sexta-feira, 11 de abril de 2025

O FATOR VERSTAPPEN

Com uma atuação impecável, Max Verstappen virou o jogo no GP do Japão, largando na pole, e conquistando a vitória na corrida.

            Quem achava que a McLaren poderia deitar e rolar na temporada 2025 da Fórmula 1 precisará rever um pouco seus conceitos. Contra todas as expectativas, eis que Max Verstappen não apenas fez a pole, mas também venceu o GP do Japão no fim de semana passado, em Suzuka, feito muito comemorado pelo holandês, pela equipe Red Bull, e principalmente pela Honda, que está de saída do time dos energéticos. A fábrica nipônica, aliás, foi homenageada pela Red Bull, que correu em Suzuka com uma pintura branca, lembrando da primeira vitória da Honda na F-1, há 60 anos atrás, em 1965, obtida no GP do México daquele ano, com Richie Ginther.

            Aliás, a festa da Honda só não foi maior porque Yuki Tsunoda, promovido para o lugar de Liam Lawson no time principal dos energéticos, não fez coisa muito melhor que o neozelandês ao volante do modelo RB21. Yuki, que chegou até a falar em pódio, largou lá atrás, e terminou em 12º, resultado melhor do que o de Lawson na China, mas ainda assim fora dos pontos. Aliás, a experiência de Tsunoda em Suzuka certamente ajudou, mas Lawson talvez tivesse chance de fazer igual, já que ele conhecia também a pista japonesa, e quem sabe pudesse ter se entendido melhor com o carro, depois do que viu nas duas primeiras provas do ano. Mas a Red Bull, impaciente, não lhe deu essa chance derradeira, enquanto Tsunoda que bote as barbas de molho e fale menos nas próximas etapas, uma vez que ele até deu um pouco o ar da graça nos treinos livres, mas quando a situação foi pra valer, na classificação, ficou lá atrás, enquanto Verstappen, com um desempenho que até ele próprio classificou de surpreendente, marcou a pole-position.

            Aqui podemos dizer que entrou em ação o “fator Verstappen”, numa alusão ao que o jornalista português Francisco Santos escrevia em seus livros sobre as temporadas de F-1 no início dos anos 1990, ao apontar os momentos em que Ayrton Senna fazia toda a diferença na pista, chamando aquilo de “fator Senna”. Pois bem, ninguém pode dizer que a comparação com o desempenho em Suzuka de Max seja descabida. O holandês fez toda a diferença, e a McLaren perdeu uma boa chance de se impôr, quando falhou a classificação. Ainda mais em uma pista onde as ultrapassagens são complicadas, e com apenas uma zona de ativação do DRS. Tudo dependeria de pularem à frente de Max na largada, mas infelizmente, o tetracampeão saiu bem, e segurou a ponta na primeira curva. E de lá só saiu momentaneamente depois das paradas de box, mas retomando o controle da situação, andando no fio da navalha, e sem cometer um único erro em todas as 53 voltas da corrida, impondo uma derrota ao time de Woking, que não soube apresentar alternativas para driblar a situação.

Com uma largada precisa, o holandês neutralizou a ameaça da dupla da McLaren, e partiu para garantir a vitória na pista de Suzuka.

            O resultado: Max Verstappen “colou” em Lando Norris na classificação do campeonato, estando apenas 1 ponto atrás do piloto inglês. Pode ser cedo para declarar que o campeonato está aberto, com ainda 21 corridas pela frente, fora as etapas sprint, mas o aviso está dado: ao menor sinal de vacilo, a McLaren pode repetir a situação de 2024, quando mesmo tendo o melhor carro na segunda metade da temporada, não conseguiu ameaçar de fato a conquista do título por Max Verstappen.

            Depois disso, a fala grossa de Helmut Marko, dando um prazo de cinco provas para a Red Bull emparedar com a McLaren, pode soar como uma grande ameaça à dupla de pilotos do time de Woking, que apesar de ainda ter o melhor carro da competição, comprovadamente não tem o melhor piloto. Pior: Lando Norris e Oscar Piastri são tidos como rápidos e talentosos, mas inferiores numa comparação direta com Verstappen no que tange à “gana” de disputar um título efetivamente. E o GP do Japão mostrou isso, onde o holandês mais uma vez fez a diferença, mesmo que por uma margem mínima, mas suficiente para dominar as ações na corrida com uma margem de segurança até perigosa, mas satisfatória, desde que não cometesse erros, e ele deu conta do recado. Para muitos, o campeonato começa agora, mas será realmente assim como falam?

            É preciso ver se a situação da Red Bull foi um resultado ocasional, ou se eles conseguiram realmente uma melhoria do RB21. E a resposta poderá vir já neste final de semana, em Sakhir, onde teremos um clima completamente diferente de Suzuka, onde estava bem frio, de modo que os pneus sofreram bem menos do que o esperado graças à baixa temperatura. Mas no Bahrein, o clima está quente, e veremos como os carros se comportam efetivamente. Se a dupla da McLaren se impôr novamente, e Verstappen não conseguir exibir o mesmo desempenho de Suzuka, o campeonato ainda estará nas mãos do time inglês.

            Por isso mesmo, por mais críticas que Norris e Piastri, assim como a McLaren, tenham recebido merecidamente, por outro lado, buscar resultados e não arriscar demasiado, diante das dificuldades para se ultrapassar em Suzuka, não podem ser vistas como erradas também. OK, eles perderam a chance de vencer, especialmente com Norris, quando resolveram parar o inglês ao mesmo tempo que Verstappen, quando poderiam ter deixado Lando na pista e tentar superar o rival com voltas voadoras com pista limpa à frente. Quando resolveram parar juntos, a McLaren correu o risco de perder sua melhor chance de vencer, e foi o que aconteceu. Norris ainda se deu ao ridículo de tentar passar Verstappen na saída do box, indo parar na grama, e podendo até jogar fora sua prova ali, numa manobra onde Max nada teve de desleal ou agressividade. No contexto, a McLaren saiu ganhando, com uma dobradinha no pódio, consolidando ainda mais sua liderança no campeonato de construtores. E a Red Bull já declarou com todas as letras que seu objetivo é o mundial de pilotos, e nada mais, já aceitando que não terá como disputar o título de construtores.

Único momento de maior tensão na prova, quando Lando Norris tentou ultrapassar Verstappen na saída do box e acabou indo parar na grama (acima), quase colocando tudo a perder. Depois, por mais que chegasse até a colocar pressão no holandês (abaixo), Verstappen se manteve firme e rumou para a vitória.


            E nem poderia ser de outra maneira, já que Yuki Tsunoda, apesar de ter ido melhor que Liam Lawson, ficou zerado em Suzuka, uma pista que ele conhecia, apesar de tudo, de modo que todos os pontos da Red Bull foram conquistados unicamente por Verstappen. E a tendência é continuar assim por algum tempo, até Yuki se ambientar melhor com o modelo RB21, ou a Red Bull conseguir tornar o carro menos complicado e mais “pilotável” para alguém que não seja Verstappen. Mas, como a Red Bull já fez sua escolha unicamente por Verstappen, Tsunoda que se dane, a bem da verdade, por mais que o time diga o contrário, fingindo apoiar o piloto japonês.

            Neste ponto, começam também a chover críticas à McLaren por sua postura de não definir logo um primeiro piloto, a quem deveriam concentrar suas atenções. Por mais coerentes que sejam algumas destas críticas, esportivamente falando a McLaren não tem porque mudar sua política, de dar, por enquanto, condições iguais tanto para Norris quanto para Piastri. Esportivamente falando, a McLaren não está errada, e no cômputo geral, eles possuem a dupla mais eficiente do grid até o presente momento, conquistando pontos em profusão para o time. O maior problema é que a McLaren precisa se prevenir fora da pista, estabelecendo melhores estratégias de corrida, e saber dosar o ímpeto de seus pilotos quando for necessário. No Japão, por exemplo, em diversos momentos Piastri pareceu ter melhor ritmo que Norris, e chegou a sugerir que o parceiro desse passagem para ele tentar atacar Verstappen, o que não ocorreu. Com o pódio garantido, eles poderiam ter tentado a manobra, mas e se não desse certo, Piastri efetivamente devolveria a posição a Norris, quando ambos querem mostrar que lutarão pelo título? A direção do time precisa ser ágil e certeira nestes momentos, de forma a não melindrar nem um nem outro, mas garantir o melhor resultado possível diante das circunstâncias, de forma a garantir que a concorrência saia em vantagem. E, felizmente, isso ocorreu cedo no ano, de modo que a escuderia inglesa tem a chance de afinar seus procedimentos, e evitar erros similares nas próximas etapas, se a situação se repetir.

Yuki Tsunoda estreou na Red Bull no GP do seu país, e até chegou a dar o ar da graça e prometer lutar por um pódio, mas largou lá atrás, e terminou fora da zona de pontos. Mais uma "caveira" no segundo carro do time dos energéticos a caminho?

            Christian Horner chegou a “lamentar” a escolha da McLaren, achando errado essa postura, mas na verdade, ele quer mesmo é que as coisas continuem assim, com a dupla da McLaren potencialmente tirando pontos um do outro, o que pode favorecer Verstappen, que corre sozinho na Red Bull. Mas, por outro lado, Verstappen terá dois pilotos fortes para enfrentar, já que ambos virão para cima, e não apenas um. A tática de “dividir para conquistar” pode tanto funcionar como ser um tiro pela culatra. E não se pode esquecer que, mesmo com seu “Fator Verstappen”, mesmo o holandês tem seus limites. Se o carro da McLaren manter firme sua supremacia técnica, as chances do holandês continuar fazendo a diferença a ponto de neutralizar essa diferença ficam menores, a ponto de momentos como a prova do Japão virarem exceções, e não a regra. E ele não pode confiar na sorte apenas, com a chance dos rivais sofrerem azares ou percalços, situações que podem ocorrer também com Max e o time da Red Bull.

            Vejamos, portanto, o que acontecerá neste fim de semana, e se a McLaren voltará a mostrar do que é capaz. Um novo vacilo poderá colocar em xeque seu suposto favoritismo na temporada. E já vimos no ano passado que só o favoritismo não basta para ser campeão na F-1...

 

 

Felipe Drugovich irá estar na pista hoje, em Sakhir. O piloto brasileiro, reserva da equipe Aston Martin, irá participar do primeiro treino livre, ocupando o carro de Fernando Alonso. Por regulamento, cada equipe deve dar oportunidade a seu piloto de testes/reserva em pelo menos quatro treinos durante a temporada. É a primeira oportunidade da equipe de Silverstone no ano, o que significa que o brasileiro deverá andar em pelo menos outras 3 oportunidades, sendo mais uma no carro de Alonso, e as duas restantes no carro de Lance Stroll. Importante que Felipe mostre trabalho, até para se colocar como opção futura, embora para muitos, ele poderá sofrer do mesmo mal de Pietro Fittipaldi, que foi reserva na Haas por anos, e nunca teve chance de ser efetivado na escuderia. Que Drugovich escape desta furada. Em Suzuka, o brasileiro foi visto conversando com um pessoal da Cadillac, que estava presente na pista japonesa. A marca estadunidense, que fará sua estréia na temporada de 2026, já analisa pilotos para ocupar seus carros, e a idéia é ter um piloto promissor, ao lado de um nome experiente na competição. Sergio Perez, altamente conhecido no México, um mercado importante para a GM, pinta como uma das opções visadas pela nova escuderia, ao lado de Valtteri Bottas, atualmente no posto de reserva da Mercedes. Colton Herta é disparado a preferência do piloto jovem da Cadillac, mas não tem ainda os pontos necessários para obter a Superlicença, documento necessário para poder competir na F-1, algo que Drugovich já tem. Mas, por enquanto, é só especulação. Nomes certamente estão sendo considerados e analisados, mas deverão ser anunciados somente no segundo semestre, se não até mais perto do final do ano. Muita água ainda vai rolar nessa situação.

 

 

Aliás, por falar na Haas, o time efetivou Ryo Hirakawa como seu novo piloto reserva. O japonês, que andou no primeiro treino livre em Suzuka pela Alpine, está mudando de escuderia pelo acordo que o time de Gene Haas firmou com a Toyota, time por onde Hirakawa compete no Mundial de Endurance, onde já foi bicampeão pela equipe nipônica. A efetivação de Hirakawa deve significar o desligamento de Pietro Fittipaldi da escuderia, uma vez que o nome do brasileiro não aparece mais na estrutura do time, conforme o site oficial da equipe. E, a bem da verdade, posso dizer que infelizmente Pietro demorou a procurar outras opções de carreira, esperando por uma chance de competir na F-1 que a Haas nunca lhe ofereceu, apesar dos elogios da cúpula do time nas oportunidades que teve de andar com o carro da escuderia.

 

 

A MotoGP chegou a Losail, para o GP do Qatar, e finalmente terá a volta de Jorge Martin ao grid. O atual campeão da competição se acidentou logo no primeiro dia de testes da pré-temporada, e sua recuperação vinha bem, até se machucar novamente a poucos dias da estréia da competição, na Tailândia, o que o fez perder as etapas iniciais da temporada, enquanto se recuperava com mais cuidado. O piloto foi avaliado pelos médicos e liberado par correr, mas o desafio de Martin será árduo, uma vez que ele não teve tempo de conhecer a moto de seu novo time, a Aprilia, e precisará recuperar o tempo perdido nos treinos livres. Outro detalhe que complica sua situação é que o time de Noale até o presente momento não mostrou evolução em relação ao que apresentava no ano passado, indicando que terá muito trabalho para conseguir brigar pelas primeiras colocações. Vitórias deverão ser algo difícil, e tentar defender seu título, praticamente impossível, diante da força dominante da Ducati, onde Martin foi campeão no ano passado com o time satélite da Pramac. Vejamos como Martin irá se apresentar em sua nova escuderia, que está precisando dar a volta por cima mais do que nunca, um desafio pra lá de substancial para Jorge…

 

 

Depois de vencer o GP no Circuito das Américas, em Austin, nos Estados Unidos, fica a expectativa de que “Pecco” Bagnaia comece a batalhar firme pelas vitórias a partir de agora. O bicampeão ficou na sombra de seu novo companheiro de time Marc Márquez nas corridas até agora, e só venceu a etapa no Texas devido a um erro do hexacampeão, que caiu sozinho enquanto liderava a corrida. Se não quiser ficar na sobra, Bagnaia precisará ir para cima e retomar o controle da situação, ou será varrido por Márquez, da mesma maneira como ele “varreu” Enea Bastianini na equipe. O resultado disso é que Álex Márquez chegou ao Qatar como líder da competição, tendo terminado todas as provas até aqui na 2ª posição. O sistema de streaming Disney+, e o canal por assinatura ESPN4 transmitem os treinos e as corridas ao vivo, sendo que as duas provas do final de semana, a corrida sprint e a prova principal, têm largada programada para as 14:00 Hrs., tanto no sábado quanto no domingo, pelo horário de Brasília.

 

 

E a Formula-E está de volta, agora com a etapa de Miami, nos Estados Unidos, mas em um novo palco, o circuito de Homestead, que já sediou competições da antiga F-Indy e da IRL. A corrida terá transmissão ao vivo no canal do You Tube do site Grande Prêmio, bem como do canal por assinatura Bandsports, com largada prevista para as 15:00 Hrs. deste sábado. Os carros da categoria de monopostos elétricos utilizarão uma pista mista dentro do circuito oval, com cerca de 15 curvas, e uma extensão total de 3,551 Km.

O traçado que será usado pela F-E no autódromo de Homestead.

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