista na parte final das corridas, com pneus mais macios, unicamente para conquistar a volta mais rápida, e tirar o ponto extra de algum rival, como foi o caso de Daniel Ricciardo na etapa de Singapura do ano passado, unicamente para tirar de Lando Norris, rival de Max Verstappen o ponto extra da melhor volta na corrida de Marina Bay. Ricciardo defendia a Visa RB, o time “B” da equipe dos energéticos.

Mônaco: corrida deste ano terá dois pit stops obrigatórios. Medida tenta dar mais emoção ao GP nas ruas do Principado.

        
O Grande Prêmio de Mônaco, por sua vez, terá dois pit stops obrigatórios este ano. A idéia foi oferecida como possibilidade para dar mais opções de disputas ao GP, que nos últimos anos foi praticamente sem maiores atrativos, onde os pilotos praticamente terminavam nas mesmas posições em que largavam, diante da quase impossibilidade de ultrapassagens nas ruas do Principado, mesmo com o uso do DRS. Exigir que cada piloto efetue duas paradas nos boxes durante a prova pode permitir o uso de estratégias diferentes, além de aumentar a probabilidade de surpresas, já que as paradas de box sempre podem oferecer algum risco, no caso da estratégia dar errado diante de algum acidente que promova a entrada do Safety Car que ocorra no momento mais inapropriado para cada time ou piloto. Há anos a prova de Mônaco sofre críticas pela falta de maiores disputas diante dos carros atuais usados pela F-1, muito grandes para as ruas de Monte Carlo, que se mantém no calendário diante da tradição e glamour que a categoria consegue desfrutar no Principado junto ao Mar Mediterrâneo. Quem não cumprir com a regra receberá uma punição de 30s ao seu tempo de corrida, tempo estimado de uma parada no pit lane.

         Outra mudança importante é que, a partir de agora, pilotos que se acidentarem com seus carros, danificando o bólido, caso possam voltar à pista, deverão parar na área segura mais próxima para recolher o carro e abandonar a prova, caso o dano sofrido signifique perigo para os demais participantes da corrida. No ano passado, Sergio Perez, após bater com sua Red Bull, circulou pela pista, mesmo com a asa traseira danificada, para evitar que houvesse a entrada do Safety Car, o que poderia estragar a estratégia de corrida de seu companheiro de time Max Verstappen, que liderava a prova.

         A FIA também resolveu complicar a situação da flexão das asas dianteiras dos carros, depois de denúncias da Red Bull a respeito. Mas as novas regras, anunciadas à última hora, serão aplicadas a partir do GP da Espanha, em junho, para dar aos times tempo de se adaptarem ao novo regulamento estabelecido. A partir deste prova, a deflexão máxima das asas dianteiras cairá de 15mm para 10mm.

         O peso dos bólidos teve um pequeno aumento de 2kg no peso mínimo, que passará a ser de 800 kg, e qualquer lastro usado para atingir este o peso mínimo agora deve ser feito de um material com densidade de 7500 kg/m3, valor abaixo dos 8000 kg/m3 permitidos até o ano passado.

         Outra novidade será a situação de “risco de calor”, diante de alguma etapa ser realizada em temperaturas ambientes acima dos 31 ºC, que exigirá dos pilotos o uso de um colete de resfriamento para minimizar o desgaste e evitar mal-estar dos competidores com o forte calor. Neste caso, o peso mínimo dos carros terá um acréscimo de 5 Kg, para cobrir o aumento da massa do equipamento de resfriamento do piloto e da bateria externa usada para alimentá-lo.

A Red Bull vai lutar para continuar vencendo com Verstappen, mas a concorrência promete dar muito mais trabalho do que em 2024. Blefe ou realidade?

        
Um ponto positivo alterado para este ano será o fim da punição por troca de câmbio, que deixará de ter um limite para unidades utilizadas por um carro. A direção da FIA entende que as peças já são extremamente duráveis, e com o teto de gastos, não é mais necessária a limitação de tal componente para toda a temporada. Infelizmente, a entidade que comanda o automobilismo mundial continua insistindo em um limite ridículo de unidades disponíveis por carro para toda a temporada no que tange aos motores. Com 24 corridas e 6 provas curtas, cada piloto pode usar no máximo 4 motores de combustão interna, o ICE, o propulsor V-6; 4 unidades de gerador de energia de caror, o MGU-H; 4 turbocompressores; 4 unidades de gerador de energia cinética, o MGU-K; 2 armazenadores de energia/baterias; 2 centrais eletrônicas; além de 8 escapamentos durante o campeonato. E conforme a temporada avança, tem sido inevitável os pilotos necessitarem de novas unidades, o que resulta em punições que, em muitos casos, só tem atrapalhado a competição. Mas a FIA segue com a justificativa de que essa limitação torna a F-1 mais sustentável e cortar gastos.

         Em termos de campeonato, continuam as 24 provas, sendo que em seis delas teremos as corridas Sprint, que ainda continuam sendo realizadas sob a dúvida de seu atrativo para o fim de semana de GP. As provas curtas de sábado este ano serão feitas nas etapas de China, Miami, Bélgica, Estados Unidos, Brasil, e Qatar. A Austrália abre o campeonato, com a F-1 seguindo logo após para a China e o Japão, antes de uma passagem pelo Oriente Médio, onde disputará as etapas do Bahrein e da Arábia Saudita. Logo após, vamos para Miami, nos Estados Unidos, e então, as etapas européias, quebradas apenas pela ida tradicional ao Canadá em junho. A Europa só se despede da competição em setembro, com a etapa de Singapura abrindo a parte final da temporada, que irá passar pelos Estados Unidos, México e Brasil, antes de fazer sua prova de Las Vegas, e finalizando a temporada novamente no Oriente Médio, com as etapas do Qatar e Abu Dhabi.

         Depois desta apresentação geral, vamos conferir agora cada time na competição, e que venha o primeiro treino livre do ano no Albert Park, em Melbourne...

 

AS ESCUDERIAS DA TEMPORADA

 

McLaren – O objetivo é o título

A McLaren saiu dos testes da pré-temporada como o carro a ser batido. Vai confirmar o favoritismo?

 

         A McLaren está de volta ao topo da F-1. Depois dos momentos de crise na parceria com a Honda na década passada, a crise financeira que levou a perder patrocinadores, o time de Woking voltou ao lugar de protagonismo que merece pelo currículo que possui na história da categoria máxima do automobilismo, ao conquistar o título na temporada passada. Mas, devagar um pouco: o título vencido foi o do Campeonato de Construtores, algo que a McLaren não vencia oficialmente desde 1998, quando também foi campeã com Mika Hakkinen. A escuderia acabou excluída da temporada de 2007 diante do escândalo da espionagem de projetos da Ferrari, e em 2008, o seu último título de pilotos, com Lewis Hamilton, não foi acompanhado do título de construtores, que ficou com a Ferrari. E, no ano passado, o título de pilotos ficou com Max Verstappen, que em momento algum da temporada perdeu o comando da situação, em que pese o avanço do time inglês tenha deixado a situação tensa na rival Red Bull na segunda metade da temporada. O avanço do time laranja foi inegável, disputando poles e vitórias, coroando a recuperação da escuderia após muitos anos ocupando posição secundária no protagonismo das disputas de títulos e vitórias. Ou quase isso.

         O “quase” é que o time ainda não recuperou, pelo menos em 2024, a postura de equipe campeã. Em vários momentos o time se enrolou nas estratégias de corrida de seus pilotos, prejudicando-os na obtenção de melhores resultados, e necessitando se aprimorar nesse ínterim. Não apenas isso, atrapalhou-se em discussões constrangedoras, como na Hungria, onde um bate-boca sobre quem deveria vencer a corrida só não foi pior para o time porque a corrida estava garantida em dobradinha. E, claro, Lando Norris, seu principal piloto, perdeu feio as divididas com Max Verstappen na pista, precisando crescer na disputa com o holandês, sempre um osso duro de roer na pista, e que já é mais do calejado em brigas por vitórias. Lições vistas, resta esperar que tenham sido aprendidas, e o time dê enfim o passo final para voltar a ser campeão como deveria, com o título de pilotos.

         O passo mais importante parece ter sido concluído: o novo modelo MCL39 tem tudo para ser o carro a ser batido neste início de temporada, conferindo à McLaren um favoritismo que há muito tempo não desfrutava em um início de campeonato. E, comprovada a vantagem, que ainda precisa ser mensurada adequadamente frente a concorrência, é mais do que importante sair na frente, e manter essa dianteira, para impedir que os rivais proporcionem reviravoltas ou questionem a liderança da equipe. Para isso, o time precisa ser mais do que nunca preciso nas estratégias de corrida, sabendo conduzir a situação de seus pilotos conforme as circunstâncias de pista e do momento, sem dar espaço para erros que possam colocar em xeque os resultados potenciais. E, mais do que tudo, que sua dupla de pilotos tenha crescido para ocuparem o papel que se espera deles.

         Lando Norris saiu derrotado em mais de um sentido no ano passado, e por mais que Max Verstappen tenha mantido sua vantagem no campeonato graças ao início arrasador que protagonizou, o holandês também conseguiu se manter na dianteira nos momentos de dificuldades, mostrando que poderia ter vencido mesmo sem a vantagem inicial. Mas Norris fraquejou em momentos-chave da temporada, em especial quando precisou ser mais incisivo nos duelos com o holandês, como na Áustria, onde tentou emparedar o adversário e não calculou direito as consequências contra um adversário que não hesita em ser duro ao extremo, e até além, na disputa com um rival na pista. Em vários momentos, a imagem de Norris ficou comprometida como sendo de um piloto que só sabia ser duro com os adversários errados, nunca com Verstappen, e essa imagem ainda não foi desvanecida da memória de muitos torcedores e fãs, para os quais Lando precisa “engrossar” a parada e ser mais decisivo na hora de discutir posições com o holandês, o que precisará fazer desde logo para se impôr na competição. Mas, também, principalmente, para demarcar seu território dentro da própria McLaren, onde Oscar Piastri está à espreita para abocanhar suas chances, e se preciso, colocar a liderança do colega de time em questão. Piastri não mostrou muita disposição em ser escudeiro de Lando na pista, e por isso mesmo, se puder sair na frente, ele vai querer fazê-lo. A McLaren, conhecida por tantas disputas internas em seus tempos de glória, pode tanto se beneficiar quanto se prejudicar se vier a acontecer esse duelo interno, e precisará saber como conduzir a situação para impedir que a concorrência tire proveito dessa situação. Se o carro for o melhor do grid, e abrirem vantagem, a luta poderá ser mais aberta do que nunca, como vimos nas épocas de Lauda X Prost, e de Prost X Senna. A questão é como o time lidará quando precisar que um deles ceda efetivamente ao outro na pista, se a situação assim o exigir.

         A McLaren tem tudo para voltar ao topo na sua totalidade. Dependerá apenas dela, e de seus pilotos, evitar que isso não se concretize.

 

Ferrari – O que esperar de Hamilton?

Ferrari: a dupla mais forte do grid? Os italianos querem o título. Conseguirão?

 

         O time de Maranello inicia 2025 como a grande sensação da competição. Não tanto por ter impressionado nos testes, mas pela contratação de Lewis Hamilton, que após 12 anos na Mercedes, onde se tornou o maior campeão da história em vitórias, poles, e empatou em títulos com Michael Schumacher, mudou-se para a equipe italiana, onde fará dupla com Charles LeClerc. O novo modelo SF-25 começou bem nos testes em Sakhir, mas time e pilotos concordam que será preciso muito trabalho para batalhar pelos títulos deste ano, indicando que a performance, apesar de boa, não é a ideal para derrotar a pretensa favorita McLaren. Os prognósticos sugerem que a Ferrari deve se debater com a Red Bull pela posição de segunda força no campeonato, em que pese ninguém possa ignorar a Mercedes também. O potencial é animador, resta saber se a escuderia italiana irá saber aproveitá-lo e desenvolvê-lo.

         Afinal, o time italiano terminou 2024 como segunda força, e por pouco não venceu o campeonato de construtores, e quase colocou em risco o vice-campeonato de Lando Norris. Pode parecer muito, mas para as ambições da Ferrari, ainda é pouco. Por isso mesmo, o novo modelo SF-25 é um projeto quase inteiramente novo, e não apenas uma evolução do carro da temporada passada. E, acima de tudo, todos se perguntam como Hamilton irá se portar em sua nova escuderia, depois de tanto tempo correndo por times sediados na Inglaterra. E, obviamente, como se dará com LeClerc, o queridinho do time, que obviamente não vai querer ficar para trás, lembrando que em sua chegada a Maranello, o monegasco colocou Sebastian Vettel para escanteio, um tetracampeão do mundo. Verdade que os momentos de Vettel e Hamilton são diferentes. O alemão entrou em crise após a derrota sofrida em 2018, e nunca mais recuperou o vigor que exibia em sua pilotagem. Já Hamilton chega para realizar um sonho após uma carreira consagrada na Mercedes, não tendo mais nada a perder, e a provar, mas que nem por isso ele quer terminar sua passagem pela F-1 apenas ocupando lugar, como seus detratores não cansam de insinuar.

         Hamilton já chegou em Maranello mostrando carisma, e conquistando os torcedores, mas será na pista que ele precisará mostrar esse empenho, lembrando que os tiffosi podem ser implacáveis com aqueles pilotos que não honram a escuderia do cavallino rampante. Lewis, contudo, terá seus desafios próprios para superar, se não quiser cair na vala que já tragou até nomes respeitáveis como Alain Prost, Nigel Mansell, Fernando Alonso, além do já citado Vettel. E dependerá de como se portar para evitar o destino destes outros pilotos. O primeiro é mostrar sua velocidade e arrojo. Charles LeClerc talvez seja o piloto mais veloz da F-1 atual em volta lançada, o que pode dificultar as disputas por posições no grid, e até na briga por pole-positions. Mas é em ritmo de corrida e experiência que Hamilton ainda pode mostrar do que é capaz, mostrando-se combativo e determinado, o que não significa que não poderá mostrar surpresas nas classificações, até porque, dependendo da corrida, largar mais atrás pode comprometer toda e qualquer chance de um bom resultado. Lewis desbancou Alonso em sua estréia na McLaren em 2007, e desde então, superou todos os companheiros de time, à exceção da temporada de 2016, quando Nico Rosberg foi campeão na Mercedes. Depois, apenas com a mudança de regulamento, Lewis acabou superado por George Russell nas temporadas de 2022 e 2024. Em que pese um estado de espírito meio desanimado pelos projetos não tão bons da Mercedes de 2022 a 2024, é vermos se Hamilton recuperou toda a sua motivação e entusiasmo agora em sua nova fase na Ferrari. Se ele estiver novamente focado e determinado como antigamente, será um oponente duríssimo na pista, e se o carro permitir, irá para cima, ainda mais sendo um dos poucos pilotos do grid que não se intimida diante de Max Verstappen, o que já o faz ser diferente de boa parte do grid.

         Mas LeClerc não vai querer ficar para trás. O monegasco terá dificuldades se for superado por Hamilton, e já mostrou que sucumbe mais facilmente sob pressão, cometendo alguns erros que podem ser cruciais em corrida. Existe o risco de Hamilton escantear o monegasco da mesma maneira como ele fez com Vettel anos atrás, e dependerá de Charles evitar que isso ocorra. E, ao mesmo tempo, precisará manter uma relação positiva com Hamilton, a fim de que a Ferrari não fique prejudicada em um eventual duelo fraticida entre seus próprios pilotos. Até o presente momento, ambos estão se dando muito bem, mas será preciso ver como isso irá ocorrer na pista, quando ambos disputarem posições entre si. LeClerc leva vantagem em sua capacidade de voltas lançadas, já está aclimatado na Ferrari, e conhece tudo por lá, um diferencial importante para delimitar seu espaço no time, ao qual já conquistou pelos resultados que obteve por lá. Mas não se pode subestimar a capacidade de Hamilton, e o inglês está se esforçando para se ambientar em sua nova escuderia, inclusive aprendendo até italiano. Um ponto interessante é que Hamilton já afirmou estar confortável no carro, algo muito importante para tentar obter performance de um novo tipo de bólido, depois de anos pilotando os carros da Mercedes.

         Seja como for, a grande arma da Ferrari é possuir uma dupla forte, similar à da McLaren, capaz de extrair tudo o que for possível do carro, e talvez, mais determinada que a do time rival, que ainda precisa se afinar um pouco mais na pista quando o assunto é brigar de forma acirrada com Verstappen. Se o novo SF-25 mostrar desempenho, caberá à sua dupla de pilotos mostrar serviço, e dar o seu melhor para tirar a Ferrari da fila de espera de títulos, que já vai longe, lembrando que Kimi Raikkonen foi o último campeão por Maranello, em 2007. A disputa é possível, mas não vai ser fácil. Mas a Ferrari quer garantir estar no páreo para isso. E parece que realmente estará, resta saber qual a sua força real frente aos rivais.

 

Red Bull – Tentando manter a força

Max Verstappen vai tentar o pentacampeonato. Será que a Red Bull dará um carro à altura para o holandês?

 

         A temporada de 2024 da Red Bull foi de resiliência, e acima de tudo, um pouco de sorte. Teve uma crise interna que desencadeou uma disputa de poder entre Christian Horner e Helmut Marko, que acabou resvalando para a área técnica, resultando na saída de Adrian Newey, o grande mago das pranchetas que projetou todos os carros vencedores do time dos energéticos. Coincidentemente à sua saída, o modelo RB20 decaiu de performance, com a concorrência vindo para cima, e em certos momentos, tendo até problemas para pontuar. O desastre só não se consumou porque Max Verstappen, mostrando mais uma vez ser o melhor piloto do grid atual, segurou as pontas, e conseguiu minimizar os danos, graças à imensa vantagem de pontuação acumulada no início do ano, e aproveitando as oportunidades desperdiçadas pelos rivais em várias provas, que permitiram que o holandês nunca ficasse realmente ameaçado na luta pelo título, que acabou confirmando mais uma vez, repetindo o feito de Sebastian Vettel, com um tetracampeonato consecutivo pela escuderia austríaca.

         O novo carro RB21 foi considerado um passo à frente importante no time, que pela primeira vez terá de defender um título com um projeto sem Adrian Newey à frente da área técnica. Curiosamente, a saída do engenheiro inglês coincidiu com a queda de performance do modelo de 2024, por mais que a escuderia dos energéticos tente minimizar a importância disso. Mas o desafio será manter a competitividade do novo modelo, a depender de sua capacidade. E isso, infelizmente, a Red Bull não conseguiu avaliar com precisão na pré-temporada, tendo sido o time que menos rodou entre todos, sinal de que houve problemas que puderam ser analisados, e que não foram corrigidos conforme o esperado. Não por acaso, Helmut Marko apresentou preocupação com o andamento do novo carro nas simulações de corrida, apesar de desdenhar das marcas dos rivais, quando declarou que eles só estavam na frente quando Max Verstappen não estava na pista. Por mais que Verstappen siga sendo o grande trunfo da escuderia rubrotaurina, mesmo o braço de Max tem limites, e não fosse a grande vantagem que ele acumulou no início da temporada passada, o título poderia ter sido perdido, já que ele obteve uma diferença mínima de resultados depois que a concorrência veio para cima. Se a luta começar complicada desde o início, resta saber até que ponto o holandês poderá compensar na pista, e se o time conseguirá evoluir o carro a contento para permitir que ele consiga fazer a diferença sobre os rivais. Verstappen, de forma mais realista, já avisa que não se vê na luta pela vitória na primeira corrida, na Austrália. Realidade, ou jogando para os rivais o peso do favoritismo? O holandês não é muito dado a blefes, preferindo sempre o ataque direto, portanto, pode-se imaginar que ele possa correr esperando minimizar eventuais prejuízos. Mas Verstappen é Verstappen, e subestimá-lo é sempre arriscado. Resta lhe esperar que a Red Bull tenha conseguido manter sua capacidade de criar um carro competitivo sem Adrian Newey, que por onde passou, sempre que saiu, vimos as escuderias enfrentarem crises técnicas e quedas de desempenho. Isso já pareceu ocorrer no ano passado mesmo, mas felizmente, os rivais não conseguiram aproveitar isso adequadamente, e Max fez valer sua capacidade, e os erros dos concorrentes, sagrando-se mais uma vez campeão. Se irá repetir o feito este ano, ainda é muito cedo para sabermos.

         Se no ano passado o time crucificou Sergio Perez pela falta de resultados que ajudou na perda do campeonato de construtores, é preciso ver como será o desempenho de Liam Lawson como novo companheiro de Verstappen, e se o time terá com ele a mesma paciência que teve com o mexicano, a depender de como forem os resultados do holandês. Uma discrepância de performance entre a dupla de pilotos pode fazer a Red Bull voltar à sua política de vara curta e acabar rifando Lawson se ele não corresponder às expectativas. O neozelandês chega ao time com um discurso modesto, de tentar ajudar o time e Verstappen, mas ele precisará ajudar é a si mesmo, se as dificuldades com o carro, caso repitam o ocorrido em 2024, voltem a acontecer. Na pior das hipóteses, se bater o desespero, rebaixar Lawson de volta ao time “B” e promover um dos pilotos de lá não é uma hipótese implausível, o que seria ruim para o piloto. A Red Bull, contudo, depois da temporada conturbada de 2024, quer acima de tudo um ano mais tranquilo na competição, mas vamos ver como eles encararão a situação se as dificuldades de 2024 se repetirem, apesar das promessas de que isso não se repetirá com o novo carro.

 

Mercedes – A era pós-Hamilton

A Mercedes conseguirá voltar ao topo em 2025? George Russell agora terá a tarefa de liderar o time na pista.

 

         Depois de mais de uma década, a Mercedes inicia em 2025 uma nova era, onde não irá contar com aquela que foi a sua maior estrela, Lewis Hamilton, que partiu para o desafio de defender a Ferrari, o sonho de todo piloto de competição que se preze. George Russell agora terá de provar que pode liderar o time, e velocidade para isso ele já demonstrou, falta agora mostrar maturidade, algo que teve seus altos e baixos nos últimos anos, com o piloto se metendo em alguns apuros até desnecessários. Tendo mostrado problemas para se adequar ao novo regulamento do efeito solo, a Mercedes ainda não se achou direito desde 2022, e mesmo o projeto do novo carro, o W16, ainda suscita dúvidas, de modo que o time alemão ainda não tem como saber se irá repetir o que se viu em 2024, ou se de fato o time experimentará uma evolução em seu desempenho.

         Confiabilidade o time já mostrou que possui, tendo sido a escuderia com maior quilometragem nos testes, sendo que Russell até fez o melhor tempo no último dia de testes. Mas será preciso confirmar se terá a velocidade necessária para brigar à frente. Russell é um que aponta a McLaren como grande favorita, mas admite que duelar com Red Bull e Ferrari é uma meta provável para o time de Brackley. As simulações de corrida, contudo, não puderam apresentar um horizonte muito exato da relação de forças, não sendo possível estabelecer quem ficará logo abaixo da McLaren. O confronto entre Red Bull, Ferrari, e Mercedes, é esperado, mas só ficaremos sabendo quem é quem nessa briga depois que o campeonato começar de fato.

         A equipe de Brackley também terá de lapidar o seu novo talento, Andrea Kimi Antonelli, tido por Toto Wolf como novo “supertalento” para a F-1, que poderia até ter cumprido o “estágio” probatório na Williams, não fosse a saída repentina de Hamilton. Mas Wolf resolveu colocar o garoto direto no time prateado, e agora Antonelli terá de mostrar que mereceu a vaga. Certamente a escuderia sabe que precisará ter paciência com o novato, que pode ser sim um grande talento, mas será colocado à prova na escuderia que tentará, mais uma vez, recuperar o protagonismo perdido após 2021. Nos testes, Antonelli mostrou velocidade e não cometeu erros, o que já é um bom começo para o novato, mas que precisará ser colocado à prova nas corridas, onde precisará mostrar que sabe enfrentar a pressão dos adversários e ser rápido sem comprometer o equipamento. E por mais que Antonelli possa ter se saído bem nas categorias de base, a F-1 é um universo à parte, onde mesmo aqueles que arrebentaram nas competições abaixo precisam mostrar a que vieram para o campeonato principal. Faz bem a Mercedes em compreender as circunstâncias de Antonelli em seu primeiro ano, para evitar queimar seu piloto antes da hora, como alguns times e dirigentes costumam fazer a torto e a direito. E o time alemão precisa ter essa paciência, até porque teve opções mais viáveis no curto prazo, onde poderia ter pilotos mais experientes, enquanto poderia ter “emprestado” Andrea à Williams para aprender por lá, como fez com Russell. Ao optar por colocar o italiano já no time de ponta, eles precisarão ser coerentes com as consequências de sua decisão, e estarem preparados para o caso da situação não decorrer conforme eles esperavam.

 

Aston Martin – Preparação para o salto?

Aston Martin: aguardando a salvação nas mãos de Adrian Newey.

 

         A Aston Martin inicia a temporada atual com as expectativas voltadas apenas para 2026. O motivo é a chegada de Adrian Newey, o mago das pranchetas, à escuderia, depois de praticamente 20 anos na Red Bull, onde projetou todos os carros vencedores do time. Considerado o engenheiro mais criativo da história recente da F-1, todos querem saber se ele ajudará o time de Silverstone a se tornar de fato uma equipe de ponta, conseguindo replicar seu sucesso na criação de carros no novo time. Isso cria uma grande expectativa para 2026, inclusive quando a Aston Martin passará a ser o time oficial da Honda na competição, deixando a Red Bull e a Racing Bulls, onde estão atualmente, ainda que sob a alcunha da empresa de trens de força da equipe, a Red Bull Powertrains.

         Mas o problema imediato é o modelo AMR25, com o qual o time irá competir este ano. Em 2023, a escuderia esmeralda surpreendeu na primeira metade da temporada, com um carro derivado do projeto da Red Bull no ano anterior, e conseguiu obter vários pódios com Fernando Alonso. O problema começou quando o time se mostrou incapaz de desenvolver o carro adequadamente, o que fez o desempenho despencar diante da evolução dos rivais, de modo que de segunda força, a Aston Martin terminou o ano em 5º lugar. No ano passado, a performance da escuderia continuou em queda, e só manteve o 5º lugar diante da péssima performance dos demais times, pois perdeu a proximidade com as principais escuderias do grid. Não houve pódios em 2024, e mais uma vez, o time se mostrou incapaz de evoluir seu carro como deveria ser capaz a um time que deseja ser de ponta. A contratação de Newey, contudo, tem tudo para mudar os rumos da escuderia, se o inglês conseguir reordenar a área técnica da equipe, e fazê-la funcionar adequadamente, e acima de tudo, saber fazer evoluir seus projetos de forma eficiente.

         Mas Newey precisou cumprir o seu período de “quarentena”, e só agora chegou efetivamente a trabalhar em sua nova escuderia, de modo que o projeto do carro deste ano terá, no máximo, revisões de Adrian em seu desenvolvimento, o que não indica possibilidades de crescimento da escuderia na pista. O novo carro, aliás, apesar de elogiado pela dupla de pilotos, não fez nenhum assombro na pré-temporada, onde a Aston Martin terminou com o 10º melhor tempo com Lance Stroll, enquanto Fernando Alonso foi apenas o 16º. A escuderia só andou mais que a Red Bull também, o que indica que não conseguiram trabalhar como gostariam, embora problemas de monta não tenham sido evidenciados. A performance do novo carro parece apenas mediana, mas mais importante será conferir se o departamento técnico da escuderia saberá efetuar o desenvolvimento do projeto a contento, agora sob o comando de Newey, uma vez que nos dois últimos anos, o desenvolvimento do bólido foi o grande problema do time.

         O time precisa se aprumar também no que tange à dupla de pilotos. Não se pode negar a qualidade de Fernando Alonso, que tem sido a grande força da escuderia nas duas últimas temporadas, e mostra que, apesar da idade, ainda pilota como ninguém. Mas a presença de Lance Stroll segue como ponto baixo do time, unicamente por não se mostrar tão talentoso como se deveria, pelo menos para os ambiciosos projetos da escuderia. Mas, se o objetivo de Lawrence Stroll é fazer o filho campeão do mundo, infelizmente ele não terá êxito, e o próprio Lance dá mostras de estar incomodado com o mundo da F-1 atual. Mas o pai segue firme mantendo o filho, enquanto deixa na reserva um piloto como Felipe Drugovich, inegavelmente mais capaz, cada vez mais sem perspectivas de guiar pela escuderia, salvo algum imprevisto que até agora não ocorreu. Pior, além de não ser tão rápido, Lance não colabora com o feedback necessário aos engenheiros sobre o comportamento do carro, que acaba ficando unicamente com Alonso, limitando os dados que o time poderia obter para melhorar o carro, dentro das possibilidades.

         O pensamento do time continua grandioso, tanto que se fala até em tentar chamar Max Verstappen para defender o time, com o trunfo de contar com Adrian Newey, mas antes de ficar pensando em um amanhã tão vistoso, é preciso apresentar um presente mais crível e centrado, e esse é o desafio para a escuderia este ano, de tentar mostrar melhoras que ajudem a melhorar o ambiente para o tão aguardado salto que Newey poderá proporcionar a partir do próximo ano. Mas o time também precisará se aprumar e se tornar mais eficiente no uso de seus imensos recursos. Dinheiro não falta, mas a F-1 cansou de dar exemplos de que, se sem dinheiro é impossível se tornar vencedor na categoria, dinheiro por si só não garante sucesso. E quanto antes a Aston Martin corrigir seus erros e pontos fracos, mais rápido conseguirá alcançar o seu sonho de se tornar um time vencedor, e quem sabe, campeão.

 

Alpine – O adeus da Renault

Alpine fará sua última temporada com os propulsores da Renault.

 

         A Alpine até que mostrou uma performance encorajadora na pré-temporada, permitindo sonhar com alguns resultados mais animadores para 2025, que marcará a despedida da Renault da F-1, mais uma vez. Mas o time de competição seguirá firme, mas no próximo ano, contará com os propulsores da Mercedes, uma rival no setor automotivo da marca francesa. Sob a direção do ainda controverso e polêmico Flavio Briatore, que convenceu a Renault a abandonar seu programa de motores para a F-1, sob o argumento de que é mais econômico usar propulsores de terceiro, o time francês inicia uma temporada onde pode atrair atenções tanto positivas quanto negativas.

         Primeiro, porque a escuderia já conta com sua dupla titular, mas Briatore conseguiu atrair Franco Colapinto para o time, que em tese, inicia a temporada como mais um dos pilotos reservas do time. Mas todo mundo já está fazendo contas de quando Colapinto irá estrear, apostando que ao menor erro de Jack Doohan, o argentino será efetivado em seu lugar sem dó nem cerimônia, o que já coloca imensa pressão no australiano, filho de um dos grandes nomes da motovelocidade, Michael Doohan. Jack estreou na etapa final da temporada passada, em Abu Dhabi, após uma demissão novamente controversa de Esteban Ocón, mandado embora do time de forma desrespeitosa, e até com ameaças de obstruir o início dos trabalhos do piloto em seu novo time, a Haas. Doohan não comprometeu na corrida, mas também não brilhou, e nem poderia, em um GP de fim de temporada. Mas agora terá de andar, no mínimo, no ritmo de Pierre Gasly, senão até melhor, se quiser conservar sua vaga, por mais que a direção da escuderia viva repetindo que ele terá um tempo “justo” para provar o seu valor.

         Enquanto isso, só o fato de trazer Briatore de volta ao comando de um time já é suficiente para se criar polêmica, e pelo visto, o dirigente não perdeu os maus hábitos picaretas que fizeram sua má fama por anos, tratando todo mundo como meras ferramentas que podem ser descartadas ao menor sinal de insatisfação. O prego no caixão do programa de motores da Renault para a F-1 certamente é prova de quão influente ele já ficou por lá no ano passado, e isso pode ser visto como algo preocupante, em que pese o fato de que, se resultados forem apresentados, isso é o de menos, e que ninguém na categoria é “santo”.

         Na pista, contudo, parece que a escuderia, que teve um ano de 2024 errático, pode ter chance de respirar ares menos complicados. O novo modelo A525 parece competitivo, a ponto de o time francês se colocar como rival da Williams e até da Aston Martin na briga pela 5ª posição no campeonato. O carro também teria mostrado fiabilidade, tendo a Alpine efetuado a 4ª maior quilometragem nos testes, com Gasly finalizando em 9º lugar, e Doohan em 12º, posições bem satisfatórias para o time, que tentará pelo menos exibir uma despedida decente da Renault como fornecedora de motores para a F-1 pelos próximos tempos, lembrando que a marca francesa, famosa pela introdução dos motores turbo na categoria, já deixou a competição várias vezes, ainda que mantivesse em alguns momentos um fornecimento paralelo de seus motores para as escuderias, o que não irá ocorrer agora.

 

Haas – Procurando novos ares

Esteban Ocón tenta reerguer sua carreira liderando a equipe Haas.

 

         A equipe de Gene Haas inicia 2025 com uma nova dupla de pilotos. Kevin Magnussen perdeu novamente seu lugar na escuderia, e a bem da verdade, já indicou que não sentirá falta da F-1 em sua vida, partindo para uma nova fase na carreira em outras paragens. Já Nico Hulkenberg foi para a Sauber, futura Audi, para liderar o novo projeto da montadora na categoria máxima do automobilismo. Com isso, a escuderia, que até surpreendeu em algumas provas de 2024, perdeu seu maior astro recente, Hulkenberg, e aceitou a vinda de Esteban Ocón, defenestrado na Alpine após uma colisão com Pierre Gasly em Mônaco ano passado, e que agora terá a missão de liderar o time no lugar do alemão, e ao mesmo tempo, direcionar o novato Oliver Bearman, indicado pela Ferrari, e que já fez duas provas pela escuderia ano passado substituindo Magnussen.

         O peso para Bearman, agora, contudo, será maior. Afinal, substituir um titular, apesar da pressão, é uma coisa, e vir como titular, é outra. Bearman saiu-se bem quando substituiu Carlos Sainz Jr. na Ferrari na Arábia Saudita, por problemas médicos, e saiu-se bem, ganhando as credenciais para virar titular no time norte-americano pela parceria que possui com a Ferrari para fornecimento de motores. E agora será hora de comprovar o merecimento desta chance. Quanto a Ocón, o piloto parte para reconstruir sua carreira, depois de perder a vaga na Alpine, antiga Renault, onde conquistou a única vitória do time desde que passou a usar o novo nome, mas saiu queimado da disputa interna com Gasly no ano passado. Piloto que chegou à F-1 sob o tacão da Mercedes, Ocón deu azar de não aparecerem vagas no time prateado, que em compensação, tentou realocá-lo em seus times clientes, como a Force India, de onde saiu para tentar a sorte na Renault/Alpine, onde até chegou com boa aceitação, antes da maré virar a seu desfavor no ano passado.

         De positivo, a Haas foi o segundo time que mais rodou nos testes, e embora os tempos não tenham sido lá expressivos, há razões para algum otimismo, visto que o time focou em simulações de corrida e não em voltas rápidas propriamente. E até pelo fato de que no ano passado o time também era visto como possível lanterna do grid, mas conseguiu surpreender e marcar bons resultados diante das possibilidades, em especial graças a Nico Hulkenberg, que soube aproveitar as oportunidades e chegou a efetuar ótimas corridas no segundo pelotão, brigando em vários momentos dentro da zona de pontuação. Contando agora com uma nova dupla de pilotos que conjuga experiência e juventude, a Haas espera pelo menos manter o ritmo e os resultados obtidos em 2024, algo que já será uma meta bem otimista, diante das perspectivas de melhoras de times rivais diretos, como Williams e Alpine, que podem estar muito mais fortes para este ano, e dificultar a obtenção de melhores resultados para Ocón e Bearman nas corridas.

 

Williams – Enfim, uma dupla de pilotos de verdade

A Williams aparenta ter um carro promissor, mas seu maior trunfo é voltar a contar com uma dupla de pilotos de verdade na pista, ao contrário do que ocorreu nos últimos anos.

 

         Uma das mais tradicionais escuderias da história da F-1, a Williams entra em 2025 com a perspectiva de sua melhor temporada em muitos anos. E o principal motivo para isso é que o time de Grove tem, enfim, uma dupla de verdade no volante de seus carros, uma vez que nas últimas temporadas a escuderia fundada por Frank Williams correu na prática com apenas um piloto efetivo. George Russell teve como colega de time o canadense Nicholas Latiffi, enquanto Alexander Albon conviveu com o estadunidense Logan Sargeant, com ambos os pilotos colaborando mais para danificar os carros do que para pontuar, algo que já era complicado para a escuderia, que não conseguia produzir carros competitivos.

         Não fosse já ter contratado Carlos Sainz Jr. para esta temporada, o time poderia ter efetivado Franco Colapinto, que impressionou logo de cara nas primeiras corridas após ocupar o lugar que era de Sargeant, mas o argentino acabou também batendo bastante, o que esfriou um pouco os ânimos, mas não o suficiente para ele migrar para a Alpine, onde começa o ano como piloto reserva, mas podendo ser efetivado dependendo das circunstâncias da dupla titular do time francês, o que para muitos será apenas questão de tempo.

         Não que o time tenha feito uma contratação ruim, muito pelo contrário. Sainz é agregador, focado, e acima de tudo, veloz. E o mais importante, não costuma se envolver em confusões na pista, o que já deve significar um grande alívio para a escuderia inglesa. E o espanhol já chegou promovendo um salto na percepção do time, obtendo marcas significativas nos testes da pré-temporada, que claro, precisam ser vistas com algumas reservas, mas que oferecem alguma expectativa de uma temporada bem melhor para o time de Grove em vários anos. James Vowles, chefe da escuderia fundada por Frank Williams, já declarou que Sainz já é parte importante do time agora, e para o futuro, e até mesmo Alexander Albon parece entusiasmado com a presença do novo colega de time.

 

Racing Bulls – Mais uma dança de nome do time

O time "B" dos energéticos mudou de nome mais uma vez, e o maior destaque até o momento foi a pintura do carro, muito mais bonita do que a de vários outros times.

 

         Nas últimas temporadas, o time “B” da Red Bull na F-1 chamou mais atenção pelas mudanças na nomenclatura da escuderia do que pela performance propriamente dita. Do tradicional nome “Toro Rosso”, virou “Alpha Tauri”, e no ano passado adotou um nome muito complicado de ser mencionado exatamente, o que fez a maioria da imprensa especializada adotar um nome “simplificado”, como aqui, VISA RB, e para este ano, nova mudança, para “Racing Bulls”. Poderia ser o de menos, mas se lembrarmos que houve boatos de que a Red Bull poderia vender a escuderia, diante da falta de resultados, e também decorrente da morte do fundador do Grupo Red Bull, que era de fato um entusiasta do automobilismo, uma paixão que não tem o mesmo eco na atual direção da companhia, podemos ver que a trajetória da equipe, nascida da aquisição da antiga Minardi em meados da primeira década deste século, oscilou bastante em tempos recentes.

         Para este ano, a equipe volta a ser mais fiel aos objetivos iniciais visados pela Red Bull, de ser um tipo de “estágio” para os pilotos do programa da companhia. Isack Hadjar é o novato do momento, enquanto Yuki Tsunoda vai para o que pode ser o seu último ano na competição, novamente preterido pela cúpula rubrotaurina em ser promovido para o time principal, especialmente no ano passado, quando viu Liam Lawson ser promovido, mesmo diante dos esforços feitos pelo nipônico na pista como um piloto mais evoluído, e pronto para vôos mais altos, depois de superar nomes potenciais como Nyck De Vries, e despachar para o ostracismo Daniel Ricciardo. Mas ao que parece, nem mesmo o apoio dado pela Honda pode ajudar o japonês a se manter na competição, já que a marca nipônica mudará para a Aston Martin no próximo campeonato, deixando Yuki à própria sorte. E a fila do programa Red Bull parece ter voltado a andar, depois de alguns anos em baixa devido à falta de paciência de Helmut Marko com os pilotos, que passaram a não ver o programa de desenvolvimento do time dos energéticos com bons olhos, podendo mais prejudicá-los do que alavancá-los na competição.

         Hadjar chega com a cotação em alta perante Helmut Marko, que chegou inclusive a desancar Gabriel Bortoleto, que foi o campeão da F-2 no ano passado, para elogiar Isack, como se o brasileiro tivesse sido campeão por mera sorte, e nada mais, diante do talento de Hadjar. O fato é que Isack estréia em condições melhores de competição que Gabriel, e pelo menos nesta temporada, tem tudo para fazer melhor que o ex-rival da F-2. O rival do novato, contudo, vem mordido para a temporada, depois de ter sido novamente ignorado pela cúpula da Red Bull, e com a vaga na F-1 em risco, Tsunoda virá para o tudo ou nada na pista, procurando garantir sua permanência na categoria máxima do automobilismo, e até se apegando à chance de Lawson, caso não apresente resultados na Red Bull, poder ser “rebaixado” de volta ao time, prática que já ocorreu na Red Bull anteriormente, diante da impaciência de Marko com os pilotos que não sejam Max Verstappen no time. Hadjar terá uma batalha que pode ser árdua com Tsunoda, e se perder o duelo para o japonês, pode comprometer sua imagem perante o dirigente, que nunca achou Yuki grande coisa na verdade, sendo até um crítico das instabilidades emocionais que o nipônico já mostrou em alguns momentos. Deverá ser um duelo interessante, para ver quem sobreviverá no time para 2026, ou até para uma promoção, diante das circunstâncias e oportunidades que surgirem no próximo ano.

         Na pré-temporada, ambos os pilotos marcaram seus melhores tempos próximos, com Tsunoda sendo mais rápido que Hadjar em quase 0,2s na melhor volta. A Racing Bulls foi o terceiro time mais rodado nos testes, o que indica uma boa fiabilidade, mas nã oexatamente velocidade: ambos os pilotos acabaram com o 14º e 15º tempos no cômputo geral, o que indica que a competitividade da escuderia não será lá essas coisas. Mas, diante de alguns anos recentes, onde a equipe andou até forte nos testes, e depois despencou, não conseguindo repetir as boas marcas, pode ser melhor começar de forma mais discreta desta vez, e melhorar durante o ano. O fato é que a temporada de 2025 será efetivamente uma disputa para ver quem fica e quem sai, até porque no caso de Tsunoda, Helmut Marko já teria dado mais um de seus “ultimatos” para o piloto, o que poderá ter várias implicações para quem ganha e quem perderá esse duelo. Quem irá vencer?

 

Sauber – A despedida para a chegada da Audi

Sauber: temporada do adeus. Em 2026 vem a Audi.

 

         De saída da F-1 após mais de 30 anos de participação, a equipe fundada por Peter Sauber parece seguir os passos de outro time icônico da história da categoria máxima do automobilismo, a Tyrrel. Fundada por Ken Tyrrel, a equipe foi uma força em seus primeiros anos, mas entrou em decadência com o passar do tempo, e no final dos anos 1990, acabou comprada pela BAT para dar lugar a uma nova escuderia, a BAR, que estreou em 1999. Em seu último ano de existência, o time da Tyrrel apenas cumpriu tabela na F-1, sem conseguir resultados minimamente aceitáveis para sua história, despedindo-se melancolicamente da história do automobilismo mundial. Agora, é a Sauber que parece prometer uma despedida que também será pouco lembrada pelos fãs do esporte, diante dos fracos resultados recentes. A escuderia foi a última colocada no ano passado, e apesar de tudo, esperava-se pelo menos alguma melhora para este ano. Os resultados da pré-temporada, entretanto, não dão muitas esperanças disso acontecer. O modelo C45 mostrou um comportamento arisco, dificultando os trabalhos de sua dupla de pilotos em tentar encontrar um rumo para desenvolver o carro, que apesar de seus talentos, não conseguiram sobrepujar os problemas de performance apresentados, o que não é um bom sinal, ainda mais se levarmos em consideração os problemas mecânicos que surgiram, dando mais trabalho aos engenheiros, e comprometendo tempo de testes já muito escassos.

         O time só andou mais que a Red Bull e Aston Martin, e sua dupla de pilotos finalizou apenas em 18º e 19º lugares, indicando que o ano será realmente de transição, e não de melhora para as expectativas de sua dupla de pilotos, que deverão esperar por 2026 para realmente almejarem resultados melhores, quando o time virar oficialmente Audi. Nico Hulkenberg e Gabriel Bortoleto terão um ano de muito trabalho e aprendizado pela frente, e quem sabe, aproveitarem algum momento oportuno para mostrarem seu talento, dependendo das circunstâncias que se apresentarem. Não dá para esperar muito mais do time, que já chegou a ser o time de fábrica de outra marca alemã, a BMW, e chegou a sonhar até em se tornar um time de ponta há meia década e meia atrás, tendo até conseguido vencer uma corrida, com o polonês Robert Kubica, no Canadá, em 2008. A crise econômica mundial, entretanto, fez a BMW cancelar seu programa na categoria, e a Sauber acabou devolvida ao pelotão intermediário, de onde nunca mais saiu, com raros momentos de brilho, até chegar aos dias atuais. Mais recentemente, foi o time da Alfa Romeo, que até ensaiou expectativas de tornar a escuderia relevante novamente, mas tudo não passou de fogo de palha, até que a Audi resolveu adquirir o time, cedendo aos apelos da F-1 para entrar na competição, após várias tentativas frustradas. Portanto, o que vier este ano será puro lucro, pois os olhares e esforços estão efetivamente concentrados para 2026, até por força do novo regulamento técnico que irá estrear. Resta aos fãs e torcedores terem unicamente paciência com o time e seus pilotos até lá. Poderia se esperar mudanças no rumo do time com o desenvolvimento do carro ao longo do ano, mas com o novo regulamento técnico vindo em 2026, muito provavelmente a Audi concentrará esforços para o próximo campeonato, com pouca atenção sendo dada à temporada deste ano. Esperemos para ver.

 

EQUIPES E PILOTOS

 

EQUIPE

MODELO

MOTOR

PILOTOS (Nº)

Scuderia Ferrari

SF-25

Ferrari V6 067/12

Charles LeClerc (16)

Lewis Hamilton (44)

Aston Martin Formula One Team

AMR25

Mercedes-AMG F1 M16 V6

Fernando Alonso (14)

Lance Stroll (18)

Red Bull Racing

RB21

Honda RBPTH003

Max Verstappen (1)

Liam Lawson (30)

Mercedes-AMG Formula One Team

W16

Mercedes-AMG F1 M16 V6

Andrea Kimi Antonelli (12)

George Russell (63)

Alpine Formula One Team

A525

Renault E-Tech R25 V6

Pierre Gasly (10)

Jack Doohan (7)

Racing Bulls Formula One Team

VCARB02

Honda RBPTH003

Yuki Tsunoda (22)

Isack Hadjar (6)

Haas F1 Team

VF-25

Ferrari V6 067/12

Oliver Bearman (87)

Estéban Ocon (31)

Williams Racing

FW47

Mercedes-AMG F1 M16 V6

Alexander Albon (23)

Carlos Sainz Jr. (55)

McLaren Formula 1 Team

MCL39

Mercedes-AMG F1 M16 V6

Lando Norris (4)

Oscar Piastri (81)

F1 Team Sauber

C45

Ferrari V6 067/12

Nico Hulkenberg (27)

Gabriel Bortoletto (5)

 

CALENDÁRIO

A etapa do Brasil continuará contando com uma corrida sprint em 2025.

 

CALENDÁRIO

 

DATA

ETAPA

CIRCUITO (Tipo de Circuito)

Horário

16.03

Grande Prêmio da Austrália

Melbourne (urbano)

01:00

23.03

Grande Prêmio da China

Shanghai (autódromo)

04:00

06.04

Grande Prêmio do Japão

Suzuka (autódromo)

02:00

13.04

Grande Prêmio do Bahrein

Sakhir (autódromo)

12:00

20.04

Grande Prêmio da Arábia Saudita

Jeddah (urbano)

14:00

04.05

Grande Prêmio de Miami

Miami (urbano)

17:00

18.05

Grande Prêmio da Emilia-Romanha

Ímola (autódromo)

10:00

25.05

Grande Prêmio de Mônaco

Monte Carlo (urbano)

10:00

01.06

Grande Prêmio da Espanha

Barcelona (autódromo)

10:00

15.06

Grande Prêmio do Canadá

Montreal (autódromo)

15:00

29.06

Grande Prêmio da Áustria

Zeltweg (autódromo)

10:00

06.07

Grande Prêmio da Inglaterra

Silverstone (autódromo)

11:00

27.07

Grande Prêmio da Bélgica

Spa-Francorchamps (autódromo)

10:00

03.08

Grande Prêmio da Hungria

Budapeste (autódromo)

10:00

31.08

Grande Prêmio da Holanda

Zandvoort (autódromo)

10:00

07.09

Grande Prêmio da Itália

Monza (autódromo)

10:00

21.09

Grande Prêmio do Azerbaijão

Baku (urbano)

08:00

05.10

Grande Prêmio de Singapura

Marina Bay (urbano)

09:00

19.10

Grande Prêmio dos Estados Unidos

Austin (autódromo)

16:00

26.10

Grande Prêmio do México

Hermanos Rodriguez (autódromo)

17:00

09.11

Grande Prêmio de São Paulo

Interlagos (autódromo)

14:00

22.11

Grande Prêmio de Las Vegas

Las Vegas (urbano)

01:00

30.11

Grande Prêmio do Qatar

Losail (autódromo)

13:00

07.12

Grande Prêmio de Abu Dhabi

Yas Marina (autódromo)

10:00

O BRASIL NO GRID E NAS TRANSMISSÕES

Com Gabriel Bortoleto, o Brasil volta a ter um piloto titular no grid da F-1.

 

         Após quase uma década, o Brasil volta a ter um representante titular no grid da Fórmula 1. Gabriel Bortoleto, que defenderá a Sauber nesta temporada, encerra o jejum incômodo de pilotos brasileiros no grid da categoria máxima do automobilismo, que vinha desde o fim da temporada de 2017, quando Felipe Massa deixou a competição. Desde então, a participação brasileira se resumiu a duas corridas de Pietro Fittipaldi pela Haas no fim da temporada de 2020, substituindo Romain Grosjean. E, no máximo, ficou como piloto reserva da Haas durante a maior parte deste tempo desde então. Outro representante nacional, Felipe Drugovich, ocupa a posição de piloto reserva e de testes da Aston Martin, mas nunca foi efetivado para correr um GP, e as chances disso acontecer parecem diminuir a cada dia, já que as pretensões do time de Silverstone não incluíram o brasileiro nem mesmo para disputar o Mundial de Endurance em sua nova equipe na classe Hypercar.

         Bortoleto, contudo, precisou se desvincular da McLaren, onde fazia parte do programa de pilotos do time de Woking, tendo feito alguns testes, e obtido resultados e comentários muito elogiosos por parte da direção da equipe, que resolveu não ficar no caminho do piloto diante da expectativa de competir pela futura equipe Audi na F-1, com estréia marcada para 2026. Este ano, Bortoleto fará sua temporada de estréia na categoria ainda como Sauber, no ano de despedida do time na sua forma atual, e que não promete muitas possibilidades. Nada que desanime Gabriel, uma vez que apesar das chances mínimas de um bom resultado, em teoria não terá pressão para demonstrar resultados, podendo aprender o máximo possível de como é competir na F-1, ganhando quilometragem e experiência para entrar com tudo de fato no próximo ano, quando a Audi promoverá melhores oportunidades de bons resultados à sua dupla de pilotos. Por agora, Gabriel precisará aprender as nuances da competição, e terá como principal meta bater o companheiro de time, Nico Hulkenberg, um piloto veterano de praticamente uma década e meia de F-1, ainda que não integral, mas que continua rápido e sabe aproveitar as oportunidades em uma corrida como poucos, tendo impressionado nas duas últimas temporadas na equipe Haas, o que o credenciou a ser escolhido pela Audi para capitanear seu novo time nas pistas da categoria máxima do automobilismo.

         Para Gabriel, superar Hulkenberg, e conseguir resultados melhores nas corridas, já será uma grande vitória, e é nisso que o brasileiro precisa se concentrar. Manter o controle, e não cometer erros, mesmo em eventuais disputas na pista, será essencial para crescer na competição. Bortoleto já mostrou seu talento em categorias de acesso, mas na F-1, tudo costuma ser diferente e muito mais exacerbado. Haverá pressão, óbvio, mas como foi dito, o fato de a equipe estar em um momento de transição dilui essa pressão, que poderá permitir que os pilotos se concentrem no trabalho de evolução da equipe na pista. No caso de Gabriel, contudo, é preciso que os fãs saibam entender esse momento, e não fiquem cobrando o que ele não terá condições de apresentar. O problema é se os fãs saberão se comportar conforme a realidade, ainda mais nesta era onde as redes sociais costumam extrapolar no bom e no mal sentido, lembrando que no passado vários pilotos brasileiros sofreram com críticas exageradas por não apresentarem resultados à altura das expectativas, exigindo deles o que não era possível oferecer, sem carros competitivos. Gabriel está garantido pelos próximos dois anos, mas apenas em 2026 poderá de fato ser cobrado por algo. Neste ano, além do noviciado da estréia, a situação de despedida da Sauber não deverá ensaiar performances de nota, salvo alguma situação excepcional. Mas a história mostra que muitos torcedores brasileiros não querem saber se o piloto terá ou não condição de corresponder, muitas vezes fazendo somente cobranças, e criticando sem dó nem piedade se os resultados não surgirem, não interessa as circunstâncias e possibilidades. Que Gabriel saiba desenvolver o seu trabalho ignorando a pressão negativa que os fãs poderão gerar, e saiba evoluir como necessitará para desenvolver uma carreira de respeito na categoria.

         No que tange às transmissões, depois de um imbróglio no ano passado, com a Bandeirantes não conseguindo honrar os compromissos financeiros dos direitos de transmissão, a F-1 quase voltou à sua antiga casa, a TV Globo, que inclusive chegou a anunciar como seria o seu esquema de transmissão para este ano, que seria dividido em etapas apenas exibidas na TV paga, via SporTV, e parte das corridas na TV aberta. Porém, na hora de acertar os compromissos contratuais de ruptura, a Bandeirantes teria dado para trás, de modo que a FOM/Liberty Media não teve outra opção além de manter a emissora paulista como detentora dos direitos de transmissão para a temporada de 2025, que por sua vez, irá manter o esquema adotado nos últimos anos para a categoria máxima do automobilismo. A perspectiva de um campeonato mais disputado e equilibrado, além da presença de um piloto brasileiro de volta ao grid como titular de um time, podem potencializar a audiência e os acordos comerciais, permitindo a normalização das obrigações contratuais, e quem sabe, até manter a F-1 na emissora, uma vez que o atual contrato vence ao fim deste ano, e para 2026, ainda não há nada decidido, mas que se o desempenho desta temporada for positivo, obviamente a Bandeirantes irá querer continuar com as transmissões. Mas aí, a confirmar o interesse da Globo na disputa para reaver os direitos, o páreo será duro para a emissora paulista, pois terá de batalhar pelo novo contrato, uma situação bem mais difícil e complicada do que apenas manter a vigência contratual, como foi a disputa para este ano. A Globo pode ter sido pega no contrapé, mas essa é uma situação que não ocorrerá em relação ao ano que vem, e ela terá todo o direito de brigar para levar a competição para lá, numa disputa onde financeiramente leva ampla vantagem, se ainda estiver disposta a recuperar os direitos de exibição da competição. Resta ver como a Liberty irá lidar com a questão, e como irá decidir quem leva os direitos, lembrando que atualmente os fãs podem acompanhar as disputas pelo aplicativo oficial da categoria, que usa a narração em português da Bandeirantes.

         Mas enquanto 2026 não chega, a Bandeirantes fica com as transmissões, e o esquema dos últimos anos deverá ser mantido. Os treinos livres serão exibidos pelo Bandsports, enquanto os treinos de classificação e as corridas continuarão sendo transmitidas pelo canal aberto da Bandeirantes, salvo mudanças de última hora. A emissora continuará com repórter presente in loco em todas as corridas, com equipe de narração e comentários sediada em São Paulo. E o time deve permanecer o mesmo: Sergio Mauricio na narração. Comentários de Max Wilson, Reginaldo Leme e Felipe Giaffone. E reportagens de Mariana Becker e Felipe Kieling nas corridas. A emissora confirmou esta semana a manutenção de Sergio Maurício na narração das corridas, após o narrador ser afastado das transmissões esportivas do canal após ter feito posts no X em que chamava a Deputada Federal Erika Hilton de “fake news humana, o que foi causa de discussões acaloradas por parte da deputada, que prometeu processar Maurício pelo conteúdo discriminatório das postagens. O narrador se desculpou pelos posts, embora isso não tenha diminuído a tensão com Hilton. Por causa da polêmica, Sergio acabou não narrando os testes da pré-temporada, como estava escalado inicialmente. Mas agora ele irá retomar a função de narrador das provas da categoria máxima do automobilismo. Muitos fãs, em apoio à deputada, prometem boicotar as transmissões da corrida devido à manutenção do narrador na condução das corridas. Galvão Bueno, recém-contratado da emissora paulista, poderia ter se tornado uma opção de substituição viável, dada a experiência do narrador com a F-1, tendo acompanhado as corridas por décadas na TV Globo, e até mesmo na Bandeirantes, na temporada de 1980. Mas a emissora preferiu manter Sergio na função, mesmo tendo até outras opções na casa, como Téo José, que já narrou provas da F-Indy, IRL, Indycar, e até Formula-E.

         O aplicativo do streaming oficial da F-1 continua a ser outra opção para acompanhar as transmissões, com a opção em português oferecendo o trabalho desenvolvido pelo Grupo Bandeirantes, massa oferecendo a chance de acompanhar as provas em outros idiomas, a quem tiver condições de ver em outra língua. A novidade este ano é a opção de assinatura de um pacote premium, ao preço de R$ 57,80 na opção de pagamento mensal, que irá oferecer imagens em resolução 4K, além de poder assistir em até seis aparelhos simultaneamente, e o recurso Multi View, que permite personalizar a tela, dando a chance para o usuário montar a visualização das atividades entre a transmissão, onboards, entre outras opções.

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