quarta-feira, 19 de março de 2025

FLYING LAPS – FEVEREIRO DE 2025

 

            Bom, com o início de vários campeonatos, foi necessário apresentar algumas matérias especiais enfocando estas competições que começaram com a corda toda, e portanto, só hoje estou colocando no ar a nova edição da sessão Flying Laps, relatando alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade ocorridos no mês de fevereiro passado, com destaque para a Formula-E e o Mundial de Endurance, que também iniciou sua temporada de 2025. Curtam o texto, e boa leitura para todos, e até a próxima sessão da Flying Laps do mês que vem, quando a mesma deverá voltar a ser publicada na primeira semana do mês.

A Formula-E fez a sua rodada dupla na Arábia Saudita estreando o novo palco da competição em Jeddah, no mesmo circuito utilizado pela Fórmula 1, mas em uma versão mais curta, e o resultado foi positivo para o certame de carros monopostos elétricos, uma vez que o traçado usado anteriormente pela categoria, na cidade de Diriyah, nos arredores da capital do país, Riad, já se mostrava inadequado para a performance atuais dos novos carros, dificultando as ultrapassagens na pista. Na primeira corrida, a pole foi de Maxximilian Gunther, a primeira em seu novo time, a DS Penske. Mas a prova começou de forma bem conturbado, pois logo na primeira curva, Mitch Evans, da Jaguar, atingiu a traseira do atual campeão Pascal Wehrlein, da Porsche, e fez com que o alemão tivesse que entrar nos boxes logo no início da prova, perdendo completamente as chances de um bom resultado na corrida. Mas ouve outro contratempo, quando Nico Müller, da Andretti, atropelou o bólido de Antônio Félix Da Costa, destruindo a dianteira de seu carro, e precisando abandonar a corrida. O português da Porsche ainda conseguiu se manter na pista, apesar do percalço, mas teve de fazer uma corrida de recuperação. Com a prova reiniciada, Gunther seguiu na frente, até que Oliver Rowland, da Nissan, assumiu a ponta. A corrida se acalmou um pouco, até os pilotos iniciarem as ativações do Modo Ataque, além de usar pela primeira vez o Pit Boost, alternando táticas e posições ao longo da prova. Nas voltas finais, Gunther partiu para o ataque contra Rowland, que vinha controlando a situação, mas não conseguiu segurar o piloto da DS Penske, que na curva final, retomou a liderança para vencer de forma determinada a primeira prova da F-E em Jeddah. Restou a Oliver contentar-se com o 2º lugar, enquanto o pódio foi completado por Taylor Barnard, da McLaren, repetindo outra boa atuação. Nyck De Vries, da Mahindra, foi o 4º colocado, à frente de Jake Hughes, da Maserati, e de Jean-Éric Vergne, da DS Penske. Edoardo Mortara (Mahindra), Sam Bird (McLaren), Antônio Félix da Costa (Porsche), e Stoffel Vandoorne (Maserati) completaram os 10 primeiros.

 

 

A segunda corrida da F-E em Jeddah também foi bem disputada, e à exemplo da primeira prova, também teve confusão logo no início. Depois de brilhar na primeira corrida, largando na pole e ainda vencendo a prova, Maxximilian Gunther bancou o barbeiro, e atingiu Antônio Félix da Costa, com o português levando a segunda paulada em duas corridas no fim de semana de outros pilotos. Mas, diferente do ocorrido na primeira corrida, desta vez o português da equipe Porsche teve de abandonar, completando um fim de semana muito abaixo do que poderia realizar na pista. Gunther também abandonou, para variar. Taylor Barnard, que havia largado na pole-position, manteve a liderança na relargada, e a manteve por algum tempo, até Oliver Rowland, em outra corrida combativa e firme com a Nissan, tomar a ponta. O inglês também fez uso mais eficiente da economia de energia e do uso do Modo Ataque, de forma a garantir a liderança da corrida até a bandeirada final. Já Barnard teve que travar uma briga ferrenha para garantir o 2º lugar, contra um inspirado Jake Hughes, que fechou o pódio da segunda corrida. Jake Dennis (Andretti), Nick Cassidy (Jaguar), Stoffel Vandoorne (Maserati), Jean-Éric Vergne (DS Penske), Pascal Wehrlein (Porsche), Dan Ticktum (Kiro) e Edoardo Mortara (Mahindra) fecharam o top-10. Com mais uma vitória e o 2º lugar na primeira prova, Oliver Rowland disparou na classificação, com 68 pontos. Taylor Barnard, com os dois pódios do fim de semana de Jeddah, é o vice-líder da competição, com 51 pontos. O 3º colocado é Antônio Félix da Costa, com 39 pontos, seguido de perto por Maxximilan Gunther, com 37 pontos. Jake Hughes é o 5º colocado, com 27 pontos.

 

 

A Jaguar não vem tendo um bom início de temporada na F-E. Depois de ver Mith Evans apresentar uma corrida irrepreensível aqui no Brasil, o piloto ficou zerado na competição, sem ter marcado pontos no México, e na rodada dupla de Jeddah. Já Nick Cassidy, por sua vez, viu-se em situação quase oposta: ficou sem marcar pontos aqui no Brasil e no México, bateu na trave na primeira prova de Jeddah, onde terminou em 11º, e só foi conseguir marcar seus primeiros pontos na segunda corrida, onde fez um honroso 5º lugar, marcando seus primeiros pontos do ano. Muito pouco para um time que era considerado, na pré-temporada, o principal adversário da Porsche, que também não vem tendo lá sua temporada mais entusiasmada, em que pese o time alemão ser o 3º colocado na competição de equipes, e Antônio Félix da Costa ocupe a mesma colocação no campeonato de pilotos. Mas no caso do time inglês, a situação é bem mais complicada: Evans, graças ainda ao triunfo em São Paulo, é apenas o 7º colocado no campeonato de pilotos, enquanto Cassidy ocupa a 14ª posição, com a escuderia classificada em 7º lugar no campeonato de equipes. Em contrapartida, a Nissan confirma seu momento de evolução, mas sem passar exatamente por uma supremacia, com Oliver Rowland no comando do campeonato de pilotos já com boa vantagem para o segundo colocado, e o time também liderando o campeonato de equipes. Mas a situação da marca japonesa é potencializada pelo fato de seu time cliente, a McLaren, ocupar a vice-liderança do campeonato de pilotos, e também de equipes, enquanto Porsche e Jaguar também amargam resultados abaixo do esperado de seus times clientes, a Andretti, Envision, e Kiro. Resta esperar para ver se não haverá reação nas próximas etapas, e deixar o campeonato mais embolado…

 

 

E a situação de Lucas Di Grassi e da equipe ABT Lola Yamaha segue complicada. Além da falta de performance, o piloto brasileiro ainda acabou desclassificado da primeira prova da Arábia Saudita por uso excessivo de energia, tendo terminado originalmente em 16º lugar, logo à frente do colega de time Zane Maloney. Na segunda corrida, Di Grassi até fez um bom início de corrida, pegando logo o Modo Ataque, e partindo de 16º até quase assumir a liderança da prova, assumindo a 2ª posição. Mas, ao fim do recurso, Lucas não conseguiu manter o ritmo, e ao final da corrida, terminou exatamente onde largou, em 16º. Di Grassi destaca que o time e o novo trem de força estão evoluindo, apesar do déficit de performance do momento, mas necessitando ainda de muito trabalho para que o novo trem de força se torne competitivo, algo que certamente não irá ocorrer nesta temporada, onde pontuar já seria algo significativo. Pelo visto, vai ser mais uma temporada negativa para o brasileiro, que só poderá aspirar a algo mais satisfatório na próxima temporada…

 

 

A Ford prepara-se para reforçar a sua participação no automobilismo internacional nos próximos anos. Além do retorno da marca à F-1, batizando o novo trem de força que está sendo desenvolvido em conjunto com a Red Bull Powertrains, com vistas a estrear em 2026, Bill Ford, presidente executivo da Ford, declarou que a companhia voltará ao Mundial de Endurance, com um projeto que está sendo desenvolvido para competir na principal classe do campeonato, a Hypercar, com estréia prevista para 2027. A Ford já marcou época na competição, quando travou duelos antológicos com a Ferrari nas 24 Horas de Le Mans nos anos 1960, e agora, a intenção é replicar estes duelos, uma vez que a marca de Maranello retornou recentemente à competição na classe dos protótipos. A estréia da Cadillac, da rival GM, que este ano faz sua participação no WEC junto à equipe Jota com dois carros, depois de sua participação na temporada passada, certamente também deve ter motivado em parte o retorno da Ford à competição, dada a rivalidade das duas companhias no mercado automotivo mundial. Isso dará ainda mais relevância à classe Hypercar no WEC, que já contará com nomes como Porsche, Toyota, Cadillac, Alpine, Aston Martin e BMW, que já estão presentes na competição.

 

 

Mas a grande novidade da temporada 2025 do WEC é a chegada da Aston Martin à classe Hypercar, com o seu modelo Valkyrie, carro projetado por ninguém menos que o Mago da Aerodinâmica da F-1, Adrian Newey, e que agora ganhou uma versão de corrida para disputar o Mundial de Endurance. Os modelos serão guiados por Harry Tincknell, e Tom Gamble no carro 007 (qualquer semelhança com o número de um certo agente secreto do cinema não é coincidência), e com a dupla Marco Sørensen e Alex Riberas no carro 009. Nas 24 Horas de Le Mans, as duplas serão reforçadas, respectivamente, por Ross Gun e Roman de Angelis. A chegada da Aston Martin faz com que a classe dos Hypercars, a principal do WEC, passe a contar com dez equipes no grid, totalizando 18 carros, sendo oito montadoras (Aston Martin, Porsche, Toyota, Cadillac, BMW, Alpine, Ferrari e Peugeot) e 18 carros. A Ferrari conta com três carros no grid, sendo dois de seu time oficial, e mais um da equipe AF Course. E a Porsche, que corre em parceria com a Penske, além dos dois carros desta equipe, conta também com um carro adicional, da equipe Proton Competition, formando portanto os 18 carros na principal classe do WEC. Poderia até ser mais, já que a Lamborghini infelizmente desistiu de seus planos de competição na categoria, tirando seus times de campo tanto na classe Hypercar como na LMGT3.

 

 

E deu trifeta da Ferrari na prova de abertura da temporada 2025 do WEC. Disputada na pista de Losail, os 1.812 Km do Qatar deram a largada no Mundial de Endurance. A Ferrari já tinha conquistado a pole-position da corrida com seu carro Nº 51, com Antonio Giovinazzi, indicando que deveria brigar pela vitória, mas o que vimos foi uma corrida das mais disputadas, e cheias de alternativas, tanto na classe dos Hypercars quanto na LMGT3. No meio da disputa, os dois carros da equipe Jota/Cadillac tiveram um estranhamento, quando Alex Lynn, no carro Nº 12, julgou errado a distância que tinha para Jenson Button, no carro Nº 38, momentos antes de ser dada uma relargada na prova, e acabou acertando a traseira do companheiro de equipe, o que fez com que ambos tivessem que ir aos boxes para consertar os danos nos carros, o que os fez perderem muitas posições, e qualquer chance de discutir a vitória, uma vez que estavam dando luta na briga pela liderança. E a Ferrari também teve seus percalços: o carro 51, que largara na pole, acabou se envolvendo com um dos carros da LMTG3 no meio da prova, o que fez com que a Ferrari rodasse e perdesse as chances de vencer a corrida, tendo de recuperar as posições perdidas. Como desgraça pouca é bobagem, o carro 51 do time de Maranello ainda teve de lidar com duas punições durante a corrida, motivadas por infração durante o regime de safety-car virtual e outra por excesso de velocidade no pit-lane durante uma parada no box. Com isso, o carro 50 da escuderia assumiu a liderança, mas mesmo assim, teve de batalhar para chegar à vitória, uma vez que Robert Kubica, no comando do carro Nº 83 da equipe AF Course, também com um carro Ferrari Hypercar, começou a apertar o ritmo, diminuindo bastante a distância para o carro líder. Só que o polonês também precisou se defender do carro 51, que vinha recuperando terreno, e estava de volta na briga para terminar no pódio. Antonio Fuoco, no comando do carro 51, soube controlar a vantagem e neutralizar a investida de Kubica, recebendo a bandeirada com 2,348s de vantagem para o piloto da AF Course, que por sua vez, também cruzou a linha ainda mais apertado na pista, com uma vantagem de míseros 0s329 para o carro 50, conduzido àquela altura por Alessandro Pier Guidi, fechando um pódio completo da Ferrari, com seu time oficial e da AF Course. A BMW, com seu carro Nº 15, terminou na 4ª posição, seguido pela dupla de carros da Toyota, com o Nº 8 em 5º lugar, e o Nº 7 em 6º. Estreante na competição, a Aston Martin teve um desempenho nada digno, terminando em 17º com seu carro Nº 009, e vendo seu carro Nº 007 ficar pelo meio do caminho. O carro 009, inclusive, teve até um problema curioso durante a corrida, quando a porta do carro começou a se soltar, obrigando a uma parada nos boxes para resolver o problema, o que ajudou a derrubar a posição do time na pista.

 

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