quarta-feira, 9 de abril de 2025

HAVOC SERIES – A TEMPORADA DE 1986 – PARTE VIII

A cena onde o pneu da Williams de Nigel Mansell estoura em plena reta e acaba com as pretensões de título do piloto inglês (acima), e a vitória magistral de Alain Prost com a McLaren (abaixo), comemorando o bicampeonato tendo chegado como azarão na última corrida do ano de 1986.


            Voltando com a sessão Havoc Series, é hora da última parte dos vídeos trazendo as corridas completas da temporada de 1986, com as duas últimas etapas do campeonato. A penúltima corrida do ano marcava a volta do México ao calendário da F-1 depois de mais de15 anos de ausência. O palco era o circuito da Cidade do México, a capital do país, agora chamado Autódromo Hermanos Rodriguez, em homenagem aos irmãos Rodriguez, que foram grandes talentos do automobilismo mexicano, mas que tiveram carreiras breves devido a acidentes na competição.

            A corrida teve como fator determinante o consumo dos pneus, que sofreram bastante com o piso irregular da pista, a ponto de alguns pilotos, como Nélson Piquet, ainda tentando diminuir sua desvantagem para Nigel Mansell, ter de fazer três trocas durante a corrida, arruinando suas chances de um resultado mais proeminente. Alain Prost, graças a um consumo de pneus extremamente inteligente, se lançou de novo como candidato ao título, obtendo um belo 2º lugar na corrida. Já Ayrton Senna, que largara na pole-position, fechou o pódio com o 3º lugar, e dava adeus às esperanças de chegar ao título. Nigel Mansell, aliás, foi o grande derrotado no México, pois tinha a chance de liquidar a disputa e faturar o título, mas uma largada medonha o fez cair lá para a parte de trás do pelotão, obrigando o inglês a ter de fazer uma corrida de recuperação onde a Williams não exibiu a mesma desenvoltura de sempre, com o britânico terminando em 5º lugar, logo atrás de Piquet, o 4º colocado, que assim ainda mantinha suas esperanças de ainda chegar ao título. Mansell saiu do México com 70 pontos, seguido de Alain Prost com 64, e Nélson vinha com 63. Para o francês o brasileiro, só a vitória interessaria na etapa final, na Austrália, se quisessem ser campeões, e mesmo assim, precisando ambos de um azar de Mansell. Ah, mas estamos esquecendo: quem venceu na Cidade do México? Foi uma surpresa: Gerhard Berger, que obtinha ali sua primeira vitória na F-1, bem como da equipe Benetton, e novamente, com os pneus como trunfo essencial: o austríaco completou a prova inteira sem trocar os pneus, que sendo da Pirelli, não sofreram o mesmo desgaste que os Goodyear dos demais favoritos. Acompanhem a corrida completa no link abaixo, em vídeo postado pelo usuário MrViniciusF1 1995 no You Tube:

 

https://www.youtube.com/watch?v=_Qd5rgu63w4

 

            E a etapa final do campeonato seria novamente na Austrália, país que tinha entrado no calendário da categoria máxima do automobilismo no ano anterior, fazendo a F-1 dar a sua viagem mais longa para um GP, desde as provas do Japão nos anos 1970. A pista urbana de Adelaide, com a corrida em 82 voltas, já tinha sido bem desgastante no ano de sua estréia, sendo que a corrida acabou no limite de 2 horas, e prometia ser tão dura quanto aquela, e muito mais tensa, pelo fato de sediar uma decisão de título, com nada menos que 3 pilotos em busca do caneco. A Williams vinha com sua dupla, Nigel Mansell e Nélson Piquet, ávida para dar a Honda o seu primeiro título mundial de pilotos, sendo que o time de Frank Williams já era campeão do campeonato de construtores.

            E é claro que, a exemplo do México, mais uma vez foram os pneus a definirem o destino da corrida. Mansell fez a pole, com Piquet a seu lado na primeira fila, mas Ayrton Senna, largando logo atrás, fez um excelente arranque para superar Mansell, enquanto Piquet assumia a liderança da prova logo no início. Mas ainda havia muita corrida pela frente. Keke Rosberg, em sua corrida de despedida da F-1, assumiu a liderança e imprimia um ritmo fortíssimo, a fim de se despedir por cima da competição onde fora campeão em 1982. Haviam rumores de que a McLaren desejava que o finlandês renovasse para 1987, e o triunfo na etapa australiana seria um motivo dos mais fortes para que Keke desistisse da decisão de pendurar o capacete, pelo menos, por mais um ano. Mais atrás, Alain Prost teve um problema com os pneus e precisou fazer uma parada, considerada prematura para uma corrida ainda com muitas voltas pela frente, e com a perspectiva de os principais pilotos tentarem repetir a ousadia de Gerhard Berger na etapa anterior, de fazer a corrida inteira sem trocar pneus. Bem, eles tentaram...

            Mas aí as coisas começaram a dar errado para a Williams, e para Rosberg. O finlandês teve um pneu estourado na volta 62, quando liderava com mais de 20s de dianteira para Piquet. Àquela altura, Prost já tinha se recuperado na corrida, e com uma grande performance economizando seus pneus, já tinha subido para a 3ª posição, atrás apenas de Rosberg e Piquet, e superado Nigel Mansell. Mas aí, na volta 63, um dos pneus traseiros da Williams do inglês estoura espetacularmente na Brabham Straight, fazendo Nigel abandonar a corrida, e ficar com as chances de título em grande risco. Afinal, Piquet assumia a liderança, e Prost era agora o 2º colocado. Mas o alerta dos pneus havia sido dado, e Piquet não tinha garantia de chegar ao final da prova sem uma troca dos compostos. Assim, a Williams chamou o brasileiro para a troca, algo que teria dado certo se tivesse sido feita antes, já que faltando menos de 20 voltas para o final da corrida, Piquet teria de pilotar de forma alucinante para alcançar Prost na pista. Piquet foi até foi à luta, mas como foi mencionado, o tempo de corrida foi insuficiente para o brasileiro concluir a recuperação, e Prost venceu a corrida com uma vantagem de 4s2 para Piquet.

            E assim terminou uma das temporadas mais disputadas da história da F-1, com Alain Prost a conquistar um bicampeonato heróico, frente à dupla da Williams, que terminou com Nigel Mansell vice-campeão, e Nélson Piquet em 3º lugar, com uma diferença mínima de pontos: Prost com 72 pontos, Mansell com 70, e Piquet com 69. Ayrton Senna terminou o ano em 4º lugar, sofrendo mais um abandono na pista australiana, mantendo os 55 pontos que já tinha. Confiram a corrida completa no link abaixo, em vídeo postado pelo usuário MrViniciusF1 1995 no You Tube:

 

https://www.youtube.com/watch?v=KCKNxWR1yL8

 

E assim terminamos esta série especial de vídeos recapitulando a temporada de 1986. Espero que tenham gostado de conhecer as corridas daquela época, e para os mais velhos, poder recordar um tempo onde o Brasil era o grande protagonista do grid da F-1, possuindo dois gênios da velocidade, Ayrton Senna e Nélson Piquet, que movimentavam legiões de fãs, que não perdiam uma corrida sequer, e protagonizavam duelos alucinantes com outros ases da velocidade. Um bom divertimento para todos, e para quem só chegou agora, não se esqueçam de ver as postagens anteriores e poder curtir as corridas daquela temporada de 1986.

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